domingo, janeiro 31

Ah, a Itália...

E Adriana na busca voraz pelo destino das férias de maio vira o google earth para a Itália. Como, eu pergunto a vocês, como ir para a Itália e escolher apenas duas cidades?

Eu e Bart não gostamos de pinga-pinga, um hotel em cada dia. Como escolher o que ver?

Começo assim: vôo para Pisa, mas fico ali por Firenze. Lucca fica tão perto de Pisa, mas a gente vai estar estourado. Ficamos em Firenze e fazemos day-trip pra Lucca. E day-trip pra Siena ( vale a pena? ). E Arezzo, vale à pena? Daí depois de uns 4 dias vamos pra Montalcino, ficamos ali uns 3 dias. Aí eu tenho que ir pra praia. Amalfi. Pâtz, é longe pacas. Avião? Trem? Carro? Vou passar por Roma, como não parar? Vou passar por Napoli, como não esticar até Pompeii? Chegando em Amalfi... Temos que ir pra Capri. Temos que ir pra Pompeii. Tenho que passar por Ravello. Tenho que ir até Positano.

E aí fica tudo uma bagunça. Mas tô querendo dividir assim: 5 dias ao redor de Firenze, 5 dias ao redor de Montalcino, 5 dias em Amalfi. Que cês acham?

E dicas da Toscana, alguém tem?

E a pergunta derradeira: porque é que fazer turismo na Itália é tão caro, hein?

sexta-feira, janeiro 29

Cêis tão ligados, ne'?

Esse blog virou praticamente um twitter. Blé.

Estou com o saco na lua hoje. Um frio dos infernos e eu tive que vir de scooter, debaixo de garoa, porque o marido está fazendo um curso lá nos confins de Nijmegen.

Não consigo parar quieta na cadeira e não consigo me concentrar. Não fiz muita coisa hoje.

A viagem eu tinha que decidir até domingo, pra pegar o tal free upgrade, mas não vai rolar. Aliás, tô praguejando, praguejando, mas vou acabar enfiada num resort all inclusive, tô até vendo.

Até o Plato foi vítima de meu mau-humor, esperei ele dormir, muito puta com a barriga dele cheia de nós nos pêlos ( ele só deixa a gente pentear as costas, o peito e barriga não ), rapelei o bicho. Quando ele deita e faz gracinha dá até dó, de tão feioso que ele tá.

Sabem, tem hora que a gente tem que buscar lá no âmago a motivação pra trabalhar. Eu ando com um holerite dobradinho na bolsa, sério. Na verdade pra comprovar endereço, mas quando me bate o desânimo eu vejo o dindin que entra a cada 4 semanas.

Outra motivação pra leseira que me dá à vezes é ir no blog daquela brasileira que não trabalha, não tem filhos, não é dona de casa, que acha que é um privilégio poder ser sustentada e ter até as calcinhas (vintage) pagas pelo marido, e ver que aquela vidinha nada mais é do que uma morte em vida. Me imagino dias e dias e dias no quentinho da minha casa virando páginas de internet, e lendo revistinhas cult, e indo dormir e acordando, hora após hora após hora, dormir pra acordar e continuar a ver páginas da internet, e começar e terminar o dia sem ter tido relevância alguma no mundo do qual eu faço parte. Morte em vida.

Ai credo, bate na madeira três vezes. É o cinza e o frio se apoderando de mim. Tcheu me animar, hoje vou ter uma reunião com uma estudande de PHD que eu vou ajudar. Ela é da Republica Dominincana ( olha a coincidência ) e hoje teremos nossa primeira reunião e eu vou liberar o café ( estou evitando ) e até trouxe uns cookies. Tô curiosa pra ver a tese dela, ela trabalhou na AMBEV, no Brasil!

Bom findi, que com frio e chuva e whatever, a gente tá vivo e tem tanta coisa legal pra se fazer. Esse findi eu devo ir no Ikea de novo, e mesmo que esteja lotado, Ikea é sempre um prazer.

E se alguém aí lembrar de algum apartamentozinho, condo, hotel simpatico nos EUA, dá um grito.

Fui!

Milhagem é conversa pra boi dormir


Então, eu tenho as tais milhas pra um vôo pros EUA. Lindo.

Estava querendo ir pra Orlando. Lindo.

Achei vôo com a Martinair, parceira da KLM. Lindo.

A passagem do Bart, em pleno feriado por apenas 550 euros. Lindo.

Free upgrade para a comfort class gratis pro marido. Lindo

Tickets de milhagem ainda disponíveis. Lindo.

A milhas não cobrem as taxas. Feio. As taxas somam 250 euros. Feio. Eu ainda teria que pagar a comfort class ou viajar separada do marido, apertada na economica. Muito feio.

Por isso, deixo aqui claro que não serei mais fiel a companhia aérea alguma. Daqui pra frente serei totalmente mercenária e voarei com quem me cobrar um preço menor ou tiver algum serviço especial no qual eu esteja interessada.

De resto, cálculos de quanto custaria uma passeadinha na Flórida:

Ticket aéreo do marido mais taxas do meu, com upgrade: €950
10 noites em hotel em Orlando: €500
4 noites de hotel em Miami: €300
Aluguel de carro: €200
Ingressos pra Disney: €850
Total: € 2800

Fora alimentação e passeios extras, tipo um tour de segway super legal no Epcot, ou Everglades.

Tá caro meu povo, muito caro.

Mas que eu não vou sentar a bunda num resort por 2 semanas, ah isso não vou!


quinta-feira, janeiro 28

A versão adrianística da crise de 7 anos do casamento


Como é difícil ficar véia. Tô ficando véia, gente.

Quando eu era mais nova eu queria um emprego que me desse oportunidade para viajar, conhecer outros países. Era o meu deslumbre. Nos meus dois primeiros empregos na Holanda eu viajei tanto, mas tanto!

No começo, eu amava. Aquela excitação toda de aeroporto ( amo aeroportos ), hotéis legais, restaurantes diferentes, umas horinhas roubadas aqui e ali para conhece o lugar onde eu estava. Em 4 anos fui muito pro Reino Unido, pra Espanha, pra Alemanha, até na Ásia fui parar. Jantei num Priory, comi paella num restaurante com estrelinha Michelin em San Sebastián, e tentei aprender a dizer Xé-Xé ( obrigada ) em mandarin quando estive em Taiwan.

Mas chega uma hora que você não se lembra mais se esse aeroporto é aquele do sushi gostoso ou aquele que tem que andar pacas até o estacionamento. E toda comida tem meio que gosto de borracha, e você cansa de dirigir do lado errado da rua debaixo de chuva, neve ou congestionamento. E você fica pê da vida de não poder ir buscar seus gatos no vet quando eles são castrados, e de chegar atrasada pro aniversário do marido, de ficar presa no trem voltando do aeroporto em dia de tempestade de neve. As horinhas roubadas pra fazer um pouco de turismo não compensam mais.

Daí eu ter decidido junto com o marido a separar uma boa grana por ano pra fazer só isso, viajar. Poder acordar e ir visitar a cidade à sua maneira, pegar museus, lojas, tudo aberto e fazer suas compras em paz. Sentar na praça mais bonita da cidade às 2 da tarde e comer um sanduba dando migalhas pros passarinhos…

Só que ultimamente eu e Bart caímos na armadilha do all-inclusive: é praticamente impossível bater o custo-benefício de um, e viramos turistas gringalhões preguiçosos. Só que eu estou meio enjoada, e o marido não. Eu queria viagens como a do ano passado pra Itália, onde ficamos em apartamentozinhos e b&b, andamos pelas encostas de 5 Terre, navegamos pelo lago Como. Quero ver coisas novas, incluindo uns diazinhos na praia, porque pra mim férias sem praia só se for Orlando, mas não quero mais sentar minha bunda numa cadeira de resort e levantar depois de 2 semanas.

Só que agora estou sem opção. Tudo está lotando para os feriados de fim de abril e maio, e eu ainda não decidi o que fazer. Tenho uma passagem de milhagem pros EUA, que se eu não usar vai vencer em agosto, não seria legal, já que eu gosto tanto de Orlando, passar lá uns dias num apartamentozinho e fechar a viagem com uns dias em Miami? Ou fazer NY-Orlando? Tantas opções! Mas Bart está com fobia de cidades grandes, está com horror a enfrentar os novos sistemas de segurança dos aeroportos americanos, e ainda não enjoou da leseira dos resorts.

Por caridade, dêem uma luz, o que fazer? Pra onde ir? Tô com vontade de deixar na mão dele a organização, mas ele nem abrir uma brochura abre. Estou começando a entrar em desespero, porque acabaremos não organizando nada, aí eu não vou achar passagem em última hora, e vamos acaber em algum lugar medonho tipo Marbella.

Help!

Ufa!


Liguei agora para a Mastercard e está tudo resolvido. Viram as transações, eu disse que eu não saí do país, na hora a mulher disse que estavam re-depositando o valor na conta e que eu vou receber um formulário para a investigação da fraude. Pediu para eu enviar o cartão junto com o formulário, e pronto. Estou surpresa.

Eu gostaria muito de saber o que aconteceu, eu só usei o cartão no hotel em Punta Cana, no hotel em Brussels, e nos estacionamentos aqui em Eindhoven. Via internet, minha última compra foi em agosto do ano passado, não sei se hackearam meu computador e a informação ainda estava lá. Acho que não saberei nunca.

Comprar na internet é super prático, mas agora estou com medo. O pior é que os sites holandeses não aceitam PayPal, vou pesquisar se o iDeal ( pagamento direto da sua conta bancária ) é mais seguro.

Crianças, que susto!

quarta-feira, janeiro 27

Cartão de credito clonado

Vocês sabem o que é abrir a fatura do cartão de crédito esperando os costumeiros 10, 15 euros de estacionamento público e encontrar o limite estourado? Pois é, clonaram meu cartão.

Eu só uso o bicho em viagens internacionais fora da Europa e para pagar o estacionamento do Woensel Winkelcentrum e da galeria Heuvel, então sempre vem aquelas misérias pra pagar, mas dessa vez veio mais de 3400 euros em compras nos Estados Unidos.

O pior é que ligamos imediatamente pra administradora do cartão, eles bloquearam o cartão e me deram um número para eu ligar amanhã no horário comercial. Agora tenho que ir dormir com essa pendengona na cabeça.

Como a administradora não viu que o negócio estava estranho eu não sei, uma pessoal que mal usa o cartão estourar o limite num país diferente de onde o cartão foi emitido, em uma tarde.

Mas agora é cruzar os dedos pra Mastercard aceitar a fraude e cancelar o débito.

Torçam por mim!

As misérias de se procurar um emprego no exterior


Ontem recebi um e-mail de uma recruiter ( profissional de RH que recruta novos funcionários ) perguntando se eu estava interessada numa vaga na DSM ( empresa química enoooorme ) em Zwolle ( nos confins da Holanda ). Eu achei o e-mail estranho, porque ainda nos idos de 2004, quando eu estava desesperadamente caçando um emprego eu fiz entrevista nessa empresa, e tive problemas no processo seletivo. Tcheu explicar o "problema".

