Eu amo boleiras!

No site Rainhas do Lar, num post de março elas reclamam dessa nova moda brasileira de "cake designer" ou "cake stylist", ao invés da BOLEIRA. Gente, concordo com elas, boleira é tão lindo, me lembra taaaaanto a minha infância ( e adolescência, e até trabalhando na GM a gente ía na boleira )!

Esses "cake designs" normalmente envolvem cobertura de pasta americana, e pra ser sincera, de muitos bolos com pasta americana que comi, só dois agradaram: os da Holandesa e o do casamento da Claudinha. Os da Holandesa são caseiros, ela toma maior cuidado com os recheios, adapta um pouco mais pro sabor brasileiro, e apesar de sequinho ( bolo com pasta americana não pode ser molhadinho, senão dissolve a massa ) é bem saboroso. O do casamento da Claudinha ainda figura na minha mente como um dos melhores bolos que eu já comi. Não sei onde ela comprou, se foi caro, se é algum cake designer famoso, só sei que no dia do casamento quase morri com o tamanho da fationa que eu tracei, e pra detonar ainda mais, no dia seguinte visitei a noiva e tracei outra fatia de igual tamanho ( shame on me ). Até as florzinhas de enfeite eu comi.

Desde bem pequena eu sempre fui fanática por bolos, e foi o que levou a minha mãe a se tornar uma excelente boleira. Quando eu comecei no jardim da infância, frequentemente tínhamos comemorações que requeriam que uma ou mais mães trouxessem bolo. Eu sempre voluntariava minha mãe, e o raciocínio era simples: a escola pedia bolo gelado empacotado em papel alumínio ( as professoras não precisavam cortar e podia ser guardado por algumas horas fora da geladeira ), e tinha muita mãe que tinha a cara de pau de molhar bolo Pullman em leite, embrulhar e pronto. Minha mãe fazia o bolo ela mesma, fazia um creme com leite-condensado e creme-de-leite para envolver os pedaços, e completava passando no côco fresquinho. Nossa, eu amava o bolo dela.

Já sabendo que pro resto da vida ela teria que fazer bolos "voluntariados", minha mãe fez um curso de bolos. O "chantilly" era sempre o mesmo, manteiga batida com leite-condensado, o que os cake designers hoje chamam de butter cream. Ele é delicioso! O recheio variava de acordo com público da festa, pra adultos era doce-de-leite com ameixas passa ( eu não gosto de ameixas passa ). Para crianças, especialmente no meu aniversário, era creme branco com pêssegos em calda, e no aniversário do meu irmão ( Julho ), o supra sumo dos recheiros: doce-de-leite com morangos!!! E o trucão fantástico dos bolos da minha mãe era molhar o bolo com leite, gente ficava de chorar de bom, bem molhadinho…

Quando ficamos mais velhos, minha mãe normalmente fazia os salgadinhos ( lembram-se que eu até já dei a receita da coxinha com massa de batata aqui? ) e acabava comprando o bolo, sempre de "boleiras". Nós tínhamos ótimas boleiras em São Bernardo, mas para passar no crivo da família, o bolo tinha que ser molhadinho.

O tempo passou e vieram as docerias com seus marshmellows, suas ganaches ( amo ganaches ), mas ainda acho que bolo bom mesmo é bolo de boleira, elas são imbatíveis.

Quando li o post no Rainhas pensei, putz é isso mesmo, que lindo comprar bolo na boleira, aquele bolo feito em pequena escala, no forno de casa, a renda que ajuda a comprar o uniforme do neto ( e já comprou os livros do filho ), aquele bolo vendido sem pesar, no olhômetro ( ô dona Sandra, capricha no recheio do bolo médio, hein! ).

E depois de tanto falar em bolo molhadinho, tô com vontade de aproveitar a temporada de morangos pra fazer um bom bolo recheado com morangos e ganache de Lindt ( já que aqui Lindt não é tão caro ), não ía ser lindo, povo? ( olha as banhas já felizes ).