terça-feira, julho 21

Chorei!

Chorei de emoção: tô de férias.

Pergunta retórica: porquê é que eu sempre chego no último dia das férias quase doente?

Dessa vez, a bagaceira é total, trabalhei tanto, mas tanto nos meus últimos dois processos de fornecedores à falência, que estou tiritando de cansaço, mal-estar, tonturas...

Não deixei as coisas arrumadésimas como costumo: nas últimas férias o colega substituto ficou impressionado, ele não teve que cuidar de nenhum assunto na minha ausência, tudo planejadinho com 5 meses de antecedência!

Dessa vez ficaram umas pontas soltas, mas eu tive tantas reuniões hoje, e tanta coisa pra fazer, que bateu 7 horas eu só pensava em ir embora, não conseguia mais escrever um e-mail.

Amanhã faço a mala, compro últimas coisinhas, levo filhotecos para o Gatos Spa & Resort, onde eles ficarão em regime de all-inclusive ( Ty sempre rouba comida dos gatos vizinhos, sempre recebo uma lista de comidas que ele também gostou além da já costumeira Royal Canin 33 ) e faço já o check-in. Tomara que tudo funcione bonitinho com o check in online.

Se eu não entrar mais aqui até a viagem, escrevo de Rhodes se eu achar um cyber café pagável.

Fui pra praia povo, que alegria!

segunda-feira, julho 20

Juízo no sentante


Estão começando a construir a nova parte do bairro ao lado da minha casa. Onde antes tinha uma ruazinha de acesso, agora tem uma ruazinha de terra, onde a prefeitura vai plantar umas graminhas e umas árvores. Durante o final de semana todo ficou um pai com duas crianças pequenas, o menino de uns 6 e a menina 3 ou 4, pra cima e pra baixo num quadricículo motorizado, desses movido a gasolina, que vai super rápido, e faz um barulho que parece que o mundo acabou. Passamos o final de semana inteiro irritados com a barulheira, e eu apavorada de uma das crianças despencar numa das valas laterais e se machucar.

Hoje pela manhã, o vizinho me perguntou se eu vi o acidente. Não vi, eu estava no cinema, e o Bart estava com fones de ouvido ( pra tapar a barulheira ) e também não ouviu. Parece que a menina bateu numa pedra, se apavorou e tombou com o quadriciclo, e aparentemente perdeu um dedinho, acho que da mão ( o vizinho falou vinger, e eu acho que vinger é só da mão ).

Onde tá o juízo de um pai que dá um brinquedo desse pros filhos, no sentante? Sou eu que sou neurótica, ou a função dos pais é proteger os filhos? Veja que eu não estou falando de ser super protetor, de não deixar o filho brincar na terra, de ir na casa do amiguinho, tô falando de dar um veículo motorizado na mão de uma criança de 4 anos!

Tem coisas que os pais podem até não fazer por mal, por exemplo, aquele dia que eu falei do bebê no cinema, e dei o exemplo de uma ameaça de incêndio, sério mesmo, quando aconteceu, eu mal conseguia segurar minha bolsa, quem dirá um bebê no colo. Aí os pais podem pensar: ah, as pessoas vão ver que é um bebê e vão ajudar ( duvido ), ou ah, aqui na Europa e povo vai ser mais calmo na evacuação ( foi um pânico e desorganização total ), mas pra quê arriscar? Isso que eu não consigo mesmo mesmo mesmo entender: pra que arriscar? É que nem esse pai, não podia dar um triciclo, quadriciclo desses de pedalar? A criança teria se divertido menos? Repito a pergunta: pra quê arriscar?

