domingo, maio 27

Em Passárgada

Queridos leitores, estou de férias, logo volto com as minhas maluquices. 

segunda-feira, maio 14

Alô criançada o Bozo chegou, trazendo alegria pra você e o vovô...

Ontem, no lindo dia de sol que fez, Old Fart tinha planejado um dia velejando – uma competição. O time dele ganhou a competição e quando um dos nossos colegas ligou para felicitar, estavam todos os “campeões” comemorando com litros de goró – que tipo de goró não sei.

Hoje de manhã, enquanto eu adentrava a empresa quase as 9 da manhã, recebo um SMS: Estou doente e não vou à empresa hoje. Algo está errado com o meu corpo, com o meu estômago. Nada pára dentro. Estou mandando o formulário de “call in sick” pro médico da empresa. Até mais, Old Fart.

E fica assim, ele finge que a ressaca é desarranjo estomacal, eu finjo que acredito que não é ressaca pela comemoração alcoólica até altas horas da noite e ficamos todos assim, nessa palhaçada só.

Então tá.

Cadê meu nariz de palhaço?

quinta-feira, maio 10

É legal coçar o saco?

A Holanda tem uma empresa apenas que faz carros. No passado ela já foi parte do Grupo DAF, depois da Volvo, agora é da Mistsubishi. Essa empresa está indo muito mal há anos, a situação ficou dramática há 2 anos e há alguns meses, eles declararam concordata. Há dois ano, num plano de cooperação regional, minha empresa contratou, como terceirizados alguns funcionários dessa empresa, afinal, quase sem projetos ou produção, eles não tinham o que fazer.

São ótimos colegas, o funcionário dos sonhos de qualquer gerente, chegaram foram treinados 1 semana – estão praticamente 100% integrados.

Sempre me intrigou esses funcionários, pois eles não são obrigados a trabalhar como terceirizados, foram todos voluntários, ou seja, poderiam estar sentados nos seus escritórios vazios, lendo, jogando poker, internetando. No entanto, escolheram vir pra cá, aguentar rabo de foguete, uma pressão dos infernos, muitas vezes horas extras que eles nem recebem. E fazem tudo isso sem ganhar um tostão a mais da empresa original deles.

Um dos meus funcionários faz parte do departamento financeiro de lá, então ele tem que voltar a cada 2 semanas por um dia para dar uma olhadela em certos reports e documentos. Ele diz que o ambiente é tão depressivo que depois de duas horas no escritório, ele começa a se sentir mal, tenso, dores no corpo. Os colegas dele que ainda estão por lá realmente não tem mais nada o que fazer, 80% do pessoal está terceirizado em outras empresas, os que ficaram resolvem um probleminha aqui outro acolá, mas no geral ficam ali, olhando pro teto o dia todo. Perguntei se esse pessoal não podia pelo menos ficar em casa, mas o acordo é que aqueles que não aceitasse emprego terceirizado teriam que comparecer à empresa todos os dias ( senão ninguém ía ser voluntário para terceirização, todo mundo ía querer ficar em casa vendo Oprah ).

Um dos meus senhores era lá gerente nivel 16, aqui ele está como comprador nivel 14 ( mas claro que continua recebendo o salário de gerente 16 dele ), e está feliz da vida, diz que prefere mil vezes as pendengas daqui a olhar pro teto lá.

Eu confesso que por vezes me pego invejando os carinhas que não tem pressão, não tem que trabalhar 10 hrs por dia, mas já pensaram, dia após dia sem ter um e-mail pra resolver, um telefonema pra atender, esperando dar 5 da tarde pra ir embora? Deve ser enlouquecedor.

sexta-feira, maio 4

#ThankYouGame

Aos 12 anos eu estabeleci um projeto de vida, e passei as próximas 2 décadas perseguindo aquele objetivo. Chorei muito, me desesperei mais ainda, e atingí-lo parecia-me muito, muito, muito mais que impossível.

Na última década eu consegui realizar o tal projeto de vida. Nunca tive, nem aos 12 anos, a inocente idéia de aquilo fosse ser suficiente pra me manter feliz pro resto da vida. Sonhos, projetos, objetivos foram sendo traçados, alcançados, teimosa que sou não consigo lembrar de nenhum do qual eu tenha desistido. Continuo vivendo minha vidinha feliz ou infeliz, como todo mundo.

Mas ainda me admiro, diáriamente, de ter conseguido realizar aquele primeiro projeto, sonho, objetivo, loucura, como queiram chamar. Por vezes, quando estou desanimada ou frustrada com alguma dificuldade, lembro-me de como aquele primeiro objetivo me parecia impossível e como hoje é realidade, e como isso me faz imensamente feliz, a cada minuto do dia. E me lembro então que o conquistado é sim tão bom quanto eu sempre sonhei, e que era sim, tudo o que eu esperava e talvez mais.

