terça-feira, junho 28

Há 20 anos


Eu estava no primeiro ano da faculdade quando levei o pé na bunda mais fenomenal da minha carreira "romântica". Chorei, sofri, e uma amiga ditou: só se cura um grande amor com outro. Você vai sair com alguém nessa sexta, era uma terça.

Naquela sexta íamos todos pegar as notas finais e sair pra comemorar, e não sei como acabou que essa amiga acertou de um colega de classe que morava perto de mim me pegar e depois pegá-la, assim iríamos todos num carro e "rachávamos" gasolina e estacionamento na balada.

A campainha tocou, abri a porta e lá estava ele, lindo, com um Verona dourado zerinho, todo sorridente. Meu sofrimento pelo ex acabou ali.

O rapaz era o M. e eu mal o tinha notado antes, eu achava até que ele namorava com a C., outra menina da nossa classe. Logo me disseram que a C. estava interessadíssima, mas que para o M. ela era só uma amiga. Acabamos ficando junto aquela noite e começamos um romance.

Vi quando ele contou pra C. que estávamos junto e vi como ela ficou chateada. Sei lá, fiquei com dor na consciência, e com certeza a menina me odiaria pro resto da vida.

Alguns anos depois fomos estagiárias na GM, eu na importação, ela na exportação. Foi um ano de crise, nenhum estagiário iria ser efetivado. Meu departamento me ofereceu uma vaga como terceirizada, que não era assim uma Brastemp mas era melhor que ficar desempregada com o diploma na mão. E pelo menos eu continuaria na GM, onde manteria meus contatos ativos.

No último dia de estagiária, recebi a notícia de que iriam me efetivar num outro departamento. Fomos 5 estagiários efetivados naquele ano, de mais de 100 estagiários. C. não foi efetivada, e na hora que meu supervisor de estágio me perguntou se eu tinha algum colega de classe para indicar, na hora o nome da C. me veio à mente. Sei lá, eu sentia que devia alguma coisa a ela.

A C. passou na entrevista, ficou como terceirizada alguns meses e manteve os contatos dela ativos, e logo ela recebeu uma proposta para ser contratada na engenharia. C. está na GM até hoje.

Ontem a noite nos encontramos no Facebook, e falando da nossa antiga turma, os contatos que ainda temos, as panelinhas que acabaram também se dissolvendo com o tempo, ela me disse que não manteve contato com praticamente ninguém e que eu fui a pessoa mais legal da classe.

Gente, ela não sabe o peso que me tirou das costas. Foram 20 anos pensando na rasteira que passei na moça. Ela ainda não casou, e eu muitas vezes me perguntei, será que o M. estava destinado a ser dela e eu interferi na ordem das coisas? Doidera minha, eu sei. O M. está casado, feliz, tem um filho, foi por anos meu namoradinho on-and-off, se tornou um grande amigo, viajou comigo e com o meu irmão, foi importante na minha vida.

E eu fiquei pensando. Foi um favor que eu fiz sem pensar, e que de alguma forma ajudou muito e transformou a vida de alguém pra melhor. Mas a maior surpresa da história toda é pensar que por 20 anos eu achei que a moça me detestasse e ela acabar me falando que eu fui a pessoa mais legal da nossa classe.

Fiquei feliz.

2 comentários:

Sheila disse...

Ah, nada como ouvir uma boa notícia , de vez em qdo, heim??

mara lucia disse...

dri pq a lolla fica te xingando no formspring dela toda hora?