domingo, fevereiro 28

Huispak

Hoje teve furacão aqui na Holanda, ventos de 87 km/h em Eindhoven, assustador. Sei lá, mas é uma delícia ficar enfurnadinha em casa quando o mundo tá desabando lá fora. E eu dei mais um passo rumo à holandeização. Triste isso.

Tirei o pijamão, tomei meu banho, olhei pela janela pra ver as chances da tempestade passar, vendo que eram nulas, tirei minha roupitcha nova da embalagem: meu primeiro huispak.

O que é um huispak? A tradução seria "terno de casa", mas é um conjunto de calça e blusa tipo conjunto de moleton no Brasil. O mais comum aqui é de um tecido aveludadinho e vende em tudo quanto é canto. Resisti o quanto pude, porque até a Gisele B. parece um rinoceronte em tecido aveludadinho, mas achei um conjuntinho por 6 euros no AH. Comprei. Uma cor beringela medonha. Até que a idéia não é ruim, você fica quentinha em casa, confortável e razoavelmente apresentável.

Daqui a um tempo colegas, estarei cortando o cabelo curtinho, pintando de ruivo-mogno e arrepiando tudo com um quilo de gel melequento. Fazer o quê, em Roma como os romanos!

quinta-feira, fevereiro 25

Mea culpa

Escreverei aqui o que acabei de escrever num e-mail pra cumadre Holandesa: sou mesmo uma invejoooooosa!

Mas como não ser? Cumadre Holandesa está em Orlando, O-R-L-A-N-D-O, estava hoje indo pro Magic Kingdom, e eu estou aqui, me afogando de tanta chuva em Eindhoven. Tamo assim quase uma ilha da Madeira por aqui.

Aos poucos estou sendo treinada para a próxima função, acho que com o tempo a gente vai achando o rumo. Ontem no treinamento estávamos o francês, eu e um holandês razoavelmente jovem e não tão experiente falando sobre como chegar no cara que até a semana passada era seu colega e agir como o chefe? Eu e o francês estamos ultra-cautelosos, mas o holandês já foi rasgando o verbo: ué, eu falo e eles seguem. Quero só é ver ele cair do cavalo, chefe mandão é insuportável.

A desvantagem é que eu me sinto na obrigação de deixar os rapazes escolherem as férias, e eu escolho depois nos intervalos que sobrarem, só falei que as 3 semanas no fim do ano são sagradas, e como eu não posso sair ao mesmo tempo que nenhum deles, acabei perdendo todos os feriados bons. Tudo bem que eu ainda nem sei o que fazer, mas nem vai dar pra esticar os dias como eu planejava.

E vejam, no quesito viagem à negócios eu não dou sorte, e mostrando minha inveja novamente, vê se eu arrumo business pra fazer em Orlando... Necas, acho que vou ter que voltar pra Turim, e olha, a cidade nem é tão ruim, mas o fornecedor, minha gente sei não se o cara não tem ligação com algum mafioso, viu... o ambiente é péssimo! A empresa tá mal das pernas, o cara fica mentindo, levou a gente pra almoçar numa praça da alimentação de um shopping xexelento, e o tal banheiro de furo no chão... Vou levar um penico!

terça-feira, fevereiro 23

Novidades velhas

Então, vocês tão vendo que eu tô apertada de costura, né? Tô até zonza de tanto trabalho.

Sábado passado passei por mais um "minha primeira vez na Holanda" e essa primeira vez foi um aniversário de criança. Olha, foi totalmente diferente do que eu esperava!

As conversas que eu ouço a respeito de aniversário de criança por aqui são tenebrosas, tipo servir uma panqueca com ki-suco, cantar parabéns e pronto, ou gente que serve o tal frikandel ( carne de algum bicho misterioso, misturado com coisas misteriosas, moldado no formato duma salsicha ressecadíssima ) e mais nada.

Pois então, o babado foi assim, a festinha era num lugar que é um galpão com muitos daqueles brinquedos de subir, escalar, escorregar e cair em piscina de bolinhas. O que eu achei ótimo é que tinha divisões por idades, assim os bebês não eram pisoteados pelos maiores. Os brinquedos me pareciam bem bons, atraentes mesmo, altos, com bastante lugar pra se enfiar, até eu fiquei com votade de tentar ( mas a bunda ía entalar no escorregador ). Tinha ainda uma parede de escalar e algumas televisões com video games. Acho que a criançada se divertiu bastante.

