sábado, janeiro 31

100% feliz

Só lá eu sou completamente feliz.

Estou me rasgando do avesso de vontade de voltar.

sexta-feira, janeiro 30

Antes ele do que eu

É feio, muito feio, pensar "antes ele do que eu"?

Pergunto porque eu penso, penso muito "antes ele do que eu".

O fornecedor Bocarra, quando conversamos a primeira vez sobre o cancelamento do projeto, me disse que ele vai perder o emprego. E eu, que tinha acabado de ouvir que eu ía ganhar uma nova commodity, pensei: "antes ele do que eu".

Vou contar pra vocês o maior "antes ele do que eu" da minha vida profissional.

Eu tinha acabado de ser efetivada na GM. Tinha 21 anos, crua de tudo, acabando de sair da faculdade. Meu trabalho consistia em analisar demandas de peças usadas em concessionárias, e baseado nisso programar novas compras. Eu emitia um pedido com várias peças, e mandava para Compras.

No meu segundo mês lá, recebemos uma comunicação de que o nosso fornecedor de transmissões automáticas ía deixar de fabricar determinado modelo que era usado no Monza, então pedi 20 daquelas transmissões como corrida final, último pedido para ficar em estoque.

Passaram-se 6 meses e um dia, me ligam do armazém: quem foi o louco que pediu 300 transmissões automáticas? Elas chegaram e nós não temos demanda, nem lugar para guardá-las. Era o gerente geral do armazém e ele estava furioso. E eu tinha só 21 anos, e estava crua de tudo. Disse que ía verificar o ocorrido e fui ver minha papelada tremendo.

Naquela época tudo era feito manualmente, inclusive os pedidos. Eu só pensava, meu deus, e se eu tiver digitado 200 ao invés de 20? Mas haviam 300 transmissões... Quando eu vi o pedido, eu pedi 20 transmissões e 300 bujões, uma pecinha do tamanho de porca grande, mas a compradora, que era uma doida, trocou as linhas. Gente, que alívio. Que alívio imenso, a burrada não era minha!

Fui correndo ao departamento de compras, e nossa, o pânico instalado, a coitada da compradora foi massacrada, e se fosse o primeiro engano, nada teria acontecido, mas aquele era mais um duma série. Ela não foi mandada embora porque era muito amiga dum gerentão, mas foi transferida pra um departamento meio obscuro, e eu só pensava: antes ela do que eu.

Aqui na empresa, já anunciaram que estão negociando com o governo um "pacote social". Ele deve atingir primeiro os mais velhos. Vou explicar o que entendi.

Aqui na Holanda aposenta-se aos 65 anos. Nessa idade você começa a receber 1 salário mínimo do governo, que hoje gira em torno de € 1300 euros. Desde o seu primeiro emprego, você tem a opção de pagar o PensionFonds, que é um plano de aposentadoria complementar, que garantirá que você, ao se aposentar, receba até o fim da vida uma aposentadoria de cerca de 75% do seu último salário. Há ainda a opção de pagar um pouco a mais e aposentar-se aos 62 anos.

Com esse "plano social", resolvem "aposentar" quem tem 55 anos ( por exemplo ) pra cima, o governo começa a pagar a aposentadoria, e a empresa complementa com um tanto.

O problema, segundo me dizem, é que muitas vezes esse complemento é baixo, ou é mal calculado e não cobre todo o período até o funcionário começar a receber a aposentadoria normal. E o meu colega belga, por exemplo, tem 55 anos e tem uma filha de 16, que ainda estuda, ainda vai pra faculdade, e depende da ajuda do pai, a hipoteca dele ainda não está paga, ou seja, fica difílcil balançar as contas.

Claro que eu não desejo que meu colega seja incluído nesse plano, acho que tem muito colega beirando os 60, com gordos salários para "ser aposentado" antes dele, mas lá no fundo, a vozinha, que eu odeio, diz: "antes ele do que eu".

E durante toda essa crise, o "antes eles do que eu" fica ecoando na minha cabeça, porque numa crise, os últimos a arranjarem novos empregos são os imigrantes, vide minha saga de 2003, uma crise com 10% da gravidade dessa. A própria Holandesa contou o caso do Mexicano que era candidato pra uma vaga na antiga empresa dela.

Até quando penso que eu e Bart corremos risco, eu penso: antes ele do que eu. Ganhamos exatamente a mesma coisa, então financeiramente tanto faz, mas ele consegue outro emprego muito mais fácil do que eu, afinal ele está a 10 anos na mesma empresa, que é famosa e reconhecida no país todo, ele tem grau post-master, ele é holandês da gema.

É triste pensar assim, e eu me sinto pobrezinha de espírito, egoísta, uma xulé. Torço mesmo pra que nem "eles" nem eu sejamos decapitados profissionalmente, mas se a guilhotina é inevitável, antes eles do que eu.

quinta-feira, janeiro 29

A solução é essa

quarta-feira, janeiro 28

O saco está na Lua...

Estou cansada, profundamente cansada dessa bendita credit crisis. Estou cansada de só ver números 8 horas por dia na minha frente, e fornecedores desesperados, empresas menores, como nossos poucos fornecedores holandeses, lentamente virando a barriga pro alto, caminhando pro que a gente chama de "belly up". Nota zero pro governo holandês que não reage, não ajuda essas empresas. As maiores de alguma forma sobrevivem, mas esses menores, dá dó.

Eu recentemente falei do comodismo holandês, falei que às vezes acho que eles não estão nem aí, mas hoje percebi que eles se preocupam sim, talvez um pouco menos que o brasileiro, que tem sempre uma carga maior nos ombros, mas a diferença está na forma sutil deles demonstrarem. Não há arrancar de cabelos como há no Brasil.

Hoje, um colega que senta exatamente atrás de mim, após trabalhar um ano com contrato temporário, ganhou um contrato fixo. Ele estava muito emocionado, esse é o primeiro emprego dele e há 2 meses a namorada anunciou que está grávida. Imagine o alívio do rapaz. O mais legal é a felicidade de todos com a notícia, não só por ele, mas por todos nós.

Por todos nós porque na engenharia nenhuma contratação ou transferência é feita, enquanto aqui temos agora 3 vagas internas abertas, e agora essa temporária que foi aprovada como efetiva. Se a crise se aprofundar, claro que ninguém está "salvo", mas essas contratações indicam que pelo menos por enquanto, não há previsão de demissões.

E nessas, com a nova commodity, ando chegando em casa bem cansada e vou correndo pro meu livrinho 1808. Gente, cês já leram? Caracas, o livro DETONA os portugueses de uma forma que eu fiquei impressionada. Marcita, o livro foi publicado aí por essas bandas? Se foi, qual a reação? A gente começa a ler e não consegue parar. Eu só imaginava a cara do Portuga, aquele com quem eu trabalhei, lendo determinadas passagens. Ele que escreve textualmente sobre a superioridade portuguesa em relação aos brasileiros... Olha, não que o livro fale muito bem dos brasileiros, mas até agora não li um comentário sequer positivo a respeito dos portugueses. Será que existe algum livro semelhante sobre a colonização dos EUA? Ler sobre os costumes da época, os hábitos alimentares, os hábitos de higiene, como era Salvador e o Rio naquela época... Muito muito legal. Pena, muita pena, que livros no Brasil sejam tão caros. Esse 1808 estava esgotado quando estive no Brasil, tinha a venda só um "kit" do livro mais 2 DVD's, por mais de 100 reais. Não comprei, estou lendo emprestado.

terça-feira, janeiro 27

Paquinha

Gente, se a mãe deixou recado aqui é porque não é segredo, mas nasceu hoje a Paquinha Carol, filha da nossa amiga comentarista Pacamanca.