Isso me motiva a não desistir, mas também me dá conforto, porque a coisa mais doida que eu ousei querer, eu consegui.

Via twitter, a Oprah convidou os fãs dela a agradecer uma pessoa por dia. Eu hoje vou agradecer a mim mesma, porque eu desejo alto, mas eu não esmoreço na batalha pra conseguir o que quero ( e comigo é sempre uma batalha, eu não tenho a sorte de conseguir as coisas de mão beijada, infelizmente ), e eu tenho o bom senso de apreciar, um milhão de vezes, o conquistado.

Eu tenho muito a agradecer a muitos, mas Adriana, obrigada!!! You are awesome!

quinta-feira, maio 3

Pra quê facilitar se dá pra complicar?

Se há uma coisa que eu admiro, é a capacidade dos americanos de inventar coisas práticas. Do ponto de vista empresarial, eu entendo que tudo dá lucro nos EUA, visto a renda per capita mesmo em época de crise, o tamanho da população e a cultura consumista deles. O empresário investe, mas o retorno desse investimento é certo e rápido, modelo que não se aplica a outros países menores, com menor capacidade de consumo e o pior: menor DESEJO de consumo. É o caso da Holanda, não só o povo não tem o hábito de comprar, eles tem essa cultura calvinista que tudo que é prático é ruim, é coisa de preguiçoso. Deixa eu dar uns exemplos que eu estava discutindo ontem com meus colegas de trabalho.

Eu estou seguindo a dieta low carbs da South Beach. Claro que quero perder peso, mas a motivação de ficar na dieta é que não tenho mais crises de dumping, que são comuns em gastroplastizados. O ponto fraco dessa dieta é que você mora na cozinha, tudo depende de você cozinhar. Tente imaginar o seu dia-a-dia sem pães, sem snacks rápidos. O café da manhã acaba sendo ovos todos os dias. O almoço tem que ser picado, tem que ser armazenado, tem que ser trazido pro trabalha em “marmitinhas”. Isso acaba matando sua dieta, o dia que você está atrasada acaba não trazendo a salada e no almoço cai nos sanduíches ( lembrem-se que aqui na Holanda só se come pão no almoço, nada de restaurante por quilo ). Nos EUA existem várias linhas de produtos low carbs, aqui na Holanda só chegam os da Atkins, e mesmo assim alguns. Nos EUA tem wraps low carbs da South Beach, já imaginaram, de manhã poder fazer uma wrap no café da manhã? E tem refeições prontas, e marinadas pras carnes, é tudo tão prático! Quando fiz Vigilantes, aqui do lado na Belgica tem as refeicões congeladas dos Vigilantes, a maioria bem saborosinha, mas aqui necas! Meus colegas dizem, mas ah – que custa você grelhar um franguinho e lavar umas folhas de alface? Mas gente, todos os dias a mesma coisa, isso pro gordo é um martírio. E o gordo fica procurando desculpas pra furar a dieta, não ter nada pronto na geladeira é desculpa numero um, mas se tem lá o negócio só pra tacar no microondas, não tem desculpa!

Caso numero dois. O Plato só faz cocô em banheirinho completamente limpo, ou seja, se eu limpo antes de sair de casa e o irmão, ou ele mesmo, usam o banheirinho, quando ele precisar fazer cocô, faz no chão. Já instalei 3 banheirinhos um do lado do outro, já mudei de areia, nada ajuda. Googando vi que meio mundo tem esse problema com gatos frescos, e nos EUA resolve-se o problema com o banheirinho auto-limpante. É uma engenhoca que tem um sensor que 10 minutos depois do gato usar o banheirinho automaticamente passa um rastelo embutido e empura o xixi ou cocô aglomerado pela areia pra dentro de um recipiente fechado. De dias em dias você limpa esse recipiente. Meus colegas acharam o fim da preguicite aguda a tal engenhoca, mas digam aí, quem gosta de limpar cocô de gato? Mas a vantagem pra mim seria que o banheirinho estaria eternamente limpinho, resolvendo o meu problema. Se pode facilitar, porque não? Mas não só vendem nos EUA e limitadamente no UK.