Pros adultos, havia uma mesa bem comprida feita pela "juntação" de várias mesas, e no meio potinhos com umas fichinhas que a gente trocava num balcão por bebidas. Notei que eles serviram também umas jarras com suco, mas não sei ao certo do que se tratava. De tempos em tempos traziam uns pratos com salgadinhos, e apesar de serem típicos holandeses que não chegam aos pés das nossas coxinhas, empadas e quibes, estavam muito muito muito bons, eu tenho problemas com pimenta, e por se tratar de festa infantil foram espertos e fizeram tudo sem pimenta, mas saboroso. Thumbs up. Aí a mãe trouxe o bolo. O parabéns foi cantado, o bolo cortado e consumido ( eu comi uma fatia que devia pesar meio quilo ). Já no fim da festa, vieram com sacos ( punt ) de batatas fritas com ou sem maionese, e pra falar a verdade, eu que achei que batata frita no fim de festa seria estranho, adorei, caiu super bem depois da fatiazona de bolo ( manja a desculpa de gordo que come salgado para rebater o doce e vice-versa ). Não sei se demos sorte do lugar ter acústica boa ou de ter pouca gente, mas deu pra sentar numa boa e bater papo com as comadres, bebendo coca e comendo salgadinho.

Olha, eu amo aniversários brasileiros, mas tenho que comparar. Pros meus sobrinhos já foi feito em buffets e também em casa. Em buffets é um absurdo a grana que vai. É tudo super confortável, num bom buffet tem comida a dar com pau, bebidas a vontade, dependendo da "chiqueza", sala separada para os adultos com whisky e outras bebidas caras, mini-disco, monitores, palhaços, e fui num em Moema que tinha um trem! Mas repetindo, vai uma grana preta. Fazer em casa dá um trabalho fenomenal, na minha família era um tal de chamar as tias pra dar formato nos salgadinhos, a vizinha pra enrolar brigadeiro, ir sei lá onde pegar o bolo encomendado… e depois da festa eram dias limpando. Melhor um pouco se fosse no salão de festa do prédio. Aqui foi o intermediário, penso eu, não deve ter pesando tanto no bolso dos pais, não deixou a casa em pandarecos, e todos os convidados tiveram uma tarde agradável.

Quem sabe não é uma idéia pra se lançar uma opção mais razoável no Brasil também? Porque fala sério, outro dia vi uma blogueira falando em festinha de buffet de 7 mil reais, que grana minha gente!!!!

sábado, fevereiro 20

The best of all times

sexta-feira, fevereiro 19

Isso é a Holanda!

Eu encomendei um presente na Wehkamp. Fiz a encomenda e escolhi para entregarem hoje no periodo da noite, que vai das 18:00 às 21:00. Cheguei em casa 17:55 e o entregador já tinha passado.

Liguei para a Wehkamp para reclamar, afinal 17:55 não é 18:00, e o atendimento ao consumidor diz: o entregador pode ter ido um pouco mais cedo porque assim ele teria tempo de jantar com a família, afinal entregador é gente também.

Cuma?

Isso meu povo, é a Holanda!

quinta-feira, fevereiro 18

O tempo passa, o tempo voa...

Hoje é o aniversário do S., o bebê da Holandesa. Puxa, foi tão rápido! Parece outro dia mesmo que ela ainda tava grávida. Encomendei o presente do S. e deve chegar hoje, a Holandesa vai me odiar, mas o S. vai amar o presente!

Ontem a minha promoção foi anunciada e foi bem recebida. Eu gerenciarei 3 colegas e duas vagas abertas ( semana que vem tem um candidato ). Eu só posso começar as tarefas "gerenciais" quando essa pessoa for contratada, assim eu passo meu portfolio pra alguém. Todo mundo tá preocupado com a vagareza com qual se contrata gente aqui, eu estou duplamente preocupada. Eu e Bart íamos sair pra comemorar, mas confesso que a morte da Ali me deixou deprê demais pra sair e fazer festinha, fui é pra debaixo das cobertas ler quietinha, com meus meninos sempre à vista.

