Há tempos eu já me admiro da cara de pau holandesa com o tal do networking. Quando eu deixei a GM, eu e meus colegas trocamos e-mails particulares, prometemos nos comunicar para sempre, eu ganhei festinha com presentes, saí de lá me achando. Tudo bem que nos anos seguintes continuei em contato com 4 dos 15 colegas, mas até que o percentual não é mal.
Aqui na Holanda, o povo vai embora, manda aquele e-mail curtinho “bla blabla, foi ótimo trabalhar com vocês, aprendi muito, boa sorte, fui”, e nada de e-mail particular ou telefone. Aí, os que vão de mesa em mesa dar tchauzinho, antes de você ter oportunidade de pedir um telefone de contato, já tascam: a gente mantém contato pelo Linked in.
Linked in, taí o campeão de audiência com a holandesada. Na prática significa: ó, não faço questão de manter amizade com você, mas vamos nos conectar no linked in pro caso de um precisar do outro profissionalmente no futuro.
Networking, esse é o nome do negócio. Nem muito amigo, nem desconhecido, um útil contato.
Hoje, recebi um convite para um simpósio e tava lá: diner and networking, ou seja, o discreto fazer amiguinhos no jantar de negócios já foi escancarado para o “networking”.
Eu, véia que sou, ainda me admiro com essas objetividades todas, e sinto falta ainda do romantismo de achar que seu colega de trabalho vai sentir sua falta, que o jantar depois de um simpósio é só uma confraternização depois de um árduo dia de aprendizado.
E para terminar, povo brasileiro, vamos aprender a falar linked in, vi a americanada tirar muito sarro dos brasileiros na semana passada. Não é “linquedííín”, o certo é “línk’d in” – com esse d bem suave e nada tônico.
E já que eu falei da mania da holandesada no linked in, deixa eu falar da mania dos brasileiros no linked in, porque é que todos os pedidos de recomendação que eu recebi vieram dos meus contatos brasileiros? Porque é que a brasileirada recomenda tanto uns aos outros? Será que alguém vai lá e escreve: “Pedro Termio não é nada inteligente, e apesar de ser bem esforçado, não consegue acompanhar o ritmo de um escritório dinâmico. Na área pessoal, ele é estranho e obcecado com o facebook, checa a conta dele 4 vezes por hora. Só o contrite se for pra aquivista ou analista de almoxarifado”?
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