É lindo, lindo e lindo. Lembra bem o Tom Welling ( Clark Kent de Smallville ).
Olhar pode, né não?

Brasileiro também é um povo bem esquisito, viu. A coisa mais comum é ver o brasileiro se gabando da nossa comida ( picanha, ahhhh ), das nossas praias, da nossa música, da beleza das mulheres, and the list goes on and on. No entanto, pra quem tem todas essas maravilhas, pra quem se gaba tanto de tudo isso, como sonhamos ( e insistimos ) em morar e trabalhar no exterior, mesmo tendo um dos mercados mais promissores do mundo!
Notem que incluo-me no "somos" acima, porque antes de casar eu mesmo estava pesquisando o processo de imigração pro Canadá e já estava atrás de toda a documentação para pedir minha dupla cidadania italiana.
Ultimamente tenho recebido mais e-mail de gente querendo imigrar do que recebia antes, e não entendo, porque na última vez que estive no Brasil achei tudo tão melhor, e sinceramente, enquanto estamos comendo o pão que o diabo amassou com a bunda aqui na Europa com essa crise, o Brasil pôde se dar ao luxo de praticamente ignorá-la.
Eu sei que o brasileiro está cansado da violência, e isso não tem como negar, aqui temos infinitamente menos, mas é só por isso que o brasileiro quer imigrar?
Sabem, eu tenho a impressão que o brasileiro ainda mantém aquele sonho dourado de que vai "fazer a América", ou "fazer a Europa", como tínhamos antigamente. Acho que teve até uma novela com a Debora Secco, que mudou pra Miami, não foi? E acho que nós blogueiros contribuimos muito para essa idéia de que aqui estamos nadando em dinheiro, afinal estamos sempre mostrando nossas viagens, nossos carros, nossos eletrônicos, nossas casas, e raramente o blogueiro diz: não tenho dinheiro pra isso, ou não posso comprar aquilo, e nem é por mal, afinal que post chato seria "vi um I-Pod mas não tenho dinheiro pra comprá-lo".
A verdade é que o brasileiro que muda pra cá tem que repensar as suas prioridades. Sempre recebo e-mails dizendo, "tenho uma vida estável no Brasil, moro num apartamento bom, tenho um carro zero, viajo uma vez por ano, posso ir prum restaurante legal no fim de semana - quanto precisaria ganhar de salário pra bancar tudo isso na Holanda?" e eu sempre penso em responder: é impossível, mas não é impossível, é só (muito) pouco provável.
Sempre digo, e vou repetir aqui e deixar um link lá do lado, eu e meu marido trabalhamos, ganhamos relativamente bem, não temos filhos, e para podermos bancar nossas viagens e nossa casa legal, temos um carro bem cacareco, nunca vamos à restaurantes, minha TV ainda é aqueles trambolhões, não tenho I-Pod, Wii, Stereo Surround; meus móveis são Ikea. Certos "luxos" da classe média paulista passaram a ser sonho de consumo distânte pra mim. Faxineira? Não. Salão de beleza? 3 vezes por ano. Mani-pedicure? Nunca. Roupa de Marca? Só se eu achar em mega-liquidações. E eu tenho certeza que qualquer leitor que mora no exterior pode deixar mais uma meia dúzia de itens nos comentários que passaram a figurar só na memória de quem imigrou. Simplesmente não dá pra bancar.
Não vou nem dizer que é o brasileiro que quer tudo, afinal querer ainda é de graça ( e não é poder ), mas no Brasil, assim como nos EUA, tem-se crédito pra tudo, mas aqui não é bem assim. Aliás, não é nada assim. O brasileiro tá acostumado a financiar o carro "a perder de vista", aqui financia-se em 2, no máximo 3 anos, o que torna as parcelas caras, e há de se somar os impostos, vistoria, manutenção, e combustível ( € 1.35 o litro! ). O brasileiro paga a viagem de férias em 10X no cartão, aqui é na raça, quando muito deixam você dar uma entrada, e te dão alguns dias pra pagar o resto, mas no geral, 6-8 semanas antes da viagem ela tem que estar totalmente paga. Aliás, cartão de crédito aqui não parcela. Nunca. Aliás, cartão de crédito raramente é aceito. Eletrodoméstico pode, em algumas lojas, ser financiado, mas aqui em Eindhoven por exemplo, tem uma loja só que financia ( MediaMarkt ), e nem sempre tem os melhores preços e quase nunca tem os modelos mais atuais.