A esposa do Old Fart se deu de presente aqueles robôs aspiradores de pó. Acontece que eles tem 2 cachorros e a casa vivia cheia de pêlos, e ele veio aqui contando que a maquineta realmente funciona, que a casa está agora perpétuamente sem pêlos, eles nem vêem o negócio funcionando. Digam aí, não vale a pena, sua casa sempre sem um pózinho no chão? ( só quem tem gato ou cachorro peludo é que sabem ). Mas vocês precisam ver o que tiraram o sarro do cara… todo mundo acha um enorme disperdício. É caro, eu sei, mas assim que eu conseguir convencer o marido… terei um também!

Eu estou obcecada pra colocar grama artificial em casa. Aqui tem umas que eu juro que você não diz que é artificial, eles colocam até uma areia especial no fundo pra dar mais realismo ao negócio. Agora vejam a praticidade: você não precisa gastar hóóóóras cortando a grama, nem aerando o solo, nem catando as malditas ervas-daninhas. Sem falar também que todo ano é um tal de comprar cal, a cada 3 meses fertilizante, e sementinhas, e produtozinho pra matar o musgo, é a maior grana! E água no verão? Todos os dias ligar aquele negócio de aguar o jardim, pelo menos 20 minutos, água é super caro na Holanda! Ah, mas foi só eu mencionar aqui e virei piada, a brasileira que veio pra Holanda pra ver flor de plástico ( flores não, mas grama, porque não??? ). Mas Adriana, que trabalho é ir lá jogar umas sementinhas, dar uma podadinha, não é trabalho nenhum, é hobby! Hobby os carambas, quero ver neguinho se queimar todos naquela erva que queima e vir me dizer que adora o “hobby”. Quebrar as costas catando erva-daninha no chão… Afeeee…

Em casa, estamos aos poucos adicionando praticidades à nossa vidinha. Temos já 3 aspiradores de pó, um em cada andar. O aspirador vertical sem fio foi tão bem aceito que estamos pensando em comprar pelo menos mais um, assim que sair na promoção. Já somos usuários do combo lava roupas / secadora, além de não precisar pendurar roupa no varal, tem um módulo secar a vapor que deixa as roupas de malha e jeans prontas pro guarda-roupa. Meu ferro quebrou em outubro do ano passado e ainda não comprei outro. Vamos agora trocar nossa lavadora e secadora por modelos de 8 kg ( a nossa é de 5 kg ) que dará exatamente para as roupas de uma semana, e de quebra tem um sistema de vapor melhorado que promete “alisar” outros tipos de roupa também.

O sonho dourado de voltar a ter uma empregada parece que vai ficar só mesmo no mundo dos sonhos, então eu TENHO que facilitar a minha vida. E pensar que lá em São Paulo, inconformadas com a escassez de empregadas domésticas, a classe média já está importando empregada do Paraguai. Achei ótima a idéia, você tem ajuda em casa, ajuda essas moças a sustentarem suas famílias pobres, e de quebra cria seus filhos bilingues J.

Bom, tcheu ir cuidar da vida que neguinho pra vir fazer meu trabalho, ou maquininha, isso eu ainda não achei.

quarta-feira, maio 2

Loucos muito peculiares

A Holanda tem um tipo muito peculiar de louco, eu sei lá se tem nome isso, mas eu chamo de louco Sheldon ( Sheldon, do big bang theory, um dos meus seriados favoritos ).

Lembram-se do vizinho que estacionou na minha garagem pra “prove a point”? Então.

Eis que na semana passada chego em casa razoavelmente cedo, antes do marido, e a vaga dele estava lá vazia, mas como eu estou realmente tentando evitar confusões, estacionei nas vagas para visitantes na rua do lado. Chovia cântaros, eu estava cheia de sacolas, fui praguejando debaixo de chuva. Uma meia-hora depois, vi pela janela que algum outro vizinho tinha estacionado na tal vaga “dele”. Como sou boazinha mas má, muito má, achei é muito legal que ele ía chegar e se deparar com outro carro, debaixo de chuva. No dia seguinte, estou saindo pra trabalhar, caía uma garoa fina, eu de guarda-chuva, estou na porta do carro quando ouço alguém me chamando, era o vizinho. Ele foi logo dizendo: não entendo porque você quer ser tão “associal”, você tem sua garagem, porque é que você insiste em estacionar na rua? Novamente eu fiquei sem vaga e tive que estacionar lá na outra rua de trás.

