quinta-feira, setembro 30

Entre tapas e beijos

Entre tapas e beijos aqui na Holanda é casalzinho que vai jantar em restaurante espanhol :o)

As meninas do escritório decidiram ir a um tapas bar, marcamos já a algum tempo e confesso, hoje caiu como uma luva. Meu dia estava bem xexelento, e sair com as luluzinhas foi ótimo.

Tapas e sushi são meus restaurantes favoritos, porçõezinhas pequenas, vem algumas e dá-se um tempo, mais algumas e dá-se um tempo, meu estomaguinho passa super bem. E dessa vez o jantar foi regado à sangria, que é uma das minhas bebidas favoritas.

Amanhã dia agitadíssimo, que o Senhor me ilumine, trabalhar feio Isaura, dirigir 30 km ida e volta pra levar os gatuchos pro hotelzinho, fazer a mala, e ir dormir cedo, porque o taxi nos pega 8:30.

Mas sábado já estarei jantando pizza com vinho diliça numa charmosa piazza italiana. E acordarei com o sol batendo na janela e a promessa de um dia de praia.

Amanhã repetirei muitas vezes o mantra: sol e praia e pasta e vino... sol e praia e pasta e vino...

quarta-feira, setembro 29

Paracetamol ou obra espírita?


Uma das coisas que os Kardecistas aprendem desde cedo é que nossa filosofia não permite que sejamos o "fiel ou crente pedinte".

O Kardecista estuda a vida e obra dos santos, como exemplo e inspiração que são, mas somos desencorajados e ensinados a não ficar pedindo nada pro santo isso ou aquilo. Não, não somos proibidos de ter imagens de santos, ou de ter nosso altarzinho onde dedicamos florezinhas, muito pelo contrário, é sempre beneficial ao espírito ser gentil e a preciar os esforços alheios ( nesse caso, o do santo ).

E o Kardecista não pede? Claro que pedimos. Claro que nos desesperamos e buscamos conforto na religião, só que de forma diferente. Aprendemos que todo e qualquer pedido deve ser razoável e direcionado diretamente a Deus. Quem estuda obras espíritas, no livro Nosso Lar por exemplo, equipes espíritas de socorro ( espiritos que estão do lado de lá ) recebem os pedidos e o campeão é "Deus, não deixe ( ou deixe ) chover amanhã". Isso é o não-razoável. No centro espírita que eu frequentava você podia escrever num papelzinho seu "pedido", podia pedir orientação para a equipe de médiuns, podia tomar um passe ( que nada mais é que transmissão de energias positivas ). Bom, não vou ficar aqui falando muito porque eu teria que ter tempo de explicar, e hoje não tenho.

Estou falando tudo isso para dizer que hoje me vi na situação de ir no cantinho do banheiro, fazer minha oração e pedir um favorzito a Deus. Eu tenho uma apresentação importantíssima hoje às 3 da tarde. Ontem trabalhei sentada tensa na cadeira (ruim) do escritório por 12 horas seguidas, dormi mal ( preocupada ) e hoje acordei com o estômago embrulhado ( nervoso ) e uma gigantesca dor nas costas. Decidi só tomar remédio pro estômago, e tentar conviver com a dor nas costas. Ela piorou, a um ponto que às 11:30, material da tal apresentação importantíssima já pronto e enviado para os participantes, eu não conseguia sentar, ou me concentrar em nada na minha mesa. Fui então ao banheiro, rezei: Deus, por favor, se for possível alguém vir aqui me dar um passe médico, eu não estou aguentando. E fiz minha parte, tomei um paracetamol, e fui fazer uma caminhadinha até a outra cantina do outro prédio.

Não sei se foi o remédio que atuou em tempo record, se foi o poder da mente, ou se recebi o passe que pedi, mas cheguei na outra cantina em 5 minutos sem dor. E continuo sem dor. Acredito de qualquer forma que no fim, tudo é ação do plano maior: a força que inspira o cientista a inventar o remédio, a força que me inspira a dar uma andadinha ao invés de continuar sentada na cadeira ruim no clima estressante do escritório, o eventual passe espírita que me tirou a dor.

Mistééééério… mas e você, o que acha?

terça-feira, setembro 28

Cantando vitória antes da hora


Eu acho de extremo mau gosto, sem dizer um verdadeiro tiro no pé, gente que canta vitória antes do tempo.

Teve neguinho que já até publicou cartoon de tucano no microondas, e olha só, parece que vai dar segundo turno. E foi pro segundo turno… tudo pode acontecer, né não?

Ó, pode dizer que eu sou preconceituosa ( você não vai ser o primeiro ), mas eu não consigo, por nada desse mundo, imaginar a Marina falando duro com a politicaiada de carreira. Anyway…

Putz, fizeram uma pergunta interessante na folha: quem vai exercer as funções da primeira dama, se, pelo que entendi, não há "primeiro cavalheiro"?

segunda-feira, setembro 27

Sigamos na esperança de dias melhores

Preparação. Muita preparação pra viajar pro Brasil. Passagem intercontinental, noite no hotel do aeroporto ( Mercure? ), vôo Gol ou Tam pra Salvador, teco-teco Addey pra Morro, Hotel em Morro ( tem que fazer depósito, dá pra fazer isso daqui? ), teco-teco de volta, diárias no All-Inclusive perto de Salvador ( Iberostar Praia do Forte, o novo Palladium, ou o Breezes Costa do Sauípe? ), carro, vôo Gol de SSA pra Congonhas ( só Gol voa pra Congonhas ) e alguém pra pegar a gente no aeroporto. Todos os horários tem que combinar, os hotéis tem que ser tudibão, não posso ir a falência. Cansou? Eu nem comecei e já cansei.

E... o Plato está gordésimo, assim diz o veterinário. Foi vacinar e fazer o check-up hoje, ele saltou de 8,2 kg pra 9,1 kg. O vet mandou dar comida contada, e quem aguenta a miação dessa criatura? Decidi que vou deixar comida disponível durante a noite e tirar durante o dia todo, pelo menos durante o dia eu não estou aqui pra ouvir a sinfonia. O Plato acha que é gente e que fala, português de Curitiba aliás.

E para completar, estou chateadíssima de não poder usar minha Uggs falsiê 24/7, aquilo é o paraíso. Fui ao veterinário com ela hoje, eu estava tão cansada, tão gelada ( tinha pegado chuva ), as pernas doíam tanto da correria pra conseguir chegar no horário... mas aquela boteeenha alí confortando meus pés, aquecendo, deixando cada pedacinho do meu pé livre pra ser feliz, nada me apertando... Sou feliz porque sou dona de uma Uggs falsiê.

E agora vou dormir. Vou ter indigestão, com certeza. Já falei que eu não consigo me controlar quando compro Nectarinas doces? Comi 3 depois do jantar, não consegui parar. E 3 nectarinas doces pra um estomaguinho costurado é muita nectarina. Amanhã TENHO que ir comprar mais.

