segunda-feira, janeiro 31

Foi assim com vocês?

Como já disse aqui, voltei pras aulas de holandês. Tenho aulas particulares dentro da empresa, às segundas, por duas horas. Até hoje meu horário foi das 16:30 às 18:30, mas não está dando...

Eu já vou pra aula meio cansada, às 16:30 a pauleira do dia está começando a amenizar, daí eu ter marcado esse horário, mas estou pensando que se eu quiser mesmo aproveitar a aula, tenho que sumir da minha mesa um pouco mais cedo, mesmo com o circo pegando fogo. Marquei a próxima aula pras 16:00.

Minha pergunta é, nessa fase de aprendizado, dá em vocês um imenso cansaço mental depois de certo tempo falando a língua a aprender? Porque eu saio da aula me arrastando. Eu penso mil vezes na gramática, nas palavras, no sotaque antes de falar, quero que tudo saia bonitinho, e rápido... Ó vou lançar a dieta da aula de holandês, porque eu saio da aula tão esgotada que nem sopa me desce de jantar.

Estou eu aqui, com meu chazinho verde, sentadinha na cama, babando quase catatônica. E estou de pijama de flanela. Marido sabe que pijama de flanela é para estados emergenciais, quando eu preciso de muito acalento.

Será que já inventaram o Mneumonic, sleep learning em holandês?

Religião e futebol


Tem assunto que a gente evita, né? Mas tcheu desabafar um pouquinho aqui.

Eu já escrevi que eu sou Kardecista, meu avô materno já era, criou minha mãe e tias frequentando um centro Kardecista, e eu desde criança também fui levada ao centro com a minha mãe. Minha mãe entretanto, não querendo que eu me sentisse excluída da turminha dos católicos da escola, do ballet, da vizinhança, me incentivou a fazer primeira comunhão, encontro de jovens, foi só na hora de fazer crisma que eu já tinha 15 anos e disse não.

Religião é um assunto que eu evito. Eu tenho a minha, os outros tem as suas, e esse é um assunto que só pode terminar em briga.

Mas ó, já que esse blog é meu, e aqui eu posso escrever o que eu quero, tcheu falar: tem evangélico que é chato pacas, tipo insuportável mesmo, viu!

Eu tenho um primo que como eu, sempre frequentou centro espírita, e foi espírita até agora, aos 23 anos. Eis que ele se formou e está tendo dificuldade em encontrar um emprego, então ele vai ao centro espírita e pede ajuda. Centro espírita Kardecista, não é centro de umbanda ou candomblé que você faz trabalho, ebó ou sei lá o que pra conseguir o que quer, e passando por consulta com o medium, o primo ouviu que as coisas acontecem na nossa vida porque há uma lição que precisamos aprender. Disse que iriam incluir o nome dele nas meditações diárias, que ele deveria tomar um passe para se acalmar e perseverar.

Mas é claro que o que ele ouviu, apesar de razoável, não satisfez, ele queria promessas, garantias.

Aí sei lá que tio dele o levou num culto evangélico, e o pastor prometeu que louvando a Deus ele vai conseguir emprego, namorada e muito sucesso financeiro. Ah, e não esquece da contribuição na $acolinha aí, meu filho.

E desde então, quem tem esse primo no Facebook ou twitter é bombardeado com as "pérolas" evangélicas não só dele, mas também dos amigos evangélicos retwitados. A última é um site onde se pode frequentar um culto evangélico via webcam. Nem me choca, juro.

E aqui estou eu, de saco na lua de aguentar as filosofias baratas desses evangélicos, e sem coragem de deletar meu primo, porque afinal eu gosto dele, ele é ( era ) legal, e vai ficar chateado.

Será que se eu mandar o link do Tim Tones pra ele, ele vai se tocar?

sexta-feira, janeiro 28

Como é que pode rir tanto?


Eu não tenho família aqui na Holanda, então as festinhas holandesas que eu frequento são básicamente as festas dos colegas da empresa, as confraternizações ( incluindo as da empresa e turma do marido ), e as festas das amigas brasileiras casadas com holandeses que acabam virando mezzo-a-mezzo.

