terça-feira, novembro 10

Será?


Sobre o caso da estudante da Uniban, a do vestido curto que foi quase linchada, saiu da universidade escoltada, e por fim foi expulsa. Aliás, estão dizendo que o reitor revogou a expulsão, mas eu não tive ainda tempo de pesquisar o assunto.

Mas minha pergunta é: será que morar aqui no exterior nos "liberta" de alguns falsos moralismos? Porque o que notei é que os expatriados todos ficaram boquiabertos com o episódio, especialmente a expulsão da garota. Já quando converso com brasileiros lá no Brasil, a visão deles é bem diferente, muitos atribuem culpa à garota. Vejam alguns comentários:

Um primo meu, estudante da tal faculdade, injuriado com o caso: "a gente não tava gritando por causa do vestido curto, a gente tava gritando porque além do vestido curto, a menina tava sem calciiiiinha! ( pra mim, acho que foi história inventada na hora e que "pegou" ). Se fosse só o vestido curto, não ía gerar tanta confusão. Agora diga aí, a menina precisa ir pra faculdade naqueles trajes?".

Um fornecedor brasileiros: olha, foi um absurdo mesmo a reação do povo todo, mas a menina também "forçou" indo pra faculdade vestida daquele jeito.

Senhora da minha família: a menina era gorda pra usar aquela roupa, se fosse uma magrinha seria menos "escandaloso".

Um amigo via "Skype": vocês vão aí pro exterior e ficam todos "pra frentex" e se aí é comum cada um sair com a roupa que quer, aqui o povo ainda tem padrões mais familiares( !!! ). Tudo bem que o negócio degringolou, mas pelo menos uma advertência ou suspensão ela merecia.

O que eu acho um absurdo é na terra da Mulher Melancia e do Mc Créu o povo ter uma reação dessas! Essas mulheres frutas são beeeem cheínhas, tem umas coxas imensas, não tem rostos lá muito atraentes, eu achei que finalmente o Brasil tava mudando, que estava sendo mais democrático com o padrão de magreza, que o padrão Globeleza tinha caído em desuso, mas pelo jeito me enganei. Pelo jeito a classe mais humilde gosta das frutas coxudas do Mc Créu, mas a classe média e alta, que tem acesso à faculdade, gosta é mesmo de aspirantes à modelo da Ford Models.

Ou tô errada?




10 comentários:

Luna disse...

Ta certíssima, Adriana.
Mais uma crise de falso moralismo explicito, recheada de preconceito.
Se bem que o povo da "Unitaliban" não pode exatamente ser chamado de elite em nenhum sentido!

Camila disse...

Dri, uma coisa é certa: a sociedade brasileira é machista. Lá vc vê homem importunar mulher na rua, só pq ela tá decotada/de saia/vestido/seja lá o que for e ai daquela que recusar o "elogio" - é como se a mulher fosse patrimônio público. Quem responde ao "gostosa" gritado na rua, ouve coisas do tipo "frustrada, malcomida, sapatao". O papel da mulher é ouvir o "elogio" e aceitar, de preferência caladinha.
Existe mais contato físico entre as pessoas (e tome marmanjo pegando mulher pelo braco, passando a mao onde quer, pegando pelo cabelo, ainda que a mulher nao queira ser tocada). Quanto mais ao norte, mais raras sao essas manifestacoes e, portanto, maior a igualdade entre os sexos. Dá pra imaginar um chefe holandês passando cantada em funcionária, só pq ela tá com uma saia mais curta? Ouvi dizer que nas baladas alemas a mulherada é quem vai à caça, os homens sao bem mais retraídos.
A sociedade brasileira, machista como é, ainda nao consegue entender que mulher merece respeito, esteja ela como estiver vestida, seja ela "fácil", "vagabunda" ou "santa". O machismo está tao enraizado, tao entranhado, que é sempre a mulher que "tem que tomar cuidado". Caramba, se o cara tem uma erecao, ele perde completamente a nocao do que é certo e errado e tem que atacar? Dá pra imaginar um dinamarquês/finlandês/norueguês encoxando uma mulher no trem só pq ela tá usando uma calca justa?
Se ela provocou, se estava de calcinha, fio dental, ou sem nada por baixo, nao interessa. O tumulto tomou uma proporcao perigosa, deve ter sido assustador um monte de gente falando em estuprar, ofendendo daquele jeito, precisar de escolta policial pra poder sair dali.
Talvez alguns anos vividos em sociedades menos machistas realmente ajudem os brasileiros a arejar as ideias...

Unknown disse...

Adriana, vc é do ABC paulista. Vc sabe (ou tem uma idéia pelo menos - nao sei ha qto tempo mora fora do ABC) que a Uniban nao é, nem nunca foi, faculdade de "playboy", ou de classe média e alta, ou qualquer coisa parecida como as pessoas estao denominando a Uniban na internet. A Uniban é a alternativa vergonhosa para aqueles que nao tiveram oportunidade de estudar em uma boa escola. É a alternativa para aqueles que precisam de um diploma, pra comecar a ter uma vida um pouco mais digna que seus familiares tiveram até entao.