Paca, que sua Carol seja inteligente, descolada, poliglota, viajandona, e o mais importante de tudo: super hiper mega saudável. Tendo saúde, o resto se ajeita.

Cosi cosi

A semana passada foi dificílima pra mim, no final de semana eu ainda estava meio que "de ressaca" dos eventos daqueles últimos dias. Eis que Bart, pra me animar, resolve terminar para mil meu Escritório-Favelinha. Explico: há tempos eu queria muito, muito mesmo, um escritório separado. Bart gosta de usar o computador ouvindo uma lounge music toda modernosa que eu detesto. E eu, todas as manhãs de domingo assisto meus piratões, que mesmo com o mais potente fone de ouvido, produz um zumbido irritante. Isso sem falar que eu queria uma cama no escritório para as noites que eu estou com o sono extra-leve e ele está roncando extra-alto, ou para receber uma visitinha... No fundo, no fundo, eu queria é um canto pra mim. Pronto faley!

Meu escritório recebeu esse carinhoso apelido, porque além de ser o cômodo milagroso, onde nós jamais iríamos imaginar que caberia tudo o que coube, tem móveis de 3 diferentes séries da Ikea. Os armários com minhas roupas estão lá e são da série Hopen, um marrom escuro. Tem uma Billy da mesma cor. A escrivaninha que eu amo de paixão é madeira clarinha, combinava com o escritório conjugado, que é todo dessa cor. E a cama é a antiga de solteiro do Bart, que é branca com uns detalhes em madeira rústica. Nada combina com nada, mas sei lá porquê, esse quarto tem algo de especial! Ontem eu estava no computador organizando fotos, quando percebi, a família estava todinha enfiada lá: Bart na cama falando da reunião dele no sindicato, Ty estava deitado na cadeira do canto, Plato aos meus pés. Engraçado que com uma casa tão grande, nos sintamos "cozy" no menor quarto. Meu favelinha tem ainda papel de presente no vidro, já que ainda não compramos cortinas. Preciso tirar fotos, vocês vão ver que finura...

Enquanto isso, aqui no trabalho colocamos pressão na diretoria para que decidam o esquema de férias. Aqui na Holanda, a maioria das empresas dá 25 dias de férias, e muitas tem o que chamam de ADV, que normalmente dá uns 13 dias adicionais. Esse ADV, nada mais é que o acúmulo de 4 horas semanais ( trabalhamos 40 horas, mas somos pagos por 36, essas 4 horas viram dias de férias ). Esse ano, por acordo com o sindicato dos metalúrgicos-eletronicos, os 25 passaram para 27 e eu estava toda felizinha que ía ter 39 dias de férias, mas cortaram nosso barato e os ADV foram reduzidos a menos da metade.

Eis que meus planos de férias foram por água a baixo. Estou pensando em tirar só 5 dias lá pra maio, outros 10 que serão obrigatórios em julho, e depois disso, só Deus sabe. Todos estamos esperando tragédias para julho/agosto. Bart quer que eu descubra destinos tropicais, baratos, fantásticos, e não pode ser Turquia.

Até agora não vi uma viagenzinha mais barata, tá tudo no preço do ano passado. Cadê a Credit Crisis?

domingo, janeiro 25

Coisas que eu gosto na Holanda

Se há uma coisa que eu adoro na Holanda é a diversidade de comida semi-pronta boa, ótima, nas gôndolas dos supermercados. É possível, em menos de 30 minutos, colocar comida lindona e gostosa na mesa.

Aqui, o jantar de hoje, Carneiro com puffs de batata e queijo suíço. De chorar de bom. Exatos 25 minutos pra ficar pronto, no forno, e só colocar lá e ir assistir TV.



Começa assim, duas caixinhas e um saquinho.



Daí vai pra forma, prontinha pra ir ao forno convencional.



Saindo do forno...




Bart diz que o prato é mais bonito do que o do Gordon Ramsay. Bom, pelo menos mais comida que os pratos dele, certamente esse tem!




E para completar, nosso vinho favorito, o lambrusco marca Chiarli, no AH, por inacreditáveis Euro 1,79. Fotografado no granito da minha cozinha, não é lindo?

sábado, janeiro 24

E eu tinha 4 anos...

sexta-feira, janeiro 23

Histórias Extraordinárias

Eu acho que todos nós morando no exterior desenvolvemos uma listinha de coisas que a gente prefere no novo país, e outra que preferimos no Brasil. Hoje, para mim, a listinha holandesa está bem grandinha, mas tem tem um "feeling" sutil, tipo aquele incômodo de usar uma roupa um pouquinho apertada, de que falta algo muito importante. Talvez falte, ou talvez eu ainda não os tenha entendido, mas nos holandeses me falta uma certa "joie de vivre", me falta aquela certa dose de histórias extraordinárias, de gente que fez o inesperado, por vezes até o inacreditável.

Visitando Salvador, passamos em frente à igreja do seriado/filme "O pagador de promessas", e eu fiquei pensando na fé, na perseverança, na força de vontade daquele homem, e de tantos como ele. Será que algum dia aqui na Holanda eu encontrarei alguém ou algum fato semelhante?

E daí continuei pensando que todos nós brasileiros, gente normalzinha, em nossas vidas reais, já nos deparamos com alguém que demonstra essa fé em algo, ou uma garra extraordinária, que nos impressiona e até inspira. Deixa eu contar aqui uma dessas histórinhas, a do meu primo D.

D é meu primo de primeiro grau, e nasceu numa casa bem, bem, humilde. Desde pequeno, com 3 anos, D demonstrava uma inteligência acima da média, nessa idade já sabia o alfabeto, sílabas, e até começava a juntar palavras. Todos nós achávamos uma pena que D não pudesse ter acesso a uma escola particular, já que notávamos como o oferecido na escola estadual estava aquém das possibilidades dele.

Aos 12 ou 13 anos porém, D começou a ter ataques epiléticos, e depois de muitos exames, e pouca melhora, estabeleceu-se que ele precisaria tomar um remédio fortíssimo, o famoso Gadernal para controlar os episódios. Quem aqui conhece pacientes que tomam esse remédio sabem como a pessoa fica sonolenta, devagar. Notávamos isso nele, e em épocas que a dose precisava ser aumentada, sabíamos que era muito difícil para ele acompanhar aulas, fazer tarefa de casa. Aos 18 anos, terminando o colegial técnico, D decidiu que queria fazer faculdade. Todos nós pensávamos, e dizíamos entre nós que era impossível, primeiro, como pagar a faculdade com o salário mínimo do meu tio? E depois, como ele iria acompanhar um curso universitário quando, por causa dos remédios, até o colegial tinha sido difícil?