Melatonina pra gente e vamos fazer soninho.

domingo, setembro 26

A gente nunca tá contente

Quando eu morava no Brasil, nada me tirava mais do sério ( mentira, muita coisa me tirava mais do sério ) do que ir comprar sapato, pedir o modelo, número e cor desejado e o cara vinha equilibrando 12 caixas, menos a do sapato que você pediu. Senhora, não tenho o preto mas tenho o marrom, tenho o preto da mesma marca mas outro modelo parecido, não quer experimentar outro número(!!!) a "fôrma" desse é grande, um número menor deve servir... Gente, quanto ódio eu passei, quanto sapato menor, de cor diferente do que a que eu queria, de modelo marromenos eu comprei! Tudo porque as vezes você tá cansada, ou frustrada porque aquela já era sua quarta loja, ou porque está absolutamente sem sapatos para ir àquela festa amanhã. Não sei nem se dava raiva ou dó daquele coitado ali tentando te empurrar o que tinha, afinal a gente sabe que nas lojas mais simples o vendedor ganha salário de fome e sobrevive de comissão.

Aqui na Holanda é ouuuuutra coisa... é pior! Ontem entrei na Sneakers querendo um All Star bege ou marrom. A vendedora está na porta olhando o movimento ( tinha um festival no shopping ), eu entro, a loja não é self-service e ela nem tchuns. Fui lá: você trabalha aqui? Ela: sim. Eu, apontando pro All Star preto da vitrine: tem bege ou marrom? Ela: não,desculpe - e volta a olhar pro movimento. Adriana: mas... que cores tem? Ela: preto-branco...você quer que eu vá ver as outras cores? Eu: sim, por favor. Ela volta: tem essa, aquela e aquela outra, mas por 49 euros só branco e verde. Eu: posso ver o cinza? Ela vai vagarosamente para a salinha misteriosa da loja, volta com a caixa e me dá um pé do tênis, eu peço o outro também, ela volta pra porta pra olhar o movimento. Eu dou uns rolês pela loja e decido que amo a "fôrma" européia, meu número aqui é bem folgadinho e o tênis fica uma delícia no pé. Vou até a porta chamar a menina: vou levar. Ela vai pro caixa e me cobra, coloca o sapato numa sacolinha e volta pra porta pra ver o movimento. Ela ganha salário fixo, tanto faz se eu levar o sapato ou não, aliás, como foi que eu tive a pachorra de ir impedir o people watching dela?

E aproveitando que eu estou falando de sapatos. Há anos eu tenho coceiras de comprar um par de Uggs. Sim, eu também acho que o nome é Uggs porque você olha e pensa Ugh, que feio... Mas... gente, que peludinho!!! Eu vivo com meus pés gelados, sem falar que o formato pastel-pantufa parece deixar o pé bem molinho e folgadinho lá dentro, né? Na semana passada eu vi o folder do Prizen Circus e ía estar vendendo a de cano médio, sem botão ( eu queria com botão ) por 130 euros ( original 170 euros ). Fui lá ontem comprar e a Uggs não entregou. Dando meus bordejos pelas lojas, fui à Perry Sport ver uma Crocs pro Bart e dou de cara com botinhas estilo Uggs da marca Spex, que é uma marca de skatistas holandeses. Olhei, virei, mexi, ela me parecia bem boa, e por 49 euros... Comprei! Uma café, cano médio com botão. No começo é difícil andar com ela, é como o homem da lua, a sola não dobra. Mas aí o solado vai ficando melhorzinho e é só alegria. É ultra quentinho, mais do que eu esperava, e é maravilhosamente confortável, teu pé fica soltinho lá dentro. Mas é inevitável andar meio que nem pato, e daí eu acho que não valeria os 170 europaus da Uggs, mas por 50inha, tô rindo de orelha a orelha.

Sábado vamos pra Italia, e quem deu palpite acertou: vamos pra Amalfi! Estou contando os minutos, apesar de ser uma semaninha só.

sexta-feira, setembro 24

The Wonderland


Ontem eu tive a visita de um fornecedor brasileiro na sua primeira viagem à Holanda.

Eles chegaram pela manhã em Schiphol, passaram o dia em Amsterdam, vieram deslumbradíssimos para Eindhoven e nossa reunião foi no dia seguinte.

Já na reunião não paravam de dizer como tudo aqui é limpo e organizado. Se maravilharam com os trens nos horários certos, os pontos de ônibus que mostram quando o ônibus vai chegar, o passeio de barco pelos canais que não cheiram mal mesmo no calor ( estava bem quente naquele dia ). Em Eindhoven ficaram maravilhados com o verde todo da cidade, com o ar puro, com o centrinho bonitinho, com a Bijenkorf.

Depois da nossa reunião, quiseram me levar para jantar. Fomos ao centro da cidade, primeiro num barzinho e depois a um restaurante. Eu cheguei atrasada, claro, e esbaforida corri para me encontrar com eles no ponto marcado, mas claro que brasileiros que são, estavam ainda mais atrasados do que eu estava. Fazia uma tarde linda, em pleno setembro ( Adriana, como é que você reclama tanto do frio? ). Sentamos no barzinho e eles pediram se tinha como experimentar o famoso queijo Oud Amsterdam, mas o barzinho não oferecia porções do tal queijo. Pouco depois de eu ter perguntado pro garçom, que tinha me respondido bem secamente à moda holandesa, veio um outro garçom com um pratinho com uns 10 pedacinhos de queijo cortesia da casa, ele tinha ouvido os turistas brasileiros pedindo o queijo e quis ajudar. Em 8 anos aqui, isso nunca aconteceu comigo, mas aquela noite estava decidida a impressionar a brasileirada.

No restaurante, comemos super bem, batemos papo, rimos, foi ótimo, e quando estávamos pagando, o casal de seniores ao lado, todo educadinhos perguntaram de onde éramos e ficaram encantados de sermos brasileiros. Batemos um bom papo de 10 minutos, eles foram muito simpáticos, a brasileirada ficou encantada dizendo que os holandeses são muuuuito mais abertos do que a alemãozada, que são super sociais, que povo legal!

Andando do restaurante ao hotel deles, passei por onde eu havia deixado a moteeenha estacionada e apontei: essa é minha scooter, mas cadê ela? Com um pêso no estômago olhei ao redor e vi que ela estava estacionada há alguns metros, bem na frente de um barzinho, fui até lá e notei que o volante estava destravado. Tudo muito estranho! Foi quando um holandês todo simpático perguntou: você esqueceu alguma coisa? E na mão dele, ele chacoalhava o meu molho de chaves com chave de casa, do carro, da scooter, da bicicleta… Eu havia esquecido, toda esbaforida que estava, as chaves no contato, ele então estacionou a scooter na porta do barzinho onde trabalhava pra me ver voltar e devolver minha chaves, que ele tirou do contato para ninguém roubar.

A brasileirada não podia acreditar, até uma foto com o cara do barzinho eles me fizeram tirar.

E assim meus novos amigos brasileiros, porque depois de uma tarde de negócio juntos, drinks num barzinho e jantar já somos amigos de longa data, seguiram viagem pra Alemanha contando dessa terra maravilhosa, a Wonderland, onde todo mundo é simpático, tudo é limpo e não há criminalidade alguma, que é a Holanda.