Isso sem falar que em muitos casos ( acho que a maioria ), a gente imigrou pra morar com o namorado, casou, juntou, e no começo foi "bancado" pelo parceiro. Pode parecer pouco, mas pra quem vem sozinho, gastos como aluguel, comida, seguro médico, transporte, pesam pra caramba no orçamento. Quem vier sem emprego garantido tem que ter um boooom pé de meia, quem vem com emprego garantido TEM que se adaptar aos recursos limitados. Sinceramente, quem pensa que vai vir pra cá e ter o mesmo nível de vida material que tem no Brasil, vai se frustrar.
Compensa? Ah, isso é muito pessoal. Ter mais segurança é muito bom. Ter um plano de aposentadoria melhor é ótimo. Poder viajar pra capitais européias que antes eram só um sonho é bom, mas em contrapartida, os finaizinhos de semana na praia já eram. Ter leis trabalhistas que protegem melhor seu emprego é bom, assim como o auxílio-desemprego decente, mas você tem que trabalhar 5 anos antes de ter direito a esses benefícios. E pelo menos minha cidadezinha é mais verdinha, pra quem gosta tem zilhões de rotinhas de bicicleta ( lazer saudável e gratuito ), a vida é muito mais calma que a vida em SP.
Mas há também as coisas péssimas, que vão te irritando e te cansando a um ponto que tem épocas que todo mundo se pergunta "o que é que eu tô fazendo aqui, meu deus?". Abri mão de ter meu próprio carro, e apesar de ter que percorrer menos de 2km até o trabalho na minha scooter, no inverno eu vou e volto xingando, e quando chove eu quero matar um. Ir ao médico morrendo de dor, achando que você está na fase terminal de alguma doença, e jamais ser mandado fazer um exame pra acalmar sua consciência, e receber uma cartelinha de paracetamol ( Doril ), é terrível. Chegar em casa louca pra colocar o aquecedor no 25C e ouvir que 21C tá mais que bom é ultra irritante ( coloca mais roupa querida - mesmo que eu já esteja praticamente vestida pra ir esquiar ). A pilha de roupas que nunca se auto-dobra ou auto-passa, quem nem acontecia no Brasil ( Janildaaaa! ). Essa língua horrível hora-após-hora-após-hora, essa raspação maledeta de garganta. Esse céu cinza, você vai conhecer 100 tons diferentes de cinza, se voltar ao Brasil vai trabalhar na Faber Castell na divisão de lápis de cor cinza.
Quem vier me pedir a opinião eu digo: se você é jovem, solteiro, sempre sonhou em ir pro exterior, venha, arrisque, no mínimo vai ser uma experiência interessante. Quem tem família, seja mais cuidadoso, pense bem, pondere. Sair de uma classe média brasileira pra ser o pobrinho imigrante aqui é difícil, especialmente se você tem filhos.
Mas povo, vamos tirar da cabeça essa idéia do Brasil subdesenvolvido de antes. O Brasil nos próximos anos vai explodir de oportunidades de trabalho legais, tem empresa do mundo inteiro com os olhos aí.
Ó, só de pensar que aí eu poderia pagar a Janilda… me dá uma vontade de fazer as malas!
Muito obrigada meu Deus, por hoje ser sexta-feira!
Stress stress stress, trabalhando até tarde todo dia, mil apresentações mirabolantes, estômago em pandarecos, unhas roídas até os ladinhos sangrarem, cara de uma mulher de 75 anos. Bosta.
