Foi uma semana bem difícil essa.
Não adianta, estou aqui já há tanto tempo e ainda me vejo em situações que não entendo a reação de muita gente que me rodeia. Vou confessar, é difícil quando você tem que gerenciar gente que você muitas vezes não entende.
Hoje é o black saturday por aqui, a data em que grande parte do país coloca o pé na estrada com suas caravans, com seus bagageiros-caixões ( podem me dizer que é prático, mas eu não consigo deixar de visualizar um cadáver lá dentro ), a filharada, e vão pros campings da França, Itália, trabalhei com um que dirigia non-stop até a Costabrava na Espanha.
*** Ainda se o vampiro Eric tivesse ali dentro...***
Na empresa todo mundo querendo terminar o que era urgente, jogando pepinos pra cima dos poucos que ficam.
Tive algumas mini-crises. O senhor da "espionagem" viu que uma cerca no estacionamento quebrou, pegou o telefone de um fornecedor de serviços de reparos, chamou os caras na empresa e pediu cotação pra arrumar, assim do nada, como se fosse o quintal da casa dele. O fornecedor achou estranho, contatou a compradora dessa commodity, e a m. foi pro ventilador. Acabou que uma mulher do RH me ligou (agora, depois de 2 meses!) pra discutir as "limitações" do senhor espionado. Ela disse que ele tem uma condição médica e que dever ser considerado "simple minded". Não conheço, em português, significado para essa expressão que vi pela primeira vez na Holanda: simple minded, assim, em inglês. É a pessoa que não tem deficiência mental, mas também não é plenamente capaz. Eu sempre pensei que a pessoa nascia assim, mas como uma pessoa adquire "uma condição médica" e fica simple minded eu não sei. Hoje foi o último dia dele, o nosso departamento é muito cheio de riscos pra alguém assim.
E meu diretor está de férias, e o que o está substituindo não lida muito bem com pressão, e o departamento tá pior que uma panela Clock em fogo alto. Na terça feira eu passei tanta raiva, que chorei. Escondidinha no banheiro, sériamente influenciada pela TPM, mas chorei, de ter que rebocar a maquiagem. Um de vários problemas foi o do meu funcionário R. Na segunda ele me perguntou se ele podia sair de férias um dia mais cedo, ou seja, na quarta, eu concordei. Quando meu diretor soube mandou eu voltar atrás e dizer que o R. precisava ficar porque ía "podia" aparecer uma coisa urgente. O rapaz já tinha antecipado uma noite no B&B onde ele ía ficar, foi um xabu mas o rapaz acabou ficando. Na quarta feira ele estava lá as 9 da manhã quando recebe um telefonema: a esposa, grávida de 10 semanas estava no hospital porque o feto não tinha mais batimento cardíaco. Cês sabem, né? Informei o diretor e ele achou que o rapaz tinha que voltar depois do almoço. Levantei da sala sem nem responder.
Pra encerrar a semana tivemos a festinha de despedida de um dos diretores que está se aposentando. E já está falando em voltar a trabalhar na empresa como consultor. Me deprime isso. Uma pessoa chegar aos 62 anos de idade sem ter um plano pra curtir os anos que lhe restam, uma pessoa ter tão pouco pra fazer que até se enfiar num escritório 40 horas por semana seja melhor. Não entenderei nunca.
Então, já que nesse sábado todos vão e eu fico, pelo menos comprei minhas passagens pro Brasil-sil-sil. E a KLM aumentou as tarifas de novo. Agora, pelos 875 euros das duas ultimas idas, só se for com escala no insuportável do Charles de Gaulle, direto do Schipol maravilhoso, 932 euro contos.
Vamos ver se essa semana rola post sobre Cuba, quero ver se tenho ânimo de baixar as fotos.
sábado, julho 23
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
Leio sempre seu blog mas nunca comentei.
ADORO a maneira como você escreve. Simples, franca, direta, uma escrita que por maior que seja o post (não que seus posts sejam enormes, hein?) a gente não cansa de ler, quer ir até o fim.
Continue contando sua saga holandesa, adoro te ler.
beijo
Esse foi o preço que eu paguei saindo de Lisboa. A TAP está com umas tarifas muito sem vergonha!
Sobre o fato de o senhor de 62 anos querer continuar trabalhando, acho que isso é um fenômeno mundial: com a expectativa de vida aumentando, 62 anos, pra uma pessoa de boa saúde física e intelectual, é uma fase vigorosa, um senhor de 60 anos hoje é diferente de um de há 30 anos, que mais parecia esperar apenas a morte chegar. Por isso, acho muito natural que ele queira se sentir útil, produzir. Deve ser muito esquisito pra uma pessoa acostumada com uma rotina de atividades de repente sair pra morar numa praia e viver de brisa só porque tem dinheiro pra se aposentar bem. Talvez um mês, dois, no máximo, fosse interessante, mas depois, o tédio se instalaria. Penso eu. :)
No Brasil, todos os aposentados que conseguem voltam a trabalhar. Acho que a pessoa esta tao acostumada com a vida trabalhando, que é dificil deixar pra la. Conheço 1 pessoa no Brasil que aposentou (não queria) e por não conseguirem continuar trabalhando (a empresa nao quis), está com depressão já há alguns anos.
Qto a viagem, eu não consigo comprar por menos de 1000 euros, pq eu tenho medo de comprar a mais barata que nao da direito de troca de data, entao sempre acabo pagando mais caro.
Postar um comentário