Gente, eu vi estrelinhas. Respirei fundo: meu senhor, vou falar em inglês pra ter certeza que vou me expressar bem, ok? O senhor precisa, urgentemente, de tratamento psiquiátrico. Urgente. Eu tenho tanto direito quanto você de estacionar meu carro em qualquer vaga pública, onde eu bem quiser. Se você acha que meu carro está estacionado em lugar inapropriado, sinta-se livre pra chamar a polícia. Eu, com certeza, irei a polícia ainda hoje fazer uma ocorrência, porque você obviamente não está no seu julgamento normal e eu agora temo que você vá tomar alguma atitude contra mim, meu carro ou minha casa. E eu achei que o cara fosse se calar, ou se desculpar, mas não, eu fui embora com esse louco ainda falando que não custava nada eu estacionar na minha entrada de garagem, que nós tinhamos 2 carros e ele só um… e blablabla e eu fui embora com o cara lá tagarelando. Louco de pedra.

Aqui na empresa temos outro(s) louco Sheldon. Tem um fulano que todas as manhãs, faça chuva ou sol ou neve ou tempestade de pólen, vem de bicicleta. O bizarro é que o cara tem uma mountain bike, vem com aquelas roupinhas de lycra brilhante para ciclistas, e todos os dias ele registra a entrada e vai pro fumódromo fumar um cigarrinho. É bizarro aquele cara com a maior pinta de Armstrong fumando feito um condenado. Eis que na semana passada, o cara chega pra estacionar na vaguinha costumeira dele e encontra, pela terceira ou quarta vez, outra bicicleta estacionada ali, ele não hesita e deixa uma cartinha: prezado colega, há 22 anos, faça chuva ou sol, eu venho de bicicleta e estaciono aqui. Agora que o tempo está melhorando, nas terças e quintas eu encontro sua bicicleta estacionada no lugar onde eu sempre estaciono, por favor procure outro lugar porque esse é meu há anos. Obrigada. O engraçado é que até os holandeses estranharam esse louco Sheldon, porque alguém tirou foto da cartinha, imprimiu e colocou no quadro de avisos do restaurante com a pergunta: Isso é normal? Nossa, choveram bilhetinhos com piadinhas colados no lugar.

Outro louco é o nosso Forest Gump. A empresa tem o sistema de flextime, e pra evitar papelzinho pra cima e pra baixo com horários, tem uma maquina no hall que lê nosso cartão magnético na entrada e na saída, a versão moderna do relógio de ponto. Nosso Forest é um cara que chega no fiofó da manhã, estaciona o Insignia dele bem em frente a minha janela e as 15:29 fica em frente ao relógio do hall esperando dar 15:30. No segundo que o relógio vira, ele bate o ponto dele e corre, eu repito, corre, até o carro dele. Daí o apelido Forest Gump. Ele pega o carro e sai com um louco, tudo isso para evitar o congestionamento no portão da empresa, porque trouxa que trabalha até tarde como essa que vos fala, aqui é raro, o normal é esse povo que trabalha o estritamente necessário. Dia desses um colega precisou chamar a Carglass pra reparar uma trinca no vidro dele. A Carglass vem com uma van e estaciona a van perto do carro a ser reparado, e a nosso pedido, fez isso bloqueando o carro do Forest. Aí o homem veio correndo, todo mundo na janela, quando ele viu a van quase teve um ataque. O motorista, muito educado, pediu desculpas e foi estacionar em outro lugar, mas teve antes que recolher a máquina secante que estava no chão, colocar na mala da van, fechar a mala da van, a gente achou que o Forest Gump fosse infartar. A corridinha do Forrest é tão engraçada ( e deprimente ) que chegou até aos ouvidos do diretorzão member of the board, e outro dia ele veio aqui na minha mesa assistir o “espetáculo” e concordou com a gente que é meio deprimente mesmo, o cara correndo pra sair da empresa o mais rápido possível, com o casaquinho balançando ao vento e a lunchbox na mão.

Outro holandês louco não se encaixa na categoria louco Sheldon, acho que vou inventar outra categoria: o louco Patinhas. Pois então, essa é um holandês conhecido da gente, estudou com o Bart. Tudo, absolutamente tudo que ele tem é de segunda mão, é reaproveitado, é garibado. Eu entendo quem não tem muitos meios financeiros apelar pra uns móveis usados em boas condições, ou comprar uns livrinhos usados para as filhas no dia da rainha, mas esse cara é demais. Primeiro: ele não precisa, ele ganha bem, a esposa idem. Segundo: tem gente que gariba móveis, ou outros cacarecos por hobby, o cara não, é evidente pela constante reclamação dele que ele não gosta. Semana passada ele decidiu dar bicicletas às filhas de 4 anos. Podia ter ido a qualquer loja de segunda mão e comprado duas bicicletas usadas, afinal dizem que crianças perdem bicicletas que nem perdem sapatos – eles ficam grandes pras bicicletas, mas segundo ele – as lojas dão uma garibada nas bicicletas e cobram uma fortuna pela garibada, logo ele ia comprar duas bicicletas no marktplaats e garibar ele mesmo. Aí passou-se a semana de reclamações via Facebook, pneus carecas, nova mão de pintura, breques, resumindo: as bicicletas precisaram ser reconstruídas. Aí ele posta foto das duas bicicletas marromenos com o comentário: uma semaninha de suor depois do trabalho e economizei 70 euros. E eu só consegui pensar: DAFUQ???? Tudo isso pra economizar 70 míseros euros???