Depois me perguntam como é que eu tenho coragem de gastar 5 mil paus numa viagem de férias, e é fácil caros colegas: eu MEREÇO. Cada eurinho que cai na minha conta representa uma célula da minha bunda ralada nas pedras.
Ontem juntou TPM, estômago ruim, costas esbudegadas por um par de botas de salto alto ( TODA mulher que usa salto alto tem uns miolos a menos ), e voilá, Adriana chega em casa tão imprestável que não consegue nem plantar sua safrinha do dia no Farmville.
Mas que tem coisa que a gente ainda ri, ah isso tem. E o garoto do balão? A CNN com o Richard Quest lá todo solene "narrando" a trajetória do balão e falando como se o menino já tivesse virado bacon, e o menino na garagem da casa dele… mas putamerda, quando eu falo que tem pais que merecem o título de parideiros o povo fica bravo, vai construir um balão cintilante, no jardim de casa, com um menino de 6 anos brincando ao lado, e não colocar uma trava 100%? Gente, e como o balão ía rápido!
Povo, vou-me. Estou ainda semi-comatosa, concentração zero, mas não posso esmorecer na labuta diária. Com o frio que tá, minhas costas ainda latejando, tô doida pra chegar em casa e tomar um banhão de banheira.
Bom findi, fuy!
Tô quase chorando de tanto trabalho, todo mundo quer tudo pra hoje, eu com resistência zero para trabalhar as 12 hrs por dia que tô precisando… Paciência zero.
E porque a paciência tá a zero, tcheu dizer uma coisa procêis: tá na hora da gente cagar e andar pros "politicamente corretos".
Fulano pensa horrores da pessoa, mas se chama o cara de "afro-americano" ( brasileiro, holandês, reino-encantado-da-xuxa ), tá tudo beleza. Mas se você que tem ótimos amigos negões, que não tem nada contra os negões, que trata os negões como trata qualquer um, desliza e chama o negão de "negro" ( ou, valha-me Deus, de negão ), você é a escória da humanidade. Hoje em dia, importante é a palavra, não o conteúdo que ela representa.
Não é politicamente correto chamar portuga de burro ( nem de portuga ). Pontequepartiu, e é correto chamar brasileiro de safado e desonesto? Porque é disso que nos chamam e pior, se no Brasil chamamos portuga de burro mas os recebemos com tapetes vermelhos, em Portugal nos chamam de safados e desonesto e nos tratam como safados e desonestos.
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Mais uma história da Adriana:
Fiz um backpacking pela Europa em 2000, e reservei meu hostel em Lisboa pelo site da Hostelling International. Na época esse site só pedia seu nome, hostelling number e você pagava online com cartão de crédito. Reservei minha "vaga" num quarto de 4 pessoas, cama de baixo, a reserva foi confirmada. Chegando no albergue, quando viram que eu sou brasileira, disseram eu não podia ficar no quarto de 4 pessoas, mas no quarto "jumbo", que adivinhem só, só tinha brasileiros! Esse quarto tinha uma câmera apontada pra porta, e o banheiro coletivo tinha aquele sistema odioso no chuveiro que tem uma mola na torneira que vai regulando o suprimento de água e interrompe a cada 20 segundos.
Claro que eu não aceitei, chamei o gerente, depois de mais de 1 hora de discussão, e mil ameaças, me deram a tal vaga que eu tinha reservado no quarto de 4 pessoas. No segundo dia fiz amizade um uma tiazinha que limpava os quartos ( brasileira, claro ) e ela me disse que era assim porque o albergue achava que brasileiros traziam gente ( não pagantes ) pra dormir nos quartos ( !!! ) e que brasileiro desperdiça muita água no chuveiro.
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Eu não saberia opinar sobre a "inteligência" dos portugueses, e assim como eles certamente teriam razões pra nos chamar de esquisitos, como fez a Maitê, eu baseada nas minhas experiências, também tenho.
