sexta-feira, novembro 28

A vida é bela!

Então, depois de tantas idéias legais, resolvi que vamos numa pizzaria. Estou entre a Brás ( que é famosa ), a Bendita Hora ( que parece legal, mas bonita mesmo é a filial do Alphaville, que infelizmente é longe pacas ), e a minha querida Margherita.

Antes da Pizzaria eu queria dar uma parada no Hooters pra tirar o sarro do Bart. No México e nos EUA eu ameacei entrar com ele, e ele quase morreu de vergonha. No Brasil, com outras 4 mulheres, vai ser engraçado.

Sabem, SP tem tanto lugar legal, eu queria ir num lugar diferentão. Tipo, descer até Santos e comer num restaurante de frente pro mar ( tinha um na Ilha Porchat, mas era super barango, apesar da vista linda ), ou na beira da Guarapiranga, ou num ambiente diferente, tipo o doidão Vico do Scunizzo, ou o Lazzarella que dá até tarantela pro povo tocar... Mas como não achei nada, vai uma bouuuua pizzaria mesmo.

Enquanto isso o clima aqui na empresa cada vez mais sombrio. Hoje saiu matéria sobre a crise da Companhia no jornal da cidade. O pessoal da produção está se descabelando, porque dizem que vai ter trabalho só pra 30% deles. Se isso for verdade, nós aqui nos escritórios seremos dizimados mais rápido que matar barata com detefon. E conversando com uma das comadres, a crise já está se alastrando. Philipslândia acabou entrando na dança também. Olha, se o governo não der uma mão, um arroxo, sei não... Cidades como Amsterdam, Rotterdam, ainda se ajeitam porque têm uma razoável quantidade de empresas de serviços, mas cidades industriais, como Eindhoven, parece SBC em 1981. Sombrio... Imaginem que nosso concorrente direto estava produzindo 280 caminhões por dia, semana que vem a produção cai pra 40. Gente, tá difícil pacas!

E nessa, a primeira coisa que acaba entrando na dança são os dias de férias. Ano que vem haverão várias semanas compulsórias de férias. Eles sempre fazem isso para coincidir com as férias escolares, assim o povo em geral não chia muito, mas nós que não temos filhos só nos ferramos. Nessa época qualquer hotelzinho chuleiro nas Marbellas da vida custa 3 vezes o preço normal. Se bem que se eu for esperta ( e eu sou ), eu fico em casa quietinha, no máximo dou uns bordejos por Amsterdam e Maastricht. Ano que vem será um ano magro. Macérrimo!

E eu confesso que o gás está no finzinho, eita ano cabeludo esse. Emprego novo, venda de casa, mudança pra casa nova, crise... Estou no último das minhas forças. Me arrastando...

Essa noite o Plato me azucrinou até as 3 da manhã. Gente, eu reclamo do meu pestinha, mas eita gato inteligente! Bart estava roncando que nem o carro velho do namorado da Ivete Sangalo, acabei indo lá pra meia-noite dormir no outro quarto. Acabei de deitar, cochilei, Plato começou a arranhar-bater na porta. E eu quentinha lá debaixo dos meus edredons, ignorei o gato. E esse coitado, arranhou, miou, bufou, tanto que eu fui ver o que ocorria. Eu sabia que ele tinha comida e água, o que seria? O Bart foi dormir e fechou a porta da sala/cozinha, onde a comida e a água ficam. Lá dentro estava o Ty arranhando a porta porque queria ir ao banheirinho ( no Zolder ) e cá encima estava o Plato, que queria ir beber água. O que me surpreendeu é que ele viu que naquele dia eu não dormi no meu quarto habitual, e foi bater onde eu estava! Depois de beber meia tigelinha de água o coitado dormiu como uma pedra.