Algumas empresas aqui na Holanda contratam umas empresas de consultoria para fazer o que chamam de "assessment". Você fica o dia todo nessa consultoria, te dão mil testezinhos, fazem umas dinâmicas bestas, uns roleplays pra determinar sua reação sem tempo de se preparar. Eu acho esses assessments meio questionáveis, porque se naquele dia você está muito nervoso, ou está com algum outro problema, uma gripezinha, tudo isso vai influenciar no resultado.

Eis que no processo seletivo dessa empresa, depois do screening ( primeira entrevista ) com o RH, o candidato faria primeiro o assessment antes de ir pras entrevistas com os gerentes / diretores. Só que no meu caso, a tal consultoria não tinha horário, acabou que agendaram o tal assessment pro fim do processo. Fiz entrevista com dois gerentes, passei. Fiz com 3 diretores, passei. Por fim fiz com o CFO e passei, ele me disse que dependia apenas do assessment, mas que não deveria ser problema.

Fiz então o assessment, meu primeiro em terras holandesas e totalmente diferente do que eu fiz para entrar na GM. Daí eles te mandam um report e você tem 1 semana para reagir a ele, se bem que nada muda depois da sua reação. Quando eu comecei a ler meu report, eu achei que estavam falando de uma outra pessoa. Falavam ultra bem dos meus resultados, mas meus maiores scores estavam nas coisas que eu considero até hoje meus pontos fracos, e o que eu SEI que são meus pontos fortes apareciam com "não demonstrado". Achei estranhésimo, mas o relatório no geral era super positivo. Só que no fim, a recomendação era que eu concorresse à duas vagas em vendas, e não em compras, porque eu não demonstrava as habilidades e o perfil necessário para a área de compras.

Eu fiquei de boca aberta, e respondi apenas que eu discordava da conclusão dele, e que o simples fato de eu já ter 9 anos de experiência numa multinacional reconhecida mundialmente, 5 desses anos em compras, falavam por si só, afinal ninguém se mantém 5 anos numa área super concorrida duma empresa ainda mais concorrida ( lembrem-se que ainda estávamos nos anos dourados da GM ) se não tivesse as habilidades e o perfil necessário. E agradeci mas declinei a oferta de concorrer às vagas em vendas.

*****

Esclarecimento: minha maior paúra profissional sempre foi acabar na área de vendas da empresa. Eu detesto vendas. Eu detesto profissionais de vendas. Eu detesto estar na posição de ter que ficar pedindo pro comprador comprar meu produto. Eu detesto a área de ter que formar preços pra vendas. Eu detesto tudo o que eu conheço de vendas e se Deus quiser ( e ele há de querer ), nunca terei que trabalhar em vendas.

*****

Voltando à recruiter, eu expliquei a situação acima e disse ainda que nesses 5 anos que se passaram eu não havia mudado muito, meu perfil continua basicamente o mesmo, e que eu estou trabalhando, e com muito sucesso, da minha empresa já há 2 anos, e que não tenho intenções de mudar de emprego.

Ela agradeceu o feedback, perguntou se ela podia deixar meu registro ativo, afinal nunca se sabe, e me disse que a DSM deixou de trabalhar com aquela empresa de assessment depois de terem muitos problemas com má colocação de profissionais seguindo às recomendações dessa empresa.

Olha, pode parecer besteira, mas me senti finalmente "vingada". Procurar emprego, principalmente por um longo tempo como eu fiz, é um processo que nos deixa fragilizados, receber um feedback assim, e estar impotente para mudá-lo, com a opção de simplesmente escrever uma cartinha como reação, que eu acho que é solenemente ignorada, é ruim demais.

Pra quem estiver interessado, saibam que a DSM está procurando por um Global Commodity Manager na área de Zwolle, é só contactar a DPA supply chain ( google vai te dar todos os sites ).


Prestenção


Tá MENOS SEIS graus.

Cêis tão entendendo o drama? -6C

Ninguém merece.

terça-feira, janeiro 26

Speice

Eu vi no blog da Camila e procurei no youtube. O leão brasileiro no zoo inglês me fez rolar de rir. Tô com o leão e não abro.



Name it... and I go!

O ET é azuuuul


Muitas vezes eu me pergunto onde é que essa patrulha do politicamente incorreto vai parar.

Sim, o mundo discrimina minorias. Mulheres, Negros, em cada país há sempre uma região discriminada, deficientes físicos, bladi bladi bla. Eu mesmo venho de uma família que no passado não gostou de um familiar casar com uma negra, e até hoje tenho uma amiga da minha idade que nem cogita levar os namorados negros pra casa, porque os pais não aceitariam. Eu, aqui na Holanda ganho menos que um colega também estrangeiro e de qualificações muito semelhantes.

Aliás, eu acho que todo mundo que for muito diferente do Brad Pitt vai ser discriminado de alguma forma, com mais ou menos intensidade. Se você não é homem, se você não é branco, se você não é bonito, se você não é saradão, se você não vem de um país de primeiro mundo, se você não tem grana, são tantos os motivos pra discriminar.

Estamos mudando, estamos ficando mais tolerantes ( embora muitos achem que não ), e é preciso continuar, aliás é preciso acelerar o processo. Mas eu pergunto, será que é sendo agressivo, pedante e até absurdo que se convence ou muda o comportamento de alguém? Será que muitas das críticas não são só uma forma de soltar um bla bla bla pedante sem objetivo nenhum, só pra "constar"?

Eu acho que tem gente tão fanática com a "proteção das minorias discriminadas" que mais atrapalha do que ajuda. E chega a ser ridículo. A Dove faz uma campanha com mulheres "fora do padrão", reclamam que era só demagogia e que tinha uma só negra entre 10 mulheres. A Revlon contrata a Beyoncé, que todo mundo sabe que é negra ( duh ) pra fazer propaganda de tinta loira pro cabelo e tacam pedra que embranqueceram a Beyoncé. Fazem o filminho da copa de futebol do Rio, lindo, emocionante, mas os cricas acham que tinha poucos negros e os que tinham eram mostrados em condições inferiores, como garçom ou sambando ( a mulata sambando é um símbolo do Rio, como reclamar disso?!?! ), não vou nem comentar que segundo a teoria de que "todo o trabalho é digno", não há nada de inferior em ser garçom. Mas o que para mim foi o fim do fim da picada, foi ler num blog uma crítica ao filme Avatar, e ler que o filme é preconceituoso porque o mocinho que vira um extra-terrestre azul, é branco. Prestenção, o filme é 70% computer graphics, e o mocinho é um ET azul. Aliás, a atriz que faz o papel da mocinha ET azul é negra, Zoe Saldana ou algo assim. Ah, mas seria muito diferente se o Will Smith tivesse virado um ET azul! Os humanos ( brancos ou não ) aparecem em meia-dúzia de cenas, mas a pessoa perde tempo reclamando que o ET azul quando humano é um humano branco. Falassério!

E aí, fica todo mundo se policiando pra não falar ou escrever algo que os cricas vão achar discriminatório. E nessa patrulha acabamos até tendo medo de dar opinião sobre as coisas, e até de ter uma opinião! Há anos uma blogueira publicou uma foto de uma moça toda perfurada por ganchos e pendurada por correntes no teto do quarto, dizendo que a filha tinha uma colega que praticava essa "prática sexual" e que não deveríamos julgar. Gente, o que é julgar? Porque se julgar for olhar aquela foto impressionante e achar que a pessoa tem algum distúrbio, eu julguei. Fiquei horrorizada. E quando outras pessoas também horrorizadas deixaram comentários, a blogueira se chateou. Isso sem falar no povo que tenta ser cool, blasé, "cada um encontra o prazer da sua maneira, bla bla bla", mas eu DUVIDO que quando a pessoa se deparou com aquela foto não teve arrepios. Mas não é politicamente correto "julgar", quanto mais expressar sua opinião em escrito, à respeito.

Ó povo, no carnaval que já vem chegando, nada de cantar a musiquinha abaixo, se um negão invocar, vai chamar a lei Afonso Arinos nocê:

Lá vem o negão
Cheio de paixão
Te catá, te catá, te catá
Querendo ganhar todas menininhas
Nem corôa ele perdoa não
Fungou no cangote
da linda morena
Te catá, te catá, te catá
Loirinha com a fungada do negão
É um problema
Loirinha com a fungada do negão
É um problema

Se ninguém soube lhe amar
Pode se preparar chegou a salvação
Só alegria, pode se arrumar
Que chegou o negão
Mas se é compromissada

É melhor não vacilar
Basta um sorriso no olhar
Para o negão te catar

Vem negão, vem depressa
É o mulherio a gritar
Vem negão, a hora é essa
Vamos deitar e rolar
Na praia, na rua, no supermercado
Na feira é a maior curtição
As garotinhas já vem requebrando
Pra ficar com esse negão






segunda-feira, janeiro 25

Fraude Tributária


Adriana comete fraude tributária e depois fica aqui com o ** na mão.

No comecinho de Dezembro, antes de viajar, mandei um pacote pro Brasil. Se você mandar um pacote com menos de 2 kg, pode declarar "presente" e não precisa detalhar o conteúdo. Meu pacote deu mais de 2 kg, como sempre dá, e lá fui eu fazer uma listinha do que tinha lá dentro e o valor de cada item.

Pela lei brasileira, quem recebe um presente do exterior com valor superior a 50 dólares tem que pagar imposto. Quando o pacote chega no correio eles te mandam um aviso pra ir lá "acertar as contas", e só assim você retira o pacote. Eu acho isso o fim da picada, a pessoa ganha um presente, e tem que pagar por ele. Portanto eu sempre declaro € 40.

Nesse pacote mandei dois games pro PS3, mandei roupas, maquiagem, só de jogo tinha uns 130 euros. O problema é que se o seu pacote extravia, te pagam só o que você declarou.

Mandei meu pacote dia 2 de Dezembro, voltei de férias e o pacote ainda não havia sido recebido. No track and trace só dizia: chegou no país de origem, centro de triagem. Fiquei ali torcendo, mas depois de 30 dias "desaparecido", já havia perdido as esperanças. Na TNT ( correio daqui ), me disseram pra esperar, que só dão o pacote por perdido depois de 3 meses. Lá pelo dia 10, apareceu uma mensagem: na aduana brasileira. Gente, esse pacote ficou lá do dia 6 de janeiro até agora. E eu desesperada, vão ver que o conteúdo é muito maior que 40 euros, vão dar multa e os impostos pro meu irmão pagar, vão roubar o pacote, pensei em mil coisas, e nada do pacote desembaraçar.

Sexta-feira, depois de 51 dias, meu pacote de SinterKlas foi entregue, quase no carnaval.

Tem que haver um modo melhor de mandar presentes pro Brasil, só não sei qual. DHL custa 89 euros um pacote de até 1,8 kg, e a aduana sempre fica babando em cada pacotinho da DHL, ali é imposto na certa. Mandar por amigos eu não faço, na minha mala raramente tem espaço pra levar uma escova de dentes extra, pedir pros outros carregarem seus badulaques eu acho folga demais. Isso sem falar que correio brasileiro é sempre essa incerteza se chega ou não, apesar do negócio ficar bem mais complicado de sacanear com o tal track and trace. Aliás, só pra vocês terem um idéia, eu paguei 36 euros pra enviar 2,2 kg, prioritário ( o prioritário não é assinado mas é registrado, então dá pra saber quem roubou ).