Estou ainda cansadaça da viagem à Torino. Ah, falei que eu fui domingo pra Torino? Então, viagem via Paris Charles de Gaulle é sempre uma merda, é a pior conexão da Europa. Em Torino eu andei feito uma condenada pra ver os palazzos da cidade, que são lindos. O centrinho também é bonito, mas de resto é o Brás, a Moóca, o Bixiga, tudo bem feinho, sujinho, fiação pra todo lado. O fornecedor também era bem xexelento, e eu fiquei o dia inteiro sem nem fazer um xixi porque o banheiro da empresa era aqueles com um buraco no chão, que eu não sei usar e morro de nojo.

A somatória de 4 horas andando sem parar no frio em Torino, a andação no aeroporto de Paris puxando a bagagem de mão, o dia inteiro em pé no fornecedor, foi a maior dor nas pernas que eu já tive, as costas em farrapos, e a certeza de que eu preciso ir fazer qualquer atividade física djá!

E pra encerrar, já que eu não tô falando nada com nada mesmo, que legal a comissão de frente da Tijuca! Fiquei pausando no youtube pra ver se eu entendia o truque, mas que nada, tudo perfeito! Ruim é a narração da Globo, senhor!

quarta-feira, fevereiro 17

Minha siamesinha brasileira


Ali, minha siamesinha brasileira faleceu ontem, na casa do meu irmão em Holambra, onde ela morou pelos últimos 6 anos.

Se por um lado estou triste pela partida da nossa gatinha, por outro estou feliz, porque ela viveu 17 anos, saudável, serelepe, do jeitinho que ela quis.

Nessa semana minha cunhada notou que ela não mexia a perninha, levou ao veterinário, era o rim, o exame mostrou que o rim já estava muito ruinzinho, deram morfina pra amenizar a dor e ver se ela melhorava, mas ontem, já em casa, ela deu uma gemida e foi-se.

Quando eu mudei pra Holanda, achei um dó separá-la da minha mãe, por isso não a trouxe. Ela já estava com 10 anos, minha mãe tinha acabado de se divorciar, foram a companhia uma da outra. Numas férias minha mãe levou a gata pra Holambra e a gata estava tão feliz com os quintais enormes, o sol sempre escaldante, que minha mãe deixou-a lá.

Vieram os cachorros do meu irmão, que desde filhotes morriam de medo dela. Meus sobrinhos cresceram e a Ali sempre aprontando ao redor. Ela adorava roer blusas de lã e fez incontáveis vítimas.

Desde a minha mudança para a Holanda, em cada volta ao Brasil eu me despedia dela: Ali velhinha, da próxima vez acho que não te vejo mais. Na última vez não me despedi, afinal ela já tinha resistido tanto, ía viver pra sempre!

Ali deixa saudades e o desejo de que meus meninos aqui na Holanda tenham tanta longevidade quanto minha siamesinha brasileira, sem falar na vidinha feliz e cheia de aventuras.


sexta-feira, fevereiro 12

Dá pra acreditar?


Quem acompanha esse blog desde o começo, nos idos de 2002 ( preciso colocar o link pros arquivos do blog antigo ), sabe a saga que foi encontrar o primeiro emprego aqui na Holanda.

Fiz entrevista em mais de 15 empresas, na maioria chegando à etapa final, quando suas esperanças já estão lá em cima, pra ser preterida a um holandês. Colecionei mais de 50 bilhetes de trem ( imagine a grana ), andei debaixo de chuva, de neve, e até de bicicleta pra entrevista eu fui. Minha auto estima foi lá pra baixo, o quanto eu duvidei da minha capacidade! Isso afetou minha vida familiar aqui com o marido, e lá no Brasil, onde todos se preocupavam comigo sem poder fazer nada.

O primeiro emprego finalmente veio depois de 2 anos, mas envolvia 4 horas diárias de trem. Não sei como encontrei forças pra encarar o ritmo por 1 ano e meio. Mas o alívio de finalmente ter um emprego era tão grande… que encarei.