Bom povo, reta final agora. Escrevi um livro porque não sei quando e se escrevo antes das férias. Devo dar um alôzinho. Não conectaram minha internet e eu vou ter que ir numa LANhouse fazer o check-in da KLM. Estou com um frio imenso na minha barriga. Ontem eu estava um cocô de deprimida, até receber o e-mail da minha amiga Fernanda, que está me esperando e vai me buscar no aeroporto. Ai que emoção. E vamos pro apê da minha mãe, onde a menos de 100 metros abriu um Habib's. Eu AMO o Habib's. Vou poder botar o Bart pra dormir e fofocar até o fiofó desatarrachar com a pessoa que mais me conhece nesse mundo.

A vida é bela!

quinta-feira, novembro 27

Não conheço mais minha própria terra!

Povo, ajudinha necessária daqueles que moram em São Paulo!

Vou estar em SP só uma noite. Uminha. E nessa noite quero ir com duas primas, uma amiga, e o Bart em algum restaurante legal. E pagarei a conta.

Eu não queria ir a falência, mas não faço mais idéia de preços no Brasil, e claro que nenhum site mostra. Não entendo isso no Brasil, viu. Se você entra no site do Outback nos EUA, vê todos os preços, no Brasil não! O Outback tá caro? Quando custa um prato individual em média?

Um lugar que gosto pelo ambiente, mas que a comida é muito mais ou menos é o Vico D'Scunizzo, então não sei se sacrifico a comida pelo ambiente, sabendo que também é bem carinho.

Caro por caro, se o negócio são massas, meu estômago diz pra esquecer o Vico e ir no Famiglia Manccini, na Cê que Sabe, ou no Lellis. Mas o Famiglia é sempre super lotado, e você acaba sempre esprimido num canto. A cê que sabe só dá velho. E o Lellis além das filas tem também bastante coroa, mas é de todos o que tem a comida mais gostosa.

Até pensei numa churrascaria, mas o Bart passou super mal depois de termos ido na Novilho de Prata, que costumava ser fantástica, mas pelo jeito tá decaindo. Aí pergunto: quanto morre no Jardineira Grill, alguém sabe?

Outra opção mais doida, mas ainda opção, é o Kan'el Kalili ( é assim que se escreve? ). Casa de chá egípcia com show de dança do ventre, comida boa e ambiente legal. Tá 53 por pessoa, acho. É o único restaurante que tem preço no site. Devia ir lá só por isso, para apoiar a iniciativa.

E faz tempo que estou prometendo ( ou ameaçando ) pro Bart que vou levá-lo ao Hooters. Vocês viram que em São Paulo abriu um? Ele diz que não vai que morre de vergonha, mas duvido. Aí no Brasil será que as garçonetes são "turbinadas" que nem nos EUA?

Pedir pra paulista escolher um, unzinho só, restaurante "favorito" em SP é que nem pedir pra gordo dizer qual comida ele não pode viver sem: missão impossível.

E aí, qual sua indicação? Vou à falência?

segunda-feira, novembro 24

Adriana Papa-Léguas

Não tenho tempo pra nada, post terá que ser pra lá de rápido, só mesmo pra dizer que não morri ( ainda ).

Semana passada o facão começou aqui. Por enquanto, só os terceirizados, mas ninguém tem a ilusão de que vai parar por aí. Esse facão holandês me ensinou uma lição importantíssima para a adaptação nessas terras. Muitas vezes a gente acha que o povo daqui é frio, que não se preocupa como a gente, que o mundo está desabando e eles não estão nem aí. Essa semana vi que eles sentem como a gente, é só a reação que é outra. Acho que desde pequenos são ensinados a demonstrar menos as emoções, acabam adotando isso por hábito. Acho que um povo que passou por duas guerras mundiais, acaba criando "calo", daí o eterno "vai adiantar eu arrancar os cabelos?" que é tão diferente do nosso ( latino ) comportamento.

Um dia antes do ocorrido tive um gerente chorando na minha mesa, quem mora aqui sabe o que é pra um holandês chorar em público. E no dia da guilhotina, ao sair de uma reunião lá pelas 18:30, ouvi do lider do projeto: "É, há dois dias isso aqui estava cheio a essa hora, hoje não tem viva alma".