Sempre achei que ser mãe / pai, é colocar o filho primeiro. É pensar no bem-estar e segurança dos filhos primeiro. É adequar sua vida em função dos filhos. Não, não digo se anular, viver em função das crianças, mas tem gente que age como se tivesse comprado um cachorro! Cansei de ver no Brasil pais que vão pra praia e ficam ali nos guarda-sóis entornando todas ( ah, é só uma caipirinha com camarãozinho pra desopilar ), "de olho" nas crianças no mar, e as crianças se distraem e acabam indo mais pro fundo, ou vão mais pra direita ou esquerda, os pais se distraem no bate-papo, acaba a criança sendo resgatada pelos salva-vidas ou porque estão perdidas, ou porque tomaram caldo. Um perigo! Custa ficar um ali na água com a criança, nem que seja numa daquelas cadeirinhas de abrir, nem que for só pra dizer: fulano, mais pro raso, ciclano, não vai tanto pro lado de lá…

Quer ir pra praia manguaçar sem compromisso com a vida? Não tenha filhos! Quer ir pra restaurante chique com cristais e mil talheres? Não tenha filhos. Quer sair de férias culturais pra ver museu todo ano? Não tenha filhos.

Que buósta viu, agora fico com a imagem da menininha, loirinha, com um lencinho tipo bandana no cabelo, sem dedinho. Bah, estragou meu dia!


Isaura

Todo mundo já em casa, de férias, dançando o tchá tchá tchá e eu indo pro trabalho.

Vontade ZERO.

quinta-feira, julho 16

Harry Potter

Depois de esperar 2 anos para ver o sexto filme, finalmente o dia chegou. Ontem trabalhei até as 9 pra poder sair hoje às 5 da tarde e ir pro cinema, e as cinco em ponto eu estava comprando meu bilhete.

Foi aí que os problemas começaram. Claro que o cinema estava lotado, eu já esperava. O problema é que, apesar do cinema estar também exibindo a versão dublada, muita gente foi com criança pequena e como a sessão das 5 ( dublada ) lotou, entrou na em inglês mesmo. Já nos trailers aquelas crianças de 4, 5 anos perderam a motivação e começaram a subir e descer os degraus do cinema. E eu ali me irritando.

Aí começa o filme pra valer. Aos 3 minutos o surround pifa, e o som fica baixinho baixinho. Puta merda, eu esperei dois anos pra assistir o filme e além de um bando de remelentos subindo e descendo as escadas, tinha ainda que aguentar aquele som péssimo. Minha irritação triplicou.

Aí, aos 40 minutos do filme que eu mal ouvia, um bebê começou a chorar. Sim, um bebê. Tem gente que não é mãe, é vaca parideira. Fui embora. Pedi meu dinheiro de volta, o gerente nem argumentou. Jurei que nunca mais volto ao Pathe.

Lembrei então do cinema Zien, que tem mesinhas. Corri pra lá. Que diferença! Duas sessões ao mesmo tempo, uma em holandês uma em inglês, e na em inglês, crianças abaixo da idade da censura ( 10 anos ) não entram. Ameeeei.

Dos seis filmes esse é o que mais se diferencia do livro. Eu cheguei a ficar meio perdida, e olha que eu reli o livro há 2 semanas. Faltou muita, muita, muita coisa, mas é compreensível, o livro é enorme.

*** spoiler alert ***

Apesar do filme ser meio livro, gostei muito, acho que é o melhor dos seis. O filme está mais humano que os outros, os atores melhor dirigidos, a trilha sonora mais "whimsical". As duas únicas retaliações que pra mim fizeram muita, muita, muita falta, foram a música tema no começo e o romance do Harry e da Ginny. Tem cenas lindas do Harry com a Ginny, e de uma forma dão outra profundidade ao personagem dela, mas dos 7 livros, os capítulos em que eles namoram são os únicos onde o Harry tem uma vidinha quase normal, de adolescente infatuado, andando de mão dada e namorando num lugar escondido. Pularam tudo, tem um beijo selinho e só.

E é isso, vão assistir que é legal, e pra quem estiver por essas bandas e puder ir nessa nova rede ZIEN, vá que você vai gostar!

terça-feira, julho 14

Blééééééé

Acho que acabei de assistir o pior filme dos meus 36 anos.

Estou pasma até agora com tanta tosquice.

Sweetest Thing com a Cameron Diaz.

Depois desse filme, meu conceito de filme ruim tomou outra dimensão.

O positivo é que superar essa ruindade toda vai ser difícil.