Alguém aí tem dicas?

domingo, janeiro 24

Cinema: paraíso ou calvário?

Eu amo, amo e amo ir ao cinema. Ultimamente no entanto eu ando meio desgostosa. Talvez seja Eindhoven que tenha poucas salas ( tem o Pathé com 9 e o Zien com 6, e mais uns cinemas alternativos/cult ), mas a ultra-lotação de ultimamente está tornando meu passeio preferido num quase suplício.

Eu achava que tinha achado a solução no cinema Zien, mas a verdade é que ele tem metade das salas boas e metade ruins, então é meio loteria. Acabei voltando pro Pathézão.

Fui assistir Avatar hoje, domingo nevoso/chuvoso, às 14:30. Ai ai ai, e dizem que isso aqui é primeiro mundo.

Bom, a compra dos bilhetes é melhor que no Brasil, tem 6 máquinas e 6 guichês, vai razoávelmente rápido. A pipoca tem filas imensas, e tem um buffet na parte de cima que nem sempre abre, isso sem falar que não tem pipoca com manteiga que nem no Cinemark, aliás, a pipoca não é fresca, cinema sem pipoqueira, já viu?

Não tem organização nenhuma na fila, tem um portãozinho com um carinha e aquele bololô de gente para todos os filmes amontoada, aqui o QI do povo não chega ao conceito básico de fila. E pensar que em SBC o Cinemark tem monitores mostrando que sala já está entrando e qual está ainda sendo limpa, tem filas e indicações de que fila pegar... Aí tava aquele furdunço todo e uma véia gritava: me deixem passar, meu filme já começooooou! Primeiríssimo mundo.

Aí entramos na sala, as cadeiras são boas, o espaço entre as fileiras razoável, não é Stadium mas é bem boazinha a sala. O óculos 3D foi cobrado à parte, 2,50 euros ( emprestado, não é pra levar pra casa não ), e nem era limpo, quem quisesse podia pegar um lencinho umidecido. Eu escolhi uma fileira e o cara do meio colocou os casacos dele e da acompanhante na cadeira do lado, eu sentei na imediatamente disponível,desliguei meu celular, perguntei se podia colocar meu casaco naquela cadeira também, e fiquei ali meditando sobre o sentido da vida. O cinema vai enchendo e enchedo, claro. Os trailers começam, aqui na Holanda não tem propaganda, só trailer. Eu amo ver trailer, porque já fico planejando o próximo filme. Quando o filme está quase pra começar, chega um cara e lááááá do corredor manda perguntar se o lugar ao meu lado tá livre. Aí todo mundo faz cara feia, tira casacos, tira bolsa, e já que é pra ficar todo mundo grudado, eu resolvo sentar no lugar vazio, que é mais pro meio, e aí a fileira toda faz o mesmo, dão uma "bundada" pra esquerda. O cara fica bravo, ele queria sentar no meio e não no final da fileira. Ele reclama, resmunga, chama a gente de "asociaal", vai embora, volta, e senta na ponta.

O filme começa. Aleluia, nenhum fedido por perto, nenhuma criança pequena. Deus é pai. Quando começa a ação do filme, minha vizinha começa a narrar a "adivinhar" o que ía acontecer pro marido dela ao lado, gente, que coisa irritante! Essa muié falou o filme todo!

É por essas e outras que o Bart já parou de ir ao cinema, já está pesquisando pra colocarmos home theater em casa. Ele prefere assistir os filmes com certo atraso mas no conforto do lar, à ir cheirar suvaco dos outros no cinema. E eu até entendo, não fosse essa minha paixão por cinema eu acabaria fazendo o mesmo.

E agora estou aqui, com uma listinha de filmes que eu quero ver, mas me preparando psicológicamente.

sexta-feira, janeiro 22

Vou imigrar de novo


Hoje eu estava pensando no que seria o lugar perfeito para se morar.

A cidade seria o Rio de Janeiro, mas só haveria 25% da população atual. Ao invés de favelas, seriam casas no estilo das encostas italianas da Costa Amalfitana.

Copacabana não teria todas aquelas prostitutas de noite, mas teríamos sim um bairro da luz vermelha que nem em Amsterdam. É ultra divertido olhar pelas vitrines!

Os edifícios teriam jardins internos como os novos empreendimentos em Dubai, mas haveriam ainda muitas casas na cidade.

O sistema de saúde seria todinho Sul América, e todos os hospitais seriam no estilo do São Luiz e do Einstein.

O sistema de transporte seria como o metrô de SP na década de 80 ( lindo, limpo, confortável, pontual ), mas teria a extensão do metrô de Paris. E haveria um fura-fila por toda a orla, pro povo ir pro trabalho vendo o mar.

Todos falaríamos português, mas com sotaque de Curitiba, que para mim é o português mais bonito. Leite quente dá dor de dente.

As pizzarias seriam todas trazidas de São Paulo pra lá, e traríamos o Bixiga e a Libertade inteirinha, ruas e tudo, pra nossa nova cidade.

Teríamos várias redes de supermercados, incluindo o Tesco, o AH, e o Walmart teria todo o assortimento que tem nos EUA.

A prefeitura iria encher as praias de palapas que nem no Caribe, e aí você só teria que levar sua cadeirinha e ficaria todo mundo lindo enfileirado, uma beleza de se ver. E as barraquinhas de praia teriam garçons "todo bons", com ótimos salários, que viriam trazer os drinks nos palapas, incluindo vinho gelado. O consumo de queijo coalho churrasqueado seria delimitado à lugares próprios com poderoso sistema de exaustão, porque aquele cheiro ninguém merece. Em pontos específicos da praia haveriam filiais dos acarajés da Dinda, com a opção de acarajé com camarão seco descascado ( ninguém merece aquelas casquinhas no dente ).

O Maraca seria substituído por um estádio "state of the art", a geral teria cadeiras de plástico e o que não é geral ( não sei o nome ) teria cadeiras de couro, que nem no estádio do PSV. Haveria ainda teto de vidro basculante incluindo opção de ar-condicionado.

Dividiríamos a renda dos ricos com os pobres, e a desigualdade social cairia a patamares holandeses.

Deus iria mandar um virus que mataria todos os políticos desonestos e só sobraria ( pouca ) gente boa.

Os bombons de alho da televisão e cinema nacionais seriam exportados pra Argentina, e a cidade perfeita atrairía, claro, Rob Pattinson, Brad Pitt ( ele voltaria com a Jen Aniston ), George Clooney, o Daryl de Eastwick, o Jake e o Sawyer do Lost, o Stephen Moyer, o diliça do vampiro Eric, e o Josh Groban cantaria o hino nacional no rádio todas as manhãs.

Teríamos o maior Ikea do mundo.

Todo o carnaval de Salvador seria transportado pra nossa nova cidade, mas teríamos que resolver o problema da superlotação dos blocos e a falta de banheiros.

O MIT seria aqui. Harvard, Yale e pros mais artísticos, Brown. A USP também, mas teríamos que dar um nome novo, né.

Teríamos Ragdolls passeando pelas ruas, e quem tivesse Golden Retrievers ganharia retorno no imposto de renda. E teríamos pombas modificadas genéticamente para não fazerem cocô ( ou pombas robos ).

Todos os cinemas seriam Cinemark e a pipoca com manteiga seria gratuita. E todos os teatros de SP seriam trazidos pra lá. Alguns de NY também.

O Jô Soares seria substituído pelo David Letterman, pra que continuar com a imitação se podemos ter o original? A Ana Maria continuaria, mas teríamos também a Oprah. A revista da Martha Stewart seria da Ana Maria ( eu não suporto a Martha Stewart, mas gosto da revista dela ). O Bonner e a Fátima Bernardes continuariam, mas revezariam com a Alla Gorani e o Richard Quest.

Bom, tenho certeza que esqueci de alguma coisa, mas já dava pra ser feliz na minha cidade perfeita. E o nome pra ela? Hahahahah, eu pensei em Adrianópolis hahahahaha, humilde eu.




quinta-feira, janeiro 21

Promessas furadas


Estamos ainda na semana 3 e minha caixinha de Panadol já está acabando. Já trabalhei 19 horas extras gratuitamente para a empresa. Meu cesto de roupas sujas continua sem fechar.

Normalmente a gente fura as promessas de ano-novo lá pra Junho, eu já furei, picotei, ralei, reciclei e furei de novo as minhas. Já falei que AINDA estamos na semana 3?

* suspiros desesperançosos *

Procura-se um pênis

No dia que eu saí de férias a colega que teve filhos e queria trabalhar meio período veio ao departamento, numa reunião com a gerente dela e do RH, foi informada que não poderia mais ficar no departamento. Ela colocou as condições dela ir para outro departamento, e empresa disse que ía procurar uma vaga.

Ela veio aqui pro "open office" onde ficamos e ao ver a nova funcionária já ocupando o lugar dela, desabou no choro, a coitada da menina nova saiu dali pra dar um tempo  pra ela, ela sentou-se no lugar antigo e chorou ainda mais, os colegas ao redor todos com cara de bunda, os colegas mais íntimos confortando, uma cena e tanto. Eu assisti tudo de boca aberta porque foi a primeira vez em 7 anos que eu vi uma demonstração emocional pública de um holandês. Cena de novela. Goede Tijd, slechte tijd.

Hoje estamos todos aqui de manhãzinha e chega ela: bom, tenho legalmente que voltar ao trabalho hoje, não me disseram pra onde ir, qual é o meu novo emprego, aqui estou. E foi pra antiga mesa e sentou lá. Todo mundo ficou tenso, procura a gerente, ela não chegou, liga pro RH, paniek paniek ( holandês quando se estressa é cheio de falar paniek ). Uns colegas "fazendo sala", outros como eu só esperando a nova funcionária e dona da mesa chegar, eu já me lembrando do Ratinho ou da Marcia Goldsmidt.

A gerente do RH veio buscá-la e foram pra salinha, arrumaram uma vaga beeeem mequetrefe pra ela, ela começa segunda que vem, hoje e amanhã fica em casa. Mas antes de vir embora ela veio aqui, chorou de novo, yada yada yada, tem vaga aberta no departamento e não me deixaram ficar nem até preencherem a vaga, depois de tudo o que eu fiz, yada yada yada.

E como em toda história mal contada, uns acham que ela sacaneou a empresa, outros acham que a empresa sacaneou com ela e eu sou a única a não achar nem um nem outro, que ela devia mais é voltar ao trabalho por pelo menos 4 dias por semana e parar de drama.

E as contratações continuam, vagas abertas para os possuidores de um pênis.

quarta-feira, janeiro 20

Enquanto isso na terrinha...


Regime in nóis!
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u681941.shtml

Folha de SP turismo: tente achar uma matéria sobre um destino nacional.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/turismo/

"Jesus Luz causa no deslife da Ellus" - Estadão de hoje. Causa o quê, desgosto, terror, alegria? Que mania tem os brasileiros de "enfeiecer" a língua, senhor! O pior é um jornalista escrever essas expressões de presidiário corinthiano na primeira página do jornal. Blé.