Foi barra e continuará sendo. Por bastante tempo.

Em casa sem novidades, ainda sem internet, sem cozinha, meio-banheiro. Neva, neva muito e minha vontade de botar o nariz pra fora e ir atrás de cortinas, lustres, etc e tal é zero. Aliás, abaixo de zero.

E o negócio é já ir preparando a mala e sonhando com o solzinho da Bahia e o feijão da minha mãe. Ahhhhhh feijão da minha mãe!!!!!

terça-feira, novembro 18

Problemas Técnicos

Estou cheia deles, problemas técnicos.

Estou sem internet em casa e o explorer da empresa bloqueia gmail, portanto se alguém me escreveu, tenha paciência. A KPN conectou o telefone e a TV ( menos mau ), mas a internet necas e está sem previsão.

Meu banheiro ainda não tem pia nem box de chuveiro, mas é de todos os problemas técnicos o menos relevante.

Minha cozinha ainda está toda sem instalação, e estou comendo as maledetas comidas a vapor a mais de 1 mês. Não aguento mais, acho que estou até perdendo peso, juro. A coifa da Bosch ainda não chegou, nem o tampo de pedra.

Estamos totalmente sem cortinas, e todo mundo vê tudo que fazemos. Colocamos umas velhas no quarto de dormir, e só. Fomos ver os preços da Luxaflex, e ficaria 2 mil euros para o andar térreo apenas. Não tive coragem, pelo menos não agora com o zolder ainda por fazer, o jardim uma lástima, e essa crise que não dará tréguas por algum tempo. Vamos de qualquer coisa barata que pudermos comprar na Ikea ou outra loja qualquer.

Aqui na empresa o clima está tenso, muito tenso. Eu estou também tensa. Ninguém está livre de entrar num facão, mas ía ser muita ironia do destino se eu, que escapei de tantos no Brasil, entrasse num aqui, onde raramente há facões. Putz, o emprego dos meus sonhos, bem pago, ao lado da minha casa. Deus que me ajude.

E os EUA discutindo bailout pra indústria automobilística. Por mais que eu entenda a preocupação das famílias que dependem dessa indústria, e sabendo que só a GM deixaria mais de 2 milhões de pessoas sem trabalho ( funcionários diretos e fornecedores ), ainda penso que se ajudar um tem que ajudar todos, se ajudar a automobilística logo terão que ajudar a de bens de consumo, e a indústria farmacêutica e por aí vai. Só tem uma indústria que não vai sofrer com essa crise: fábrica de pão. Alguém aqui deixa de comprar pão ou se põe a fazer pão quando o cinto aperta? Não, né? Taí, lembram do emprego da minha ex-empregada, que empacotava pão noite afora? Imaginam ficar 8 horas em pé direto, em plena madrugada? Afemaria...

E agora é ir contando os dias para as ferias. Já até me vejo deitadinha na minha cadeira de praia, com uma batidinha na mão, um livro interessante, o calorzinho me envolvendo, aquela leseira famosa dos baianos se apoderando de mim.

Não sei se é o inverno e os dias feios, se é o cansaço mental, se é a persistente dor nas costas, essa crise ameaçando meu dream-job, ou a combinação de tudo isso, mas tá difícil sorrir e pensar que no fim tudo acaba bem. Dificílimo.

sexta-feira, novembro 14

Minha família tem gente cretina sim

Li hoje num blog uma declaração do George Clooney dizendo que ainda nessa geração veremos o casamento gay ser aceito normalmente, e as pessoas que se opuseram a ele se sentirão tão ridículas quanto é hoje George Wallace tentando impedir o primeiro negro a entrar numa universidade americana no Alabama.

Será que isso virá ainda nessa geração?

