Acordei com aquela dor de cabeça gigantesca de dia atrás. Tomei meus paracetamóis de café da manhã, um banho longo, melhorou, eu vim pro tronco, Isaura que sou.
Old Fart, com joelho estourado e manquitolando, tirou a quinta e sexta passada pra ir velejar. Apesar das muitas preces silenciosas de váááárias pessoas, a oferenda caiu no mar e Iemanjá devolveu, logo, a criatura estava já aqui quando eu cheguei.
Eu nem sentei a bunda na cadeira, o chefe veio pedir um relatório, para o qual eu precisava de um update de todo o time. E ele pavoneando, mostrando a medalha pra todo mundo. É aniversário do colega ao lado dele. Aqui na empresa é costume colocar umas bandeirolas na mesa do aniversariante, assim todo mundo sabe da data e todo mundo vai cumprimentar. Todo mundo que vai cumprimentar o vizinho ouve: “me cumprimente também, eu sou campeão holandês de vela”. Vergonha alheia, muita. Há minutos vieram apresentar um funcionário novo e ele está lá, com a medalha no pescoço, dizendo pro coitado: “me cumprimente porque eu sou o novo campeão holandês de vela” – e o coitado do funcionário é mexicano! Tá pouco se lixando se o Old Fart é campeão de vela, choro, ou sumô.
Eu aqui, apuradíssima com o relatório que tenho que entregar, ele lá mostrando o filminho da premiação pela centésima vez pra outra vítima – com som alto, o que é proibido no escritório. Interrompi, fui olhada com cara de poucos amigos.
Aí ele veio me dar os dados que eu precisava, medalha no pescoço: você não me cumprimentou! E eu: ah, você realmente precisa do cumprimento, né? E ele: sim, preciso, preciso do tapinha nas costas e da massagem no ego.
Triste isso. Chegar aos 52 anos de idade precisando de massagenzinha no ego.
Sabem o que é o mais triste? É que eu não consigo dar a volta por cima desse cara. Não consigo trabalhar com ele, não posso “ainda” mandar o cara pastar, estou aqui empacada como mula. O pior é que eu sempre achei que eu fosse ser uma chefe legal, e eu me descabelo pra ajudar meus outros rapazes, se for preciso esconder um escorregãozinho aqui ou ali, eu o faço, tomo uns petelecos por causa deles vez ou outra, mas com o Old Fart, porque eu quero mesmo é que ele se ferre, sou exatamente a chefe que eu nunca quis ser.
Senhor, dai-me forças! Mas gente, vos digo: esse cara não é normal!
1 comentários:
Adriana...
De perto NINGUEM é normal... conforme-se!
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