Manja Glitter, com a Mariah Carey? É um filmaço comparado com esse The sweetest thing.

Nossa-senhora...

Fruto do meio


Nós somos frutos do meio.

Profissionalmente também.

Por 10 anos eu trabalhei no Brasil, onde as pessoas são mais emocionais, mesmo nas suas relações profissionais, do que aqui na Holanda.

Enquanto no Brasil as discussões numa sala de reunião não demoram muito a tomar um tom acalorado, aqui na Holanda, o circo está pegando fogo, o jabá assando, a porca entortando, e todo mundo sentadinho numa saleta sem janela, com duas garrafas de café, um beamer, discutindo em monotom um crash plan praquele fornecedor que está falindo. Impressionante.

Eu, claro, tenho que me controlar, porque sou fruto do meio, e por 30 anos, 10 de vida profissional, meu meio foi o Brasil.

Geralmente eu consigo manter o tom calmo, baixo, controlado. Não como eles, mas num nível aceitável, o que exige um enorme controle de mim.

Hoje entretanto, depois de tantas semanas num estresse sem tamanho, com fome porque a reunião se alongou pela hora do almoço adentro, com umas 6 pessoas que não entendem nada da área de compras, fiquei a um triz de "lose it", perder as estribeiras. A solução nesse caso é dizer, sorry that I feel so frustrated, but… Dizer que você está frustrada sempre ajuda, porque ficar "frustrada" é profissional, não é ter chilique. A reunião foi encerrada ali porque todos tínhamos uma outra reunião importante pra atender, mas mais tarde meu diretor, que ainda não tinha me visto tão "frustrada", veio discutir o assunto, e depois de eu expor todos os argumentos, concordou comigo.

Ele ter concordado comigo é bom, mas não deixo de estar "p da vida" com o fato de eu ter chegado tão perto de perder as estribeiras.

O que me impressiona de uma forma indescritível, é que nas mil entrevistas que eu fiz nessa empresa e em tantas outras, exigiram tanto de mim, eu tinha que ter talento para micro management, cultura de changing management, helicopter vision ( essa pediam em todas! ), e hoje, vendo quem trabalha comigo, metade tem visão de metrô paulista, que helicóptero que nada! Será que exigem mais de todos quando o país está em crise e há poucos empregos ( como foi o caso em 2003/2004 ), ou exigem mais porque eu era estrangeira?

Mas anyway, acalmei, estou indo pra casa, depois de ficar esperando u über-director por 2 horas. Vou-me, eu e minha incrível visão de helicóptero, microgerenciar minha cozinha, estudar os riscos de um macarrão com camarões versus batata com frango grelhado.

Blé.

segunda-feira, julho 13

Whatever...


Quando estive no Brasil, invoquei que queria um Tostex. Quem aqui sabe o que é tostex? É aquele negócio de colocar o Bauru dentro e tostar na boca do fogão. Todo mundo estranhou eu querer o arcaico "equipamento", já que existem agora aquelas sanduicheiras elétricas, que além de baratas, fazem dois sanduíches por vez.

O lance é que eu estou cheia de ter esses zilhões de equipamentos elétricos que eu pouco uso em casa. Hoje tenho, ao invés de um liquidificador, um daqueles combi que fatia/tritura/centrifuga e é também liquidificador. Um trambolho, se eu for dizer a verdade, uso o triturador uma vez por ano pra moer carne e fazer hamburguer caseiro. Tenho máquina de fazer pão, que uso 1 vez por mês porque demora 3 horas pra fazer um pão. Tenho um grill da Philips tipo o do George Foreman, que eu estou jogando no lixo porque a gordura da carne vaza pra todo lado e ninguém merece limpar aquilo, fora que a carne fica sem gordura e sem gosto, uma sola de sapato. Tenho uma fonte de chocolate, que usei duas vezes, que é super legal mas outro martírio pra limpar, e tem que usar pelo menos 1 quilo de chocolate, então tem que ter bastante gente. Tenho uma fritadeira que usei 2 vezes, em casa eu não frito nada, a fritadeira foi só mesmo pra fritar coxinhas quando eu tive visitas. E tenho torradeira, esquentador de água, Senseo ( essa usamos pacas )...

