Ando sumida porque nada de extraordinário acontece pras bandas de cá, e eu sou péssima em escrever diarinho de forma a interessar o caro leitor.
Olha, eu sei que donas-de-case se ofendem quando o povo diz que cuidar de casa não dá trabalho, mas só de você não ter que ficar lidando com politicagem corporativa, ou viver debaixo dessa pressão pra ter fantástica performance, e cumprir prazos impossíveis, e ter uma TODO list do tamanho do Alaska, faz dos afazeres domésticos um passeio no bosque sem lobo mau. Eu ODEIO lavar, passar, cozinhar, limpar ( aspirador de pó é meu inimigo numero um ), mas tem dias em que eu fico pensando na higiene mental que tudo isso é, em quantas cartelas de Panadol Plus eu iria economizar, e quantas rugas eu não teria a essa hora. E quando eu começo a ficar desesperançada, corro pro blog "daquela" blogueira que não faz nada na vida, e tudo volta a fazer sentido de novo, e eu fico contentíssima com meu Bocarra, minha TODO list. Já imaginou passar os "anos dourados" da minha vida copiando e colando fotinho dos outros em blog?
O trabalho está mais pesado também porque meu vizinho de mesa ( e um dos meus "rapazes" ) acabou de ter um bebê e além da licença paternidade ( 3 dias ), ele vai trabalhar por duas semanas somente pela manhã, e sobra pra mim. Engraçado as coisas aqui na Holanda. O seguro paga uma mulher pra vir na sua casa uma semana "dar uma mão", mas também pra ensinar a mãe de primeira viagem como fazer isso ou aquilo. A mulher que vai na casa deles é da política do "deixa chorar" de noite ( meu pediatra falava pra minha mãe, se adulto não come, porque bebê vai comer? ), e eles estão agora divididos entre seguir a orientação da mulher e ter esperança de logo ter uma noite bem dormida, ou continuar no ritmo do bebê, que quer mamar a cada 2 ou 3 horas? Olha, eu nunca tinha pensado nisso antes, mas como ensinar o bebê que de noite se dorme? Difícil, viu… Eu não consigo nem ensinar os gatos!
Eu acho interessante como bebê é tudo bebê, mas como o parto e os cuidados com eles mudam de país pra país. Se eu que não tenho filhos já acho diferentíssimo, imagino quem é estrangeiro e os tem. Aqui as crianças desde o nascimento são levadas periodicamente à uma tal de "consultatie bureau", que pesa, mede, examina seu filho e te diz se está tudo bem, mas é tipo uma fabriquinha, você leva lá, comparam seu filho com as estatísticas, se tem alguma coisa fora do padrão eles te indicam algum tratamento, senão até daqui a tantos meses, e já começa aí a padronização do indivíduo. Sei lá, eu preferiria levar a um pediatra, eu mesma escolher o pediatra, imagina que meu sobrinho foi tratado pelo mesmo pediatra que tratou meu irmão e eu, o cara era fantástico! Aliás, veterinário você pode escolher a vontade! ( eu escolhi um que adora gatos, no exame anual fica uns 5 minutos só brincando com cada um ).
Sabem, eu estava pensando, a revolta com a cultura holandesa passou, mas eu nunca, nunca, nunca, vou deixar de achar que é um país bizarríssimo. Eles gostam tanto de se achar diferentes, mas quanto mais eu os conheço mais iguais eu os acho. Nascem, vão pra consultatie bureau, vão pra escola que é muito bem padronizadinha ( igual, igual nunca são, mas não há diferenças como no Brasil ), vão pro colegial que escolhem pra eles, vão pra faculdade que disseram que eles podem ir, na maioria dos casos vão morar "op kamers", que seria numa república, se formam, arrumam um parceiro, vão morar juntos, casam, tem filhos ( mulheres cortam os cabelos curtos ), e começa tudo de novo. Será que nós, brasileiros, aos olhos de um estrangeiro morando no Brasil também somos todos tão iguais?
Eu vejo minha turma da faculdade, ou do colegial, metade se espalhou pelo mundo, uns são gerentes nas multinacionais da região, outros abriram seu negócio próprio, a maioria casou mas nem todos tem filhos, tiram férias pra lugares tão diferentes uns dos outros ( só Orlando ainda é the place to be ), é difícil achar um padrão entre nós.
Bom, já viram que eu tô all over the place hoje né? Tcheu voltar cá pra minha listinha ( ona ) de afazeres.
2 comentários:
No SUSão tem puericultura no posto de saúde, igualzinho (por vezes bem pior que) o Consultatie Bureau. Nós vivemos o Brasil dos 10%, Adriana. E 10% da população aqui na Holanda pode cruzar a fronteira e levar filhote com roupitcha GAP em pediatra Belga a escolha. O mundo é igual... Mas mesmo assim tudo é diferente!
Fico feliz por ter saído da fábrica de montagem, ufa. Também tinha essa impressão. Não acho os alemães tão igualzinhos, só muda que as mulheres já tosam o cabelo solteiras ( mas fazem cortes BEM mais bonitos!)
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