E a Galinhesteu, grávida. E eu que achei que essa aí ía nos presentear ao não reproduzir-se. O jornal cita um namorado, tá na moda agora a mulherada famosa passar dos 35 e arrumar uma fonte aleatória de bom DNA, né? E pensar no quanto meteram o pau na Xuxa…

E o metrô carioca vai chegar à Barra. Ho ho ho, quero ver a ricaiada reclamando quando baixar o suburbão carioca na praia civilizadinha deles. Na nossa lua-de-mel ficamos num hotel na frente da Barraca do Pepê, como a Barra é linda. Linda e longe. Vai ver que é linda porque é longe. É a Riviera de São Lourenço carioca. Aliás nem sei se a Riviera continua linda.

E a time out Amsterdã me fez lembrar que faz 2 anos que não vou à Amsterdã. Putz, que vergonha, eu AMO a capital holandesa. Mais bonita acho que só Paris, e Roma chega bem perto. O que me lembra que faz também 2 anos que não vou à Paris e 3 que não vou à Roma. E olha que agora tem trem bala de Amsterdam pra Paris, dizem que se vai em 3:18hrs. Gente, de Rotterdam à Paris em menos de 3 horas, que lindo. Caro, mas lindo.

Cêis tão percebendo que minha leitura de jornais brasileiros ignora completamente o caderno de política, né? Se bem que político brasileiro pode aparecer também na Folha Ilustrada, ou o Frank Aguiar não faz mais show?

Blé.

terça-feira, janeiro 19

Melhor que a CNN

http://lacitadelle.wordpress.com/

O blog acima é mais informativo que a apelação descarada da CNN.

Impressionante os posts do dia 16. Leiam.

segunda-feira, janeiro 18

Tremendo e babando

Eu TENHO que ir aqui!

Ikea o não Ikea, eis a questão

Se há uma coisa que eu não entendo é porque não há Ikea no Brasil. Se há nos EUA, não seria tão difícil abastecer o Brasil, e cá entre nós, mercado é o que não ía faltar.

Quando minha mãe se separou e mudou para um novo apartamento, deu até dó, ela precisava comprar todos os móveis, o orçamento estava super apertado, e móveis para apartamento pequeno só existia em lojas especializadas e carésimas. Ou naquelas Casas Bahia da vida. No fim, ela acabou móveis maiores do que cabia e o apartamento ficou super apertado, sem falar que ela gastou um dinheirão do mesmo jeito.

Quando o Bart foi morar sozinho, meio de supetão ( long story ), a Ikea foi a salvação. Da minha primeira visita ao Ikea até hoje, a estratégia da empresa mudou drasticamente. Antes haviam só móveis de preços médios, o que abria espaço para outras lojas, aqui a mais famosa é a Leen Bakker. Hoje em dia, a Ikea tem a linha super barata e adicionou ainda uma mais sofisticada, com sofás de couro, estantes com portas que deslizam, com iluminação especial. Hoje em dia, as raras vezes que eu entro na Leen Bakker ( pesquisamos persianas de emergência e tapete pros gatos ) tudo que eu vejo ali poderia ser comprado mais barato e mais bonito no Ikea.

No fim do ano passado eu e o Bart decidimos trocar todos os nossos móveis do andar térreo. Como estávamos com uns tostões sobrando, resolvemos pesquisar móveis não-Ikea. Tem muito, muito móvel bonito. Nós gostamos de linhas ultra-modernas, retas, com aço inox, nada de rococós, firulas e florzinhas. Queríamos um móvel para a TV, um buffet, uma mesa de centro, e trocar nossa linda e cara mesa de jantar. Nossos móveis ( todos Ikea, com exceção da cara mesa de jantar e suas cadeiras ) foram comprados em 2002 e 2004, a moda era madeira clarinha clarinha. Enjoamos. Isso é o que eu amo na Ikea, eu enjôo fácil de móvel, Ikea não custa os olhos da cara, então não dá tanta dó trocar. Agora queremos tudo madeira quase preta.

Meu maior problema era a mesa clara com as cadeiras bege. Custaram 2 mil euros, é tudo lindo, mas eu e o Bart já brigamos tanto por causa dela! A gente NUNCA usa, NUNCA. Ela é enorme, tem 2 metros. Aí eu quero colocar perpendicular à parede, Bart acha que fica apertado pra passar. Aí ele encosta paralelo à parede, com as cadeiras "prensadas", eu falo que parece favela. E a briga durou 1 ano. Eu achei na internet a solução, mesa que dá pra extender. Fomos ver umas da marca Hulsta, mas custavam em torno de 3 mil euros ( só a mesa! ) e era de madeira compensada e revestida. No meio do ano passado a Ikea lançou uma linha inteira de mesas que extendem, incluindo uma que cairia como uma luva. E caiu. Compramos a tal mesa nesse fim de semana, e acabamos com um ano de brigas. Ela não é chiquérrima como a mesa cara que tínhamos, e ainda temos que achar cadeiras, mas ela é muito bonitinha, e a cor é linda, e fica ali no canto, dá pra 4 pessoas comerem super confortáveis, dá pra extender até 2.2 mt ( fechada tem 1.4 mt ).

Acabaremos comprando os outros móveis também IKEA. Móveis "landelijk" ( não sei como traduzir, é móvel mais rústico, country ) até que não é tão caro fora do Ikea, mas os modernos que gostamos é uma fortuna. E enganam-se aqueles que acham que estão comprando mais qualidade, na maioria das vezes a madeira "maciça" que supostamente encarece o móvel, nada mais é do que a madeira de reflorestamento tratada com pigmentos, mas o negócio é que ninguém pergunta pra loja que madeira é aquela. Um buffet de 2.2 mt de cerejeira verdadeira, de linhas retas e modernas, está custando 5 mil euros, e isso eu acho extorsão. Não vejo valor naquilo, não 5 mil euros de valor.

Mas o principal é que quando eu enjoar, vou querer cortar os pulsos antes de jogar um móvel de 5 mil no lixo. Que aliás é outra coisa que eu queria comentar. A Marcia, que mora em Portugal, sempre fala que lá o povo coloca o que não quer mais na frente da casa e rapidinho os outros pegam, ela mesma achou uma TV assim. Aqui não, você pode até tentar vender por uns trocos ( o Bart quer colocar nossa mesa e cadeiras de 2 mil à venda no Marktplaats por 200 euros ), mas se não vender, ou doa-se, chama-se uma loja que vem pegar o móvel pra você sem pagar nada, ou você mesmo tem que levar pro lixão. Um estorvo.

Mas então, o negócio é desenhar os móveis no Ikea e mãos à obra, montar aquilo tudo. Ikea é bem pobre de buffet, então vamos montar uma estante que tenha iluminação e um bar com porta de vidro. O móvel da TV tem tanta opção que acabamos adiando porque estamos na dúvida, mas vai ser baixinho e com gavetão pra esconder as tranqueiras ( copiamos todos os DVD's que alugamos ) e a lata do SpongeBob que Bart não me deixa jogar fora. E com isso, sobra mais bufunfa pros eletrônicos, e já escolhemos uma TV nova, um equipamento de Stereo Surround e vamos escolher também um blueray.

Já tá mais do que na hora da gente ajeitar a casa nova, não fizemos praticamente nada no ano passado. Ainda vamos discutir muito, porque tudo que um gosta o outro detesta, e aqui os maridos são todos cheios de não só querer dar pitaco, mas de escolher móveis, decoração, até pano de prato.

Só com muita reza, viu.

sexta-feira, janeiro 15

Macarena Macarena tiene un novio...

Matéria do Estadão de hoje falando do problema em se contratar professores de espanhol para o nível médio das escolas públicas. Na maioria dos estados reclama-se que não há profissionais disponíveis e que não conseguirão oferecer o curso até o final do prazo para implementação, que é em agosto desse ano.

Mas o Lula só dá bola fora mesmo, hein ( adriana escreve aplicando tom irônico ). Aprova uma lei ( boa aliás ) e dá só 5 anos ( A-N-O-S!!!!! ) para o povo implementar. É que é muito difícil ir ali no CCAA, ver que livro eles usam, botar um anúncio no jornal ( ou fazer um concursinho público ) pra contratar um professor. Ou copiar o programa pedagógico das escolas particulares, que já oferecem o curso há anos.

Depois a gente faz piada dos portugueses.


Dodói


Imigrante na Holanda normalmente reclama do serviço médico daqui, só conheço uma brasileira que não reclama, uma médica.

Acho difícil compara com o Brasil, já que quem pode pagar um bom convênio médico tem um atendimento ótimo, mas quem não pode pena no SUS, então comparar com que nível? Mas entendo quem ( como eu ), vem pra cá e paga imposto alto, paga 200 euros por mês de seguro, e ainda tem que tolerar o tal médico de família te receitando paracetamol pra infecção no olho, e dando todas as desculpas possíveis pra não te mandar prum especialista.

Só pra esclarecer pra quem não mora aqui, na Holanda se você tem uma conjuntivite você não pode pegar um livrinho de endereços, ligar pra um oftalmologista, marcar consulta e ser feliz. Aqui você tem que ir pro médico de família e ele vai te guiar pro especialista. Acontece que esse sujeito é treinado pra tentar curar toda e qualquer maladia antes de mandar o paciente pro especialista. Na minha humilde opinião, holandês acha que o corpo "se cura" sozinho, então é só tomar algo paliativo, daí a mania pelo paracetamol.

O paracetamol pra conjuntivite não é piada, aconteceu com uma das comadres. No Brasil, o médico te vê com aquele olhão inchado, vermelhão, lacrimejanto ( é horrível, dá vontade de chorar ) e te dá colírio com anti-anflamatório, manda fazer compressas com água boricada, te dá um analgésico e em uns 3 dias você está melhor. Esse colírio é o bicho, alivia que é uma beleza. Aqui eles pensam, a doença vai seguir seu curso, gastar $$$ do governo pra quê? Então ele te receita paracetamol e pronto, dane-se que você vai comer o pão que o diabo amassou por 3 dias. Morrer não vai. Blé.

Mas vamos dar crédito ao que merece crédito. Vou continuar falando mal pra depois falar bem. Primeiro que você tem que acertar com um bom médico de família. Tem muito que nem aceita paciente, outros que atendem só pelo código postal, mas se você acabar com um que não te satisfaz, troque. Mas é importante também acertas as espectativas. Eu sou a única paciente da minha médica que é gastroplastizada, então você pensa que ao chegar no consultório ela vai lembrar direto, mas eu sempre tenho que repetir que sou gastroplastizada, ela olha no computador, e sempre diz, ah a mevráu van den Broek. Atendimento personalizado passou longe.

Do dia que você chegar aqui até morrer, você nunca mais vai ver um exame médico. Se você faz qualquer exame, vai pro seu arquivinho, o médico te diz se está normal ou não, mas pegar na mão, ver os índices, ver as imagens, necas de catipirobas. Eu fiz 80 imagens do meu estomaguinho e só vi uma, por acidente.