No fim, me falta uma batedeira, mas que pra falar a verdade, eu usaria de vez em nunca, já que raramente faço bolos, e quando faço, não me importo de bater na mão.

Já pensei em comprar um daqueles kitchen aids, que tem mil utilidades numa máquina só, mas é um ultra trambolho, tem mil apetrechos, é ultra cara, e no fim, não vai ser usado tão frequentemente pra compensar o investimento.

Ou então, já que minha casa tem espaço, respirar fundo, soltar um whatever e fazer uma prateleira no armário debaixo da escada pra acomodar a tranqueiraiada toda.

Quanto ao Tostex, foi pro lixo. Os pães de forma holandeses são muito maiores que os brasileiros, e eu tive que cortar pelo menos um quarto do sanduíche pra caber no treco, e mesmo com uma camadinha de margarina por fora, grudou tudo. Uma droga.  Vou mesmo é comprar uma elétrica, onde o sanduba cabe, não gruda, faz os dois lados de uma vez, é fácil de limpar. Vou ouvir mais reclamação do Bart, mas whatever, né não?

sexta-feira, julho 10

Eu me impressiono

Desde criança, eu sempre me impressionei demais com as histórias da Segunda Guerra Mundial.

Até eu mudar para a Europa, o meu contato com a guerra eram as imagens de TV, fotos, tudo muito longe, meio abstrato. Eu sempre perguntava pra minha avó como tinha sido a guerra, e ela, brasileira, me dizia: foi terrível, não se achavam ovos e açucar em lugar nenhum, ía tudo pro exército americano! Pra ela, o maior problema da guerra foi não ter podido fazer bolos.

Mudando pra Holanda, a gente aprende rapidinho a dimensão da tragédia que essa guerra foi.

Há alguns dias, um fornecedor contava que o pai morreu cedo, aos 75 anos ( a expectativa de vida de um europeu é pra lá dos 85 anos ), e que o motivo foi o pai ter sido prisioneiro de guerra. Apesar de não ser judeu, o pai era soldado do exército holandês e foi capturado e mandando para um campo de concentração "especial". Ao término da guerra o pai dele, alto e fortão, tinha baixado dos 80 para 35 quilos. O corpo nunca se recuperou totalmente, e aos 55 anos ele não conseguia mais trabalhar, tinha que usar rolator, e sofria "dos nervos".

Hoje, um outro colega contava que os pais eram sitiantes no sul do país, e que o exército alemão passava o tempo todo confiscando tudo que pudesse ser comido. No desespero, os pais desenterraram bulbos de tulipas e passaram meses tomando sopa daquilo. Já imaginaram?

Os holandeses não têm problema em falar da guerra, eles também foram vítimas, mas esse é um assunto que não se comenta jamais com um alemão. Eu tenho muitos fornecedores alemães, e nesses 5 anos de vida profissional aqui, aprendi que não há taboo maior pra um alemão do que falar na segunda guerra mundial.

Eu, pessoalmente, apesar de ver filmes, documentários, de ler, não consigo entender como um país inteiro acreditou na propaganda do H. Tento me imaginar uma simples dona de casa naquela época, ouvindo os absurdos da propaganda nazista, e não consigo imaginar como uma pessoa normal possa aceitar que seja certo condenar uma raça inteira à fornos-crematórios, por exemplo.

Bom, deixa pra lá, assunto complexo pra blog, e triste pra uma sexta-feira.

Bom finde!

Plato, o gato que queria ser menino


Ontem, aniversário do Bart, fiz paella, que ambos gostamos. Estou ficando cada vez melhor em paella, e nada daquela receitinha chulé da Gwyneth Paltrow, eu fui seguindo várias receitas de sites espanhóis. Dessa vez além do tomate madurinho picado na hora, fui de pimentão verde, haricot verts ( uma vagem fininha e bem delicada, que eu amo ), além de muita cebola e alho. Azeite mais que honesto. Camarões e peito de frango defumado ( não de colocar em sanduíche, o peito inteiro mesmo ). Substituí frango normal pelo defumado porque a maioria das receitas pede uma pimenta defumada, e como eu não coloco pimenta, ou só uma pitadinha mínima, o frango dá aquele gostinho do "defumado" no prato. Quando coloco a água coloco também os pistilos de açafrão, nada de pó! Bem na hora de servir, a receita não pede, mas eu coloco cheiro verde e um bom fio de azeite. Fica linda, cheirosa e suculentíssima.