D. descobriu uma bolsa para "afro-brasileiros" na faculdade onde eu estudei, perto da casa dele. Era bolsa parcial e ele não é afro. D. tomou um solzinho, o cabelo sempre foi preto, se inscreveu pra tal bolsa, e com a renda familiar baixa e um bom desemprenho na escola, conseguiu. Minha tia foi trabalhar de merendeira numa creche para ajudar, e D começou seus estudos universitários.

Em pouco tempo D estava fazendo estágio para que a mãe pudesse usar o dinheiro do emprego dela na casa. Para nós familiares, era difícil ver como D chegava acabado do trabalho, e por causa do remédio precisava dormir pelo menos uma hora antes de ir pra faculdade. E todas as idas e vindas eram feitas de ônibus. Nada na vida dele era fácil.

Mas D não desistiu e acabou de se formar. Eu acho a história dele uma história extraordinária, e tenho certeza que todo mundo aqui tem um parente, um vizinho, um amigo, com uma história parecida.

Nesses meus 6 anos de Holanda, trabalhei em 3 empresas e conheço um grupo razoavelmente grande de holandeses, ou seja, tenho uma amostragem razoável. Eu não conheço uma única história semelhante. Eles estudam na escola do bairro, aos 12 anos são mandados pra um colegial melhor ou pior e vão sem contestar ( ou a maioria vai sem contestar ), ao fim do colegial escolhem um curso qualquer, quem precisa se inscreve pra uma bolsa ( como fez meu marido ), que não é dificílima de pagar ou suuuper alta, se a faculdade é longe de casa vão morar nuns quartinhos perto da faculdade, muitos com a ajuda dos pais, outros com a ajuda do governo, e depois de formados rapidamente conseguem seus empreguinhos, e a vida segue. Não consigo imaginar nenhum dos meus colegas superando as adversidades que meu primo D teve, provavelmente teriam pedido auxílio-qualquer coisa ao governo.

Fico com a sensação de que o povo daqui é todo meio medíocre, que essa ajuda toda do governo os deixam meio acomodados, meio que esperando uma ajuda do governo em caso de qualquer adversidade. Um exemplo é essa crise, que só tira o meu sono e de um colega Belga, de resto, o povo diz que vai viver de "uitkering" ( auxílio-desemprego ).

Eu até entendo um brasileiro medíocre, afinal muitos não tem meios financeiros de conhecer ou fazer muitas coisas, e já é difícil o bastante manter "the head above the water", mas aqui... Há uns dois meses, um dos meus colegas estava indo para Roma, e na mesa do almoço, dos 9 colegas 6 nunca estiveram lá. Eu acho indesculpável, considerando que há mais de 5 anos a Ryanair tem vôos praticamente de graça saindo de Eindhoven. E dos 9, apenas 5 foram a Paris, que dá pra ir de carro, mas desses 5 só um foi ao Louvre ( !!! ). E teve um que já foi 2 vezes à Disneyland, mas nunca se sentiu motivado a esticar até Paris ( fica a 40 minutos! ). E daí é aquela história, falta a motivação e o "joie de vivre" pra perder o fôlego ao ver a Balisica di San Pietro ou o Coliseu pela primeira vez. E como descrever a vista da Torre Eiffel do Trocaderò quando menos se espera?

Eu penso muito se vou me adaptar totalmente um dia, ou mesmo chegar a entender esse povo. E me pergunto se eu decidir ter um filho, será que ele será assim?

quinta-feira, janeiro 22

Dois assuntos em um post

No trabalho tá tudo bem. Recebi elogios, ganhei uma nova commodity que estou conhecendo agora e que me parece legal, o departamento abriu duas vagas para serem preenchidas por candidatos internos, e não só eu como meus colegas começamos a acreditar que talvez escapemos da guilhotina, se ela vier.

So far so good.

E indo para o assunto dois.

Já há algum tempo, venho me policiando e me cobrando de ser uma pessoa que julga menos e que seja mais compreensiva. Me acho muito mente aberta, mas minha mente só parece ser aberta para o que eu quero, e para o que me convém. Mas eu vou mudar, já estou mudando.

Uma das coisas que mais me renderam críticas nesse blog é eu sempre defender a maternidade com continuação da carreira. Muita gente já me xingou ou já, em pessoa, me virou o nariz porque "eu desdenho de quem resolve dar prioridade à maternidade". Mas será que quem "está no time de lá" é muito melhor?

Essa semana eu li num blog o caso na ministra francesa que após o parto voltou ao trabalho em 5 dias, e nos comentários tinha um monte de gente malhando a ministra. Se uma quer ser respeitada por abandonar tudo e ficar anos cuidando da criança, pode desrespeitar quem, se sentindo bem, com um exército de babás, vai a uma reunião importante? Pelo menos a reportagem que eu li não dizia que ela voltou ao trabalho fulltime, mas que ela foi a uma reunião, e mesmo que tivesse voltado, não é problema dela? Ela também não merece ter suas escolhas respeitadas? A mulher é ministra da justiça, mas mesmo que fosse a Janilda, que voltou a fazer faxina 10 dias depois do parto porque senão não tinha dinheiro pra janta, qualquer que seja a escolha da mulher, TEM QUE SER RESPEITADA!

Em outro blog, uma blogueira que escreve muito bem, afirma não entender como uma mãe saudável escolhe não amamentar. Gente, acho que muitas pessoas também não entendem com pode uma mãe de um filho saudável amamentá-lo até a criança ter quase 2 anos ( ou mais até ). Eu pelo menos não entendo. E se eu, apesar de não entender, tenho que respeitar, será que as mães que páram de amamentar também não merecem ter suas escolhas respeitadas? Aí fica aquela cobrança, tem que amamentar de qualquer jeito, como se qualquer motivo para não fazê-lo fosse uma desculpa esfarrapada da mãe... E daí fica aquele monte de mulheres se sentindo o cocô do cavalo do bandido quando não podem, e se justificam de mil formas, como se precisassem! E se estropiam, como minha dentista que deu leite misturado ao sangue pra filha, porque TINHA que amamentar.

Olha, só sei que eu preciso melhorar muito, ser mais compreensiva, respeitar quem pensa diferente de mim, mas tem muita gente, muita gente messssmo, que também precisa tirar o chapéu de santinha do côco e fazer o mesmo.

quarta-feira, janeiro 21

Pular do barco, jamais!

Não, pular do barco não é opção no momento. Como eu disse, ninguém pode ser demitido até Agosto, dois colegas já saíram, mais colegas sairão, eu não tenho dúvidas. Em agosto virão com o Sociaal Plan, que normamente "ataca" os mais velhos primeiro.

Sabem, esse é o meu emprego dos sonhos, é o que eu gosto de fazer e por isso faço tão bem que todos reconhecem meu trabalho. É o primeiro emprego acima do nível que eu tinha no Brasil, logo é o primeiro avanço real na minha carreira em 6 anos. Paga super bem e é do lado da minha casa.

Se eu pulasse do barco agora, seria para um emprego que certamente me faria menos feliz, e eu ficaria para o resto da vida pensando "e se eu tivesse ficado, será qu eu teria sido poupada, será que eu ainda estaria lá?".