E não adiantava eu dizer que era uma exceção, porque não é possível tanta exceção junta, né?

Então estamos assim, a Holanda é a Wonderland, e eu devo ser a Alice. Ou o coelho.


quarta-feira, setembro 22

Papo Lulu total

Ontem, desesperada com o estado das minhas calças em geral, fui às compras. Vejam bem, fui às 5 sabendo que todas as lojas fecham às 6. Isso, queridos colegas, é a Europa, que a gente acha tãããão mais mudérna, avant garde e chique que o Brasil. Às 6 da tarde, tudo fecha, nem farmácia de emergência fica aberta. Aliás, nas maternidades nem anestesista tem, o que é outra conversa, mas eu tenho que deixar aqui registrado, afinal, se você resolver dar à luz às 8 da noite a culpa é sua por querer parir fora do working hour, e se seu filho estiver entalado, virado, sentado, shame on you por precisar de ajuda médica. Porque aqui senhores, assim como os vendedores de calças, os médicos também precisam passar tempo com a família, e precisam estar em casa às 6:30 para mais um emocionante programa Lingo. Lá no interior do Zaire tem anestesista na maternidade as 8 da noite, mas aqui nas Zuropa o cara tem que ir comer stamppot com a família.

Mas então, as calças.

Fui direto na Promiss, minha loja preferida de roupas para trabalhar. Gente, que desespero. Calças mulher-pera, que é o tipo físico mais comum por aqui, cintura larga e pernitas finas. Para mim, a calça parece legging nas pernas e um saco de batatas na cintura, e o pior é que a largura das pernas do numero 40 e do numero 46 é a mesma, eles só aumentam a cintura, então a calça 46 é uma super-mulher-coxinha. Não rolou.

Aí fui na loja das véias, indicada por uma das comadres, chama-se Gerry Webber. Bem, o preço meio que assusta, eu já achava meio salgadinha a calça de 60 contos da Promiss, aqui elas COMEÇAM nos 90 euros, mas sério, se me servirem bem, bom caimento, pago 200 sem reclamar. Mas… não rolou. Eu estava procurando calças mais grossinhas, pra inverno, lãzinha seria meu sonho, mas só achei aqueles blends de polyamida, que além de sintético é super fina.

Já desesperada, fui à Miss Etam, onde eu compro calça jeans porque eles tem um modelo pra cada tipo de corpo, incluindo as bundudas, mas calças sociais nunca foram o forte da Miss Etam. Eis que achei duas calças ainda de tecido muito finos pro meu gosto, mas alem de cair legalzinho, tem a opção 1 com boca mais fina e opção 2 com boca mais aberta, o que deixa as bundudas mais bonitinhas. Nem era beeem o que eu queria, mas pelo esforço da loja, e também porque por hora quebrará meu galho, comprei a cinza e a preta, boca larga.

E depois disso, em 5 minutos, comprei blusinhas, suéteres, e uma veste longa que deixa qualquer um com corpão de sereia. E não tive coragem de continuar comprando porque a conta tava salgada, mas tinha mais mil coisas que eu queria.

No Brasil, gordo só falta andar pelado na rua, ou se expremendo em roupas 2 tamanhos menores com as banhas escapando por tudo quanto é canto, aqui na Holanda o gordo pode até ser exigente ( como eu ) que ele vai achar roupa bonita, e tantas, mas tantas, que o drama é o inverso do Brasil, escolher dentre tantas opções, as melhores - já que levar tudo quebra qualquer orçamento.

Esse eu comprei! A cor fica estranha na foto mas é um cinza médio, que dá pra usar com várias roupas do meu armário ( meu armário é básicamente cinza-preto-marrom )



Esse eu queria muito, fica lindo no corpo, não é tão caro ( 89 euro-contos ), mas pega um pêlo danado, já imaginou com a gataria lá em casa, de pelinhos cinza-claro,
como esse casaco ía ficar?



Quem não seria feliz mesmo que debaixo de chuva com este trench coat?

terça-feira, setembro 21

Love, Eat and Pray - selling as many books as possible

Há uns dois anos assisti a entrevista da escritora desse livro na Oprah, e detestei a mulé, e por isso nunca li o livro. Agora saiu o filme, e eu gosto da Julia Roberts, e estou me perguntando, vou ao cinema, ou espero um piratão? Aliás, será que vale os 90 minutos do meu tempo?

O que me irritou na tal entrevista foi a forma como a autora tenta vender como "o pulo do gato" a solução pra um coração partido: ir para o Tibete, para a Italia e pra Asia ( acho que foi a Thailandia ). Eu não sei vocês, mas eu, quando terminei meu noivado de 4 anos, chateada, deprimida, com raiva, tive que continuar trabalhando, as contas continuaram chegando, o mundo continuou andando. Nada e ninguém esperou por mim.

Na época eu já vinha pensando em ir de férias pela Europa, e o rompimento foi o empurrão que eu precisava, afinal, a idéia de "mudar de ares" é meio que intuitiva nessas horas ( e não "um achado" da tal escritora ). É difícil dar a volta por cima passando todos os dias na frente daquele barzinho onde vocês íam, encontrando familiares dele no shopping, e com todo mundo ao seu redor perguntando ( com cara de piedade ) como é que você está.

Mas… como meu dinheiro já naquela época não nascia em árvore, tive que juntar feriadão, com férias vencidas, enforcar um dia, pra poder ficar pelo menos 40 dias na Europa, depois de fazer cara de coitada pro chefe. E como até rezar no Tibete custa grana, fui de mochilão mesmo - se bem que foi um mochilão de rodinhas, com um orçamento mais folgado que o de muitos, mas mesmo assim não rolava hotel todas as noites e sim albergues da juventude, taxis só em emergência, restaurantes bons apenas em 1/3 dos dias ( de resto era sanduíche ou restaurantes bem populares ), e lembrancinha pros parentes foram bem comedidas.

Talvez eu amasse menos ou fosse mais esperta que a autora desse livro, mas os 40 dias foram exatamente na medida pra eu esquecer, lembrar, esquecer de novo e seguir em frente. E mesmo que não fosse, era o que o meu bolso permitia.

Nenhuma relação acaba do dia pra noite, e pelo menos no meu caso, ao invés de começar já a vislumbrar um futuro sem aquela pessoa, eu gastava energia tentando descobrir como salvar a relação, e minha vida toda ficava empatada, dependendo do momento divino em que os nossos problemas fossem acabar. Voltei da Europa não só conformada com o fim da relação, mas o mais importante foi que a viagem me mostrou que a vida sem aquela pessoa não só era possível como era melhor!

Quem me conhecia não acreditou na reviravolta que foi minha vida depois que voltei. Em 2 meses comprei meu apartamento, em 4 operei do estômago, em 8 eu fui promovida, em 12 eu estava 40 quilos mais magra, em 16 eu estava de volta à Europa para conhecer meu marido e em menos de 20 meses eu estava casada e mudando pra Holanda.