Eu fui dormir super cedo, Bart ainda ficou assistindo TV. Plato, o gato que não sabe que é gato, voltou a ter um comportamento estranho e dessa vez acho mesmo que vou pro veterinário com ele. Ele vem bater na minha porta lá pelas 3 da manhã. Eu desço pra ver se falta água ou comida. Tá tudo lá. Aí eu pergunto o que ele quer, ele vai andando e olhando pra trás, quer que eu o siga. Aí ele vai pro canto onde ele gosta de dormir, sempre encostado num pano, num tapete, no sofá perto de uma blusa, deita com a barriga pra cima. Aí eu coço a barriguinha dele, ele vira pro lado e fica ronronando e fazendo pãozinho com as patas, comigo coçando a barriga, até dormir! Acho que ele tá com alguma dor de barriga, só pode ser! O que me preocupa é que ele não mia chatinho na porta do quarto, ele mia desesperado! Se algum veterinário ler esse blog, sugestões são aceitas!

E pra não perder o costume de falar das minhas férias frustradas, decidi que na semana livre de Setembro eu queria ir pra Santorini, ficar a semana todinha lá. Gente, como é caro!!! Não tô podendo! Só o vôo, 450 euro-pilas. Afe.




quinta-feira, julho 9

Ahhhhh

Ahhhh se eu fosse 20 anos mais jovem e 20 quilos mais magra...

Envelhecer é pensar que esse dotoso agora é pro bico da sua sobrinha.

P E P I N O S - tem do grosso e tem do fino

Tudo empepinado no trabalho, absolutamente tudo. Eu estou tão sem paciência, mas tãããão sem paciência... A verdade é que estou contando os minutos pra minhas férias. E a cada dia os peninos empepinam mais. Murphy total.
 
Eu amo meu trabalho, mas tem dias que eu daria um saco de dinheiro pra poder simplesmente ir pra casa ( ou ficar em casa ), debaixo das cobertas, assistindo TV. Estou há 3 dias com uma dor incrível no ombro, resultado de muito estresse por aqui e de uma reunião de 3 horas numa salinha gelada usando o laptop sem mouse. Tenho passado pomadinha e tomado banho pelando com o massageador do chuveiro, mas não tá adiantando. Esse tipo de dor, embora não seja aguda e desesperadora, vai te irritando, e irritando, até chegar no ponto onde você está insuportável porque sua paciência está no limite. Essa sou eu.
 
Estou aqui falando que queria ficar quieta no meu canto por causa do ombro, e acho que é a "natureza" falando. Ty ontem não veio me receber na porta quando eu cheguei em casa. Ele estava no parapeito da janela em L e ali ficou, dormindo quietinho até a hora do jantar. Dei a comida molhadinha, favorita dele, ele não veio comer. Dei um potinho de água ali no parapeito, ele tomou umas goladinhas e voltou a dormir. Deixei o bichinho quieto, mas fiquei ultra preocupada. De madrugada fui checar, ele ainda estava lá, dei mais água no parapeito, de novo umas goladas, voltou a dormir. Hoje de manhã, desci já em pânico, ele estava já no chão, comendo. Provavelmente ele estava com alguma dorzinha, desarranjo e se recolheu no canto mais remoto da casa e dormiu pra se recuperar. Nosso corpo fala, pena que Ty - o gato, tenha um vidão e possa ouvir os gritos do corpinho dele e se recolher, enquanto nós, humanos, sejamos por vezes forçados a ignorar sinais óbvios de estafa.
 
Essa foi o primeiro semestre desde que vim pra Holanda que trabalhei sem tirar férias. E trabalhei feito um elfo doméstico, diga-se de passagem.
 