Ficando, eu sei que estou arriscando, mas é preciso muita calma nessa hora. Se eu vou para outra empresa e, como esperado, a crise se aprofunda, naquela empresa serei a primeira a entrar na dança. Isso sem falar que, assim como alguns colegas, outros podem tomar a iniciativa, afinal meu grupo é praticamente todo de rapazes jovens que começaram aqui como estagiários, e já estão no departamento há algum tempo, portanto estariam interessados num segundo passo na carreira.

Tudo isso são conjecturas, claro. No fim, o que tiver que ser será.

P.S.: Acabo de ser comunicada que eu terei que chamar os quatro engenheiros residentes envolvidos nesse projeto e comunicá-los sobre o cancelamento. Terei que pedir para que eles entrem em contato com a empresa mãe, terei que pedir que preparem suas coisas para deixar o escritório. E tudo isso sem responder nenhuma das questões que eles, naturalmente, vão ter.

Estou me borrando toda!

terça-feira, janeiro 20

Snif snif snif

O meu projeto foi cancelado.

Meu diretor já me disse para eu não me preocupar porque eu simplesmente vou ser colocada noutra commodity, e pensando que dois colegas pediram demissão e saem essa semana, e que por acordo com o sindicato ninguém pode ser demitido até agosto, estou razoavelmente tranquila.

Entretanto, é triste, muito triste ver seu trabalho de 8 meses simplesmente ser jogado no lixo. O pior é que só eu fui comunicada, pois preciso apresentar um plano de ação, meus colegas ainda estão no escuro e eu não posso dizer nada.

Estou chateada, estou cansada... Sei que o pior está por vir. Pra todos nós. A crise está se aprofundando de uma forma tão rápida que ninguém tem tempo nem de pensar como reagir.

Sabem, no Brasil eu sei o que esperar de uma crise financeira, aqui não. Estou cansada de, a hora que eu acho que tudo está entrando nos eixos, ser surpresa por mais um pepino pra descascar.

Vou tomar um banho quente, bem quente, e vou e enfiar debaixo das cobertas. E vou chorar meu cockpitizinho tão lindo que acabou de falecer.

Amanhã conto mais.

domingo, janeiro 18

Our house, not in the middle of our street

Quando decidimos mudar da casa anterior, o fizemos pela casa em si, que achávamos pequena, e não pela vizinhança, que adorávamos. Ficávamos a 100 mt. de um Albertão, ao ladinho de um parque verdinho, e os vizinhos, apesar de não serem cheios da grana ou muito de fazer amizades, problemas não davam.

Quando fomos ver a brochura dessa casa, o agente imobiliário alertou: dois pontos negativos de um bairro novo é que você não sabe qual será o perfil dos vizinhos, e vai demorar pra instalar toda a infra-estrutura.

Bom, eu nem vou reclamar do supermercado, que fica longe e é um Albertão 3, ou seja, pequeno. Pego o carro e dirijo até o XL, com maior assortimento.

O que tem me chateado bastante são os carros, eu vivo agora num mar de carros. Na outra vizinhança, ninguém tinha garagem, todo mundo tinha um carro só, estacionávamos na frente das nossas casas, cada um em frente a sua, e nunca saiu confusão. Já aqui...

Nossa casa fica num cul'de'sac, uma ruelinha sem saída. Pra falar a verdade nem rua é, é um pedaço pavimentado onde nós, os moradores, passamos para ir às nossas garagens. Escolhemos a casa na ruelinha de propósito, pois assim não teria trânsito nenhum. Ho ho ho, asininos que fomos...

Você entra na rua principal às 6 da tarde e parece que você caiu num comercial da Audi, tem de todas as cores e modelos. E Mercedes. Muitas. Aí você pensa, o neguinho que tem uma merça novinha vai colocá-la na garagem, certo? Errado! Porque essa é a Holanda, e esqueceram de ensinar pra esse povo que garagem é pra carro. Na garagem eles colocam toda a sorte de quinquilharias, canguinhas que são, não jogam nada fora, vão empilhando tudo na garagem. É móvel velho de jardim, geladeira velha, tinta, enfim... Meu vizinho deu risada quando nos viu colocando o carro na garagem, no dia seguinte nosso carro estava prontinho de manhã pra sair, e o deles cheio de neve, raspa tudo, no frio... anyway...

Daí o vizinho de frente que tem um carrão, quer manter "os zóio no bicho", e estaciona na frente da janela dele. Aí chega a mulher com a van da padaria deles, e estaciona na frente da MINHA janela. Aí chega um amigo deles e estaciona no meio dos dois carros. Minha casa e a do vizinho do lado tem a garagem no fundo do terreno, e na frente, como se fosse entrar na garagem, dá pra estacionar dois carros, mas eles desmancharam a entrada deles e agora não podem estacionar nenhum, pois só tem areia. Fica esse monte de carros num espaço que foi projetado pra ter duas floreiras ( ainda não plantadas ), postes de luz dos anos 30, e apenas uma vaga pra estacionar.

Putz, escrevi pacas, mas é que eu estou p da vida. Ontem saí pra fazer compras 7 da noite, tava escuro, e eu não conseguia manobrar meu carro pra fora da garagem! Era tanto carro, mas tanto carro, que eu tive que fazer mil manobras, ninguém veio tirar seus carros do caminho. Levei quase 10 minutos. Na volta, eu ía deixar meu carro ali no meio, trancando meio mundo, mas não quis arrumar briga, afinal esses serão meus vizinhos por muitos anos.

Mas fiquei a noite toda, e estou até agora, frustrada e com um sentimento de impotência gigantesca. Eu não paguei o que eu paguei nessa casa pra morar num estacionamento a céu aberto. Não é minha culpa se o retardado atola a garagem dele com lixo. É muita falta de consideração o outro desmanchar a entrada de carros pra colocar uma planta cretina e deixar os dois carros atravancando a rua.

O que fazer? Eu pensei em escrever uma cartinha educada pedindo para todos terem consideração com os outros, mas será que alguém vai entender? E se eu acabar virando a véia do 53? Só sei que acordar todos os dias e dar de cara com uma van enorme amarela, da padaria van der Heijden não é o que eu planejei pros meus próximos 28 anos...

Sugestões são bem vindas!

sexta-feira, janeiro 16

Eita matéria mal escrita

Lendo ESSE LINK AQUI, fiquei na dúvida, nós, que temos cidadania européia, precisamos preencher esse formulário onile? Alguém aí tem link pra uma matéria mais bem escrita? Eu consultei o consulado dos EUA na Holanda, e eles não falam nada a respeito.

Era só o que faltava. Como brasileira, me sinto caçada que nem barata, como holandesa, me sinto violada, afinal me garantiram que a única diferença entre os meus direitos e os de um holandês nato é que eles podem ser primeiro-ministro e eu não. E aí, como fica?

E para ocupar seu fim de semana, um desafio. Paca me ensinou uma palavra nova ontem: asinino. O desafio, para as colegas brasileiras expatriadas na Holanda é encontrar o sinônimo literal para a palavra.

quinta-feira, janeiro 15

ZZZzzzz

Eu quero meu sofá!

Gente, vai aí ensinando truques para se manter acordada no trabalho quando seus olhos estão quase fechando. Café, muito café?