O interessante é que nem tudo foi fácil, principalmente a operação, o pós operatório, continuar trabalhando no mesmo ritmo quando você está consumindo 500 calorias por dia, mas sinceramente, tudo isso era mais fácil que o drama dos 2 últimos anos com o dito-cujo-ex, mas eu só percebi depois que estava livre do trambolho.

Acho que por tudo isso não consigo me identificar com a história do livro ( e agora do filme ). Nem tanto por achar que a idéia proposta é financeiramente viável a 3% da população mundial, mas por não achar que a solução seja se distanciar do mundo por tanto tempo, esquecer do mundo pra esquecer um sujeito. Não li o livro, mas fico imaginando o que é voltar depois de mais de um ano fora e ter que procurar uma casa nova ou desempacotar a que se deixou fechada por um ano, procurar emprego, tentar contactar amigos, encarar a família… Vai ver que foi essa dificuldade toda é que a levou a se fechar num quarto e escrever um livro.

Bom, pelo menos ela ficou rica e eu estou aqui tendo que aguentar o OldFart. Vai ver que mais uma vez sou eu a errada da história, but who cares?


segunda-feira, setembro 20

A volta dos que não foram


Depois de 3 dias doente em casa eu voltei hoje ao batente. Nesse momento estou com vontade de chorar, é tanta coisa estourando de tudo que é lado…

Não irei à feira de caminhões em Hannover na semana que vem, simplesmente não vai dar, é muito trabalho no escritório, eu estou com os pulmões baleados e não consigo me ver andando 8 horas por dia subindo e descendo de boléia de caminhão ( é terrível subir na boléia de um caminhão de 50 tons ). Isso resolve também meu problema de não querer viajar com o OldFart.

Aliás, cheguei aqui e o primeiro pepino que tive que resolver foi reclamação sobre o OldFart. Depois da conversa que eu tive com o chefão percebo que o recado foi dado, ele está mantendo a distância dele, mas sabem, ali o negócio é mesmo berço. O cara é xulé, ele se acha superior a meio mundo, e por se achar superior ele acha que ele é isento de seguir procedimentos, que não precisa dizer por favor ( ou você poderia, ou seria possível ),e que ele pode interromper qualquer conversa porque se ele tem uma opinião a dar, todos tem a obrigação de ouvir.

Ele quer ir visitar um fornecedor na Espanha ( na Alemanha ou Polônia ele não quer, né? ), a secretária veio me pedir pra falar com ele: ele deveria mandar o formulário 10 dias antes da viagem, mandou 3; no formulário você tem que explicar o motivo da viagem ( no caso dele é "treinamento" ) mas ele disse que não precisa se explicar; a gente pede pra secretária verificar os vôos disponíveis e preços - o procedimento diz que devemos viajar na tarifa mais baixa possível, e que o valor tem que ser incluido no formulário para aprovação - ele não quis que a secretária pesquisasse, disse que vai voar KLM, e mandou o formulário sem dado nenhum. Eu juro que não intendo um sujeito desses. Até um idiota sabe que arrumar encrenca com as secretárias ( do departamento, do diretor ) é dificultar sua própria vida desnecessariamente, o que é que ele ganha com isso?

Bom, deixa eu voltar pro Pelô que o Sinhozinho logo vem me pedir o relatório de tool transfer.

sábado, setembro 18

Quem adivinha que lugar é esse?





Eu visitei essa pequena cidade em 2000, no meu mochilão pela Europa. Eu ía ficar apenas 2 dias, acabei ficando 4 quase 5, e jurei que voltaria. A cidadezinha é tudo de bom, um vilarejozinho encrustado nas montanhas ( mas haja perna pra tanta escada ), praia de águas límpidas, a comida de outro mundo e tanta, mas tanta coisa pra se fazer e visitar ao redor!

Há algumas semanas Bart veio me intimar: peloamordedeus, vamos passar uma semaninha em algum lugar, eu preciso tirar a cabeça do trabalho. Para mim, é o pior momento possível, eu nem reservei as passagens do Brasil ainda, no trabalho tá essa loucura, eu não tenho tempo nem de me coçar, quem dirá pesquisar, decidir e reservar uma viagem para qualquer lugar que seja. Mas ele voltou a pedir, e com olhos de cachorrinho, então lá vai a Adriana se desdobrar...

Sairemos de Amsterdam, e iremos por uma semaninha apenas, de sábado a sábado. Hoje, enquanto faz 16 graus em Eindhoven, fez 29 graus nessa cidadezinha simpática. Lá ficaremos num B&B, como fizemos em uma viagem anterior ao Lago di Como e à Cinque Terre. Isso já está arranjado. Falta ainda o transporte do aeroporto pra cidadezinha e vice-versa, o hotelzinho dos gatos, um guia de viagem, e uma bolsa de praia que a minha se espatifou.

Ó, sinceramente, é uma graninha razoável pra se gastar numa mísera semana, mas essa cidade é tudo de bom, é chique, é gostosa, é exatamente o que minha garganta ardendo e o meu nariz entupido estão precisando nesse momento.

Você, leitor viajandão amigo, arrisca dizer para onde vou? ( e as comadres que já sabem não vale dar palpite, hein! )

quinta-feira, setembro 16

Alguém vai falar pra ela...



Alguém vai lá falar pra ela que chega, né?

Primeiro era diferentinho, depois irreverente, agora é só puro mal gosto mesmo.

Tá, as musiquinhas são legaizinhas pra fazer uma ginástiquinha, e eu acho que só, porque não imagino muita gente colocando um CD da moça no player só pra ouvir porque é legal, porque ó, pra mim uma música é igual à outra.

Todo mundo a compara com a Madonna, mas a Madonna só é o que é porque a cada par de anos ela mudava totalmente de imagem, duvido que ela seria o que é hoje se tivesse estacionado na imagem garota promíscua com saia de tule e cinto boytoy. Aliás, foi o que aconteceu com a Cindy Lauper que começou na mesma época, né? Estacionou naquela imagem de garota revoltada e ali morreu.

Mas bem, esses são só meus dois tostões. Eu fiquei é com dó de quem teve que sentar perto dessa louca sem-loção sentindo o cheiro da fedentina, porque dizem que era carne de boi de verdade, fresca e "au naturel". Eca muito grande. A moça tá pra lá de Gagá.

Atchim!

Não fui trabalhar, a gripe não deixou. Noite passada foi dormida como se eu fosse um defunto, as dores no corpo, mais os analgésicos, tudo colaborou para uma das noites mais bem dormidas da minha vida.

Já hoje, a gripe piorou e os espirros não me deixam dormir, a garganta está sequésima e eu tusso a cada minuto, as dores no corpo triplicaram mas eu não encontro conforto para dormir.

Acho que vou pra sala colocar um DVD e ver se a TV me embala.

Post mais desnecessário esse, mas vai desculpando aí, tô doente!

Atchoooo!

terça-feira, setembro 14

Bugger

Eu não estava na audiência quando ela deu um carro pra cada um.