E para terminar, falta exatamente uma semana para o outro acontecimento importante do ano: Harry Potter and the Half Blood Prince.
 
Ai, tô roendo as unhas!
 
 

quarta-feira, julho 8

Relaxa Adriaaaaaana...

Deus que não me castigue, mas eu tô contente com a chuvinha… Eu moro no meio de um bairro em construção, é terra pra todo lado, e depois de 3 semanas sem uma gota de chuva, a terra virou um pó fino que entra por todas as frestas, o chão vive cheio de um talco insuportável, os gatos estão pardos… Ah, mas choveu, que bom. Agora pode parar.

Fiquei pissaroca da vida porque deixei pra encomendar meus maiôs no último minuto e já estavam esgotados. Acabei pedindo um que ficou grande, devolvi, e na hora que fui encomendar o substituto, vi que chegou mais do maiô que eu originalmente queria. E o biquini, esgotado a mais de mês, também chegou. Eita como eu fiquei feliz!

E no domingo, aproveitei que o Bart estava assistindo um programa besta qualquer e fui pro cinema assistir "The proposal". Bem bonzinho, viu! Bom, eu gosto da Sandra Bullock, e o par romântico ( que eu lembro vagamente de algum outro seriado B C ou D ) é além de bonito, engraçado. Aparece a Sandra Bullock quase pelada, senhor, que corpo! Sei lá se rolou manipulação digital, luz, ou se ela é bonita daquele jeito mesmo.

E pra encerrar, deixa eu contar mais um dos meus "causos holandeses" proceis.

Bom, ceis sabem que minha casa nova foi entregue "no cimento", né? Isso quer dizer que no último andar, debaixo do teto, tem o tal zolder, que é gigantesco e dá pra fazer 3 enormes cômodos. Eu e o Bart estamos a tempos esquentando a cabeça com o layout e como fazer isso ou aquilo, e na reunião da cerquinha com os vizinhos um deles comentou que fez os tais 3 quartos. Eis que o Bart ficou me atentando pra eu ir pedir pra eles pra gente ver o que eles fizeram. É eu sei, porque não vai ele mesmo pedir, mas ele é tímido, e a bem da verdade, foi ele que organizou várias outras coisas da casa.

Com as comadres e os colegas holandeses com quem falei, todos disseram que não tem o menor problema, que é só tocar na campainha do vizinho ( que eu mal conheço ) e combinar um dia, mas eu me imagino em SP, tocando a campainha do vizinho que eu mal conheço e pedindo:"posso ver sua casa por dentro?"… O vizinho ía bater a porta na minha cara e me dar o dedo do meio. Então, só sei que me embuí da pouca coragem que tenho e mandei um e-mail. Hoje chegou a resposta do vizinho, todo simpático, dizendo que é só bater na porta deles e que não tem galho, eles deixam a gente ver… Não é o máximo? Estou tão feliz… Quem sabe ainda esse ano sai o zolder?

Mas uma coisa vou dizer, apesar de mal conhecer meus vizinhos, me parece que o povo por aqui é mais "receptivo" do que os meus vizinhos São Bernardenses. Lá eu morei 23 anos ao lado de uma vizinha que a gente nunca soube o nome!

É isso, all in all, tô felizinha que só.

segunda-feira, julho 6

Eu sou uma foca ( né, Alice? )

Eu ando muito desapontada comigo mesmo.

Desapontada porque certas coisas que eu quero ou preciso fazer dependem de uma certa dose de "self-sacrifice", e eu acabo sempre empurrando com a barriga e adiando. E o resultado lógico é que o que eu tanto quero acaba não acontecendo, e eu fico frustrada, e viro uma véia reclamona.

Minha prioridade no momento, é melhorar minha condição física. Pra mim, é até mais importante que emagrecer. Ando botando a língua pra fora pra subir até o zolder, e isso é assustador, afinal eu "pareço" uma véia reclamona, mas não sou ( véia )! A bicicleta tá juntando teia de aranha, a Chalene tá engavetada, o Zumba nunca deixou o hard-drive.