Quando estávamos no Brasil, íamos começar um churrasquinho informal na família quando um amigo do meu irmão apareceu pra trazer uma furadeira e meu irmão o convidou pra ficar. Aí na mesma hora um outro amigo ligou e meu irmão já o chamou pra vir, e assim o churrasquinho informal virou festcheeenha.

Comemos, bebemos, batemos papo, a certa hora fui pro quarto e fiquei ali lendo com o Bart. Meu irmão e a tchurma lá embaixo dando altas gargalhadas. E o Bart: "não entendo, as festcheeenhas holandesas começam com o povo animado, todo mundo conversa o que tinha pra conversar, o ânimo vai baixando e a festcheeenha acaba. Aqui é o contrário, o povo vai chegando, cada um num horário, às vezes com horas entre a chegada de um e de outro, não dá nem pra entender que horas a festa começou, aí você percebe que o povo conversa um pouco mais sério, aí vai ficando mais animado e alto, e termina nessas gargalhadas. É difícil pra mim entender, lá no Kos ( o vizinho holandês ) não é assim… E eu gostaria que fosse assim, mas não é…"

Explicando. Querido, na Holanda o povo se reúne e fala da queda do cabinete, do Wilders, da inflação, do aumento do preço da TV a cabo, da dificuldade de se encontrar um bom aannemer ( faz-tudo ), a imaginação de vocês pra falar de assuntos práticos mas desagradáveis é de impressionar qualquer estrangeiro. E é um tal de fala-coisa-ruim-daqui, rebate-com-coisa-ruim-dali que parece competição. O brasileiro, quando se junta num churrasquinho improvisado de sexta-feira, pode até chegar e comentar que a semana foi pauleira, mas ele bota os assuntos desagradáveis de lado e fala com os amigos de coisas leves, um carro lindo que ele viu, um show que ele foi, os amigos rebatem com outras coisas legais… Essa fase das gargalhadas é a fase dos "causos" e piadas. O povo já comeu, o churrasqueiro já parou de churrasquear e o que sobrou na churrasqueira tá ali só pra petisco, as crianças dispersaram, e eles tão contando os causos engraçados de "quando eu era criança pequena em Barbacena". Ou piadinhas. E isso vai noite adentro, porque amanhã é sábado e tá todo mundo feliz que o despertador não toca.

E ele não entende. Sem horário pra chegar, sem horário pra sair, sem ter combinado antes… Como pode achar tanto assunto pra dar tanta gargalhada… Mas ele concorda que é melhor fechar a semana gargalhando com a história da Paqüela* do que falando do aumento da idade da aposentadoria para 67 anos.

* História da Paqüela: tradição na minha família, uma história meio de terror que a gente conta pras crianças pequenas, de preferência de noite e quando está chovendo. No churrasco da Comadre em Rotterdam eu fui contar pro Daniel, filho da Alice, e demos tanta, mas tanta risada… eu continuo rindo só de pensar no Daniel contando a história da Paqüela em holandês, adaptada pra Holanda ( eu estou na A15 e quero a minha Paqüela ), pros coleguinhas holandeses. Parece que o Daniel é mais um a achar que eu sou meio louca :o)

quinta-feira, janeiro 27

Chá das 5

Vai um cházinho de pêlo de rato aí?

quarta-feira, janeiro 26

Macaco senta no próprio rabo...


Kos, o vizinho holandês do meu irmão, disse pro marido que uma dos maiores erros que o Lula fez foi criar aquele bolsa família, porque tem muita gente que ao invés de melhorar a vida usando aquele dinheiro como adicional, simplesmente resolveu parar de trabalhar e viver do salário família. "Preguiçosos, é o que esse povo é, se você oferece um dinheiro pra alguém vir te pintar uma parede, eles não querem, porque agora tem o bolsa família e de fome ele não vai morrer", diz o Kos, e eu nem vou comentar que a revolta dele está no fato de que antigamente com qualquer trocado ele achava um pobre coitado pra ir trabalhar na casa dele, debaixo do sol de rachar do interior de SP, enquanto ele mesmo ficava cervejando, e que agora, juntando o real valorizado ao fato do povo estar mais miserável, os eurinhos dele não rendem!