Depois veio o emprego em Eindhoven, numa empresa famosa. O mais perfeito exemplo de péssima colocação profissional. Fui muito infeliz ali, as perspectivas de ambas as partes eram muito diferentes. Me recriminei muito, afinal eu tinha um emprego que pagava bem, pertinho de casa, mas como podia estar tão infeliz? Eu queria fazer grandes coisas, eles queriam que eu sentasse numa cadeira e ficasse fazendo pequenas coisas o tempo todo. Não deu, depois de mais um ano e meio fui à procura de algo melhor.

Comecei então na minha empresa atual. Depois de 1 semana eu já sabia que eu tinha encontrado o emprego ideal. Aqui eu poderia fazer carreira, e com isso em mente, me joguei com tudo ao trabalho. Depois de 10 meses o projeto no qual eu trabalhava, com a crise, foi cancelado. Achei, sinceramente, que eu perderia o emprego. Fui colocada numa outra vaga. Aprendi tudo de novo, me joguei no trabalho de novo, a crise piorou e os cortes começaram. De novo achei que eu perderia meu emprego. Continuei me jogando no trabalho e tive um 2009 pesadíssimo.

Esse ano anunciaram que um novo cargo de gerência estava sendo criado, e eu bem que queria a vaguinha, afinal seria um passo grande na carreira, salário maior, maior participação nas decisões da diretoria. Mas… mulher, estrangeira, apenas dois anos na empresa… com certeza não daria.

Mas deu. Depois do almoço eu fui chamada e comunicada que dentre tantos, eu fui promovida. Tremi por 1 hora pelo menos. Já recebi toda a documentação, já está tudo certinho, o grupo será comunicado na próxima semana ( aqui é carnaval ). A única insegurança é que pela primeira vez vou gerenciar pessoas, inclusive um colega bem mais velho e experiente que eu. Mas de novo vou me jogar no trabalho e torcer pra estar fazendo tudo certo.

Com frequência eu recebo elogios de leitores do blog pela minha determinação, e nunca, nunca achei que eu merecesse. Porque eu fiz o que tinha que ser feito, e o que a maioria faz ( acho eu ), nada de extraordinário. Sempre me vi, e ainda me vejo, como mais uma estrangeira que imigrou sem emprego garantido tentando achar um lugarzinho ao sol. Hoje, apenas hoje, depois de 7 anos aqui, fechei os olhos, com o papelzinho da minha promoção na mão e pensei que talvez eu tenha sim certo mérito. Eu sei que ainda tenho muito o que fazer, e que este é só o início de mais uma batalha duríssima, mas o grilinho falante no ombro direito me diz baixinho que se eu consegui vencer a batalha anterior, talvez eu tenha umas boas chances nessa que se inicia.

Eu sei que muita gente lê esse blog naquela situação que eu estava lá há 6, 5 anos atrás. E pra esses eu digo que quem imigra há que ter esperança, porque se eu ( e muitos outros ) conseguiram você pode conseguir também, mas… e tem um mas muito importante… mate, destrua, aniquile a sua idéia romântica de que na Europa, ou em qualquer outro país "deselvolvido", você vai chegar, dar aquela sorte maravilhosa ( porque você é diferente dos outros ), e de cara achar um empregão pra ganhar uma sacola de euros ( ou seja lá que moeda ). Mate também a segunda idéia romântica de que você vai começar "de baixo" e que bem a Jennifer Lopez no filme Maid in Manhattan vai  conseguir sua capinha na Times vestindo Dolce Gabbana no maior estilo em um par de anos. Vai ser muito difícil. Muito. Demais. Mas é possível. É possível.

Eu e minha enorme boca

Ontem sei lá porque caí num video do youtube do João Gordo entrevistando o Junior, irmão da Sandy ( programaço, né? ). Aí no meio da conversa ele fala algo do tipo: fulana te avisa se você coloca uma roupa muito baiana?

Putz, que mania feia essa de nós paulistas. E não venham os paulistas me dizerem que "nem todo mundo fala assim, eu não falo assim", porque muita, muita gente usa o "baiano" como adjetivo pejorativo. Eu já falei assim.