Depois tem o regime em si. Empolgadésima com os Vigilantes, super viável, mas… ando trabalhando feito uma louca, sem inspiração pra cozinhar, ansiosa, o que me leva a beliscar. Depende de mim, eu sei, mas sendo sincera, eu não tô conseguindo fechar a boca. Eu sinto muita falta aqui de certas facilidades que o mundo civilizado tem. No Brasil, assim como nos USA, você pode comprar o pacote de comidinhas dos Vigilantes prontinho, entregue na sua casa. Nos Eua eu não sei, mas a empresa que entregava em São Caetano era muito boa e a preços bem justos. Aí é mil vezes mais fácil resistir à tentação, você não tem que ir pro fogão, e na hora que bater aquela fominha, é só pegar a porção do lanchinho já separadinha, você não tem que resistir à tentação que é ir ao mercado procurar suas comidas diet tendo que resistir à prateleiras e mais prateleiras de cookies, e pães, e massas…

E outra coisa que eu queria fazer é melhorar o holandês. Não porque eu realmente queria, mas porque eu preciso. Puxa, eu não sei mais o que fazer pra gostar um pouco mais dessa língua… Eu tento, como diz uma amiga minha, abrir o coração, mas não rola! Sabem, eu achei que ía ser facinho facinho… Na minha primeira viagem ao México fiquei encantada com espanhol, já me imaginava falando aquelas melódicas palavras, corri pra escola de espanhol. Estudei no Cel-Lep, que era uma escola bem puxada, por 3 semestres, e saí de lá falando bem legalzinho, me dava um prazer enorme falar espanhol. Com o italiano foi bem parecido, pena eu não ter podido terminar o curso, pois foi bem na época que eu operei, de noite eu já estava muito baleada pra acompanhar o curso… Mas também me dava um prazer enorme falar italiano. Eu sinceramente esperava que o Holandês fosse ser o mesmo… mas não é! A língua dói no ouvido, os sons são "raspados" demais. As músicas não são muito atraentes pro meu gosto, e as que eu "até ouço" não são suficientes pra melhorar minha fluência. Todos meus professores dizem que meu sotaque é bem suave, que meu nível já é bem compreensível, mas mesmo assim tem sempre um que não entende sua pronúncia, e é muito desanimador.

Tem uma vozinha no meu ouvido direito dizendo: Adriana, se sacrifique por 6 meses, faça o regime, ande de bike e sacoleje ao som do tal Zumba, re-leia seus livros de holandês e pratique mais, e em 6 meses sua qualidade de vida vai estar muito melhor.

Mas cadê, que lá do fundinho das minhas forças, eu consigo encontrar forças pra encarar mais esse touro e pegá-lo à unha?

Que raiva viu, eu tenho um problema, sei como resolvê-lo, depende só de mim, e no entando, cá estou eu empacada.

Eu sou uma anta. Ou para os que lembram do "causo": uma foca de merda.

sexta-feira, julho 3

Sol sol sol sol sol sol sol lá lá lá rá rá la la


Concentração zero.

Dia lindo de morrer. Adriana não anda, saltita.

Engenharia em casa, programa de redução de jornada, menos pro meu departamento. A meia dúzia de engenheiros que tiveram que vir trabalhar, estão de shorts e papete em sinal de protesto. Dou risada.

O marido não dormiu, o calor deixou o estômago dele revirado.

O gato Plato não dormiu, boazinha que sou deixei o coitado se resfriar no azulejo do banheiro. Todo ano penso em tosá-lo no verão.

Eu entrei em coma até o marido acordar 4 da matina. Estava podre depois de 3 noites de insônia. Dizem que o Jacko enfartou por excesso de remédio pra controlar a insônia. Mêda. O ator do Brokeback Mountain também piripacou com remédio pra dormir, certo?