Mas enfim…

Eis que do lado de cá, nessa terra de gente muuuuuito trabalhadora ( ham-ham ), a história da L. a secretária do departamento.

L. casou meio tarde, e talvez por desespero ou sei lá se por amor mesmo, escolheu um sujeito não muito fã do verbo ( e ação ) labutar. Ao casar ambos trabalhavam, mas assim que os trapos foram juntados e o salário da esposa entrou, o marido disse que ele se sentia muito mal trabalhando, que era muito estressante e que ele ficava muito nervoso, então ele ia ficar em casa.

Aí a L. ficava envergonhada de dizer que o marido era "meio" preguiçoso, e achou a solução: torná-lo um dono-de-casa. Ela, aos 41 anos, engravidou. Sabe-se lá se é genético, ou se foi por causa da idade, o filho é autista, um grau não muito severo, mas não pode, nem poderá nunca, viver sozinho.

L. trabalhava na Philipona, e com a crise foi mandada embora. Ficou sem trabalhar 6 meses até que achou um emprego aqui na minha empresa. O diretorzão tem 2 secretárias, uma pessoal e outra do departamento, que é mais uma assistente. A assistente antiga, que trabalhou aqui 30 anos, se aposentou e L. foi contratada no lugar dela.

As atividades da assistente antiga foram em parte absorvida por outras assistentes, a expectativa é que L. seria capaz de pegar o trabalho rápido. Mas isso não aconteceu, passadas 5 semanas, o negócio não ía muito bem. Uma avaliação foi feita e L. foi informada de que ela precisava melhorar.

L., no dia seguinte ligou que estava doente. E doente ficou por 3 semanas, só porque teve uma crítica ( construtiva ) ao trabalho dela. Depois de 3 semanas doente ela ligou para o RH e informou que reconsiderou e não queria mais voltar, que o cargo era estressante demais para ela, e que uma senhora de 48 não conseguiria de forma alguma companhar o ritmo. Detalhe, a antiga assistente tinha 62 e fazia o trabalho dela em 3 dias, não em 5.

E tudo teria ficado por aí, se não fosse a L. ir no tal do Linked in e colocar que trabalhou na empresa 1 ano ao invés de 1 mês.

Da próxima vez que eu for pro Brasil contarei essa história ao Kos, e assim como ele generalizar que os holandeses, além de preguiçosos, não são lá muito honestos.

terça-feira, janeiro 25

O supermercado

Eu amo ir em supermercados. Sempre que visito outro país vou ao supermercado ver o que tem de diferente, se tem pozinhos e caldinhos que eu possa trazer na mala.

Em casa quem faz as compras sou eu, e vou sozinha. Marido é do tipo que leva listinha compra o que está ali e pronto, enquanto eu levo sim uma listinha, pra não esquecer do que é urgente, mas vou caminhando pelos corredores, já tenho meu roteiro certo, pegando isso e aquilo, casando essa carne com aquele penne, o queijinho Stilton com um vinho bom... Amo!

Acontece que ultimamente ando muito cansada da lotação do Albertão, do povaréu que leva as creonças pra brincar pelos corredores, os véios de rolator (pô, o cara é aposentado, porque não vai na terça de tarde? ), o estacionamento lotado, sem falar no frio da peste. E depois de ver o post da Jaboticaba ( link ali na esquerda ), decidi que ía testar o Albertão online.

Gente, quem diz que eu desempaco? Já tentei ir pela ordem de links, tentei simular meu roteiro no supermercado, até listinha de papel tentei fazer, mas não rola! Estou aqui pensando que maravilha vai ser encomendar aqueles pacotes de 4 Cocas Zero sem ter que carregar, ou então a areia dos gatos pesadona, mas quando vou pro site, mal consigo colocar meia-dúzia de itens na lista.