Na minha família, especialmente do lado materno, tenho parentes gays. Homens e mulheres. Tenho um tio, o irmão mais novo da minha mãe, que já deve estar beirando os 45/50 e ainda "está no armário". Não por escolha própria, mas porque vive com a minha avó e ela não aceita. Começo dizendo que meu tio tem sim a parte de culpa dele, não pelo homossexualismo, mas por estar com 45 anos nas costas e ainda morando com a mãe. Morar com a mãe aos 45 é uma vergonha, não ser gay. Mas anyway... eu ía dizendo... Eu dizia que minha avó não aceita, mas a verdade é que ninguém da família aceita, e ficam se "escorando" na não aprovação da minha avó. "Ah, é bom mesmo ele não trazer o "amigo" aqui porque a vó não aceita". Uma ova, eles estão é aliviados de não serem confrontados com algo que eles não aprovam. Fiquei indignada quando ouvi que os dois foram a um aniversário perto da casa da minha avó e acabaram perdendo o ônibus, voltaram pra casa e tiveram que ficar na garagem sentados naquelas cadeiras de praia das 2 às 6 da manhã, porque meu tio não podia trazer "o amigo" pra casa. Que ódio gente, que vontade de sopapear a cara desse povo até cairem na real.

Eu poderia escrever um livro aqui sobre a reação da família quando nossa parenta lésbica "saiu do armário". Até FEBEM rolou, ela era menor e os pais simplesmente levaram para a FEBEM, "ó seu delegado, fica aí com ela porque ela gosta de mulher e na minha casa não!". Gente, sopapo, sopapo, muito sopapo na cara dessa gente cretina.

Essa parenta lésbica está namorando, e eu disse pra ela que quero conhecer a namorada, vira e mexe converso com a namorada no MSN e quero conhecê-la pessoalmente. Minha mãe, quando soube, disse: "que vergonha, o que é que o Bart vai pensar?". Como assim jacaré, o que é que ele vai pensar? Se ele fosse babaca de pensar qualquer coisa negativa, eu não teria casado com ele. Ué. E sopapo procê.

Fico aqui torcendo pra geração que vem atrás da nossa ser um pouco mais mente aberta. Até mesmo gente da minha geração, amigos meus, esclarecidos, tiveram reações do tipo "que feio", "precisa conhecer um cara legal pra consertar ( !?!?!? )", e coisas do gênero. Tenho que confessar que no começo é um choque. Principalmente se você é mais íntimo, porque você sabe como aquela pessoa vai enfrentar preconceito, como vai sofrer, e você vai sofrer junto. Eu sofri junto, muito. Hoje ela está feliz e eu estou feliz.

Me irrita quando ouço dizerem que a fulana ( a lésbica ) podia ser mais como a ciclana ( hetero e prima da mesma idade ). Primeiro que cada um é o que é, e segundo, que a ciclana não é nenhum modelo de comportamento. Namora um cara com quem vive brigando aos berros pela rua, a ponto do vizinho chamar a polícia ao ouvir a gritaria; viiiive endividada e cheia de papagaios - quer coisa mais humilhante do que ter dona de brechó de vila cobrando dívida na porta de casa? Não pára em um emprego, é 6 meses de trabalho e 6 meses de auxílio desemprego, diz que chefe nenhum gosta dela porque ela fala o que pensa ( posso até imaginar o que ela pensa ). Cheguei a ouvir que não sendo criminoso e drogado, qualquer coisa é melhor que ser gay. Muito, muito, muito sopapo nessa gente.

Mas sabe o que mais me irrita? São os eufemismos, se bem que sei lá se podemos chamar de eufemismo. A família toda não fala "fulana é lésbica", fala "ela é cê sabe". Ou "a fulana diz que é isso aí". E quando dizem: ah, você sabe do problema da fulana. Problema, wtf???? Ah, teu tio tem aquele amigo dele, cê sabe né?

Outro dia ouvi: até que o lado paterno da família é "melhor", não tem tanto "disso". Cumé? Não tem gay, mas tem um monte de alcoólatra, uns pares de puladores de cerca, filhos que ficam anos sem falar com os pais, até parente grávida se suicidando nos anos 50 teve.