E dessa vez, na premiere da última temporada ( farewell season ), eu também não estava, e olha o presentinho da Oprah:



Eu não tenho sorte mesmo... Agora, voar com o Travolta de piloto ía me dar um medo danado, ainda bem que a gente sabe que é só faixada, né?

segunda-feira, setembro 13

Eita desespero consumista

Fui correndo hoje na loja pra achar o vestidinho e... já era... nem cheiro... saí de lá chateada com esse planejamento holandês, que faz um lote pequeníssimo das roupas, a mulher da loja me disse que não ía chegar mais, na wehkamp até tiraram do site.

Eis que vou dar uma zappeada na wehkamp de novo e... o pretinho tá lá! Não é o taupe que eu queria, mas eu já tô feliz com o pretinho... já tô colocando o pedido. Vejam se não é uma gracinha:



Agora só tenho que trocar o pedido da legging de marrom pra preto e tô bunita :o)

domingo, setembro 12

Eu sou uma burralda!



Chegou aquela época maledeta do ano: roupas levinhas e esvoaçantes pro fundo da gaveta e as golas rolês, lãs, veludos e meias, muitas meias, bem à mão.

Todos os anos acontece o mesmo: eu olho pras minhas roupas do ano passado e quero morrer, é que eu sempre compro aquele número limitado de roupas ( detesto o inverno e tudo que se relaciona a ele, cês sabem ) e uso até, literalmente, enjoar. Olhei pro meu guarda-roupa ontem e senti vontade de chorar. Hora de ir à caça.

Graças à Deus, a Holanda é o paraíso do gordinho, do altinho, do baixinho, tem roupas de linhas especiais pra todo esse povo. Engraçado é que a colega J. de 25 anos e manequim 38 compra nas duas lojas que eu adoro ( Miss Etam e Promiss ), a colega T. de 42 anos e manequim 50 também, então damos risada quando vamos com a mesma roupa, já chegou a acontecer das 3 irem com a mesma blusa cinza!

Antes de sair de casa pesquisei a coleção das duas lojas pela Wehkamp, e concluí que na Miss Etam só ía rolar roupa de fim-de-semana, então como o desespero rolava por conta de roupas de trabalho, lá fui eu pra Promiss.

Uma das comadres me diz que gordo, quando vê roupa que gosta, que cabe, que pode pagar, tem que pegar na hora. Eu peguei duas blusas que ficaram lindas. Aí cometi a burrice. O vestidinho kaki.

*** Pausa pra explicação pertinente ***

Eu sou ultra friorenta, por isso apesar de amar vestidos, não uso nenhum no inverno. Só de pensar naquela brisa entrando e o dia inteiro sem o quentinho das calças, não dá. Só que li a respeito das leggings de lã Merino, e apesar de caras, são ultra quentinhas. Estou então caçando uns vestidinhos de inverno pra usar com a legging de lã merino e botinha de cano baixo

*** Fim da explicação pertinente ***

Decidi que eu ía vontar para casa e pesquisar se vende a tal legging de lã merino na Holanda, porque senão o vestidinho ía encalhar, e se eu achasse a legging, encomendaria o vestidinho pela internet. Achei a legging, fui encomendar o vestidinho, e cadê? Esgotou!!! Agora tô com a legging encomendada, fixada no tal vestidinho, e ele foi-se.

Me resta amanhã sair às 5, o que não tenho conseguido há semanas, e ir tentar resgatar um ainda na loja.

Ódio. Pior do que ser gordo é ser gordo vacilão.

quinta-feira, setembro 9

O fantasma holandês


Ultimamente eu ando sempre trabalhando até mais tarde. Normalmente saio lá pelas 18:30 mas nas duas últimas semanas frequentemente tenho saído depois das 20:00.

Às 20:00 3 guardas lááááá do portão principal começam a vir de prédio em prédio vendo se tem alguém ainda trabalhando e desligando as luzes. Quando tem gente trabalhando ( eu ) ele me avisa se sou a última no prédio ( muitas vezes sim ) e deixa a luz com sensor ligada, quer dizer que tudo fica escuro e só meu departamento fica com luzes acesas até eu ir embora.

Na semana passada eu trabalhei uns 20 minutos nesse "escuro parcial", e apesar de ainda vir luz pelas janelas, é meio estranho e dá uma super má impressão. Eu estava indo embora e passei na frente do departamento que faz cópias e impressos ( REPRO ), o único departamento que por conter muitos papéis e equipamentos caros fica trancado, e pela porta que tem uma faixa de vidro, eu vi um vulto passando. Gente, me gelou a alma. Aquela escuridão, o crepúsculo ( ui! ) pela janela, e aquele vulto… Saí esbaforida.

Dias depois o mesmo aconteceu, vi um vulto menor, parecia uma perna ou um braço, mas vi 2 vezes, e embora ainda tivesse me gelado a alma, fui pra casa encasquetada. Acreditar em fantasma eu acredito, mas peralá, um fantasma holandês na sala de xerox trancada da empresa?

No dia seguinte contei do "fantasma" pros meus colegas, e todos eles me tiraram o maior sarro, é o fantasma do Senna, é o fantasma do Pelé ( Pêle ) - mas peraí o Pelé ainda tá vivo - é vudu, e foi o dia todo de piadas.

Naquele dia, fortalecida pelas piadas do colega, aproveitei que minha colega Húngara também estava trabalhando até mais tarde e fomos lá conferir. Esperamos uns 5 minutos escondidas atrás de um armário, mas não deu outra, o "fantasma" apareceu. Certa de que eu não estava doida, fomos à guarita informar a segurança que tinha um fantasma no prédio, na sala da REPRO, e claro picamos a mula.

Hoje a notícia se alastrou mais rápido e com mais "quem conta um conto aumenta um ponto" do que no Brasil: um casal foi pego em momentos íntimos na sala da REPRO. A-há! Não era um fantasma, mas dois. Aí começam as histórias: eram dois homens, ou um casal hetero mas ele é casado, ou ela é casada, ou os dois são casados, sem roupa, com roupa, só faltaram falar que um trazia um chicotinho na mão.

Só estou aliviada que não era fantasma. Sei que ninguém mais vem puxar meu pé quando eu estiver dormindo, só não sei se é tão seguro assim ficar trabalhando até mais tarde.

Booooo...


quarta-feira, setembro 8

Situação delicada


Hoje eu cheguei no trabalho toda feliz, apesar da chuva, pra encontrar o Véio me esperando pra dizer que nosso diretor indicou que ele iria comigo à feira de Hannover. Cinco horas de carro na ida e cinco na volta, sozinho com o cara, e ele falando grudado da sua cara… Não, não dá.

Suspirei, respirei, meditei, tomei um chá, e fui falar com o diretor. Expus meu desconforto em viajar sozinha com aquele senhor, que eu não me sentia confortável com ele, e que as outras mulheres do departamento compartilhavam da mesma opinião. Disse que não teria problema algum se mais alguém se juntasse ao grupo, meu problema é mesmo estar sozinha com o tal senhor.

Saí da sala aliviada por um lado, mas por outro fica esse meu lado meio religioso me questionando se eu fiz a coisa certa, se eu tô prejudicando o cara, se eu estou ME prejudicando ao agir dessa forma. Será que eu deveria ter engolido e aturado as tantas horas de viagem, mais o cara me seguindo lá na feira?