Freud explica!

Agora uma pergunta: alguém sabe me dizer como vem empacotado? Pagar eu sei que paga-se no pin, no site mostram um engradado, o entregador fica esperando a gente desempacotar do engradado?

Bom, vou desempacar, porque nesse findi não terei tempo de ir ao mercado e aí durante a semana tenho que ficar pingando no AH, trazendo as compras aos poucos pra caber na moteenha. Logo, se Deus quiser e Freud ajudar, deixarei de ir ao AH físico e ficarei só no online.



"Pôxa Dri, você falou tanto do Albertão que eu até vim conhecer, mas quer dizer que não vou mais te encontrar lá? Ei, não se aborrece em ir de moteeenha não, vai de táxi!"

O ET está em Varginha, ou serei eu o ET?


Existem dias que a motivação da gente no trabalho tá mais lá pra baixo que os peitos da Dercy.

Meu emprego atual é o meu dreamjob e apesar dos perrengues, mesmo quando dormo mal e estou com sono, mesmo quando venho de moteeenha na chuva ( hoje ), mesmo quando eu estou preocupada com outras coisas, é só cruzar a porta eletrônica do hall de entrada, e eu já fico felizinha.

Vocês tem acompanhado como o assunto "francês lider do projeto brasileiro" tem mexido comigo. É muito mais uma questão de ego do que querer fazer o projeto em si. É o meu país, eu sou a que mais entendo dos costumes, sou a que sabe que Pompéia é um bairro de SP capital, como é que eles me deixam de escanteio?

A empresa está lançando um novo caminhão em 2013 aqui na Europa e estamos todos feitos uns loucos trabalhando no projeto desse novo caminhão. Ontem ouvi do diretor do diretor do diretor que o francês foi escolhido pro projeto brasileiro porque meu grupo não podia continuar o projeto com sucesso se eu não estivesse nele. Disse que a empresa não tem experiência em projetos ( o que é bem claro, já que um caminhão novo é lançado a cada 10 / 12 anos, enquanto um carro normal é renovado a cada 3 ) e que minha experiência com projetos, adquirida na GM, tem sido muito valiosa para o departamento.

Eu deveria ter ficado feliz, mas não estou. A verdade é que a empresa não investe num sistema de informática legal, a empresa em teoria usa os procedimentos da cia-mãe americana - que não funcionam aqui na Holanda ou desde 94, quando a empresa foi incorporada ao grupo, ainda não foram emplementados, e tem uma grupo imenso de engenheiros tão aversos a mudança que se pudessem colocariam no mercado um novo caminhão que é exatamente como o que lançamos em 1963.

Isso tudo faz do projeto uma coisa super cansativa. O diretor 3 vezes chefe diz que eles gostam de como eu "compro briga" com o departamento técnico, como eu "challenge" a direção do projeto, mas a verdade é que eu acabo vivendo situações de conflito a maior parte do meu tempo, o que é tão desgastante que, no fim do ano passado, chegou ao ponto de eu sentar com o meu diretor e dizer que esse ano eu me recuso a lidar com 437 peças do projeto enquanto em média, meus colegas tem menos de 100. Duas pessoas novas foram contratadas, mas elas precisam ser treinadas, e o projeto em si está todo atrasado, e é esse bando de gente sem sistema, sem experiência em projeto, sem conhecimento de mercado, tentando correr atrás do rabo.

E daí, colegas, me bate aquela amargura e eu penso, eu estou aqui brigando o dia inteiro, um peixinho clownfish nadando contra a maré, enquanto isso o francês tá lá fazendo mapinhas do Brasil, viajando com a altíssima gerência da empresa, planejando quais fornecedores serão escolhidos pra começar o projeto Brasil, tudo coisa legal de se fazer.