E não venham os cariocas dizer que paulistas são preconceituosos porque eles não mudam muito com o "paraíba" deles.

Uma das comadres é baiana. Ela mesmo apontou o post que eu escrevi antes de mudar pra Holanda sobre o "baianinho" que bateu no meu carro. Ó céus, que vergonha.

Mas não só baianos, mas em todos as cidades que visitei no nordeste, ouvi que tal coisa era "coisa de paulista". Acham que a gente é afobado, mal-educado, gastão. E sei lá o que mais acham, só tive a impressão de que não somos o povo mais querido no resto do Brasil.

Bairrismo, preconceito, não sei… Acho que falta de informação. Em São Paulo geralmente temos contato com os baianos mais humildes, que vem pra cidade pra trabalhar, ou então vemos aqueles estereótipos do baiano na Globo, onde o homem é sempre uma versão do Caymmi e a mulher da Gabriela. Ou Tieta, que nem sei se era baiana ou sergipana, já que Mangue Seco fica metade num estado e metade no outro.

Eu tava pensando nisso tudo ontem, assistindo a videos antigos da Ivete. Amo Ivete. Eu adorei a Bahia, Salvador, a "costa dos coqueiros" como chamam a rota dali até Praia do Forte. Tenho tanto ainda pra ver da Bahia, Morro, Porto Seguro / Trancoso, a chapada.

Putz, post non-sense esse né? É o frio. E a vontade de estar de novo na Praia do Forte. Ou de estar em qualquer praia baiana com coqueiros ( eu amo praia com coqueiros ). Comer bobó e moqueca. Comer caju, muito caju. Ouvir o sotaque, sempre usando de ao invés de da/do ( de meu pai, de minha tia ). De ver Ivetão ao vivo de novo.

Pena que em trancoso os donos de pousada achem normal cobrar 700 paus pela diária com café da manhã. E pena que Bart só possa ir pra Morro se for de aviãozinho taxi aéreo ( ele já botou os buchos pra fora na travessia playa-del-carmen/cozumel, na balsa pra morro disseram que ele morre ).

Esse ano deve rolar Brasil no fim do ano. Estou pensando em Fernando de Noronha, conjugado com Porto de Galinhas. Vamos ver...


quinta-feira, fevereiro 11

Perguntinha

Questão importante para os leitores QI Mensa desse blog. Aí vai.

O "cerumano" se esfalfou na década de 60 na tal corrida espacial pra botar um homem na lua. Americanos e Russos se estapearam, mandaram cachorro pro espaço ( a Laika ), e finalmente os americanos venceram e foram os primeiros a colocar um homem no "único satélite natural da Terra". O cara foi lá, deu uma andadinha, tirou umas fotinhas, entrou na cápsula espacial e voltou pra Terra. O episódio todo foi tão obscuro que até hoje tem gente que acha que foi tudo encenado num estúdio, o que é bem possível. Alguns ( como meu marido ), dirão que o feito trouxe significantes avanços tecnológicos, outros, como eu, dirão que foi uma perda de tempo e que não se ganhou nada com a pegada listrada do americano em solo lunar.

Agora minha pergunta Mensa-level: porque é que o "cerumano" não coloca o mesmo empenho em fabricar não um foguete, mas uma máquina que lave, seque, passe e dobre suas roupas, sem contato humano?

Porque eu vou dizer, tô me lixando pra bandeirinha americana pendurada na Lua ( se é que tá lá mesmo ), mas vamcombiná que lavar, secar, passar e dobrar roupas ninguém merece! Eu AINDA não zerei o cesto de roupas sujas desde que cheguei de viagem.

quarta-feira, fevereiro 10

Ah, esse medão universal de ficar pra titia...

Tenho uma tia que a vida inteira repetiu, para todas as "moças solteiras" que ela conhecesse, que ser divorciada, viúva, mal-casada era melhor que ser solteirona, que tudo era melhor que ser solteirona, porque a solteirona ninguém quis. Eu sempre achei o fim da picada, mas no fundo ela não é muito diferente do resto da sociedade, ela pode ser mais explícita, mas no fim a maioria pensa o mesmo.