Agora o lado bom. Quando eu quis mudar meu método anticoncepcional, a médica me deu amplo material com muita informação sobre todas as opções, inclusive sobre aborto, que aqui é permitido ( não, eles não indicam aborto como anticoncepcional, mas como um modo de dizer, se você não se cuidar, pode ter que acabar passando por isso ). Ela me apoiou na minha escolha ( tirar o palitinho no braço e colocar DIU ), eu saí de lá com a consulta marcada na ginecologista, a receita para o "artefato", e o "artefato" foi pago pelo convênio. No consultório ( que fica dentro do hospital ), viram que eu teria que colocar o artefato sob anestesia, nova consulta pra semana seguinte. Me atenderam no horário correto, foram atenciosos ( eu estava com medo da anestesia geral ), eu me recuperei numa enfermaria onde eu tinha privacidade ( aquelas cortininhas ao redor de toda a cama ), e fui pra casa feliz com o retorno marcado. Tudo sem esperar muito e sem gastar 1 centavo.

Vejam minha mãe no Brasil, por exemplo. Bom, aqui ela nunca teria sido diagnosticada, porque no Brasil ela passou por 5 médicos do então convênio dela, e foi ser diagnosticada por um médico particular carésimo ( o cara cobra 600 reais a consulta e está sempre lotado ), ultra especialista, famoso com esportistas de renome, que atendeu minha mãe porque ela foi indicada por um paciente antigo. Mas supondo que ela fosse diagnosticada, ela tem uma forma diferente de artrite reumatóide. Ela iria sair do consultório com as receitas já transmitidas por computador para a farmácia, ela passaria lá imediatamente e já sairia com o remédio, a conta iria para o convênio. A cada 3 meses ela ligaria pro consultório, a assistente já deixaria uma nova receita pronta pra ela pegar. Se ela se sentisse mal, ou a dose ficasse forte ou fraca, voltaria para uma nova consulta.

No Brasil, minha mãe tem que pagar os remédios, que custam 1300 reais por mês, pro resto da vida. Como ela não pode pagar tudo isso, minha cunhada, que é assistente social, sabia do programa do governo para quem não pode pagar remédios, e a ajudou a dar entrada no processo, que foi acelerado por uma amiga da minha cunhada ( no Brasil você tem que ter contatos, senão… ). O processo acelerado levou 7 meses, contou com vários exames, o laudo do médico particular caríssimo, comprovante de renda, e entrevista com o médico do SUS. Minha mãe, cuja doença causava problemas de locomoção, teve que pedir ajuda pra família para levá-la em todos esses laboratórios, médicos, repartições. Quando o processo foi aprovado, ela recebeu uma carteirinha que ela usa pra mensalmente receber um dos remédios ( o mais caro ), e o outro não é comprado pelo SUS porque é importado, mas com isso o gasto mensal caiu de 1300 reais pra menos de 200. Só que a cada 6 meses ela tem que pegar novo laudo médico, senão não renovam a tal carteirinha. Ela tem guardado um estoque "de segurança" do remédio porque ela não pode ficar um dia sem, e sempre acontece dela ir pegar o remédio no dia certo mas "estar em falta".

Eu costumo dizer que aqui você tem que rezar para ter doençazinha mequetrefes até um dia morrer de repente, porque suas doençazinhas mequetrefes vão ser tratadinhas mequetrefemente, na hora e de graça, e se você morrer de repente pelo menos não sofre. Se você tiver doenças complicadas eu não sei não… Ouço barbaridades, de médico que deixou pra iniciar tratamento de câncer dois meses depois e o câncer mestatizou, de câncer que não foi pego porque o papanicolau é feito a cada 5 anos, mas sei lá, espero que assim como no Brasil também cometem erros médicos, que esses sejam as exceções daqui.

Eu sei que no meu caso, com a gastroplastia, tenho é que rezar muito. Fiz mil exames pra um check-up e mesmo com aqueles raios-x em movimento, ultrasson e endoscopia, o médico não entendeu a esquemática da minha cirurgia. E como "pesquisar" não está no job description dele, sigo sendo um mistério da ciência pro cidadão. E rezando muito.

quinta-feira, janeiro 14

Monalisa Smile

Ser imigrante é muitas vezes sorrir e calar.

A "partner" do colega de trabalho que senta ao meu lado está grávida. Hoje ele estava ao telefone reclamando nem sei com quem que o pacote de parto em casa ainda não havia chegado. Ao acabar a ligação ele me perguntou se no Brasil as mulheres tinham parto em casa.

Eu disse que só se fosse um acidente e não desse tempo de chegar ao hospital, pelo menos que eu saiba. Ou talvez em cidadezinhas muito do interior e muito subdesenvolvidas.

Holandeses, ainda mais novinhos como meu colega, normalmente defendem o parto em casa com unhas e dentes. Ele fez toda a propaganda e eu ouvi. Sorri e quase calei.

Contei pra ele a histórinha que acho que nem aqui eu contei. Pega um café lá, que é meio longa.

Vocês sempre me ouvem falar do meu irmão, o Alexandre ( Xan ). Ele é quase 5 anos mais velho que eu. Fomos 3 filhos, Xan, Ricardo e eu.

Ricardo era um ano mais velho que eu. Quando minha mãe estava grávida de 7 meses e pouco ( não sei essas contas de semana ) ela teve um sangramento e foi pro hospital. Não sei detalhes porque é um assunto que sempre se evitou em casa. Ricardo nasceu prematuro, há 38 anos, seus pulmões ainda não estavam maduros, mas ele nasceu vivo. Foi levado pra encubadora, era o único prematuro do hospital, um hospital católico muito bom em SP. Meu pai já estava trabalhando numa empresa boa, tinha convênio, tinham acesso ao melhor que a classe média da época tinha. Ricardo estava sendo muito bem cuidado, e a força do menininho era tanta que até as enfermeiras começaram a acreditar que mesmo contrário à qualquer previsão, ele sobreviveria. Minha mãe diz que ele estava bonitinho no bercinho, de repente não conseguia puxar o ar, e ía ficando azulzinho, azulzinho, todos pensavam que daquela vez era, mas ele conseguia finalmente respirar. Foi assim por 4 dias. No quarto dia ele começou a ficar fraquinho, respirava com dificuldade, estava sofrendo. A freira chefe das enfermeiras conversou com a minha mãe, pediu pra ela se despedir do bebê, "deixá-lo" ir, mas minha mãe, desesperada, se recusou terminantemente, ele havia de resistir. Naquela noite minha mãe teve um sonho que era ela naquela incubadora sem conseguir respirar, a agonia, a dor, acordou e foi lá pra UTI, disse ao Ricardo que apesar do tempo tão curto ele havia sido o melhor filho que uma mãe podia querer, que ela sabia que ele tinha resistido o quanto ele podia, mas que ele descansasse. Ricardo morreu 40 minutos depois. Eu deixo a discussão filosófica do "ele ía morrer em 40 minutos de qualquer jeito" de lado, o importante é que para a minha mãe, ela fez o que deveria ter feito, ele resistiu o quanto pôde, mas que se ele não sobreviveu, não tinha jeito mesmo.

Quando tocamos no assunto, ela diz que até hoje ela se pergunta se ela fez alguma coisa pra provovar o parto prematuro: a viagem de carro pro interior de SP 1 mês antes? Ou a carona da Vila Prudente para SBC com um parente caminhoneiro? Mas nada parece ser imprudente o suficiente pra provocar um parto prematuro num bebê normal. Ela diz que o único "alento" que ela tem é que não só ela, mas principalmente o Ricardo tiveram a melhor assistência médica possível naquela época, que se houvesse uma única chance de se salvar, era ali naquele hospital.

Quando eu contei pra ela que aqui muitas mulheres optam por parto em casa, ela imediatamente reagiu: imagine no caso do Ricardo, eu ía ficar eternamente me perguntando, e se eu estivesse num hospital, e mesmo que fôssemos levados de ambulância, e se ele tivesse sido socorrido não 10 minutos depois, mas imediatamente?

Eu sei que no caso da minha mãe foi um parto prematuro, que aqui teriam levado a parturiente imediatamente pro hospital, mas o ponto é, e se alguma coisa acontece no parto em casa, você não irá se perguntar pro resto da vida: e se?

É nesse ponto que eu acho que nós brasileiros somos muito diferentes deles aqui, talvez mais emocionais. A maioria de nós passaria uma vida, não sofrendo propriamente, mas se perguntando se você poderia ter feito alguma coisa melhor. Eles são mais fatalistas, havia um problema, o bebê morreu, estando em casa ou num hospital o resultado seria o mesmo. E a gente se perguntaria, seria mesmo? Mas aqui, algum burocrata no governo, provavelmente comparando as despesas de um parto em casa com um em hospital, colocou umas estatísticas num papel, encomendou uns números, e vendeu a idéia de que é melhor você ficar em casa e economizar 125 ml de gasolina do que ter toda a estrutura de um hospital apoiando você e seu filho na hora do parto. E como o que importa é a estatística ( verdadeira ou encomendada, afinal quem vai saber? ), rumbora parir na cama Ikea com lençol de plástico.

Aliás, medicina aqui não faz parte do rol das ciências biológicas, é ciência exata. A cumadre médica outro dia me falava, explicando porque aqui se faz exame ginecológico só uma vez a cada 5 anos e não a cada ano como no Brasil ( e EUA ), que estatisticamente os exames anuais aumentam muito pouco as chances de se pegar um câncer no começo, então que é um desperdício de dinheiro testar anualmente milhões de mulheres, pra diagnosticar só algumas. E me dá raiva, primeiro porque eu não acredito nessa estatística, segundo porque mesmo que seja apenas 1% que se salva porque todo mundo foi testado ( e milhões gastos ), pode ser que eu, minha mãe, sobrinha, tias, estejamos nesse 1%. Eu não sou número, eu sou gente.

Mas dizer tudo isso só ía nos levar àquela velha discussão que sempre acaba com o argumento de que o sistema não é perfeito, mas saúde pública perfeita para 100% da população é utopia.

Então eu sorri e calei.


quarta-feira, janeiro 13

Raspadinha

Está nevando. Uma nevezinha ralé, tipo raspadinha. Tão ralé que nem acumula, bate no chão e nos carros e já derrete.

Já que é pra estar frio, eu queria que nevasse metros! Queria flocões caindo incessantemente, queria ver as superfícies embranquecendo, queria ver os galhos dobrando com o peso da neve. Queria que os trens parassem de tanta neve nos trilhos, que os engarrafamentos fossem quilométricos, que não desse pra andar até o portão sem escorregar e ralar a bunda no chão.

Queria que aparecesse o Balkanende ou a Rainha na TV e mandasse todo mundo ficar em casa, porque aí eu ía fazer aquele chocolate quente que eu nem gosto, ía assar um bolo, sairia do pijama direto pro moletom e pantufas, e ficaria o dia inteirinho em casa com o aquecedor ligado e enrolada na mantinha do sofá, sem sentir culpa nenhuma.

Mas aqui mosfios, nem isso. Nem a neve aqui é de primeira!