Ontem tive insônia e o marido também, em horários diferentes! Fomos dormir lá pela meia-noite, que já é tarde, eu coloquei um pijama fresco demais, ou o quarto estava inesperadamente mais frio que o de costume, só sei que não conseguia dormir com o frio. Fui colocar um pijama mais quente, meias, deitei e ah, que quentinho, agora vai! Aí o Bart teve insônia, desceu, bateu porta, ligou a TV. Eu cochilei, ele voltou, eu acordei de novo... Resumindo, uma bosta de noite, e agora estou aqui, pescando os olhos na frente do computador. Tudo, tudo o que eu queria era ir pra casa deitar na no sofá e tirar aquele cochilo pesado, gostoso... Só de pensar meus olhos ardem extra-forte.

Mudando de pato pra ganso, me perguntaram porque eu não chamo o marido de Fofo-Husband mais. Acontece que eu vi um pedaço daquele programa da Maitê Proença na GNT, e olha que eu nem sei se gosto muito da Maitê Proença, e ela dizia: fofa é aquela coisa que não é bonita o suficiente para ser chamada de bonita, aquela mulher que não é interessante, inteligente ou qualquer outra coisa suficiente para ser chamada de qualquer outra coisa, é aquela criança meio sem atrativos, que você fica procurando um adjetivo pra elogiar na frente da mãe, e acaba só achando "fofa". Aí as outras mulheres reclamaram, e ela disse: olha só, se eu chegar aqui com uma bolsa Prada maravilhosa, você vai dizer "que linda" ou "que fofa"? A Marília ( acho que a Gabriela ) é uma mulher inteligentíssima ou fofa? Só sei que isso ficou gravado, e tirando toalhas felpudas, que são fofas, eu acabei pegando implicância com o "fofa". Portanto agora é Bart, ou o marido, que é chato, inteligente, engraçado, bonito, e não "fofo".

E para encerrar, decidi que vou me informar mais à respeito de TOC e como se "auto-tratar". Sim, auto-tratar porque eu me recuso a pagar psicólogo pra curar mais uma das minhas loucuras, e porque eu me recuso a "deixar de lado" e viver com o TOC. Há uns dois anos eu percebi que minha mania de não pegar o primeiro produto da prateleira havia virado uma obsessão, ao ponto de eu deixar de comprar algo que eu queria muito porque só havia uma caixa. Agora estou com uma obsessão com água parada. Não tomo banho na minha banheira novinha, fundinha, maravilhosa, porque estou lá deitada e acho que as bactérias estão me atacando. Antes de ir a uma piscina fico olhando mil vezes se tem alguma sujeira boiando, folhinha, gravetinho, qualquer coisa me incomoda. Até água de beber, comecei a comprar água mineral e fico me torturando para acabar o litro ao fim do dia, porque se eu deixar de um dia pro outro fico cismada que alguma coisa começou a crescer dentro da água.

Eu detesto ser pinéu

segunda-feira, janeiro 12

Rompertje

Vou a um chá de bebê holandês.

Será que tem algum livro que ensina o que um bebê precisa? Porque lendo a lista de presentes do chá, eu juro que metade do que está lá eu não sei o que é ou jamais ía lembrar que um bebê precisa.

Indecisa, googuei, em holandês, qual é o presente mais requisitado ou apreciado pelas mães holandesas, e a resposta: rompertjes.

Mas que raios é um rompertje ( ou romper )? É isso:



Ah, Adriana, é um body, ou quem é mais "das antigas" dirá que é um macaquinho, certo? Então, eu lembro que minha sobrinha tinha uns bodies assim, mas vejam bem, ela é uma menina e ela nasceu no dia 31 de janeiro, alto verão.

Você usaria no inverno, num menino? Qual a função?

Agora me diga, no país onde você mora, tem rompertje? Você usa? Pra quê?

Se mentir for pecado, nenhum comprador vai pro céu!

Ser comprador é a arte de diariamente engolir um ( ou vários ) sapos, respirar fundo, e ser educadinho mesmo quando por dentro você esteja querendo estrangular o seu fornecedor. A pior, pior, piooooor raça que inventaram foi o Representante ( ou qualquer outro título ) de vendas. Não se salva um.

Minha cartinha ao meu querido fornecedor, em parentes o que eu queria realmente dizer:


Prezado fornecedor Bocão ( insuportável, mentiroso, lerdo da cuca fornecedor Bocarra):

Após analisar a sucinta oferta recebida ( depois de ler aquela porcaria que você me enviou escrita no papel de pão ), alguns comentários:

- Por 3 vezes eu solicitei os preços quotados de forma independente, mais uma vez recebi os preços conjugados ( seu cabeçudo duma figa, quando é que vai entrar nesse "thick skull" que você tem que a bosta do preço conjugado não me serve pra nada? )

- Embora o preço da montagem pareça estar dentro do budget informado, notei que a coluna do "extras" aumentou na proporção em que o preço da montagem diminuiu ( que você é uma anta constipada eu já sei, mas tá pensando que eu também sou? Eu tenho calculadora e sei apertar a teclinha de + )

- As orientações que eu dei na nossa revisão de preços anterior parecem ter sido ignoradas ( seu burro, eu fiz seu trabalho para você e você voltou a fazer as mesmas burradas! )

- Os novos ferramentais cotados na China trazem uma economia muito menor do que a estimada ( eu sei que você tá embolsando metade do saving, seu larápio seboso )

- Como escrito na solicitação de cotação, o termo de pagamento é 90 dias após recebimento de fatura, e não 30 como consta na cotação enviada ( além de tudo é ainda analfa? )

Estou desapontada com os numeros apresentados. Após 3 rounds de negociações, 2 revisões técnicas e 2 reuniões de gerência, esperava receber uma cotação com menos erros e mais próxima do budget informado ( tô de saco cheio de ver sua cara, de ficar ouvindo seu nhén-nhén-nhén, de corrigir suas burradas e ainda assim receber essa porcaria de cotação ). Minha conclusão é que ou sua empresa não está interessada neste negócio, ou realmente não tem condições de fornecer esse produto no nível de preços que esperamos ( cansei da sua burrice, aliás, não sei se você é burro ou larápio - cansey de você bofe! ).

Obrigada pelos esforços empregados, espero que nossas empresas consigam encontrar no futuro uma nova oportunidade de concretizar novos negócios. ( Deus que me livre de ter que trabalhar com a sua empresa e com você, tô fora )

Atenciosamente ( Até nunca mais )

Adriana ( a coitada que te aguentou por 6 meses )

sexta-feira, janeiro 9

Planejando o quase implanejável

Todas as vezes que eu chego de férias, naquela mesma semana eu SEMPRE posto sobre um assunto que vocês tanto "gostam". Dessa vez estou até atrasada. Quando e para onde irei nas próximas férias?

Esse ano o Hemelvaart cai dia 21 de maio, o Pinkster dia 1 de junho, dá pra ficar 12 dias em casa pagando só 6. Quero ir molhar a bunda em qualquer lugar quentinho e barato. Pra falar a verdade, queria me aventurar pras terras do Norte, Dinamarca, Noruega, Suécia, mas com os poucos Tutu$ que tenho disponível, só se eu dormir no banco da praça. Outra idéia é, se a gente comprar um carrinho melhor ( estamos procurando ), fazer a rota romântica na Alemanha de carrito, ou, aventura aventura, digirir até Praga. Ah, tantos lugares pra visitar tão pouco tempo ($$$).