Outro dia mesmo uma prima, que é homossexual me contava que deu um presente para a avó e essa respondeu: muito obrigada, vou rezar pra Deus te dar uma marido bem bom. Putz, podia rezar pra neta passar no vestibular, pra conseguir um empregão, pra ganhar na Loto, mas não, quer prêmio maior que um bom marido?!

Eu achei que a holandesada fosse diferente, mas não é muito não. Gente, como a colega de trabalho que casou em dezembro mudou! Tem coisa até bobinha, tipo ficar colocando a palavra marido no maior número de frases possíveis ( meu marido vem me buscar hoje, hoje quem cozinha é o marido ), mas ela disse, textualmente, que se sente uma pessoa realizada porque casou. Ela cortou o cabelão mais curto, ela anda mais confiante, até a voz mudou, e eu fico pensando, só porque não ficou pra titia?

Ela jurou de pé junto aqui que não tinha planos de ter filhos tão logo, mas eu já reconheço os sinais: compraram casa, estão procurando carro e querem uma station wagon ( station wagon é o tipo de carro mais blé do universo ), e a entregada final foi o potinho de centrum com ácido fólico na gaveta.

Olha, ninguém tem que ver com a vida de ninguém, e eu não sei se ela já estava planejando, ou se mudou de idéia, e na verdade a empresa não tem que influenciar na vida particular do funcionário, mas que fica a impressão de que ela mentiu, ah isso fica.

E porque eu volto sempre a bater na mesma tecla? Porque isso tá afetando minha carreira aqui, só por isso. Estão criando 4 vagas para people manager aqui, e eu quero concorrer. Eu tô lá na lanterninha, tenho só 2 anos de casa, sou estrangeira, sou mulher e o que eles ainda consideram em idade fértil. Lanternaça, não lanterninha. Mas eu bem que gostaria duns dindins a mais na conta, ô se gostaria…

E agora me vou que eu tô ranheta. Tá nevando e eu acho que eu vou ter que ir em pleno dia dos namorados pra Torino, a São Bernardo da Itália. Cêis tão ligados que fica lá pros lados do Piemonte, né? E lá é frio pracaramba e eu não tô podendo. Mais um fornecedor falido, e dizem que a crise se foi. Ho ho ho, faz me rir. Aliás, rir é o que eu menos tenho feito.

Blé.

Que alegria... not!

terça-feira, fevereiro 9

Julie and Julia

Acabei de assistir, e era pra ter sido lindo, mas... a Maryl Streep me irritou demais tentando imitar a Julia Child, a irritação chegou a tanto que várias vezes pausei o filme e pensei em desistir.

Era pra ser lindo Paris pós segunda guerra mundial, mas eu não sabia se a personagem vivia embriagada, se era ligeiramente "mentally challenged" ( como fala o Bart ), e fiquei nervosa pela primeira metade do filme inteira.

Isso dito, fiquei com vontade de comprar o livro. Amo cozinhar, e as receitas parecem ótimas. Será que tem versão pro meu tchutchuco?

Agora vou me acabar de dormir, que eu tô tomando melatonina ( dica da Alice ) e tô dormindo que nem um bebê. Bas noite.

Lambendo os beiços

Eu sempre digo que o conceito de saudável do Holandês é de chorar, mas vejam essa.

Sexta passada, na cantina da empresa, no buffet "verse en gezond" ( fresco e saudável ) tinha um sanduba que me fez lamber os beiços: eiersalade met spek. Não comprei o sanduba porque colocam muito vinagre no eiersalade daqui, mas fiquei com aquilo na cabeça e comprei os ingredientes pra fazer em casa.

Pra vocês entenderem o sanduíche saudável holandês, e se preparem porque só de ler suas artérias vão entupir: eiersalade é um patê de ovo cozido - gemas misturadas com maionese e um pouco da clara picada e tudo temperado com salsinha, spek é bacon, nessa versão compra-se fatias redondas já fritas ou assadas pra sanduíche, tudo no pão que leva ainda uma camadinha de margarina pra não empapar.

Suuuuper saudável, né não?