Espero que nossa geração ensine os filhos que uma pessoa não se define pelo que ela faz dentro de um quarto com o parceiro. Vou ao Brasil e logo na primeira noite vou sair com a minha parenta e a namorada dela, não farei segredo pra família, e espero que eles vejam quão ridículos estão sendo. E se alguém falar alguma coisa, vou ter que me segurar pra não dar sopapo, muito sopapo.

Tanta coisa pra se preocupar no mundo e neguinho esquentando a cachola com pequenisse dessas.

Somos primatas meu povo, acabamos de sair do uga-buga.

terça-feira, novembro 11

Pepinos

Sempre ouvi falar que à medida que envelhecem, os pais viram os filhos. Pensei que fosse demorar mais, mas minha mãe já está me dando preocupações que um filho me daria.

Eu sempre achei, e falei, que investir na bolsa, para nós pobres mortais, se faz com dinheiro da qual você não depende. Minha mãe depende do dinheirinho dela, ele fica no banco, rende, e com parte do rendimento ela vive. Aí ela fica ouvindo esse povo que se gaba de ter ganhado 10, 20, 30 tostões na bolsa, e acaba aplicando também. Só que esse povo não vive "de renda", e ela sim. Só sei que com a queda da bolsa ela tomou um baita prejuízo, e agora tá lá, chorando as pitangas, tem que deixar o dinheiro investido pra tentar recuperar alguma coisa. O gerente do banco falou que vai demorar "um pouco", ela tá lá crente que em 3 meses tem os tutus de volta, e eu SEI que em menos de 1 ano ela não vai ver tostão. Sendo otimista 2 anos.

E daí vem o segundo ponto. Ela ter parado de pagar o convênio, e agora diz que não vai nem pensar em voltar a pagar porque a renda dela está reduzida. Isso me preocupa muito, muito mesmo. Ela operou da coluna, a operação não foi bem sucedida, ela está novamente com dores e tomando corticóides. O médico está agora falando em fazer uma segunda cirurgia, complicadésima, que ela não sabe me explicar, só me diz que é para "desligar todos os nervos". Aí, ela acha que o médico vai fazer a cirurgia de graça, já que a primeira "não funcionou" e foi ele quem fez. Mesmo que o médico não cobre os honorários dele, tem o hospital, o anestesista, exames... O meu irmão, enquanto ela não vier pedir dinheiro, tá pouco se lixando, eu daqui posso fazer o quê, se ela toma todas essas decisões sem me consultar?

A mãe de uma amiga teve câncer de mama, e em 10 meses de tratamento, a conta paga pelo convênio chegou aos 170 mil reais. Minha mãe morreria, porque tanto eu quanto meu irmão não temos essa grana. Agora me pergunta se ela pensa nisso... Mas eu estou sendo repetitiva, estou aqui falando o que já falei há alguns meses.

Mas sabem o que é? Embora seja bom ir de férias para o Brasil, onde todo mundo fala a sua língua e onde sua família está, é também mergulhar nesse mar de problemas que você desconhece quando está aqui. Eu sei que eu sempre reclamo de saudade da família, mas por outro lado, estou aqui na minha "concha", protegida das mazelas familiares. Pelo menos, no lado materno da família os problemas são geralmente financeiros, o que de uma forma ou outra se ajeitam, já do lado paterno, que com exceção de 1 prima ( e a mãe dela, marido e filho ), eu estou pouco me lixando, os problemas são mais graves, muitas doenças e brigas medonhas, filho-com-pai, primo-com-prima. Esse lado da família prova que dinheiro não traz mesmo felicidade, e no caso deles, nem manda buscar.

Nesse meio tempo, passagens para a Bahia compradas, mas usando o cartão do meu irmão. Pagar com cartão internacional não deu mesmo, e como a minha mãe está em Holambra sem poder dirigir, pedi ajuda pro meu irmão.

sexta-feira, novembro 7

Estou viva!

E tenho que começar meu post falando da vitória do Obama. Se ele, mulato e filho de imigrantes conseguiu chegar ao cargo de maior importância na politica mundial, nossos filhos ( se eu os tiver ), poderão tudo!