Aqui na empresa nos acertamos, o chefe e eu. Eu venho trabalhar na semana 33, mas tiro a 36 livre. E em setembro vou molhar a bunda mais barato em algum lugar. Gostei da troca. Malta? Chipre? Tunísia?





quinta-feira, julho 2

Caos


Minhas 2 semanas adicionais de férias já foram canceladas e reinstaladas 5 vezes nas últimas 3 semanas, já nem me animo mais, e nem planejo nada. No momento as semanas extras estão canceladas. Bosta. Nunca vi tamanho caos numa empresa na minha vida. Bosta 2. E TODOS os engenheiros amanhã estão descansando em casa, enquanto burro de carga aqui tá trabalhando. Bosta 3. Maaaas… nenhum burro de carga foi mandado embora, enquanto 20% da engenheirada entrou no facão. Nada bosta pra gente!!!

E não, não estou pensando em ir pro México, mas quis comparar um pousada brasileira com o hotel chique que conheço, pra ver se eu estou ficando louca. E não, quem tá ficando louco são os brazileiros com z, porque aquilo é preço de Dinamarquês gringão louro. Povo, 650 reais numa diária de POUSADA com café da manhã e só. Um-salário-mínimo-e-meio-por-dia!!!!!

Entretanto, achei engraçado que miguxa Holandesa, que junto com o meu marido são meus maiores riscos de contaminação ( os dois trabalham no campus da Philips, onde 4 casos já foram confirmados ), estar preocupada com uma possível viagem ao México. Fia, você e o Bart não foram até o virus, mas ele veio até vocês. Bate na madeira 3 mil vezes. Sem falar que o CDC diz que se não disponibilizarem uma vacina antes do inverno, os USA não conseguirão conter o virus, e daí é como jogar a meleca no ventilador, né mesmo? Porque evitar mexicaninho a gente até evita, deixa de ir pra Cancun e pronto, mas evitar americanos e evitar ir pros USA, como?

Povo, me vou. AH me espera. Estou em greve culinária, pelo calor, comemos saladas ( gordas ) todos os dias, e eu vou comprar as de hoje.

Fuy!


quarta-feira, julho 1

Dá pra entender?

Trancoso, Etnia Pousada, no TabletHotel, baixa estação:

Master suite: U$315,00 + 10% service charge +5% CITY TAX

Com café da manhã

Playa del Carmen, The Royal ( o hotel ultra all-inclusive onde eu fiquei ), baixa estação:

Master suite: U$261,00

Ultra-all inclusive com serviço de quarto 24 horas e todas as bebidas alcóolicas de primeira linha

Eu tava querendo começar a programar uma passeadinha pela terrinha e queria conhecer Trancoso, mas por esse preço só se for pra ficar hospedada na casa da Elba com direito a massagens de óleos asiáticos feitas pelo Gaetano Gostoso...

Depois, quando eu falo que ir ao Brasil é mesmo só pela família, neguinho me chama de esnobe... sou é pobre!

E do lado de lá da fronteira...

Acabei de chegar da planta da Bélgica.

Sempre que visito a fábrica fico pensando, que bom seria trabalhar em alguma coisa que não te dá grandes preocupações, é só treinar que parafuso vai em que buraco e pronto. E que maravilha sair do trabalho e esquecer que a empresa existe, não levar nenhuma preocupação pra casa. Ai ai…

E meio que mudando de pato pra ganso, mais uma diferença entre belgas e holandeses. Olhando a linha de montagem, na Holanda tem muito mais homem bonito do que na Bélgica. Aqui tem uns lourões altões de dar água na boca, lá na Bélgica não vi nenhunzinho de encher os olhos. Informação importantíssima essa, não acham?

Mas então, estou desmacacando meu humor, porque estou com a macaca aqui no trabalho, atolada até a quarta geração de trabalho enquanto outros departamentos trabalham em redução de jornada. Comecei a ir pra casa às 5 em ponto, tô até mais coradinha, está sol, eu tô feliz, se o ano tivesse 12 julhos eu até relevaria as desvantagens de se morar aqui.

Plato em compensação, não sabe mais o que fazer. Meu Tony Ramos felino está se acabando de calor, tem dias que mesmo dentro de casa escondidinho do sol ele coloca a linguinha pra fora de calor que nem cachorro.