A esquisitice que eu notei, é essa necessidade de esnobar os brasileiros, mas com os outros ser um capachão. No departamento de compras da empresa antiga no Porto, o povo tinha medo de ir tomar café, tinham horário certo pra levantar, ir lá e pagar uma xícara, conversar 5 minutos e voltar a trabalhar, morriam de medo do gerente. A sala do gerente então, tinha uma parede de vidro, e ele ficava ali olhando a "escravaria" trabalhando, ultra opressivo o ambiente. E em reuniões, se o holandês falasse pro português pular, o português perguntava a que altura. Os compradores não podiam ir a almoços ou jantares com fornecedores, o convite tinha que ser feito ao gerente, e ele ía sozinho, sem o comprador. A holandesada falava que os portugueses em reuniões concordavam com as coisas, mas faziam tudo diferente depois, e os holandeses mesmo os achavam meio "intelectually challenged", mas na verdade não era isso, aliás eu não posso dizer que presenciei nenhuma burrada dos portugueses, a planta era exemplar, o problema é que eles não tinham coragem de dizer pra um holandês de cargo superior ao deles, que tal idéia na prática não ía funcionar, ou que tal processo não podia ser implementado. Concordavam com o holandês, mas faziam do jeito deles.
Só sei de uma coisa, é por essas e outras que eu até tenho vontade de voltar à Lisboa e ao Algarve, de levar o Bart, mas vou deixando pra lá. Eu não tenho dó de gastar meus ricos eurinhos em viagem de férias, mas já que o dindin é meu, vou pagar onde eu SEI que vou ser bem tratada, ou então vou viajar incógnita, como holandesa, e aí quero só é ver o que eles vão falar da gente sem saber que eu estou entendendo tudo… Ra ra ra, gostei da idéia...
Sábado fomos à Ikea. Não vou reclamar do povaréu que vai com criança, carrinhos de bebê intergaláticos, velhinhos com problemas de mobilidade, etc e tal. A errada era eu, que podia muito bem ter ido durante a semana, já que a loja abre até as 21, mas decidi, porque sou maluca, ir no sábado e ainda por cima para almoçar lá.
Precisávamos de um "kapstok", um pendurador de casacos, que me disseram chamar chapeleira em português. Eu nem sei que modelo de kapstok meu excelentíssimo marido tinha na cabeça, mas por meses andamos em todas as lojas de Eindhoven e nada estava bom. Sábado tive um chilique: pelamordedeus, relativise (z?) homem de Deus, é um pendurador de casacos, não uma TV de 5 mil euros, compre qualquer coisa pra quebrar um galho e quando você achar o tal kapstok do seus sonhos você troca. E assim foi, compramos com a idéia ( ou possibilidade ) de trocar no futuro. Eu SEI que se você for me visitar no dia da minha aposentadoria o kapstok vai estar lá, mas tchapralá. E de quebra compramos também um mini aparador que ficou perfeito no cantinho que tinhamos, agora minhas chaves tem lugar e aquele monte de luvas, cachecois e guarda-chuvas idem.
E daí, depois de muito ver móvel de sala ( rack de TV e buffet ), Bart decreta que quer "móvel de verdade", e não Ikea. E tem mais, quer daquela madeira quase preta. Ceis não acham que a moda da madeira quase preta já deu o que tinha que dar? É por isso que eu amo a Ikea, por 800 paus a gente compraria o que querers e daqui a 3 anos quando outra moda aparecer, bota-se tudo na lareira ( que eu espero ter até então ), mas se a gente gastar uma nota preta em "móveis de verdade", vou mofar com esses móveis até o dia que você for me visitar na minha aposentadoria pra ver se meu kapstok ainda está lá. Outra coisa que me desanima profundamente é ter que esperar 4 meses por um rack e um buffet.
E ainda faltam lustres, quadros, paredes, jardim, falta tanta coisa que quando a gente acabar, chegou nossa aposentadoria e como eu sempre digo aqui, tá na hora de vender a casa e mudar pra Espanha, onde o sol brilha e tudo é mais barato ( or not? ).