Sabem, estou numa época de um stress monstro na empresa, acima do normal. Ando indo pra casa preocupada, sem conseguir tirar os problemas da cabeça. Hoje acordei já com dor de cabeça e tomei uma Aspirina, e não sei se meu estômago já estava sensível ou se Aspirina é mesmo tão forte ( é um ácido, né? ) mas fiquei aqui me contorcendo de dores. Tomei água, chá, fui andar um pouquinho ( mas tive que voltar porque começou a chover ) e estou me sentindo um pouco melhor. Vou agora terminar esse post com meu cházinho e sequilhos, rezando pra Deus me ajudar a terminar todos meus pendengues nos prazos.


terça-feira, setembro 7

Nem só de vampiros vive uma couch potato

Se te disserem que é coisa de adolescente, é mesmo, mas... whatever, a gente tem a velhice inteira pra ser véia coroca, né não?

Essa primeira levanta o ânimo até de defunto. E ó, semaninha defuntística essa, tô precisando rever a first season inteira.



E essa aqui é muito bem feita, me deu até frio na barriga

O OldFart


O OldFart está aos poucos baixando a bola. Ele ainda resmunga muito, e acho que está caindo na real, e embora ele ainda seja uma pessoa totalmente sem "loção", e embora não haja a mínima chance dele se tornar um colega minimamente suportável, está menos pior que na semana passada.

Ele tem essa maldita mania de te interromper pra mostrar como ele sabe tudo. Estou eu falando que tal produto vem protegido por um plástico X da marca Zé do Plástico e ele me interrompe: você deveria tentar o João do Plástico ou o Mané do Plástico, que podem ser mais baratos. Custa muito esperar eu terminar meu assunto com quem quer que seja e só então me dizer: desculpe-me, ouvi sua conversa, eu tive boas experiências com o João do Plástico e com o Mané do Plástico, você já trabalhou com essas empresas? Ou então eu digo: o fulano da empresa X alemã ligou, e ele começa a falar alemão só pra mostrar que ele fala alemão ( todo mundo na Holanda fala alemão, e bem ). Mala sem alça e sem rodinha!

Todas as empresas automobilísticas são mais conservadoras, e se você trabalha numa localidade onde tem também planta de produção, mais ainda. É que a empresa não quer deixar tão aparente as diferenças entre o pessoal de escritório e os blue-collars, e também pra manter as coisas num certo controle. Temos no prédio o Flexsystem. É uma versão melhorada de um relógio de ponto. Você coloca seu crachá ali de manhã, ele dá entrada, você trabalha suas 8 horas, e passa no mesmo equipamento pra dar saída. O relógio diz: entrou ou saiu. Nesse relógio você entra também suas ausências, por exemplo, se eu vou de férias amanhã, ou tiro o dia livre, eu informo início de ausência e quando eu volto ele encerra a ausência. Isso evita ter que ficar mandando folhinhas assinadas pro RH e o relatório semanal é também seu comprovante das horas trabalhadas. Mas então. O OldFart vê que todo mundo sai, taca o crachá na maquininha, ela não emite um piu, ele coloca o crachá dele a máquina morre de apitar, então ele vai falar com a secretária ou o mentor dele, certo? Errado! Ele continua com o crachá apitando a semana inteira, até a secretária emitir o relatório semanal e ver que todos os dias ele saiu mais cedo do que devia ( daí a máquina ter apitado ). Aí eu explico que temos o flex time, temos que estar aqui das 9 as 15 mas podemos entrar a hora que quisermos e sair a hora que quisermos, mas que as horas extras não são cumulativas. Ele bufa, ele revira os olhos, ah na outra empresa contanto que eu trabalhasse as 40 horas por semana ninguém ligava pra uns minutinhos por dia. E tem com dar um jeitinho com a secretária? Digam lá, esse cara é brasileiro de repartição pública ou não? Mofio, a secretária te detesta…

E o diretor sugeriu que, caso ele obtenha autorização pra ir à feira de caminhões de Hannover, ele vá comigo. Eu esperarei pacientemente a tal aprovação, e se ela acontecer, eu irei dizerao diretor, educadamente, que não me sinto confortável em viajar sozinha com essa pessoa, que se alguém mais for eu não tenho problemas, mas que o cara tem um comportamento estranho e eu não me sinto confortável e pronto. Mas odeio ser colocada nessa posição.

Minha esperança do cara se tocar e puxar o carrinho dele é zero, terei mais uns 12 anos de calvário pra aguentar. Minha cruz será pesada…



segunda-feira, setembro 6

Pedalando, pedalando, pedalando com a Caloi, pedalando, pedalando, a poupança nunca dói!

Tcheu comentar uma coisa aqui com vocês porque na semana passada, com diferença de dias, eu vi dois acidentes terríveis e estou até agora super impressionada.

Uma das coisas mais elogiadas da Holanda é o sistema de ciclovias e como grande parte da população usa a bicicleta não só para o lazer, mas para ir ao trabalho, levar os filhos na escola, ir pra cima e pra baixo no dia-a-dia. Mas o que não falam é como o ciclista, apesar das ciclovias e das leis de trânsito que protegem o ciclista, está vulnerável disputando espaço com carros que cada vez me parecem maiores.

Eu não conheço pior motorista que o holandês. Eles sabem virar pra direita, pra esquerda, acelerar, isso até macaco aprende, mas não é a mecânica em si, é o estilo de dirigirem.

Quando eu entrei na auto-escola, antes de ligar o carro o instrutor ensinou: você tem que dirigir por você e pelos outros, porque você nunca sabe quando um motorista meio embriagado vai cruzar seu caminho, ou uma senhora que está prestando atenção no bebê no banco de trás, ou um velhinho que enxerga mal, ou um boyzinho que acabou de tirar a carteira ( ou é até menor de idade ) se achando um piloto profissional. E pouco importa quem tem razão, nunca vi defunto voltar do caixão pra receber o dinheiro do seguro.

Aqui na Holanda é totalmente diferente, eles te dão um livro goooordo pra estudar, e dizem: siga a lei e se todo mundo seguir a lei, não há acidente. E aí, dirigem todos como retardados. Vou dar um exemplo: no Brasil, quem vai reto sempre tem a preferência, se você está numa ruela e quer entrar na via principal, você espera até não vir carros e entra. Aqui, se você está numa via principal, a menos que tenha um losango amarelo dizendo que essa via é preferencial ( e aqui em Eindhoven são poucas ) todo mundo que vem duma ruela a sua direita tem a preferencial. E esse povo que vem da ruela, não dá nem uma reduzidinha pra ver primeiro se vem um carro à toda ou não. Eu dou uma boa reduzidinha, afinal quem tem c* tem medo, e se Bart está comigo ele me enche o saco, diz que eu crio confusão no trânsito. Estão mudando todas as ruas da minha vizinhança para comportar o novo bairro que está se formando, e uma dessas vias que não era preferencial agora é. No primeiro mês, vimos vários acidentes por semana, o neguinho que vinha da ruela esquecia que agora a avenida é preferencial e virava com tudo, e o cara que está na via principal mandava ver nos 50km/hr ali permitido sem pensar que seria mais prudente no horário do rush maneirar no acelerador.