Mas se preocupem não. O momento down vai passar, tudo vai ser resolver e eu voltarei a sorrir. Bem mázinha do jeito que sou, contentar-me-ei em atazanar a vida do francês dizendo que viver como expatriado em Varginha vai ser legal pacas. Vai que ele vê o ET?


segunda-feira, janeiro 24

O bicho papão

A Holandesa escreveu um post sobre como foi para ela tomar a decisão de ter filhos. Vou contar pra vocês como foi a minha de não ter: apesar do marido não querer, de eu não ter quem ajude a olhar, de não ter família pra paparicar o rebento, eu sempre disse que no dia que batesse aquele instinto maternal e a vontade de ter filhos, eu mandaria tudo pra pontequepartiu e teria. Mas… cadê aquela vontade? Não veio. Até o marido já amaciou um pouco e não é mais contra, eu continuo não tendo família aqui, mas o que falta mesmo é a vontade. Tenho vontade de ter outro gatinho, de adotar um cachorro, mas de ter filhos? Não! Então, é provavelmente melhor que eu não tenha mesmo, certo?

Olha, é um saco aguentar aquelas que dizem: ah, mas eu também não tinha vontade, e agora que tenho filhos não sei como viveria sem eles, é tão gratificante, me faz uma pessoa melhor, iata iata iata. Se eu ganhasse 10 euros pra cada vez que ouvi a ladainha, já tinha umas 10 aplicações de Botox pagas. Será assim tão difícil entender que as pessoas podem sim ser felizes sem filhos, que podem se sentir completas sem passar pela maternidade ( ou paternidade ) e que alguns de nós são humildes o bastante para não achar assim tão essencial passar o DNA adiante?

E daí, só porque escolhemos não ter filhos, viramos o bicho papão. Para quem lê em holandês, vai aqui um link de uma matéria interessante. Nós somos sempre os intolerantes, ranzinzas, os mal humorados que não gostam de criança, e não gostar de criança é pecado capital, o oitavo. A mulherada brasileira adora falar que quem não tem filho é mal-amada. E em algum momento das nossas vidas nos pegaremos nos justificando para alguém que não somos assim o bicho papão, que até gostamos de crianças, que brincamos e curtimos nossos sobrinhos, que achamos os filhinhos dos amigos umas graças, mas que não é mesmo pra nós. O jornalista ainda pergunta: será que temos que ser considerados o bicho papão por querermos poder sentar no jardim e ler um jornal sem ser incomodados pelos gritos dos filhos do vizinho, ou então, não temos o direito de sair de férias, sentar na beira da piscina ou do mar e aproveitar o sol sem gritaria?

Essa matéria diz que está aumentando muito a oferta de hotéis "adults only". Eu discordo. Continua sendo muito difícil, o que tem aumentado são hotéis que tem "áreas" adults only, mas minha experiência no Gran Palladium Imbassaí na Bahia foi péssima, muita gente não respeitava a enorme placa que avisava que aquela área era proibida para menores de 18 anos, e daí ficava aquela coisa chata de ter que chamar segurança, hóspede com criança batendo boca e brigando com o tal segurança… não sei se aqui na Europa o mesmo acontece ou se o povo respeita mais as regras, mas no Brasil não funciona.

Esse final de semana me senti muito ofendida por uma atendente da chulé agência D-Reizen. Eu estava no centro da cidade e passei na frente de uma D-Reizen. Sempre compro meus pacotes na Arke, mas resolvi entrar e perguntar se eles tinham uma brochura de hotéis "adults only". A atendente tinha uns 18 anos e cara meio de antinha, mas Adriana tem que deixar de ser preconceituosa e quem vê cara não vê coração. A antinha, digo moça: como assim me-vráu? Eu expliquei: hotéis que não aceitam crianças. Ela me olhou com cara de quem tá vendo o bicho papão, respirou fundo, foi uma prateleira lááááá no fundo da loja, atrás do balcão e veio com uma brochura: hedonist hotels.

Hedonist Hotel. Vejam só, se você não quer passar suas férias ao lado de um bando de bacurins gritantes, você é um maníaco pervertido que quer andar pelado, ir em festinha da Toga, e fazer sexo em público. Minha vontade foi de dizer poucas e boas pra frangota, mas respirei fundo, usei da classe que mamãe me deu, disse não obrigada, não é isso que eu tenho em mente, e fui-me embora.

