Nevou a noite inteira, acordei e medi: na minha porta da frente tínhamos 22 cm de neve! Ainda tentei ir de moteeenha pro trabalho, mas a coitada não saía do lugar, só patinava. Vim pro trabalho com FH, de carro. Todos andando a 10 km por hora, povo empurrando bicicleta porque pedalar era impossível, na empresa, estacionamento vazio: todo mundo preso em congestionamentos. Feliz 2009.
Chegando no meu prédio, ninguém sabe se foi esquecimento ou mau planejamento, mas esqueceram de ligar o sistema de aquecimento do prédio com antecedência, justo nessa noite tão fria, e dizem que os que chegaram primeiro pegaram o prédio a 10 graus. Agora, ao meio-dia, está 16. É dificílimo digitar e meu nariz está escorrendo, todo mundo reclamando. Feliz 2009.
Aliás, todo mundo vem desejar feliz 2009, béstewense pra você também.
Pelas próximas 28 semanas posso me despreocupar com o meu empreguinho dos sonhos, ou quase. Apoiada pelo sindicato, a empresa entrou com o pedido de redução de jornada para o ministério do trabalho e o pedido foi aprovado. Durante 28 semanas ninguém pode ser mandado embora, e pelas primeiras 24 os funcionários da produção trabalharão apenas 4 dias por semana e receberão complemento de salário do governo. O que parece um “negócio da China” deixa, para os que se dão ao trabalho de ler o acordo, um gosto bem amargo na boca. É bem óbvio que depois dessas 28 semanas o pau vai comer. E feio. O acordo prevê que nessas 24 semanas a empresa subsidie, junto com o governo, a atualização profissional e treinamento dos funcionários. Ou seja, estão preparando torneiro mecânico pra ir trabalhar de padeiro, e pra bom entendedor um parágrafo basta.
Durante esse tempo, a empresa deve preparar um plano social para “o caso de” precisar reduzir o quadro de funcionários indiretos ( vulgo “nós” dos escritórios ). Mais um parágrafo para o bom entendedor.
Nessa hora, diz o bom senso que o melhor é pular do barco antes dele afundar, e muitos dos meus colegas estão, na calada da noite, procurando emprego. Um deles acabou de anunciar que está deixando a empresa. E é nessa que nós, imigrantes, nos ferramos ( se o Lula pode usar “sifu”, eu posso usar nos ferrar, certo? ). Com a economia a todo vapor, tem emprego pra todo mundo, mas com a economia a nenhum vapor, cabeção só quer contratar lourão batavo, imigrante que se lasque. Portanto, procurar outro emprego, pelo menos para mim, está fora de questão. E aí fica aquela coisa triste da gente torcer para os colegas de trabalho lourões se darem muito bem e arrumarem empregos fantásticos, assim você vai ficando. É péssimo “ficar” porque sobrei, se é que vocês me entendem. Mas pensando bem, é melhor ficar porque sobrei do que não ficar, certo?
Aí você pensa, poxa a Adriana não se garante. Não é isso meu povo, mas convenhamos, eu sou a que entrou por último, eu não falo holandês, eu sou a estranha no ninho. O negócio é esquecer orgulhinho besta e dane-se se eu fiquei porque sobrei ou porque sou um gênio.
E o clima continua ainda pesado, redução de custos de todos os lados, projetos devagar quase parando, produção "still" por 1 mês. Em paralelo, a empresa anuncia distribuição extra de dividendos para os shareholders. Acho lindo segurarem o valor das ações da empresa, mas será que não dava pra re-investir esse valor na empresa ou aumentar as reservas de caixa? Vai ver que eu é que não entendo nada mesmo.
Enquanto isso, comenta-se a boca bem miúda que uma automotiva francesa vai parar a produção nas principais fábricas européias por 5 meses. Gente, vocês não fazem uma idéia da tragédia que isso representa, serão 5 meses de fornecedores sem receber, muitos vão quebrar, tenho certeza. Para confirmar o boato, um colega foi ao dealer dessa marca e tentou encomendar um carro, e estão aceitando pedidos personalisados só para o mês de outubro. Mêda, muita mêda.
Mas... depois das minhas férias relaxantes, estou me convencendo a não arrancar-me mais os cabelos. Até o meio do ano o ganha pão está garantido, e se o pior acontecer depois disso, parece que recebemos 70% do último salário como ajuda-desemprego, preciso pesquisar pra ver se é isso mesmo. E daí tenho esse ano pra procurar um outro emprego, o que não é legal mas também não mata.
segunda-feira, janeiro 5
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2 comentários:
Dri, nos primeiros dois meses você recebe 75 por cento, depois vai para 70 por cento, mas atenção, eu não me lembro quanto tempo você trabalha aqui, se você trabalha aqui por menos de cinco anos, você só vai receber por três meses, depois disso tem que pedir o bijstandsuitkering, e as regras são complicadas pois você tem casa própria e tal, então não sei se você teria chances de receber - e mesmo se fosse o caso, é só tipo 640 euros por mês. Sim, eu infelizmente já precisei pedir o seguro-desemprego, por isso conheço as regras. Aqui você pode encontrar mais informações, www.werk.nl , mas vamos torcer para que não seja necessário! Eu se fosse você tentaria pular de barco sim, o problema é que você está numa área muito atingida pela crise , porém colocar seu CV nos Monsterboard, Intermediair, LinkedIn etc da vida não faz mal nenhum. E beste wensen para todos nós!
Feliz Ano Novo Dri!
Putz, que legal a sua analise do Brasil.... Estou sem ir para la' ha' dois anos....
...
Well... nem preciso escrever ne' que a situacao ta' preta por aqui....
Beijos,
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