E não se ofendam, mas há um recado que eu quero dar para os negros, mulatos, crioulos, escuros, café-com-leite: oh pu-líz, vam-pará com essa auto-piedade, com essa mania de perseguição, e vamolá arregaçar a manga e botar pra quebrar. Obama não sentou às margens do rio Piedra e chorou, ele foi a luta.

Anyway. Mudamos. Foi ótimo ter contratado aquela empresa de mudança, deu até pra descansar naquele dia. Estamos ainda vivendo em meio a caixas, muitas caixas, mas os móveis estão montadinhos e no lugar. Minha cozinha ainda está inoperante, falta instalar tudo, só a geladeira funciona, com os puxadores do lado errado. Ainda não acertei a mão com limpeza de Inox, tá horrível.

A casa é incrivelmente mais prática do a anterior, há espaço pra tudo. Temos que mudar alguns hábitos e mudar coisas de lugar, mas está tudo melhor. Espero esse findi acelerar o desempacotamento, é mesmo muuuuito necessário.

Os piolhinhos deram um certo trabalho no primeiro dia. Ty chorou, chorou muito. Revoltado em não estar na casa DELE, se enfiou de volta na caixa de transporte e esperou até que o levássemos para a casa antiga, o que não aconteceu, claro. Eles também estão procurando os cantinhos novos deles...

E eu comecei a vir trabalhar de bike. Minhas costas ainda não estão recuperadas, então deram uma piorada, mas eu estou insistindo mesmo assim. Minha bunda dói incrivelmente e as pernas queimam, mas a cada dia fica um pouco mais fácil vir de casa pra cá.

No Brasil, uma agência amiga está cuidando da minha passagem pra Bahia, acho que vai dar certo. Ao invés de 1200 euros, 1300 reais! Desisti de tentar entender o turismo no nosso país.

No trabalho, uma loucura total. Várias mudanças no meu projeto, muito mais trabalho pra mim. E as medidas de contenção de despesas cada vez mais fortes e já falam em "plano social", que nada mais é do que um plano de demissão melhorada. Dizem que vão usar só caso seja muito necessário. Mas tenho que confessar duas coisas: primeiro, que me preocupa, mesmo meus colegas não estando nem aí. Segundo, que me chateia profundamente o pessimismo e às vezes a falta de coleguismo do meu marido.

Cheguei chateada em casa ontem, por ter ouvido do plano social. Contei pra ele, ele disse na lata: os últimos a chegarem são os primeiros a saírem, você vai perder seu emprego. Puta merda, assim na lata. Não podia ter guardado o comentário pra ele? Fiquei tão chateada que fui dormir antes das 9 da noite. Pra ele, é só a grana, pra mim é o meu dream-job, porque esse é o meu dream-job!

Aí cheguei ainda chateada no trabalho, e comentei que estava ligeiramente receosa com o meu mentor. Ele deu risada, disse pra eu não me preocupar, que precisava piorar muito pra chegarem à essas medidas drásticas, e que normalmente começavam pelos que já estão para se aposentar, o que aqui é um batalhão. Que caso a crise se aprofundasse ainda mais, o que é pouco provável, que demissões adicionais seriam feitas baseados em desempenho, e não num critério tão arbitrário quanto o tempo de casa.

Olha, sei lá se eu estou muito mais tranquila, mas que é muito melhor e mais produtivo ouvir algo positivo nessa hora, ah isso é.

Sinceramente, não entendo a atitude do Bart e me chateou muito. Às vezes acho que ele, mesmo sem me falar, ressente meu emprego dos sonhos, meu salário igual ao dele, minha felicidade ao chegar do trabalho todos os dias, minha empolgação com a minha empresa. Sei lá... Freud explicaria...

segunda-feira, novembro 3

No meio da madrugada

É minha última noite aqui nessa casa, e tudo que eu queria era deitar e dormir. No entanto, desde às 3 da madrugada estou aqui na sala, assistindo TV. Não, não é por causa de nenhum motivo emocional, oh oh oh, minha última noite aqui, bla bla bla.