Tanto meu marido quando meus colegas dizem o mesmo, que se acontecer alguma coisa, o outro é que é o culpado. E quem está se lixando quem é o culpado? Porque essa preocupação em não ser o culpado? Já falei pro Bart que se essa forma de pensar um dia o deixar entrevado numa cama, que eu não vou ficar cuidando e dando banho de esponjinha, ele vai pra casa de repouso!

Mas então. Quarta feira eu estava indo do trabalho para o supermercado, parei no semaforo pra esperar abrir e atrás de mim tinha uma outra scooter com duas meninas. O semáforo abriu, eu cruzei a avenida e ouvi um puuuta som de metal colidindo, um cara numa van bateu nas meninas. Ele quis aproveitar o ultimo segundinho do semáforo amarelo, então acelerou pra ver se conseguia, e ele não notou que naquele ponto a ciclovia tinha duas mãos ( ciclovia de duas mãos é sempre ultra perigosa ), olhou pra direita e não viu ninguém e mandou ver, sem olhar pra esquerda e ver a minha scooter e a das meninas. A scooter caiu em cima de uma das meninas que quebrou a perna, impressionante ver o ângulo da perna dela. Ela gritava como eu nunca vi. A menina da garupa foi lançada ao chão e ficou ali de barriga pra baixo, braços e pernas estendidas, impressionante. Todo mundo correu acudir, a menina só disse que não sentia as pernas e braços e perdeu a consciência. A ambulância chegou super rápido, a menina recuperou a consciência mas não conseguiu mover um dedo. Não consigo parar de pensar que você está lá bonitinha, indo pegar um cineminha com a amiga, ou voltando da escola, e um cara que está apressado sei lá porque pode colocar fim a sua vida ou te deixar paralítica numa cama pro resto da vida. Gostaria muito de saber que a paralisia foi momentânea pelo choque e que a essa altura a menina está em casa jogando Wii, mas nunca saberei.

E nesse sábado, estávamos no centro quando vimos outro, dessa vez com uma bicicleta. Naquele trecho a ciclovia acaba, justo num S da avenida, e as bicicletas se juntam ao tráfego, separados só por uma linha no chão ( odeio quando é assim, tem muuuitos motoristas que não respeitam a risca no chão ). Um cara novinho se assustou quando a bicicleta apareceu no campo de visão dele, e pra falar a verdade o ciclista podia ter reduzido um pouco - mas tem também muito ciclista imprudente - só sei que o rapaz quis brecar, mas acelerou, e o carro avançou na bicicleta, foi muito impressionante. A garupa da bicicleta foi arrancada e arremessada longe, o pneu traseiro dobrou ao meio, o ciclista foi lançado longe, eu vi o cara no ar, caindo, rolando, gente parece que está tudo em câmera lenta, é impressionante demais. Por sorte o cara levantou meio mancando e foi lá resolver a situação, mas é horrível de se ver.

Quando estamos de carro, temos toda a carroceria nos protegendo, mas na ciclovia, de bicicleta ou scooter, você está ao léu, e acidentezinhos que de carro seriam "um encontrão", quando você está na bike podem te levar pro hospital ou pior.

E eu sei gente, eu sei que VOCÊ é um motorista super zeloso, que VOCÊ nunca faz cagada no trânsito, não fala no celular, nem olha pro seu filho esgoelando no bebê-conforto, não passa no sinal amarelo, nunca se distrai, mas tem gente que dirige mal pacas, e aqui o povo se acha ás no volante, mas é mesmo asno volante.


sexta-feira, setembro 3

Tá começando a ficar bão


Hoje eu cheguei e tava o povo todo rindo perto da minha mesa. Nós, peões que somos, chegamos, pegamos nosso café, até damos uma abridinha no jornal online de preferência do peão, passamos aquele olho por cima e bola pra frente. Eu cheguei 8:30 e e o OldFart, aproveitando que o povo ainda tava chegando, com sono, etc e tals, tava esplonchado na mesa dele lendo jornal de papel!!! Gente, parecia aquelas repartições públicas brasileiras exageradas na novela das 7, manja? O careca lá, com uma xicrona de café e jornal surrado na mão?

Aí, não demorou pra alguém mais importante ver e não gostar. O pior, é que aqui nosso diretor médio ( o chefe do meu diretor ) tem HORROR a qualquer papelzinho fora do lugar, e o OldFart, achando que tava fazendo um favor coletivo, deixou o tal jornal surrado em cima de um armário ultra público "pra quem quisesse ler". Aí esse diretor médio me chama ( meu diretor direto estava num funeral ) e me diz pra ir falar pro cara tirar o jornal de lá e que não pega bem ele passar meia hora lendo jornal de manhã. Ha ha ha, faz me rir. Eu disse que iria sim explicar que não deixamos papéis jogados, mas que eu não me sentia responsável por ensinar a um senhor de 50 anos que não se lê jornal no periodo em que a empresa te paga pra trabalhar. Mas ó, que cara burro hein, todo mundo usa internet, todo mundo lê jornal na internet, ninguém dá pelota contanto que você faça bem seu trabalho, e contanto que haja uma certa discrição senão vira casa da mãe Joana. Pode parecer hipocrisia, já que tanto faz se você está lendo explonchadão um pedaço de papel, ou lendo bonitinho e concentrado de uma tela, mas a verdade é que ninguém deveria abrir a internet que não fosse para o uso no trabalho ( ou ler jornal, for that matter ), mas a empresa faz umas vistazinhas grossas para não ser tão inflexível. Agora digam aí, você faria isso no seu terceiro dia de trabalho numa nova empresa?

Aí, no horário do almoço de ontem, uma das colegas estava sentada numa mesa no restaurante com os fornecedores dela, o que a gente chama de business lunch ( você continua discutindo o assunto principal ), aí o cara não vendo nenhuma outra pessoa conhecida vai lá e senta na mesa dela, ela educadamente informou que se tratava de um business lunch, o cara não só continuou lá, como puxou papo com o fornecedor que ficou todo sem graça, sem saber se cortava o assunto e voltava pra business meeting ou respondia ao cara.

Hoje eu estou sentada aqui na minha mesa na hora do almoço ( googando hotéis brasileiros ) e aos poucos chega uma colega, depois a outra, depois um colega, todos encurtaram seus almoços porque o OldFart estava na mesa e é insuportável, só ele sabe, só ele fala, e só fala dele mesmo.

Isso ainda vai dar tanto samba… mas eu continuo na minha, o diretor disse não ao celular dele, disse que em algum tempo notarem a necessidade eles avaliarão a possibilidade e que ele iria ganhar um laptop junto com o resto da turma ( em 14 meses ).

Anyway, é sexta-feira, eu tô indo pra casa pra ser feliz e comer comida mexicana fantástica com receitinha que o colega holandês deu. De chorar de bom.