Em Julho terei que sair de coletiva, pressupondo que eu ainda tenha um emprego, e eu estava pensando em alugar uma casa num lugar que misture belezas naturais e algumas cidades pra visitar. E de preferência sem turistaiada. O meu maior medo é acontecer que nem nesses programas de férias frustradas: a casa ser linda nas fotos mas toda estropeada na "vida real".

Outra coisa que está me intrigando é que, pelo menos por enquanto, os preços para julho não abaixaram. Em maio já se nota preços melhores, mas os pacotes e casas para alugar em julho ainda estão com preço lá em cima. O negócio vai ser contar com a crise, que deverá atingir seu pico nessa época, e com sorte pegar umas boas promoções de "last minute". Aliás, vejam que situação estranha, como vocês sabem a libra desvalorizou mais de 30% comparado ao euro. Nos sites de casas na Espanha para alugar, os preços normalmente são em libras, porque o mercado inglês é o principal para aluguel de estação. Se eu olho lá, vejo casas por 600 libras por semana, que antes da desvalorização eram 900 euros, acima do meu budget; mas se eu levar em consideração o rate de hoje, dá 660 euros, dentro do meu budget. Escrevi para o dono da casa/agência perguntando o preço em Euros, agora quero ver a resposta. Se eu decidir mesmo alugar uma casa, e se for mais caro em euros do que em libras, mando o dono faturar em libras no cartão de crédito "djá".

E olha, num momento cafeínado chocolatado quentinho total ( ou seja, num momento feliz ), dou um suspiro de alívio e agradeço a Deus a sorte que tivemos. Apareceu no jornal que as vendas de casas na Holanda estão totalmente paradas, não se vende nada. Considerando que eu vendi minha casa no fim de Setembro, no último minuto da prorrogação, tenho que agradecer de joelhos não ter ainda essa bomba nas mãos pra administrar.

E rumbora que é sexta-feira e amanhã não tem rádio-relógio!

quarta-feira, janeiro 7

Dia do Fico

Vocês repararam como a Adriana é uma chatonilda no inverno? Valha-me Deus! ( óquei, vocês aí que pensaram que ela é uma chatonilda o ano inteiro fiquem quietinhas - silence... I kill you )

Vocês estão vendo como eu ando deprimida depois da volta do Brasil, mas hoje, lendo uma coluna no site BnH onde a colunista falava da bolsa roubada e recuperada aqui na Holanda, pensei com um suspiro bem grande: e é por isso que eu ainda estou aqui. E daí, me veio um certo aliviozinho, um certo apreço pela minha vidinha aqui, apesar desse frio decomunal que está lá fora.

Já falei pra vocês que tenho medo mortal de assalto, sequestro-relâmpago, e outras maladias típicamente brasileiras?

Mas então, depois de ler o tal post, fiquei pensando nas coisas que eu gosto daqui, e sabem, até que não são poucas.

Gosto do ambiente profissional aqui, mesmo em crise, é melhor e mais ético que no Brasil.

Gosto do sistema social, apesar de ficar p da vida de vez em quando. Acho que a gente paga muito mais imposto do que no Brasil mas temos também muito mais benefícios, e penso que se há também roubalheira, deve ser numa escala mini comparada a nossa terra.

Adoro a inexistência dos parcelamentos, prestações e crediários, fruto de uma cultura menos consumista.

Assim como Caetano, narcisista que sou, no início também achei feio o que não fosse espelho, e estranhei demais o modo de se vestir das holandesas. Mas agora amo a liberdade de estilo delas, ou a falta de estilo ( como queiram ), e o fato de ninguém seguir modinha se esta não lhes agradar. Amo não ouvir mais "você viu a roupa da fulana da contabilidade?", amo as calças de lã no joelho pra mostrar as botas, adoro as bijuteriazonas, cachecóis, lenços e outros balangandãs que elas jogam por cima dos modelitos, e acima de tudo amo os 44, 46 daqui. Adoro ver na rua gente vestido de todos os jeitos, e não aquela uniformidade brasileira. Esse ano no Brasil foram as calças skinny com plataformas estapafúrdeas o que mais vi. Ah, mentira, o que mais vi foi um medonho modelo de macacão que é uma calça pijama com elástico na cintura e depois uma parte de cima tomara que caia e bufante. Vou ver se acho uma foto. Fora de série, no resort contei 4 mulheres no mesmo restaurante com um desses.

Amo, de joelhos, os queijos que a gente encontra no supermercado, principalmente os holandeses. Beemester oud, Old Amsterdam, Milner Gerijpd, Volmer pittig. Deliro ao ver uma boa fatia de Parmiggiano Reggiano com selinho original. Detono minhas saladas regadas com fetta original esfarelado. E indo além dos queijos, amo os pães, os vegetais, as tortas de chantilly não gordurentos, a alface roxa...

Turismo por aqui é mais barato e mais fácil. Existem milhões de sites de agência de turismo, os hotéis todos listam preços, em janeiro já se encontram pacotes para dezembro. Isso sem falar nas promoções das low cost, nos last-minute deals, e nas cidades maravilhosas onde podemos ir de carro ou com promoções de passagens de trem.

Amo IKEA!!!! No Brasil, ou você vende a casa pra comprar móveis ou acaba na Marabrás ( e olha que eu sou de São Bernardo, a capital brasileira do móvel ), mas aqui temos IKEAAAAAAA. Pode me chamar de pobre de gosto, mas eu olho pras minhas paredes vazias e já vejo uma Bonde, no cantinho uma Billy. AMO AMO AMO.

E eu gosto de gente meio doida, cês sabem né? E a holandesada tem lá as esquisitices, os programas de índio deles, o que acaba sendo levemente "entertaining". Aqui no escritório estão todos monitorando a previsão do tempo e a espessura do gelo em Friesland na expectativa de terem esse ano a tal 11 Steden Tocht, que há 12 anos não acontece. É uma corrida de patinação no gelo que passa por 11 cidades em Friesland, dura cerca de 10 horas. Na frente vai o pelotão profissional, que compete, e atrás os amadores, certa de 9 mil. E quem não vai patinar, vai pra ver. Agora vejam que passeiaço: temperatura negativa, você dirige daqui a Friesland, se enfia numa aglomeração numa cidadezinha qualquer, paga 5 euros num café que vai esfriar em 37 segundos, e fica esperando 9000 pessoas andando de skate no gelo passar por você. Weeeee... que alegria...

Aliás, tenho uma sugestão para comunidade brasileira que insiste em fazer a festa junina em junho, sob um calor de 30 graus ( menos adriana, menos... ). Porque não fazer uma festa "joanina" ( quero morrer sempre que leio festa "julina" - a festa junina em julho, como se junina se referisse ao mês e não ao santo ) em janeiro? Pô, agora que tá bom fazer fogueira, tomar vinho quente e comer pinhão.

Bom, como dizem, o que não tem remédio, remediado está. E diga ao povo que fico!