Estou acordada por causa da minha dor nas costas, aquela da qual eu já falei aqui há alguns dias. Ontem, com o resto do empacotamento, o que estava "marromenos" detonou-se de vez. Estou cansada dessa dor me incomodando, e essa noite a dor estava simplesmente insuportável. Eu sou daquelas que acredita que uma compressa de água quente faz milagres, então desci para fazer uma, mas a dor só é controlável com Voltaren e hoje, no desespero, mandei um Advil junto.

Queria muito poder deitar e ficar 1 ou 2 dias só deitada, me recuperando, mas acho que isso só vai acontecer quando eu estiver no Brasil, se bem que do jeito que tá eu não aguento até lá.

Remédios caseiros, não caseiros, simpatias, ginastiquinhas ( Ioga, Alice! ) qualquer sugestão é bem vinda.

Pior é que com dor, eu fico uma pamonha, estou assistindo o Animal Channel e choraaaando...

Oh boy

domingo, novembro 2

Arrependida...

Estou arrependida, muito arrependida dessa viagem de férias pra o Brasil.

Meu saco está na Luaaaaa...

Hotel, tive que reservar daqui porque era a metade do preço, agora entro no site da TAM, escolho minha passagem, preencho mil campos, aliás, que vergonha - precisa mesmo CPF, Identidade, tudo isso pra pagar com Cartão de Crédito? Se a administradora autoriza a transação, número de mil documentos pra que? Então, preencho os mil campos e não me deixa pagar com cc internacional.

Vou lá em cima e clico na opção "Espanha", porque Holanda não tem, o do Reino Unido é em Pounds, vou de Espanha mesmo. A passagem que era 259 passou para 267, mas peraê, os 259 eram reais e os 267 são euros, como pode? Que bandalheira é essa?

Agora me restará apelar para uma agência amiga, ou então mandar dinheiro pra minha mãe.

Estou arrependida, mil vezes arrependida, e tão cedo não volto!

sábado, novembro 1

Verdade seja dita...

Olho ao meu redor e não entendo de onde saiu tantas coisas. Lembro que nossa mudança do apê pra cá foi feita com 10 caixas da Praxis e uns outros 10 sacos pretos, que no desespero tivemos que usar.

Dessa vez contratamos uma empresa de mudança. A melhor decisão do ano! Eles vieram e trouxeram 100 caixas, isso mesmo 100! Eu disse pro cara levar a metade de volta, ele disse que se sobrasse eles transportariam, mas que eles tinham estimado nosso volume em 100 caixas.

Estamos praticamente empacotados. Falta o armário do banheiro, umas coisas mínimas na sala, e a casinha do jardim. Estou achando que vai faltar caixa! Juro gente! De onde saiu tanta coisa? Como podemos acumular tanta tranqueira? É árvore de natal gigantesca usada só uma vez com uma caixa enorme de enfeites, o sobe-sobe dos gatos todo esfiapadinho, que já devia ter ido pro lixão, e tanta, tanta coisa... Uma caixa imensa de roupas que eu trouxe do Brasil e não me cabem mais! Agora mesmo que um milagre acontecesse e coubessem já estão fora de moda!

E nessa bagunça toda, tenho que confessar uma coisa. Bart está ralando muito muito muito, tá empacotando muito mais do que eu. Estávamos até hoje num estresse só, praticamente sem nos falar, que era cruzar o olhar e saía briga. Na sexta recebemos os eletrodomésticos, são lindos de morrer, mas que estresse desgraçado. Brigamos, claro. Voltei ao trabalho, ele resolveu tirar o dia livre. De tarde, antes de voltar pra casa resolvi passar na casa nova: ele colocou uma pilha gigantesca de embalagens todas num canto pra serem levadas pelos homens da mudança, colocou os eletrodomésticos nos lugares certos, passou aspirador de pó na casa inteira... Cheguei lá esperando a mesma zona que deixei e encontrei tudo limpinho, certinho.

Fiquei até com remorsos...