Estou agora consultando o site da Thomsom UK, que apesar de ser do mesmo grupo que a ARKE, tem mais oferta que a agência holandesa na área de adults only. Porque será, hein?

domingo, janeiro 23

A vaca em holandês

Esse foi um final de semana muito "vaca em holandês".

Fomos fazer teste drive de mais dois carros e ó, eu juro que na próxima encarnação peço pra Deus me mandar lésbica.

Queremos um carro pequeno, confortável ( muito confortável ), gostoso de dirigir, zero quilômetro. O carro será usado pelo marido pra ir ao trabalho, e talvez nos empolguemos em fazer viagenzinhas de fim-de-semana.

Eis que o marido faz uma lista, bem macho-cho que é, de critérios imbecis: aceleração de 0 a 100, horse-power, gasto de gasolina.

Porque são critérios imbecis? Porque usamos um tanque e meio de gasolina por mês, vamos falir se gastarmos 1,6 tanques de gasolina por mês? O carro só é usado pra ir de casa ao emprego do marido, pelo meio da cidade, sem pegar highway, então qual a vantagem do carro ir de o a 100 em 16 e não 18 segundos? O que temos que levar em consideração é conforto, espaço pra dirigir, climate control, aquecimento no assento ( eu queeeero ), se cabe fácil na garagem de casa, se as gaiolinhas dos gatos cabem no banco de trás, se dirige macio, se é silencioso...

Testamos o Fiesta, ele é lindo, mas é tão estreito... ficamos ombro-a-ombro no carro, e por isso descartamos. Testamos também o Colt, e é super espaçoso, mas super barulhento, o visual ultrapassado, não tem climate control ( só ar condicionado manual ), nem o aquecimento no assento... E aí o marido, super detalhista, fica analisando o layout do botão de travamento do carro.

Juro, não tenho saco. Ainda falta tentar o Ibiza. Estamos por enquanto inclinados a comprar o Suzuki Swift.

Aí, pedi pro Bart me deixar no centro porque eu precisava urgentemente de uma botinha preta sem salto. Eu preciso começar a usar sapatos ultra quentes, que eu possa ainda colocar meias grossas, porque tenho os pés gelados e é isso que tem me feito pegar tanta gripe.

Aí vou naquela merda de Ecco de Eindhoven, e eles nunca tem nada! Eu pedi qualquer modelo de bota de salto baixo preta tamanho 39 ( 41 aqui na Holanda ), e não tinham nenhum. No site tem um, o mais feinho. Acabei achando uma botinha ultra confortável na V&D, mas é de uma marca que eu nunca vi, sei lá se é boa... E de quebra comprei um casaco vermelho sangue.

Voltei de ônibus, é super prático, só não é prático carregar mil sacolas, na garoa.

E foi assim que eu passei meu findi, uma meleca total. Hoje, pra piorar, limpei a casa. Ninguém merece passar aspirador de pó e o marido deixar um crouton cair e pisar nele. Dei chilique.

Espero que a semana não seja igualmente KOE ( vaca em holandês )

sexta-feira, janeiro 21

Baváááááária

Hoje é sexta-feira… ( como é a musiquinha da Bavária com os sertanejos mesmo? )

Putz, que coidepobre ficar esperando a sexta-feira, né? Se eu fosse RIKAH todos os dias seriam sexta!

Aliás, cês foram no blog da Holandesa ver a gataria? PRECISO ir visitá-la urgentemente pra apertar as meninuchas dela. Aliás, tem gente que só não é mais burra por falta de espaço, né? Tem uma fulana lá que naquele post que a Holandesa diz que vai ter uma menina, escreveu que eu estou com inveja. Ah, tolinha, estou é ultra feliz pela filharada das minhas amigas. Daniel que é o menino exemplo, S. que é lindinho de viver, tenho certeza que a irmã do S. também será lindinha, Claudinha quando tiver os dela com certeza serão super-gênios e se tiverem os cabelos pretinhos vão chamar a atenção pacas por aqui ( sem falar que vai me lembrar do meu sobrinho Bruno ), como sentir inveja da felicidade daqueles que eu quero tão bem?