PS.: Cinco da tarde, breu total e -3 lá fora. Ainda bem que estou de carona com o marido, porque moteeenha esse ano não tá rolando não.

segunda-feira, janeiro 5

"Béstewense"

Nevou a noite inteira, acordei e medi: na minha porta da frente tínhamos 22 cm de neve! Ainda tentei ir de moteeenha pro trabalho, mas a coitada não saía do lugar, só patinava. Vim pro trabalho com FH, de carro. Todos andando a 10 km por hora, povo empurrando bicicleta porque pedalar era impossível, na empresa, estacionamento vazio: todo mundo preso em congestionamentos. Feliz 2009.

Chegando no meu prédio, ninguém sabe se foi esquecimento ou mau planejamento, mas esqueceram de ligar o sistema de aquecimento do prédio com antecedência, justo nessa noite tão fria, e dizem que os que chegaram primeiro pegaram o prédio a 10 graus. Agora, ao meio-dia, está 16. É dificílimo digitar e meu nariz está escorrendo, todo mundo reclamando. Feliz 2009.

Aliás, todo mundo vem desejar feliz 2009, béstewense pra você também.

Pelas próximas 28 semanas posso me despreocupar com o meu empreguinho dos sonhos, ou quase. Apoiada pelo sindicato, a empresa entrou com o pedido de redução de jornada para o ministério do trabalho e o pedido foi aprovado. Durante 28 semanas ninguém pode ser mandado embora, e pelas primeiras 24 os funcionários da produção trabalharão apenas 4 dias por semana e receberão complemento de salário do governo. O que parece um “negócio da China” deixa, para os que se dão ao trabalho de ler o acordo, um gosto bem amargo na boca. É bem óbvio que depois dessas 28 semanas o pau vai comer. E feio. O acordo prevê que nessas 24 semanas a empresa subsidie, junto com o governo, a atualização profissional e treinamento dos funcionários. Ou seja, estão preparando torneiro mecânico pra ir trabalhar de padeiro, e pra bom entendedor um parágrafo basta.

Durante esse tempo, a empresa deve preparar um plano social para “o caso de” precisar reduzir o quadro de funcionários indiretos ( vulgo “nós” dos escritórios ). Mais um parágrafo para o bom entendedor.

Nessa hora, diz o bom senso que o melhor é pular do barco antes dele afundar, e muitos dos meus colegas estão, na calada da noite, procurando emprego. Um deles acabou de anunciar que está deixando a empresa. E é nessa que nós, imigrantes, nos ferramos ( se o Lula pode usar “sifu”, eu posso usar nos ferrar, certo? ). Com a economia a todo vapor, tem emprego pra todo mundo, mas com a economia a nenhum vapor, cabeção só quer contratar lourão batavo, imigrante que se lasque. Portanto, procurar outro emprego, pelo menos para mim, está fora de questão. E aí fica aquela coisa triste da gente torcer para os colegas de trabalho lourões se darem muito bem e arrumarem empregos fantásticos, assim você vai ficando. É péssimo “ficar” porque sobrei, se é que vocês me entendem. Mas pensando bem, é melhor ficar porque sobrei do que não ficar, certo?

Aí você pensa, poxa a Adriana não se garante. Não é isso meu povo, mas convenhamos, eu sou a que entrou por último, eu não falo holandês, eu sou a estranha no ninho. O negócio é esquecer orgulhinho besta e dane-se se eu fiquei porque sobrei ou porque sou um gênio.

E o clima continua ainda pesado, redução de custos de todos os lados, projetos devagar quase parando, produção "still" por 1 mês. Em paralelo, a empresa anuncia distribuição extra de dividendos para os shareholders. Acho lindo segurarem o valor das ações da empresa, mas será que não dava pra re-investir esse valor na empresa ou aumentar as reservas de caixa? Vai ver que eu é que não entendo nada mesmo.

Enquanto isso, comenta-se a boca bem miúda que uma automotiva francesa vai parar a produção nas principais fábricas européias por 5 meses. Gente, vocês não fazem uma idéia da tragédia que isso representa, serão 5 meses de fornecedores sem receber, muitos vão quebrar, tenho certeza. Para confirmar o boato, um colega foi ao dealer dessa marca e tentou encomendar um carro, e estão aceitando pedidos personalisados só para o mês de outubro. Mêda, muita mêda.

Mas... depois das minhas férias relaxantes, estou me convencendo a não arrancar-me mais os cabelos. Até o meio do ano o ganha pão está garantido, e se o pior acontecer depois disso, parece que recebemos 70% do último salário como ajuda-desemprego, preciso pesquisar pra ver se é isso mesmo. E daí tenho esse ano pra procurar um outro emprego, o que não é legal mas também não mata.

domingo, janeiro 4

E o ano começa...

Amanhã volto a trabalhar, depois de exatos 30 dias de férias.

Meu guarda-roupas estava a zero de roupas de inverno, fui então às compras para aproveitar a liquidação. Liquidação aqui é sério, não são aquelas liquidações tabajaras do Brasil. Comprei muitas blusinhas legais por dinheiro de pinga. Há que se garimpar muito, mas voltei com algumas golas altas 100% malha por 5 euros da Miss Etam, calças de veludo ( que eu amo por serem quentinhas ) por 6 euros, e até uma sapatilha baixa de couro verdadeiro por 20 euros. Me deu até uma animadinha.

Aqui em Eindhoven temos 2 shoppings, minúsculos, mas shoppings. O Heuvel Galerie é apertado, tem corredores estreitos, teto baixo, mas pelo menos é quentinho e tem estacionamento. O Piazza é num vão geladésimo e tem uma merreca de roupas, não vale a pena. O resto é camelar pela rua mesmo, entrando de loja em loja. Com esse frio horrendo dá desânimo, por isso eu ter ido apenas a 2 lojas e um magazine.

Estou pensando em comprar aquela lâmpada de luz ultra violeta, ou fazer bronzeamento artificial leve. Xô deprê.

E agora me vou, pensando já nos pepinos que me esperam. Minha empresa entrou no plano de ajuda do governo, e os funcionários de produção estarão trabalhando apenas 4 dias por semana, o dia sem trabalhar é pago pelo governo. Esse esquema durará no máximo 24 semanas, depois disso só Deus sabe. Para nós, dos escritórios, não sei qual será o impacto, estou curiosa e um pouco apreensiva.

sábado, janeiro 3

Senta com um café na mão, que o post é longo

Às vezes a vida é assim, a gente quer congelar um momento no tempo, fazer tudo parar e ter somente sorrisos, dias ensolarados na piscina, abraços, piadas, sorvete de milho verde... Tem uma música italiana que diz que "essa dorzinha, ódio ou amor, passará". Então, nada dura para sempre.

Talvez daqui a algum tempo eu possa dizer que sou grata por encontrar a felicidade em dois lugares: no Brasil e na Holanda. Mas por enquanto é justamente o oposto: não sou inteiramente feliz nem aqui nem lá. Falta a família aqui, falta a segurança lá.

Aos poucos vou melhorando a depressão. Hoje fui bater papo com uma das comadres, ajudou muito. Semana que vem volto ao trabalho, que adoro, e apesar dos tempos bicudos, estarei mais felizinha.