Em nenhuma faculdade "playboy" eu acho que aconteceria tal baixaria. Quer saber? Na FAAP, na ESPM, na GV,entre outras famosas da minha época de estudante, tinha meninas com roupas tao ou mais insinuantes que a que ela usou. A diferenca? Sabe-se Deus pq, nestas outras faculdades as pessoas já entenderam que o ser humano merece respeito, nao importa as escolhas que ele(a) tenha feito.

Ma disse...

Eu acho que o problema é que a classe média que tem dinheiro pra pagar faculdade não dá mais educação pros seus filhinhos e aí é mais fácil achar que tá tudo bem mesmo chamar uma menina de p* do que botar a mão na consciência que fez esse desserviço de botar mais gente ignorante no mundo.

Unknown disse...

Só uma rápida respota a Camila:

Sim, grande parte das minhas colegas/amigas alemas nao tem medo de ir na balada "à caca". Pelo menos onde eu moro, se elas estao na balada e acham um cara gatinho, puxam papo numa boa, e eles normalmente conversam sem preconceito - isso nao quer dizer que elas vao pra cama 5 minutos depois. Mas se rolar uma quimica na balada, vao sim, sem medo de serem julgadas. E no trabalho eu tenho vários colegas homens, que acham esse tipo de atitude normal. Mas olha, essa é uma experiencia que eu tenho morando na cidade X da Alemanha, nao poderia falar em geral.

Camila disse...

Bruna, como eu nao vou pra balada (Marido e eu somos couch potatoes assumidos), nao tenho como falar sobre o comportamento da mulherada em Frankfurt, onde moro... Mas o que eu quis enfatizar foi que no Brasil o comportamento masculino, especialmente em balada, é muito mais ostensivo do que no hemisfério norte.

maria disse...

não está errada não;e o q a Alma ,Camila e Bruna disseram é aquilo mmo. a Bruna definiu bem ,embora eu conheça pouco aquela Instituição de Ensino. parece q o País melhorou, mas eu acho q foi bem pouco. ainda é mto atrasado,c enorme população, e grandes, grandes defeitos. quem vem de país desenvolvido e frequenta bons lugares (q o dinheiro propicia) ñ deve notar.esta noite mmo houve um apagão em vários estados e ficamos sem luz durante quase 6 hs.imagine o caos q foi.e foi das 22,15 em diante. eu,q ñ tinha velas tive q ir ao banheiro c o lap-top ligado enquanto a bateria aguentava -pq tb dura bem pouco. tudo caríssimo e funcionando mal!!! então esse caso da Uniban é mais uma das baixarias por q se passa.

Nanci disse...

Gente!!! Sera que quando a gente sai do Brasil os nossos conceitos mudam??? Com certeza. A gente fica aqui de boca aberta em saber que ainda isso pode acontecer com um pais em desenvolvimento, mas o povo nao deixa o desenvolvimento acontecer.

Unknown disse...

Eu sai, fiquei vários anos fora e voltei para o Brasil.

Eu vejo muitas melhoras no país. Uma delas é uma maior democratização do ensino superior. Digo uma "maior" democratização e não uma democratização - isso ainda não ocorreu de fato, claro. Antes, gente que não tinha condição de cursar, não podia nem sonhar. Hoje, a filha da moça que faz faxina lá em casa faz Estácio de Sá, com crédito educativo. A mensalidade fica uns R$ 200 (ela tem 50% de bolsa) e é totalmente paga pelo crédito. Ela só pagará o crédito 2 anos depois de se formar. Perguntei se tinha sido difícil conseguir esse esquema e ter sido tranquilo.

É verdade que os melhoreas empregos ficam para quem faz universidade pública,PUC, FGV e IBMEC. Mas, para muitos de origem mais modesta, um emprego mediano é um super upgrade.

O quê mais me impressionou nessa universidade foi até a reação da administração. Expulsar a mulher? Além de absurdo e desumano é um péssimo marketing para a instituição, que depende das pessoas quererem pagar para estudar lá. Muito mal assessorada, inclusive juridicamente.

Agora, aposto que a menina vai posar para playboy, ganhar bolsa para estudar em outro lugar e uma grana num processo - que será muito merecida!

Quanto ao padrão de beleza, concordo. E digo mais: Para a classe média e alta namorar mesmo, apresentar para os amigos e para a família não pode ser estilo fruta não. Mas na balada, acho que mesmo a playboyzada curte o estilo fruta.

Sheila disse...

Interessante que eu ouvi opiniões - e muitas- a favor da mocinha e contra a atitude da universidade. Inclusive a UNE manifestou-se contra a faculdade.

Ou seja, nem tudo esta perdido. Acho que é exagero generalizarmos, falando que TODO brasileiro é machista e desrespeitoso. Eu conheço muitos que se salvam...

E só falando sobre o apagão, infelizmente isso não é apenas privilégio do Brasil. Estados Unidos, Canada, Italia , Suiça ( entre outros) já passaram por isso tb.