Festa estranha com gente esquisita


Hoje me colegas holandeses perguntaram o que eu acho esquisitice de holandês. Deixa eu comentar algumas.

Comprei um casaco na Bijenkorf e achei que tava fazendo um negócio da China, até descobrir, meses depois na lavanderia, que o casaco não podia ser lavado. Nem a seco nem "a molhado", nunca. Comentei com a colega de trabalho que achou estranho eu querer lavar casaco. Aqui tivemos uma discussão semelhante, mas digam aí, usar um casaco anos e anos sem lavá-lo?

A maioria das empresas holandesas dá um pacote de Natal, o povo já espera e reclama se não tem. O negócio é tão sério que nem com essa crise a empresa ousou deixar o povo sem os badulaques do kerstpakket. O do Bart sempre é bom, esse ano foi uma caixa enorme com louças para "tapas" e uns 50 ingredientes espanhóis com um livro de tapas. Já usei e aprovei. Minha empresa dá um catálogo e você pode escolher seu presente online, o que eu acho ótimo. Esse ano o negócio tava fraco, e comentei com um colega que eu ía pedir um daqueles mixers de mão ( o que tem uma hélice num cabo ), aqui se chama stafmixer. Ele me perguntou se eu não queria um dele, pois ele e a esposa tinham 3, resultado da juntação de casas. Aceitei. Pô, se eu vou dar alguma coisa minha pra alguém, limpo até brilhar, mas ele me trouxe o negócio ultra encalacrado. Limpei com palha de aço e desengordurante Mr. Musculo, ficou tinindo. Hoje o negócio estava na minha bolsa porque o Bart vai num curso de drinks, pediram pra ele levar e ele esqueceu comigo. Quando mostrei pro meu colega ele não acreditou que era o mesmo. Eu achei que ele ía achar o máximo, ele achou que eu sou uma neurótica com limpeza. Agora fala sério, tinha molho grudado de anos atrás, vou usar daquele jeito?

Essa não foi com holandeses, mas com alemães. Eu estava lembrando da minha viagem backpacker pra Taormina na Sicília. Eu fiquei no albergue da juventude da cidade, pra mim foi ótimo porque era baixa temporada e eu tive o dormitório feminino 3 noites só pra mim, com banheiro privativo e tudo, e num dos jantares no terraço conheci dois casais ( elas eram irmãs ) de alemães que ficaram num hotel chiquérrimo na cidade e deixaram os 5 filhos ( todos meninos, entre 12 e uns 16 anos, 2 de um casal e 3 de outro ) no albergue. Achei o cúmulo. Eles iam pegar a criançada de manhã, traziam de tarde, íam jantar só os casais e voltavam trazendo pizza pra molecada. Achei o ó!

Eu moro na caipirândia holandesa, a terra dos "boeren" ( os chacareiros ), uma das comadres sempre tira o sarro da caipirada daqui. Por isso o aeroporto da cidade é mais comédia que a praça é nossa. Como tem bastante vôo low cost, principalmente Ryanair, tem muita gente que nunca entrou num avião antes, gente que nunca saiu da Holanda nem pra ir à Bélgica, ali todo nervoso com a aventura de fazer check in, passar pelo dutyfree, embarcar. Na área de embarque tem uma daquelas lojinhas "grab and fly", carésima aliás. O caipira do nosso lado pega um sanduíche, um refri, um chocolate, não paga e sai andando abrindo o refri. A menina do caixa chama o rapaz, que diz: achei que era incluído na passagem! Ho ho ho, deviam mudar o nome para "grab, pay and fly".

Holandês acha que só ele é inteligente. Falam horrores dos vizinhos, os belgas, e várias piadinhas que nós brasileiros contamos de portugueses eles contam de belgas. E os alemães também são ruins, "sauerkrout". E a grande maioria tem horror à americanos, mesmo que não conheçam nenhum!

Uma das muitas coisas que eu não entendo: a necessidade da homarada de usar gosma no cabelo. Impressionante a quantidade de tipos diferentes de géis para cabelo oferecida, é gel elástico, é gel ultra forte, é gel mate, é gel de tudo que é tipo. Acho até que homem aqui usa mais gosma do cabelo que as mulheres. Eu acho feio, feio, feio, cabelo bom é cabelo limpinho, lavadinho, cheirosinho.

E tem umas coisas engraçadas, tipo as canelinhas deles. Cada homão enorme, você vai ver as canelas e é aquele palitinho ossudo, coisa feia! Não sei se é "da raça" ou se é de tanto bicicletar. E o jeito como escrevem o número 8? A gente começa lá em cima, vai pra esquerda e termina lá em cima de novo, não é? Aqui eles começam do meio, então na pressa acaba sempre virando um S. E praticamente todo mundo fala inglês, e até que bem, mas quer deixar holandês maluco é corrigir o "if" e o "when". Como em Holandês não há diferença entre se e quando, eles não fazem distinção, e raramente usam o "to teach", porque aqui aprender e ensinar é a mesma palavra, então eles falam "I will learn you how to use this screen".

Mas pra ele a gente também é um povo estranho. Um colega de trabalho falando da viagem ao Brasil, que lá o povo joga o papel higiênico "sujo com aquilo" num cesto ao lado do vaso. E dizia o colega: limpavam todos os dias, mas mesmo assim ficava aquilo ali cheirando do seu lado, credo. Eu dei risada, realmente, é muito melhor como aqui, que se pode jogar o papel e dar descarga. Sem falar que eu mesmo ( assim como o colega ) quando vou ao Brasil estranho a altura super baixa do vaso sanitário. E disse que no Mc Donalds o povo é neurótico, ficam correndo da máquina pro caixa, de um lado pro outro, como se o mundo fosse acabar a qualquer momento. Eu falei que aquilo é o que se espera de um FAST food, não essa velocidade tibetana que é o Mc daqui, e contei daquela promoção, se não te dessem seu pedido em 60 segundos o refri era de graça, lembram?




terça-feira, janeiro 12

Aqui não é todo mundo rico

Extendendo um pouco o post anterior.

Sabem, eu sei que os brasileiros estão cansados da bandalheira política, da violência, da inflação, e de tantas outras coisas, mas sinceramente, acho que muitos tem uma idéia equivocada do que é a vida no exterior.

A grande maioria fala sobre a desigualdade social, e logo acham que aqui na Holanda por exemplo, onde a desigualdade é infinitamente menor, as diferenças não existem porque todo mundo ganha bem e tá nadando na grana. Doce ilusão. É como me disseram quando eu mudei pra cá, esse é o governo Robin Hood, que tira dos ricos pra dar aos pobres.

Se vocês olhassem meu salário bruto, ai ai, eu até suspiro de pensar. E embora o imposto seja escalonado, todos os meses 48% do meu salário não é depositado na minha conta. Entre imposto e o tal fundo de pensão, quase a metade se vai. E não volta. Não volta porque os benefícios também são escalonados. Por eu ganhar bem, não tenho direito ao plano de saúde subsidiado, tenho que pagar o mais caro mesmo. Se eu tivesse filhos, a creche ía puxar uma listinha de subsídio do governo, e baseado na renda familiar me daria de volta apenas 8% da mensalidade, enquanto famílias de baixa renda chegam a receber 60% da mensalidade de volta ( lembrando que a mensalidade de uma creche 5X por semana periodo integral custa na casa dos 1500 euros ). A igualdade social vem não de todo mundo ganhar bem, mas dos que ganham bem pagarem mais e terem menos direito a benefícios.

Quando mudei pra cá, com minha mente capitalista paulistana classe média, eu achei tudo isso muito injusto. Uma das coisas mais injustas pra mim era o lance de quem não poder pagar prestação ou aluguel ter direito a casas "sociais", uma casa patrocinada pelo governo com aluguel de conto de fadas. Eu pensava, ué, quem não pode pagar aluguel que alugue um apartamentinho mais simples, ou vá morar com os pais, o que não é justo é eu pagar uma fortuna de imposto pra esse fulano morar quase de graça. Mas a verdade é que holandês não mantém essas casas sociais porque são bonzinhos e querem que mesmo o pobre tenha certa dignidade ao morar. Balela. O que o povo aqui não quer é ver favela, porque é o que acaba acontecendo. E como diz um colega meu, o que era pra ser um benefício temporário, pra uma dificuldade na vida, você ser ajudado 3 ou 4 anos até conseguir se levantar e seguir em frente, vira permanente, depois que alguém entra no esquema de benefício, raramente sai. O que acaba meio que compromentendo a filosofia do negócio, porque se te acontece alguma coisa e você precisa da ajuda, meio que se lascou, porque a fila é imensa, aqui em Eindhoven passou dos 3 anos de espera. E quem consegue o benefício agarra-se com unhas e dentes, muitas vezes até chega o dia em que o cara tá ganhando melhorzinho, mas vai pagar 400 euros a mais de aluguel pra quê?

No meu teste de integração tinha uma pergunta: sua família tem baixa renda e seus filhos querem ir à piscina publica no verão. Se você não tem dinheiro pra comprar o passe, o que você faz? Era de multipla escolha, podia escolher vai à secretaria do clube e pede pra entrar de graça, não vai ao clube, pede um passe gratuito na assistência social da cidade. Eu escolhi não vai ao clube, afinal assistência social é pra coisa séria, e estava errado, o certo é ir pedir passe de piscina na assistência social. Eu fiquei indignada, e a professora disse que um adolescente excluído é mais suscetível à drogas e criminalidade, logo, paguemos passe pra piscina do coitado, afinal a gente não quer viver no meio de drogados e trombadinhas.

Nesses meus 7 anos eu já aprendi muito, mas ainda tenho um loooongo caminho a percorrer. Por exemplo, eu acho que o sistema da creche é péssimo. Em Portugal por exemplo me disseram que um "infantário" custa ao redor de 200 euros por mês. Que aqui fosse 500, mas que fosse o mesmo preço pra todo mundo. Não pode pagar? Não tenha filhos, ué. Todo mundo tem que morar em algum lugar, todo mundo tem que ir ao médico, todo mundo tem que estudar, então até concordo em subsidiar tudo isso, mas filho - ninguém depende de ter filho pra poder viver. Aí meus colegas me dizem que eu sou esnobe, que só os ricos teriam filhos, que pobre também tem sonho e o direito de ser feliz.

E aí eu lembro da música da Jani e Erondi ( ou da Sorvetão e do Conrado ), aquele trecho: pensam que a pobreza é lixo, e que rapaz pobre não tem coração.

Mas então, falei, falei e não disse nada, né? Mas só pra fechar o post mais bonitinho, eu ainda não gosto de pagar tanto imposto. Estou me escalpelando de trabalhar porque quero ser promovida no ano que vem, mas todo esse trabalho vai me gerar um dinheirinho que acabará mais na metade na mão do Balkanende. Mas quando eu penso que aqui não tem favela ( só as casas sociais ), que aqui não tem (quase) trombadinha e que o povo nunca ouviu falar em sequestro-relâmpago, penso que é melhor eu continuar com a minha contribuição involuntária. Afinal, é muito mais fácil estar na minha posição, a de quem não gosta mas pode pagar, do que na posição daquele que se não receber ajuda do governo não pode pagar o aluguel.