Às vezes eu fico pensando, saber que é uma bomba para o organismo mas comer porque gosta até eu entendo, mas não saber que esse sanduíche de saudável não tem nada, é demais pra cabeça. E comem acompanhado com leitinho desnatado ( holandês tem mania de tomar leite com comida ). É só aqui que essas aberrações acontecem?


segunda-feira, fevereiro 8

Momento de desabafo e solicitação de rezas


A GM foi minha única experiência de trabalho longa ( 9 anos ). Naqueles 9 anos, tive altos e baixos, projetos melhores e outros nem tanto, e tive pelo menos 2 fases muito ruins, em que realmente pensei em mudar de emprego porque o stress ou a dissatisfação com o trabalho estavam acabando comigo.

Aqui na Holanda, esse é o meu terceiro emprego, e eu sinceramente espero que eu possa ficar aqui senão "para sempre", pelo menos por um longo período, porque realmente gosto do meu trabalho, dos meus colegas, da empresa como um todo. Entretanto…

Ah, tinha que ter um entretanto, né? Eu detesto trabalhar com falências, estou acabando em 6 semanas um projeto de falência que levou quase 1 ano. Quando eu começava a ficar felizinha, fui incluida em um novo projeto de falência. Como se não fosse o suficiente, o problema maior: eu e o program manager não estamos na mesma sintonia.

Esse program manager, por falta de outra pessoa, é um diretor "medior", e o job description dele é um caso meio estranho, da qual se especula muito na empresa, e que eu pretendo ignorar já que eu, assim como os outros, não entendo. Ele está acima do meu diretor direto ( que é junior ), mas abaixo do diretorzão ( que é senior e membro da board of directors ). Só que parece que às vezes ele tem uns arroubos de querer provar que ele é importante, uns lances de "eu mando e você faz" que nem o diretorzão tem.

Mas para mim, o que realmente incomoda, é que ele não deixa ninguém terminar uma frase. Você começa explicando alguma coisa, e no momento que ele "acha" que ele entendeu, ele começa a falar, te interrompendo. Ele faz isso com fornecedores, com a gente, com gente de outros departamentos, e nem sempre ele entendeu o negócio quando ele "acha" que entendeu. Se você tenta terminar seu raciocínio, ele vem com preciosidades do tipo "páre de falar", "fica quieto", e outros comentários em igual nível de educação. Eu tenho que me controlar o tempo todo, e a cada reunião de 1 hora com ele, eu preciso de outra para fazer meu estômago parar de queimar e arder.

Outra coisa que incomoda é que ele acha que o projeto dele tem prioridade sobre tudo e todos, então ele inclui reuniões na sua agenda sem te perguntar se você pode ou não, se ele vê no seu outlook que você tem algo a mais agendado ele manda você desagendar, e como ele não tem a família morando com ele ( a esposa e a filha recém nascida moram em Munique, how bizzare? ) os horários dele vão das 7:30 às 19:30, e ele acha que você tem que estar disponível. Meu cérebro não funciona às 7:30, e nesses dias de neve e chuva, eu estou vindo com o Bart, não vou fazer meu marido acordar no fiofó da manhã pra satisfazer a agenda dele!

E para completar meu quadro desesperador, embora o "job description" de program manager inclua organizar reuniões, ele sempre empurra essa tarefa ao commodity manager ( nesse caso eu ). Eu até entendo que ele esteja numa posição superior a de ficar marcando reuniões, mas esse trabalho não é meu! Aí tenho eu que ficar lá ligando pra um e pra outro, tentando achar horário com a secretária do diretorzão, sem falar que ele simplesmente vem aqui e manda: Adriana, vai achar um horário com a Katja ( secretária ), como se eu fosse um cachorro.

Eu estou profundamente desesperada ao pensar que terei que passar 6 meses nesse projeto. Sei que a gente tem que engolir sapos numa empresa e que na maioria das vezes esses "sapões" passam. Mas esse vai ser um boi, não um sapo, e ao fim do ano, se eu não acabar no hospital com uma úlcera estuporada, vou pelo menos estar tão o pó que nem 4 semanas de Orlando vão me recuperar.