Queridos leitores, vos digo: o Charcot ( googuem aí ) é aqui!

terça-feira, maio 1

Da redondice do ser

Ontem foi dia da rainha, um mini-feriado prolongado pelas bandas de cá. Como eu não sou mesmo de sair e festejar, me propus a fazer um daqueles álbuns de fotografia online para a minha mãe, já que o dia das mães está chegando.

Escolhi o site com melhor custo benefício ( Kruidvat ), baixei o software e aprendi os macetes básicos ( não, não é super fácil, ao contrário do que dizem ), e comecei a escolher as fotos – a proposta do álbum é fazer uma coletânea das nossas viagens, a começar pela lua-de-mel.

Ver minhas fotos no spam de 10 anos foi interessante. A primeira constatação é que ainda ( bate na madeira três vezes ) não enruguei muito, acho que estou bem apesar da minha avançada idade ( cof cof cof ). Outra coisa positiva é que apesar de eu estar acima do peso, estou obviamente estacionada a 7 anos, e constatei isso porque ainda tenho o jeans que usei nos EUA em 2005 e ainda me serve bem.

Agora vem a parte ruim. Se há anos eu vivo nesse lenga-lenga de que preciso emagrecer, agora é oficial: só serei feliz se emagrecer 9 quilos. Meu objetivo é voltar ao corpo que eu tinha em 2003, na minha viagem para Roma com o marido ( quem quiser ver foteeenhas, tá no facebook, meu perfil é público ).

Mas Adriana, você fala nesse negócio de dieta e Low carbs e bla bla bla há anos… Exatamente, e isso é que está me deixando pissaroca da vida, o chove não molha. Emagreci o que engordei depois da hospitalização e tratamento para a anemia, mas estagnei. Não, não vou choramingar que meu organismo retem liquidos, que eu emagreço devagar e tantos outros mimimis “totally lame”.

Eu sei do que preciso: 3 meses de dieta low carb ferrenha aliada a pelo menos uma hora diária de um exercício físico. Depois, manutenção com uma dieta low carb um pouco menos ferrenha e exercícios moderados. Simples assim.

E é aí que a porca torce o rabo. Se às vezes eu me surpreendo comigo mesmo com toda a minha dedicação e persistência em outras áreas da minha vida, essa do regime me faz  sentir um fracasso total. Eu me pergunto mil vezes: porquê? Porque é que as contrariedades da minha vida não me vencem ( tentar vencer no mundo corporativo sendo mulher e imigrante, ser casada com um estrangeiro e todas as diferenças culturais que isso traz, viver longe da família e ver os sobrinhos lindos crescer tão longe de mim ), mas resistir a um simples pacote de cookies é uma montanha intransponível?

Fui uma criança magrela até os 5 anos, aliás, venho de uma família magrela, então onde foi que o trem descarrilhou? Foi algum trauma? Estava tentando agradar a minha crítica mãe? Foram as vitaminas mastiguinhas ( quem mais aqui tomou? )?

Bom, agora que eu desabafei, peço desculpa por mais um post de gorda-atormentada. Gente, gordo e gordo de regime são a turma mais chata da paróquia. O gordo ( eu ) é chato porque só reclama, quando a única coisa que adianta mesmo é fechar a boca e mexer a pança. O gordo de regime ( eu, most of the time ) é mais chato ainda, porque só fala dessa coisa insuportável que é regime – e muitas vezes esquece o que o levou a precisar passar fome, e fica discorrendo sobre a maravilha e a facilidade que é fazer regime x, y ou z.

Como eu costumo dizer, gordo é um trem estranho. A obesidade é a droga e a cura. Os quilos extras são a doença, o vício, a droga ao qual a gente não consegue dizer não; a cura é a alegria incomensurável de perder esses quilos, a vontade de sair gritando nossa felicidade ao mundo cada vez que a balança baixa 1000 gramas. Ou 500 gramas. Ou qualquer graminha mísera.

Nessa incarnação estou pagando o karma de umas 10 juntas. Devo ter sido um daqueles glutões em alguma corte real no passado, por várias encarnações.

Só tenho uma coisa a dizer: banhas, vocês não hão de vencer!!!!! Eu acho…