Agora por curiosidade, quem mora em outro país, quanto se paga de imposto por aí?


segunda-feira, janeiro 11

Formiguinhazzz


Quando eu fui efetivada na GM, trabalhei com a S., uma decendente de alemães inteligentíssima, ultra classuda, logo ficamos amigas. S já estava na casa dos 50 e dali a alguns anos iria se aposentar. S começou a planejar a aposentadoria jovenzinha, comprou um terreno no litoral paulista, depois mais dois terrenos ao redor, construiu sua casa, depois a aumentou, e quando o dia da aposentadoria chegou, S mudou pra baixada paulista, onde ainda mora, feliz e contente.

E depois de conhecê-la decidi que faria o mesmo.

A mudança pra Holanda complica um pouco os planos, mas ainda bem que Bart concorda que depois de aposentados, aqui não ficamos.

Mas comprar o tal terreno onde? Onde queremos nos aposentar?

Aquele brasileiro que eu comentei no post anterior ( o que trabalha com o Bart e detesta o Brasil ), comentou: ei, já que vocês gostam do país, aposentem-se no Brasil, com a aposentadoria daqui, vocês vivem como reis lá. Mas será mesmo? Eu acho impossível, com a instabilidade financeira no Brasil, prever como seria nosso nível de vida em 25 anos. Como estará o câmbio? Porque pra falar a verdade, eu acho que o custo de vida no Brasil, em alguns aspectos, é mais caro que na Holanda. Por exemplo: um plano de saúde bom, como o que tínhamos na Sul America, está 1200 reais para quem tem mais de 60 anos. Roupas e calçados caros, a menos que você se vista na C&A ( eu sempre achei a Arezzo classe média, média melhorzinha, comprava TODOS os meus sapatos lá, mas acabei de ver uma sandália simpática - nada fabulosa - por 267 reais!!! ), até comida eu tenho achado caro nas últimas vezes que estive aí. E sem falar no custo de vida, o principal: segurança. Eu não moraria em SP capital, mas no interior, litoral, ou até mesmo em outro estado ( mais quentinho, claro ). Meu irmão mora no interior dentro de um condomínio, é super seguro e tranquilo, e não dá não aquela impressão de que se está morando trancafiado entre paredes, pelo contrário, os muros do condomínio são disfarçados por plantas e as casas em si só tem uma cerquinha quando o dono tem cachorro, do contrário é só gramadão. Mas… tem que ter uma BOOOOA grana pra comprar terrenos nesses condomínios e até eu construir além de pagar IPTU, pagaria o condomínio em si.

A outra opção seria comprar um terreno no sul da Espanha ou Portugal. Portugal não quero, vai lá saber como é viver no meio de um povo que te discrimina. E para investir no sul da Espanha, teríamos que ir algumas vezes pra lá de férias, ver qual região gostamos, encontrar uma cidade ainda não invadida pelos Hooligans Beberrões. Pelo menos Espanha ainda é EU, grandes são as chances do custo de vida continuar um pouco mais baixo do que o da Holanda, o que nos daria uma vidinha mais folgada financeiramente, e mesmo que os níveis de segurança piorem um pouco, ainda são melhores que o do Brasil, e se mantivéssemos o tal apartamentinho aqui na Holanda, seria mais fácil ir-e-vir. E olha, morando na Espanha acho que eu teria visitas mais frequentes do Brasil ( quem quer vir pra esse freezer sem praias? ).

Cedo pra pensar nessas coisas? De jeito nenhum! Eu e Bart somos formiguinhas, e não cigarras. E na vida real, a cigarra morre de fome e frio quando o inverno chega, as formiguinhas dão é uma bela banana pra ela.

E vocês, pensam nisso?


sexta-feira, janeiro 8

Cinza Grey Grijs


Ontem e hoje vim trabalhar bem cedo porque estou vindo com o marido e ele tinha que ir à um curso. São 8:40 da manhã e ainda está escuro. É muito difícil pra mim, o escuro, frio e cinza, sabendo que eu tenho depressão de inverno. Então eu tento usar roupas coloridinhas, evitar ficar olhando pela janela, peço pra secretária aumentar um pouquinho o rádio ( ela adora ) e assim vou seguindo. Domingo vou fazer pelo menos 20 minutos de bronzeamento artificial, que também ajuda.

Essa é, para mim no momento, a parte difícil de morar aqui fora, lidar com o inverno.

Engraçado como brasileiros tem essa idéia de que se a pessoa mora no exterior "se deu bem". Outro dia uma antiga colega de ginásio me acho no Orkut e me mandou um e-mail, onde dizia: nossa, você e o fulano, que está morando nos EUA foram os que se deram melhor na nossa turma. Vejam bem, ela não sabe o que eu faço aqui, se eu tenho casa ou moro debaixo da ponte, se como filé mignon ou pão com paardvlees ( carne de cavalo ), mas ela acha que só porque moro fora do Brasil, me dei bem.

Eu acho que me dei bem sim, me "dei fantástico". Achei qualidades no meu marido holandês difíceis de achar num homem brasileiro, mesmo com dificuldade consegui um emprego que amo, tenho uma casa legal, viajo, só faltava mesmo ter a família mais perto. Mas assumir que eu me dei bem só porque eu moro na Holanda não é legal.

E é assim também que minha família, primos, tios, me vêem, a que deu uma sorte incrível. Não adianta eu falar como tive que penar pra achar emprego, como temos que cortar outras regalias pra poder ter uma casa legal, como eu tive e tenho que trabalhar duro, muitas vezes mais que os meus colegas, pra me sobressair e fazer minha carreira andar. Eles têm meio que a impressão que as coisas caem prontinhas no meu pratinho celestial, que eu tenho uma vida fantástica só de favo holandês e viagens de luxo.

Bart trabalha com um brasileiro que já está fora do Brasil desde 86 e DETESTA o Brasil. Ele morou quase 20 anos nos EUA, tem green card, e optou por mudar para a Holanda há uns 5 anos. Ele diz que nos EUA, você vive melhor que na Holanda até se aposentar, e que depois da aposentadoria quem não tiver feito muitas economias ou um ótimo plano de aposentadoria se ferra, e diz também que o estado ajuda mais aqui no caso de um dificuldade ( perda de emprego, ou afastamento por problema de saúde ) do que nos EUA. Ele acabou optando pela Holanda porque está mais próximo da aposentadoria e acha que vai ganhar mais como aposentado aqui. E arremata: no Brasil você vive uma vida do caramba, vendendo o almoço pra comprar a janta, e quando se aposenta, ganha esmola do governo. Mas sei lá, vejo bastante dos meus amigos vivendo muito bem no Brasil...

Bom, papo meio deprê esse, mas é que tá um dia horríveR. Mas pelo menos é sexta-feira.

Bom findi, povo!

quinta-feira, janeiro 7

Curtas


Neva, pára, neva, pára, que meleca! Imagine-se dirigindo, andando, bicicletando, num ringue de patinação no gelo. Então é isso. Sal grosso ( jogado na rua para derreter o gelo ) está em falta, então o negócio é dirigir a 10km/hr. Ontem deslizamos na rotonda, quase não fizemos a curva. Dá um meeeedo!

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Durante as férias eu li uma série irlandesa, onde estavam tomando chá à toda hora, então eu comento com o marido: "nossa, falam tanto de chá nesse livro que mesmo com esse calorão eu só quero tomar chá". Estou agora lendo o Brotherhood of the Black Dagger, livro de vampiros. Comento com o marido que do livro 3 em diante, a história é praticamente um livro pornô, a cada 5 páginas normais tem 5 de sexo. O marido responde: engraçada você, você lê sobre chá e só pensa em tomar chá, porque é que agora você está lendo sobre sexo, você não pensa o tempo todo em fazer sexo? ( ho ho ho, too much information, I know )

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Lá no resortão do Caribe a mulherada tava toda bisturizada. Americanas com umas boconas gigantes, brasileiras turbinadas e com tanquinho. A véia americana na praia falando pro marido: olha aquelas 3 ( apontando pra  3 brasileiras andando ), que péssimo professor de ginástica elas tem, nunca vi só exercitar os músculos da frente e nunca os de trás. Realmente, as bundas moles e flácidas destoavam do tanquinho. Bisturi é a resposta, e que invem a cirurgia pra endurecer a bunda. Mas eu penso assim, antes gatona de frente e baranga de costas do que baranga inteira, né? O negócio é na orla da praia ir de biquini e voltar de canga.

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Lembram-se do casamento da colega de trabalho, que convidou o povo sem os parceiros? Então, vejam se não é o trufo-do-mufurufo. Duas semanas antes do casamento a mestre de cerimônia ( é, aqui tem disso ) mandou um e-mail pros convidados dizendo que já que o hobby dos noivos é cozinhar, que ela queria preparar uma surpresa pros noivos ( é, aqui tem disso ) e mandar fazer um livro com uma receita de cada amigo, com uma foto do prato e uma foto do amigo, e que no dia da festa, o amigo que enviou a receita deveria levar também o prato e os noivos íam provar um por um, além de aprender a preparar com as receitas do tal livro. Ou seja, você tinha que mandar a receita, uma foto sua e do prato 2 semanas antes, e no dia do casamento aparecer na festa com o tal prato preparado. Bizarro. Mas o mais bizarro é que como só tinha bebidas e não comidas, puseram os pratos numa mesona pros convidados, e aquilo virou o buffet da festa. E neguinho ainda reclamou do casamento daquela prima que tinha barquinhas de salada de maionese e sanduíche de carne louca. Como diria a Katylene, tô pa-ça-da.

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Alguém que mora aqui pelas Zoropa já alugou essas casa, villas, bungalows, com piscina privativa na Espanha e Portugal? Eu queria alugar uma casinha com piscina em maio por 2 semanas, mas morro de medo de alugar num desses sites de holiday rental e acabar caindo no conto do vigário! Outra opção é um ap"e"rtamento chamado Vitor's Village num vilarejo do Algarve ( Ferragudo, alguém conhece? ). Qualquer sugestão será bem vinda ( hotel que tenha quarto com piscina privativa também serve ).


terça-feira, janeiro 5

Mãe Adrianá


Em duas semanas a colega que teve bebê e foi meio que colocada pra escanteio volta, e ainda não acharam uma vaga pra ela. Ela esteve aqui hoje, e ela está arrasada.

Na semana antes do ano novo ela foi chamada, informaram oficialmente que para o nosso departamento ela não volta, e ela fez uma entrevista no RH pra ver em quais posições ela se encaixa, tem muita vaga interna aberta, mas tem muita gente sobrando por causa da crise. Minha empresa ainda está parcialmente operando com redução de jornada, e tem departamento que quer dispensar metade dos empregados.

O RH foi educadésimo com ela, em teoria estão tentado, mas eu estava numa reunião onde o dois diretores discutiam o caso dela e o que disseram é: com tanto cara novo, solteiro, descompromissado, com o mesmo grau de instrução ou até mais, que departamento que vai preferir ela, um mulher com dois filhos que quer trabalhar 3 dias por semana pelos próximos 12 anos?