Tenho que aprender a relativizar, a engolir o sapo sem fritar o estômago, tenho que fazer meditação transcendental e yoga. E pra completar uns banhos de descarrego.

sexta-feira, fevereiro 5

O vírus


Paniek Paniek. E eu estou dando risada.

Um virus atacou o sistema da empresa. Ele se instala no outlook e a cada e-mail que você envia, ele coloca alguém no bcc ( blind copy ). O problema começou ontem, foi identificado agora de manhã e estão correndo pra resolver.

Imagine só, mandar um e-mail pra alguém sem saber quem vai receber cópia. Estamos agora todos travados esperando a solução, imagina se você manda a cópia de uma cotação pra um engenheiro e vai uma blind copy pro concorrente? Ou o safado que manda um e-mail pra amante e vai para no mail box da esposa? Ha ha ha.

Vou escrever um livro: o dia em que a empresa parou!

quinta-feira, fevereiro 4

Agora sim, o post certo


Semana passada teve um debate na TV sobre uma proposta de um político de direita que consiste em cancelar o direito de estrangeiros à dupla cidadania. O calo no pé dos holandeses são na verdade os turcos e marroquinos, mas como ninguém pode ser específico, vira uma questão que abrange todos os estrangeiros.

Eu assisti ao debate na TV e tinha uma turca lá que, toda emocional, disse que no caso dela, que veio com os pais pra cá aos 4 anos de idade, foi educada aqui, é dona de uma loja, tem toda sua vida na Holanda, é como pedir pra escolher de quem você gosta mais, do seu pai ou da sua mãe.

Eu fiquei pensando que sei lá se eu sou "sem coração", mas pra mim a decisão seria simples e fácil: a nacionalidade holandesa me é muito mais conveniente. Pronto. Eu posso morar aqui sem ter que ficar pedindo e pagando por vistos, e tenho todos os direitos de um cidadão holandês. Quando viajo, raramente tenho que pedir visto pro país visitado. Enquanto isso, no que me ajuda meu lindo passaporte brasileiro? Nada, só me dá trabalho. E isso não quer dizer que eu goste mais de um país do que de outro, só me é mais conveniente. Eu ainda poderia continuar entrando no Brasil de férias, e se um dia eu quisesse ir morar lá, era só pedir a cidadania de novo. Putz, e sou sem coração mesmo, porque pra mim seria igualmente fácil dizer se eu gosto mais do meu pai ou da minha mãe.

Eu sempre achei que fosse injustiça perseguir tanto assim os turcos, mas agora que moro do lado de um bairro turco, é difícil não se irritar. Eles fazem do jardinzinho de frente da casa um lixão público com pneus velhos, assentos de carro, bicicletas sucateadas, restos de móveis apodrecendo, a rua fica uma favelona, e posso garantir, vou até tirar fotos, que muitas ruas tem mais de metade das casas assim. E passam sempre com seus carros em super alta velocidade pelas ruas do bairro onde só é permitido ir a 30 km/hr. Não é à toa que holandeses fogem daquele bairro que nem o diabo da cruz.

Agora me vou que meu humor está ligeiramente melhor e eu vou me mandar pra casa.

Oooops...

E-mail address trocado!

quarta-feira, fevereiro 3

Buahhhh


Deprê total. Finalmente a tal depressão de inverno atacou, e eu que estava segurando tão bem estou querendo me esconder debaixo da cama e chorar baldes. E vem a TPM junto. E tem um projeto capenga ( como diria a Holandesa ) me acabando com as paciências. Estou blé amigos, por isso me recolherei num canto.

Estou obcecada em ir pra Orlando, obcecada. E como gente obcecada é pedante, recolher-me-ei ao meu humildo canto cibernético.

Na procura de informações sobre vôos da Martinair, me deparei com um blog de uma holandesa que descreve exatamente a viagem que eu quero fazer: avião, carro e aluguel de uma casa com piscina. Estou tão desbalanceada que chorei, de levinho, mas chorei. E estou no trabalho, vejam que mico. Ainda bem que são sete da noite e não tem mais ninguém aqui.

Vou pra casa buscar comida no chino, e enfiar o pé e o resto do corpo na jaca.