As coisas foram muito bem no Brasil. Tive a impressão que os pobres estão menos pobres, muito carro bom na rua, e carrinhos "pocotó" menos "pocotós. O povo está se vestindo melhorzinho, apesar de ainda existir aquela maldita mania de alguém ditar a moda e todos terem que seguir. A nova são as calças skinny. Já viram gordo de calça skinny? Parece coxinha com a parte redonda pra cima: aquela banha toda pra cima e as pernetas amassadas no jeans. Mas é a moda, né - quem ousa não seguí-la? Sem falar que mesmo que você não queira seguí-la não há outra opção. Minha pobre mãe, uma senhora de 61 anos, não merece ter que se enfiar numa tristeza daquelas a essa altura do campeonato. Levei uma GAP straight boot pra ela. Fiz uma mãe feliz e dei emprego pra alguma criança na Índia.

Como eu já disse, os brasileiros estão ignorando a crise mundial. Como resultado, o resort estava razoavelmente vazio de gringos, todos guardando seus eurinhos ( e dolarezinhos e librinhas ), e bastante cheios de brasileiros. Famílias inteiras se encontrando e passando o Natal juntos no calor da Bahia. Nunca vi tanta babá na vida, e a 3600 reais por cabeça em baixa temporada, tem que ter muita bala na agulha pra levar até a babá pro resort all-inclusive. Sei lá se gosto dessa idéia de levar babá pra férias, por um lado, se eu trabalhasse e tivesse filhos, ía querer passar as férias grudadas neles, e não deixá-los aos cuidados de uma babá, por outro lado, num resort maravilhoso daqueles, ter uma babá pra dar banho, levar pra dormir, ficar com eles à noite é uma mão na roda, não sei mesmo o que pensar.

O hotel é muito bom, melhor do que esperávamos. Tem lá seus poréns, como não ter elevador em nenhum dos 3 blocos ( todos tinham 3 andares ) obrigando todos os pais com crianças em carrinho a ficar no térreo, bem como quem tem problema de locomoção. O café da manhã podia ser melhor: fila pra pegar tapioca num resort 5 estrelas é inaceitável. Mas os drinks eram ótimos, a comida bem aceitável, água de côco abundante, cadeiras de sol sempre disponíveis, quarto grande e bem de frentinha para o mar ( pagamos um pouco mais ), limpeza supimpa. Valeu. Praia do Forte não tem tantas atrações como Porto de Galinhas ou Natal, mas para quem queria relaxar como nós, foi o lugar ideal.

Gostamos muito de Salvador, e vamos voltar. Lindo ver tudo, toda a orla, centro histórico, mas se fosse morar lá moraria onde ficamos: na Pituba. Mais uma vez, o Brasil é melhor para aqueles que tem dinheiro. Mas é assim em qualquer lugar, não é?

Voltando à SP, fomos direto para Holambra, e tudo lá estava ótimo: calor, piscina, casa bonita, sobrinhos lindos e legais, churrasco, caipirinha, shopping center. O Natal foi ótimo também, como eu gosto de Pernil!!!

Às coisas no Brasil estão caras mas não tanto quanto eu pensava. Vi vestidos bonitos no shopping a 125 reais, longos, decotadões, do jeito que eu gosto. Arezzo, que era uma marca boazinha, está carésima, pra lá de 250 reais uma sandália. Nem parei na Cori, que era minha preferida, para não chorar. Nas revistas contigo da vida, os famosos só de Chanel, Prada, LV. Acho um despropósito, justo eles que tem exposição, não promover os designers nacionais. Anyway...

Passando assim férias, é impossível não desejar voltar a ter aquela vida boa, no calorzinho, mas meia hora de "Retrospectiva 2008" na Globo me lembraram da violência, da falta de segurança, da impunidade, de todos os motivos que colaboraram com a decisão de vir morar aqui. No fim, o xis da questão não é o lugar, porque até o pior dos climas se contorna, mas a falta da família. Se eles por um milagre estivessem aqui comigo, eu estaria feliz, com frio, ralhando com essa garoa, pés congelados, mas feliz de tê-los por perto.

E para acabar: a pergunta que não quer calar. Os holandeses sentem as coisas como a gente e não sabem expressar, ou simplesmente não sentem? Meu vôo era antes das 9 da noite, assim que começamos a taxiar, o piloto informou: como estávamos com as portas fechadas, o avião era considerado solo holandês, e portanto, faltava 1 minuto pra meia-noite ( era dia 31 de dezembro ). Passado o tal minuto, ninguém falou nada, marido não abraçou esposa, nem os filhos, nem ninguém. As atendentes passaram com um copinho de champagne pra cada e pronto. Três horas mais tarde, deu meia-noite no horário brasileiro: metade do avião se abraçou, se desejou felicidades, pros conhecidos e pros desconhecidos, deve ter até holandês entrado na dança. E aí a pergunta: será que é só pra gente que um ano novo vem com promessas de felicidade, de novas conquistas, de tempos melhores, de novos horizontes? Será que lá no fundinho, bem no fundinho, eles não acham também que o dia 1 do ano é mais do que só um dia como outro qualquer? Me responda quem puder!

sexta-feira, janeiro 2

De Eindhoven

Cheguei.

Nem vou escrever muito porque dessa vez a volta está sendo terrível. Parece que a qualquer momento minha sobrinha vai entrar na sala tagarelando, ou que se eu for ali no computador vou achar o Bru jogando qualquer coisa sangrenta. Comecei a chorar no aeroporto de Guarulhos e ainda não parei.

Eu andei analisando meus quase 6 anos aqui, e vejo que cada ano eu me sobrecarreguei com batalhas hercúleas. Achar emprego, sobreviver num emprego tão longe, mudar de emprego, achar uma casa, comprar a casa, vender a casa antiga, mudar de emprego de novo, tudo isso adicionado as pelejas normais do dia-a-dia. Saí da boa vida total no Brasil para cair nessa maratona aqui. Isso tem que mudar. O pior é que esse ano vai ser difícil, todo mundo na TV está com previsões macabras. Nesse ponto acho que prefiro o Brasil, estão todos ignorando a crise, sonhando que não vai chegar lá, e vão tomar um tombão, mas pelo menos não sofrem por antecipação. Do que adianta ficar falando again and again na TV que a coisa tá ruim e vai ficar pior? Tem muito o que possamos fazer para melhorar ou para ajudar a melhorar?

Então... Eu vivo repetindo para mim mesma que eu me basto, que eu não vou depender de ninguém, que quando eu quiser uma coisa, me arrebento mas faço sozinha. A verdade é que o gás acabou e eu não me basto mais, ou talvez nunca tenha me bastado. Não sei se as férias me deram gás e fizeram acabar o pouco que tinha, porque mais uma vez eu vi uma vida que não posso mais ter, vivi duas semanas recheadas de risos e conversas e abraços e passeios com a minha família, e voltar para essa solidão dói mais e mais.

Mais uma vez, não tenho muito tempo para chorar e lamber as feridas. E não sou de ficar acuada num canto reclamando da vida, não acho mesmo que vá me ajudar. Continuarei minha análise do quê pode fazer minha vida aqui mais tolerável, e o jeito é correr atrás.

Post triste de início de ano, mas olhando pelo lado bom, daqui só tende a melhorar. Acho eu.

Feliz 2009.