E cumadre Holandesa, boa viagem, aproveite a terrinha, coma muito pão de queijo com catupiry e se esbalde nas pizzas paulistas.

Fui!


quinta-feira, setembro 2

Praise the Lord


Ó Deus, eu tenho algumas perguntinhas pra Você.

Foi Você ou o CoisaRuim que inventou as comidas congeladas?

Essa semana terei que trabalhar mais tarde, e eu já anunciei lá em casa que a cozinha está fechada. Como não aguentamos mais o cheiro das refeições à vapor, nem de pizzas, decidi apelar pro freezer do supermercado. Lá eu peguei peixe Iglo com crostinha, peito de frango Iglo crocante, e costeletas de carneiro marinadas. O filé de peixe é quadrado, e como eu nunca vi peixe quadrado, logo assumo que deve ser ultra manipulado. O frango, cuja embalagem anuncia ser feito com 100% carne de peito da ave, não é um filé de peito à milanesa, mas sim 54% de filé de peito processado e misturado com farinhas e temperos e sabeselámaisoque. As costeletas de carneiro são costeletas mesmo, mas vem marinadas numa meleca que obviamente contém gorduras, que eu não sei se são trans ou não-trans ( qual é o contrário de trans? ).

Veja bem Divino, lendo o parágrafo acima, você pensa que foi mesmo o CoisaRuim que inventou essas comidas, mas olha, é só colocar no forno, o cheirinho que se desprende é Divino, a gente coloca num prato com umas batatas assadas ( também com temperos suspeitos e gorduras trans ), uma saladinha de pacote, e parece um prato de haute-cuisine. E pra completar, o gosto é óteeeemo. Então parece que foi coisa Sua, meu Pai, criar algo tão prático, gostoso e barato.

Ontem eu estava cansadíssima quando cheguei em casa, taquei frangos e batatas no forno, fui tomar um banho, quando saí o jantar estava pronto, eu só faltei beijar a porta do forno de tanta alegria. O marido não cansava de falar como o jantar estava delicioso, e ó, até eu saboreei muito.

Só pode ser coisa do Capiroto mesmo.

E daí, outra também do CoisaRuim é não dormir de noite preocupada com o trabalho e com o OldFart ( o novo colega ). Minhas oheiras estão no queixo, parece que tem areia nos meus olhos, e eu estou me sentindo tão mal que não sei como vou chegar ao fim do dia.

#failtotal

quarta-feira, setembro 1

Eu preciso de muita reza de vocês


Na semana que eu estive na Inglaterra, apareceu na empresa um candidato para uma das vagas abertas no meu grupo, eu dei uma olhada no CV ( lá da Inglaterra ) o CV me parecia bom, ele fez entrevistas com 3 diretores assim, uma atrás da outra, o que é raro, e em uma semana decidiram contratar o cara. Quando eu cheguei, recebi a "boa notícia".

Hoje o cara começou. Minha gente, estou querendo sumir da face da Terra. Manja o expertinho brasileiro que quer levar vantagem em tudo? Estou espumando de ódio do cara.

A empresa opera com um pool de celulares, pois nosso trabalho não requer que viajemos tanto ( e para mim, esse foi um dos principais atrativos do emprego, pois eu estava cansada de tantas viagens e tempo longe de casa ) então a gente está sempre no escritório, logo não há necessidade de cada um ter um celular. Então quando a gente precisa vai lá na secretária e pega qualquer um que estiver disponível, e sempre tem vários disponíveis. Então chega esse cara, olha pra mim e pergunta onde ele pode encomendar o celular dele, eu respondi que ninguém aqui tem celular, que a gente usa o pool, ele começo a ficar nervosinho, falou que tem que estar "reachable" a qualquer hora, e eu expliquei que a política da empresa é respeitar o horário privado do empregado, e que ninguém vai ligar pra ele fora do expediente, logo ele não precisa estar sempre "comunicavel"e que quando ele viajar ele vai ter o telefone do pool. Ele ficou ainda mais nervoso e disse que ele nem possui um celular, que o que ele tem ainda é da empresa antiga (!!!) e que ele está tão acostumado a usar o celular pra tudo que a conta dele é de 500 euros por mês!!!! A empresa não se comprometeu a dar um celular pra ele, disseram que era "negociável", e ele achou que era um sim, mas foi o jeito delicado ( e uma tremenda burrice ) do RH dizer não.

Outra coisa, e essa sim um problemão da empresa, é que assim que eu entrei, eu ganhei um laptop, porque havia um plano de, em 1 ano, trocar todos os desktops por laptops. Mas com a crise, a troca foi congelada, e nem para o ano que vem vai ser aprovada. Meus colegas estão muito p da vida com isso, é um pé no saco hoje em dia chegar numa reunião com pastona de papéis e documentos, mas já tentaram de tudo, e parece que vai ter mesmo que esperar. Chega o cara e pergunta: quando instalam meu laptop? Eu disse que ele ía ter que esperar na fila, que várias pessoas também queriam, e que até pra se conseguir uma conexão VPN aqui havia que se pedir permissão dos EUA. O hómi ficou branco, como é que pode uma empresa famosa como essa não ter laptop com VPN, que ele não vai a reuniões sem um laptop. Aí eu expliquei que para que isso não aconteça, há um laptop do grupo que quem precisa pra alguma reunião, apresentação ou para viagens, o usa. Ele foi abrindo o armário e dizendo que ele ía então pegar aquele laptop pra ele. Eu falei pra ele ir discutir com nosso diretor os termos do contrato dele, porque eu não estava a par desses detalhes, e coloquei o laptop novamente no armário.

E tudo o que eu mostrei no sistema, ele ignorou, disse que não é uma "desk person".

Mas o fim da picada estava por vir. O grupo ( somos 12 ) tem uma assistente, e ela é super prestativa, super mão na massa, ótima mesmo, todos a adoram, e apesar de assistente, ela é tratada até melhor que o diretor, porque ela realmente nos ajuda muito com tarefas que nem sempre fazem parte do trabalho dela. Eis que eu chego pra confirmar com ela uma reserva de hotel e ela está vermelha que nem um pimentão, eu perguntei se ela estava se sentindo mal. Ela falou que o cara veio todo "bossy" falando pra ela providenciar isso e aquilo pra ele, ela explicou que aqui cada um providencia isso e aquilo pra si mesmo, ele retrucou: "mas e você faz o que então, se é uma assistente mas não assiste?"

Gente, eu estou com ódio mortal do cara. O pior é que eu não posso demonstrar, tenho que deixar o cara se enforcar por si só. E ele nem chegou e já quer ir para a Espanha visitar esse e aquele, e quer ir pra uma exposição na Alemanha - e eu estou me borrando de medo de enfiarem o cara pra ir comigo já que eu estarei indo sozinha dois dias depois do grupo porque tenho que cobrir pro meu diretor.

Gente, o cara é um jerk.

Sem falar que ele coloca perfilzinho em Linked In com uma foto onde ele está 15 anos mais novo e tinha ainda cabelo!

Tô espumando e preciso de muitas rezas de vocês.

Amém.