Olha, é difícil ser mulher e ser também profissional. Eu estava nessa reunião ajudando o diretor a estabelecer o perfil de um candidato para o departamento ( mais um colega está saindo ), e tendo a opção, qual eu preferiria? Eu estaria mentindo se eu dissesse que seria ela. Por outro lado eu penso, e se fosse eu com dois bebês em casa? Se bem que eu acho que 80% do problema é ela querer trabalhar 3 dias ao invés de 4 e de não ter assim aqueeeeeela fantástica performance.

Aliás, a colega hoje falou que com duas crianças ela precisa de um dia pelo menos pra "colocar a casa em ordem" e outro só pra curtir as filhas, e eu meio que fiz uma cara. Quando ela me perguntou, eu expliquei que se ela tivesse dito que ela acredita que precisa ficar 2 dias por semana com as filhas pra criar bem, eu não concordaria mas entenderia, mas matar a carreira assim pra limpar, lavar, passar... paga uma empregada ( eu pagava 120 euros por mês a empregada vinha 1 vez por semana e a casa ficava linda ) e pelo menos com 4 dias disponíveis ao invés de 3, seria mais fácil achar uma vaga. Bom, desnecessário dizer que eu não consto mais da lista de "Faves" dela.

Já que ultimamente andam me chamando de Mãe Adrianá ( a irmã da Mãe Diná ), vou prever uma coisa: vão acabar oferecendo umas 2 vagas xexelentas pra ela, ela vai recusar, e vão acabar demitindo-a com a desculpa "ela é que é inflexível".

Carpool: coidipobre ou louco


Aqui na Holanda fala-se muito no car pooling. Car pooling é quando duas ou mais pessoas vão pro trabalho juntas, usando um mesmo carro. É bom pro trânsito, é bom pro meio ambiente, é bom pro bolso. Nos EUA tem até uma faixa mais rápida nas ruas e rodovias que só pode ser usada para quem está fazendo car pooling ( carros com pelo menos 2 pessoas ).

Eu trabalho do lado de casa. Com essa neve toda, fica tudo ultra escorregadio, sem falar no frio do caramba, então nada de moteeenha, eu faço "carpool" com o Bart. Mas vou te dizer, eu detesto.

Eu não sou do tipo que já acorda linda e fresca. Eu gosto de levantar bem antes dele, no silêncio da casa, de tomar meu banho longo e quentíssimo, de sentar na cama do quartinho pra secar o cabelo na santa paz, de dar aquele trato no rosto em compania somente do meu Platinho, descer, fazer meus lanchinhos ( eu como quando chego no escritório ), e normalmente ele está acordando quando eu já estou com um pé na garagem pegando a moteeenha. Essa horinha de paz e tranquilidade é essencial pro meu dia ser bom e produtivo. Eu chego no escritório toda pimpona e de bom humor, é minha terapia!

Fazendo o maledeto carpool, eu estou saindo do banho e ele está entrando, e a criatura parece que dormiu em cama de arame farpado TODOSANTODIA. E daí começa: você puxou minha coberta de noite ( entra no banho ). Não tenho nenhuma camiseta que combine com a calça azul ( se vestindo ), esse pão já tá ficando duro ( tomando café ), o idiota do vizinho deixou o cachorro fazer xixi a frente da nossa janela de novo ( tirando o carro da garagem ), porque esse imbecil não tira o bebê do carro pelo lado da calçada ao invés de parar todo o trânsito ( dirigindo pro meu trabalho ), se só quem tem QI de 3 dígitos pudesse ter filho, o mundo tava vazio, olha essa idiota empurrando o carrinho de bebê pela ciclovia, se um carro escorregar na neve passa por cima desse bebê, e daí ela vai dizer que o cara é que é culpado ( na metade do caminho ), o carro tá fazendo um barulho estranho - precisamos urgente trocar esse pocotó ( virando a esquina da avenida ), ród-verdôme o trânsito tá terrível e eu vou me atrasar ( atravessando a avenida pra entrar no portão da empresa ), pót-verdóri nessa avenidinha principal da empresa eu tô sempre atrás de um caminhão ( re-lou, minha empresa faz caminhões )… Gente, eu chego na empresa com vontade de me trancar no banheiro e fazer yoga dentro da casinha. Ninguém merece.

Daí eu querer tanto ter um segundo carro, pra não ter que aguentar isso todos os dias do inverno. É uma idiotice pagar seguro, imposto, manutenção de um carro, mesmo que seja um poisé, só pra andar 1 quilômetro de manhã e outro de tarde, mas olha, pra me poupar desse calvário eu topo tudo. Me sugeriram eu enfiar um Ipod nas zurebas com uma Enya bem zen, e eu tô considerando.

Bom, pra compensar o mau humor matinal, eu já tomei meu café com leite e comi meu lanchinho enquanto digitava esse post. Estou calminha e relaxada. Vou dar prozac no café da manhã pro marido, viximaria, viu!

segunda-feira, janeiro 4

Adriana fria e calculista

Vou falar de um assunto meio pesado, que eu nem sei se deveria comentar aqui no blog, mas que está meio que me encasquetando.

Eu já falei aqui que o divórcio dos meus pais, alguns meses antes do meu casamento, foi terrível, briga após briga, só se falavam por advogados, eu e minha cunhada fomos chamadas à depor ( um dos momentos mais horrorosos da minha vida ), enfim, foi péssimo. Nesse processo todo, eu fiquei muito pê com o meu pai por ter feito a gente passar por tudo isso, por não ligar a mínima se minha mãe, companheira dele por 36 anos ía ter dinheiro pra comprar pão, e jamais vou me esquecer dele berrando que se o juíz mandasse ele dar 30% do salário dele em pensão alimentícia, que ele parava de trabalhar "eu morro de fome, mas dinheiro -praquela lá- eu não dou". E ele ficou furioso por eu ter apoiado minha mãe e principalmente por ter deposto contra ele. Meu irmão, como sempre, ficou em cima do muro e no fim "se deu bem" com os dois. Mas eu sou bocuda, impulsiva, não sei ficar imparcial à coisas desse tipo.

Mas eu também não sou de ficar de cara virada, ainda mais pra alguém da minha família, por muito tempo. Quando tudo aconteceu, eu falei tudo o que eu pensava pro meu pai, botei tudo pra fora, e pronto, virei a página. Continuei falando com ele, quando eu decidi pedir pra entrar do PDV da GM eu falei com ele antes, falei do casamento, convidei pro casamento, as coisas nunca foram como eram antes, mas nas circunstâncias, até que não estavam mal.

Quando marquei o casamento, o Bart pediu pra termos uma festa. Meu pai jamais me perguntou se eu precisava de qualquer ajuda, o que normalmente pais fazem. E olha, eu não precisava ajuda financeira nenhuma, eu banquei a festa sozinha, mas ele podia muito bem ter ajudado a distribuir uns convites, a olhar uns fotógrafos que tinham studio perto do apartamento dele, mas necas, ele não mexeu uma palha. Minha mãe, coitada, fez mil coisas pra me ajudar, mesmo estando ainda super abalada com a separação. E o golpe final: ele nunca me deu um presente de casamento, um cartão, nada! Não me lembro nem se me felicitou no dia ( vou ver o DVD ).

Nesses 7 anos eu mandei cartões de aniversário, como não recebi nenhum de volta, parei. Comprei presentes de Natal e sempre levei presente da Holanda, nunca recebi nada, nenhum cartão, e também parei. Mas ainda nos falamos, até por telefone às vezes ( quando ligo pro meur irmão e ele está lá ), nos vemos quando eu vou pro Brasil…

Essa semana minha mãe me falou que meu pai não parece estar muito bem da saúde, o que nós já tínhamos percebidos, ele parece estar definhando. Minha mãe e cunhada acham que sabem qual é o problema, mas ele não fala nada. Eis que na semana passada ele chamou meu irmão e disse que quer passar todas as aplicações financeiras pro nome do meu irmão, para que "se caso acontecer alguma coisa", o dinheiro não fique preso em trâmites burocráticos.

Eu acho isso tudo ultra suspeito, meu pai tem apenas 65 anos, e não é normal uma pessoa saudável passar todos seus bens pro nome do filho.

E daí eu fico pensando: se algo acontecer, pego um avião e vou pra lá? Da família dele, eu só gosto da minha prima Sola ( a mãe dela, o afilhado, marido ), ninguém mais que eu consiga me lembrar. É uma gente metida, estranha, com quem eu prefiro não me misturar. Dar apoio pro meu irmão, assinar qualquer papelada que eu tenha que assinar. Mas só de pensar na correria de fazer uma mala correndo, de comprar uma passagem carésima, de largar o escritório de sopetão… Sei lá colegas, sei lá.

Tô sendo fria e calculista?

sexta-feira, janeiro 1

Finalmente 2010 chegou!

Tivemos uma passagem de ano super aconchegante.

Nevou. Aquela neve jururu, mas nevou. E com neve, o que melhor que assistir DVD's, comer coisas gostosas e ficar na maior preguiça? Então alugamos Harry Potter 6, Ice Age 3, Passenger e Public Enemy, e junto com os piolhinhos nos empoleiramos no sofá. Pipoca, M&M's e Lipton com Pêssego. Diliça.

Aqui na Holanda a venda de fogos de artifício é proibida o ano inteiro, com exceção do dia 31. Aí você sabe né, quem nunca come, quando come se lambuza. Eu não gosto dos pipocos o dia todo, que apesar de proibido sempre acontece, é o povo testando "o material". Dizem que vandalizam muita caixa de correio, lixeiras, eu pessoalmente nunca vi. Mas o negócio é que quando vira a meia-noite, ah meu povo, é lindo! Esse ano, apesar da crise, teve taaaantos fogos! Eu não queimaria (literalmente) meu din-din em fogos de artifício, mas também não vou julgar quem o faz, afinal cada um faz o que quer com seu dinheiro, né não?

Essa manhã a casa estava uma zona de pratos e panelas, mas nada que a lavalouças não resolvesse. Ainda estamos super "jetlagados", tenho que colocar o sono em ordem nos próximos 3 dias porque segundona eu volto ao trabalho.

O projeto das próximas 2 férias de fim de ano já estão nessa minha cabecinha irriquieta. No fim de 2010, quero ver a família, provavelmente no Brasil ( há uma pequena chance do meu irmão ir pros EUA com as crianças, aí nos encontraríamos lá ). Mas em 2011, quero ir pra Austrália. Bart diz que só vai se for de Business class, porque 18 horas num avião em econômica, nem morto, então propus colocarmos na poupança todos os meses, numa conta separada, 200 euros a mais, assim em 2011 temos o extra pra classe executiva.

Planos, planos e mais planos. Mas pelo menos, é plano de viagem, e não plano de dieta. Deus sabe que eu bem que estou necessitada duma dieta básica, mas quer coisa mais chata do que gente que fica escrevendo sobre as mazelas do cotidiano dum gordo de regime? Não, isso não é jeito de começar um ano novo. E olha que prometer dieta no ano novo é uma constante pra mim. Ah, essa vida de gorda.

E pra vocês, um 2010 cheio de alegrias!