Acho fantásticos os truques domésticos para aproveitar restos de comida. Minha mãe tinha vários e eu mesma tenho alguns. A batata cozida na manteiga de hoje vira uma fritata amanhã, os restos de arroz viram bolinhos ( amo! ), minha mãe sempre fazia escondidinho com linguiça de churrasco… Sabendo usar bem a criatividade, dá pra reaproveitar tudo!
Mas aqui na empresa dá até raiva. Temos um restaurante da SODEXHO, praga que existe em qualquer canto do mundo. Aqui é evidente a palhaçada que eles fazem pra reaproveitar cada resto, mesmo que o resultado final seja péssimo. Isso acaba resultando num buffet onde metade é gororoba.
Eles são obrigados à oferecer 6 saladas. Na segunda sempre tem salada de folhas sem tempero ( minha favorita, pois posso adicionar meu tempero sem coisas ácidas, mas infelizmente é a mais cara para a empresa e a menos oferecida ), e uma salada de tomates e pepinos. As folhas que sobram vão pro sanduíche no dia seguinte, o que não é tão horrível, mas os tomates e pepinos ganham um banho de vinagre pra não criarem nenhuma bactéria, e aparecem como uma salada de cubinhos com azeitona super ácida no dia seguinte.
Semana passada comprei um "folheado de tomate seco e mozzarella", não dá pra errar em algo tão simples, né? Acontece que o tomate seco era o usado no dia anterior na salada de macarrão tubete, então o recheio do folheado tinha macarrão! Eca!
Ontem tivemos hot-dogs, hoje achei cubinhos de salsicha no meio da minha salada de macarrão e legumes, que estava sendo vendida como vegetariana. Fui reclamar indignada, eles simplesmente pediram desculpa, devolveram o dinheiro e riscaram o vegetariana do cardápio.
A sopa é subsidiada pela empresas e é da marca Unox, uma das melhores da Holanda. Só que tem dias que eles servem o que nós chamamos de "white goe". Eles pegam uma sopa cremosa como base e adicionam os vegetais do dia anterior. A sopa mexicana é a meleca branca com pimentões e milho, a sopa de camarões holandeses ( um camarãozinho minúsculo e sem gosto ) é a meleca branca com uns garnalen ( camarão holandês ) boiando, tudo assim, sem cozinhar junto, só esquentam a coisa branca e jogam o que for lá dentro.
Os sanduíches são normalmente ruins. Muitos são recheados com sobras misturadas em maionese, e sempre ultra ácidos, pois as sobras são sempre guardadas com vinagre. A salvação pra quem quer driblar as calorias da fatídica maionese, é o sanduíche "saudável" ( brodje gezond ), e estou sendo ultra sarcástica. O sanduíche saudável é o passaporte certo pro hospital se você tem colesterol alto, o de hoje era: presunto, queijo belegen ( gordo ), 2 ovos cozidos em fatias, uma folha de salada, e halvarina.
É por essas e outras que todo mundo traz seu sandubinha de casa, e no dia que a gente não tem tempo ou não tem nada em casa, o jeito é comer gororoba.
A Holanda é um país socialista, e pelo menos os holandeses que eu conheço são muito orgulhosos disso. Pra grande maioria, uma das piores pragas do universo é a sociedade americana, que segundo eles, só pensa em dinheiro e em comprar e em ter. Eu ouço tudo muito aborrecida, porque eu adoro os EUA, e admiro muito os americanos com quem trabalhei, são pessoas dedicadas ao seu trabalho, inteligentes, práticas, anyway…
Eu moro no sul da Holanda, e o país inteiro tem essa região como uma região, digamos, acaipirada. Por aqui, em nenhuma das cidades o comércio abre aos domingos, e há uma imensa resistência a isso, até mesmo supermercados que tentam pedir autorização pra abrir acabam tendo o pedido recusado. Eu não entendo o porquê, mas eles dizem que o domingo é dia de ficar em casa, de ir à igreja, de ficar com a família, e que o comércio abrindo, muitas pessoas teriam que trabalhar. Eu acho uma besteira, já que pelo menos em Eindhoven há milhares de estudantes universitários que ficariam bem felizinhos com uma graninha extra por trabalhar 5 horinhas no domingo.