Agora… se é pra ter inveja… tipo a descrição do dicionário: querer para si o que é de outrem… eu queria as gatinhas!!!! Gente, vão lá ver, são fofas demais. Meo, meus monstrinhos já estão uns bichões, eu tenho saudade deles filhotinhos!

Agora, mudando de assunto, a Marcia Lino falou no Twitter do curso de Cupcakes que ela fez, gente, cês viram como tá virando moda cupcake no Brasil? Eu comi só um no Shopping D. Pedro em Campinas, mas os famosões de SP eu não comi. Vi uma reportagem que falava que os cupcakes tiveram que ser totalmente adaptados pro gosto brasileiro, o bolinho mais leve, a cobertura menos gordurosa e em menor quantidade, a adição de recheio. Só achei estranho que a Marcia disse que o curso que ela fez usava bastante pasta americana e nessa reportagem diziam que o brasileiro não simpatiza com essa massa e que por isso até a decoração dos bolinhos era tão diferente do padrão americano. Eu, particularmente, gosto do recheio brasileiro e do creme de manteiga americano ( a pasta americana já não é minha preferência ), pelo menos pela receita americana que eu tenho. Achei o brasileiro bem interessante porque o creme fica bem distribuído, um tanto no recheio e outro tanto na cobertura, o americano a gente tem que comer de garfinho pra poder pegar um tanto de bolinho e um tanto de cobertura… Ah, que vontade, viu. Achei o máximo o Ricardo Freire chamá-los de "boloxícara".

Outra coisa que eu achei legal e que já até virou franquia, foi a Brigaderia. Eu ouvia muito falar em brigadeiro de morango e sempre achei que fosse uma massa feita com algo do tipo Quick Morango, então qual não foi minha surpresa ao morder o brigadeiro de morango e achar uma fruta lá dentro, inteirinha! Gente, diliça demais. Experimentei também um saborizado com whisky, e era bom de chorar. O mais legal é que a loja tinha uma embalagenzinha pra presente, e por 18 reais você levava 6 brigadeiros de bom tamanho pra alguém que você gosta.

Bom, cês já viram que esse será um final de semana com tendência à alta enfiação de pé na jaca. Acreditem se quiser, mas até batedeira eu comprei pra poder fazer cupcake, então acho que nesse findi botarei a lindinha pra trabalhar. E receitinhas são bem vindas.

Bom findi, povo!

quinta-feira, janeiro 20

Tenho que


Eu tenho que acordar cedo pra vir trabalhar. Tenho que ralar muito o dia inteiro. Tenho que dar uma maneirada na hora do almoço e não atacar os donuts que vendem na cantina da empresa por míseros 70 centavos. Tenho que sair num horário razoável porque eu tenho que fazer o jantar. Tenho que dar uma arrumadinha na cozinha, tenho que dar comida pros piolhinhos e tenho que limpar o banheirinho deles ( odeio ). Tenho que ir dormir num horário razoável pra acordar cedo no dia seguinte.

Nesse meu dia de "tenho que" há pouquíssimo espaço pra fazer o que eu quero, o não o que eu tenho que, e uma das coisas que eu faço puramente porque eu GOSTO, porque eu QUERO, é ir pra cama uma horinha mais cedo, com meu tchutchuco e ler antes de dormir. Naquela horinha eu desligo do Fornecedor Bocarra, eu desligo do fogão que precisa ser limpo, eu desligo do Véio Chato que está doente me deixando com buracos pra tapar…

Desde os 14 anos eu leio em inglês. Comecei porque naquela idade eu gostava de Danielle Steel e houve uma liquidação na Siciliano de Pocket Books e eu comprei uns 10 por mixaria. Danielle Steel escreve pras donas de casa semi-analfabetas americanas, por isso, mesmo aos 14 anos, eu já conseguia ler. E depois disso, continuei lendo em inglês, visto que os livros eram mais baratos que os brasileiros. Eu adoro ler em inglês, adoro o som das palavras na minha cabeça, adoro os nomes, adoro os nomes dos lugares ( amo "Chesterfield", e que tal "Lake Tahoe"? ), ler em inglês dobra o prazer da leitura pra mim!