Tão tradicional quanto não abrir aos domingos, é abrir um único domingo por mês, é o koopzondag, domingo de compras, o primeiro domingo do mês. É aí que eu não entendo a holandesada, eles reclamam que não querem o comércio aberto aos domingos, mas quando o comércio abre, a cidade fica intransitável. Ir pra missa, ficar em casa com a família? Blé, holandesada vai mesmo é pra rua, comprar, tomar vinho nos barzinhos com mesinhas na rua, e fumar, fumar muito, fumar feito chaminé.
Ontem foi koopzondag, e foi também a liquidação dos dois maiores magazines da cidade: Bijernkorf e V&D. Nunca, nunca, nunca e nunca vi tanta gente na rua. A Bijenkorf fica a 10 mt da estação de trem. Da porta da Bijenkorf você olha numa linha reta, pela rua de comércio mais popular da cidade, e a uns 200 mt vê a V&D. Domingo, essa "reta" estava igualzinha à General Carneiro no centro velho de SP, gente gente e mais gente. A Bijenkorf colocou um guarda na porta e um aviso: carrinho de bebê não entrava, por medidas de segurança. Quem seria louco o suficiente pra trazer bebê em carrinho no "restanten" do Drie Dwaze Dagen ( no dia do restanten tudo que já estava em liquidação e sobrou pro domingo ganha 25% adicionais de desconto ) eu não sei, mas tinha, pois na porta havia um "ajuntado" de pais com os carrinhos esperando.
Na V&D, a coisa estava tão ruim quanto. Os elevadores com filas gigantescas, afinal por elevador cabem apenas 2 carrinhos, já que os carrinhos de hoje em dia de inhos não tem nada. Tinha uma mulher com a perna quebrada, na cadeira de rodas ( !!! ), várias velhinhas com rolators, e até no banheiro a fila dava voltas.
Não me lembro de ter visto Eindhoven assim ever. Eu precisava mesmo comprar umas blusinhas de manga comprida, e queria muito encontrar umas de gola rolê, e como estou há semanas trabalhando até tarde, nunca me sobra tempo, então achei que o domingo seria uma mão na roda. Mas me ferrei.
No fim, é aquela pechincha ma-ra-vi-lho-sa que acaba salvando seu humor, e ano após ano você começa o tal domingo da loucura jurando que nunca mais vai, mas ano que vem você está lá de novo. Esse ano comprei uma bolsa pra laptop da Oilily, de €105 por €31. Miguxas que gostam de maquiagem íam pirar, comprei batons e esmaltes Clarins por € 4.50 euros cada. Comprei uma pashmina linda por € 7. Bart comprou 4 suéteres. Não tive forças para procurar minhas blusinhas, tava tudo cheio demais. E pelo menos na Bijenkorf o povo é ultra agressivo, acabei machucando a mão com um puxão que uma dona deu na bolsa que estava já pendurada no meu ombro. Uma outra lá me ensinava a tática: você vai pegando e carregando tudo o que gosta, no final das "compras", avalia o que você mais quer, e deixa o resto. Só que é claro que ninguém fica devolvendo as coisas nos lugares certos, então lá pelas 4 da tarde, um pouco antes de fechar a loja está aquela lindeza.
Mas então, assim foi meu Dwaze daag. Super Dwaze. Minha bolsa é linda, meu batons óteeeemos, e o esmalte ainda vou experimentar. Tinha maquiagem Kanebo por menos de €10, Keune por €7, e baciadas e mais baciadas de perfume. Mas a paciência ( e o din-din ) acabou antes.
E você, vai nessas mega liquidações?