Jantando com as comadres, uma delas fala: mas você devia ler em holandês pra praticar. E taí, a última coisa que eu ainda fazia por prazer no dia, virou obrigação, eu TENHO QUE ler em holandês pra praticar. Na hora já disse "não, muito obrigada", mas estou limpando um armário, jogando fora os últimos livros de papel, e esbarrei num Danielle Steel em holandês, ainda embalado. Com o coração aberto pensei: vamos tentar de novo.

Gente, que castigo. Não tem a ver com a habilidade de ler em holandês, porque praquele livro meu nível de holandês é mais que suficiente. O vocabulário é muito fácil, as sentenças curtas, o assunto bobinho, mas gente do céu, que língua horrorosa.

Começa já no nome do livro. Em inglês, The Gift, olha que sonoro, de guífiti. Em holandês: het geschenk - êt res-rrenk. E a horrorozice do idioma só piora. Uma das piores coisas é que os nomes são mantidos em inglês, o que só evidencia mais a diferença entre o idioma sonoro e o idioma "estou com catarro na garganta". A mãe da criança se chama Lisbeth, eu acho lindo esse nome, mas no meio daquela sopa de palavras feias, dá vontade de chorar.

É que nem a dor de ver a coitada da CNN tentando falar do incêndio em Moerdijk. Lê-se Mur-dáiqui, ela disse mo-er-di-dji-qui. Mas não é culpa dessa coitada, como pode Moerdijk se dizer murdáiqui? É que nem o imbecil da minha rua, que teve um bebê na semana passada e o nome é Sjoerd. Agora me diga, se eu não te disser como se pronuncia essa merda, você vai ler como? Ssss-jo-er-d? Eu iria dizer assim: Sss-jo-er-d. Mas não, o correto é algo como Churd, ou um Chi-urd com um i bem fraquinho.

Pensei em baixar então um livro holandês da gema, uma das comadres lê muito Saskia Noort, mas quem diz que tem essa bosta no iso-hunt? E pagar pra ler essa porcaria feia do caramba, ni muerta!

Eis que assim sigo eu, continuo lendo o "et res-rrenk" ( het geschenk ) porque eu mereço sofrer e tenho sérias tendências sadô, e porque tenho miolo mole e gosto das historinhas bestas da Danielle Steel e estou com preguiça de procurar o arquivo em inglês na internet.

E só pra constar. No site da Band tem um programa em 5 partes sobre Amsterdam, contando com a participação de brasileiros que moram aqui na Holanda. Eu só vi 3 partes até agora, mas ó, neguinho ali tá na Holanda a muito mais tempo que eu e fala um holandês 100 vezes inferior, e na TV!!!! E eu fico aqui, me esfolando de estudar holandês pra melhorar meu sotaque medonho ( fui falar "ik heb de huur betald" - eu paguei o aluguel- e saiu "ik heb de hoer betald" - eu paguei a puta ) e a mulé pergunta o que é aquela guerra, ao invés de perguntar o que é aquele relógio, na TV, pra todo mundo ver!!!!

Preciso é polir a cara de pau que Deus me deu e dane-se o povo que rir do meu sotaque.

Toch?

Agora me digam aí, cês mandam ver na língua no país onde moram mesmo que imperfeito, vocês se escangalham pra aperfeiçoar, um misto dos dois, ou desistiram de vez? Sou só eu que quero falar a língua do país novo "bonitinho"? Tô sendo crica demais?

quarta-feira, janeiro 19

Eu sou Raquel e não Rutinha


Eu "se" divirto com a desgraça alheia.

No projeto brasileiro, o francês é responsável por preparar o roteiro que os executivos americanos vão seguir. Eles decidem quais fornecedores vão ser visitados, o Francês coloca num mapa e com os seus grandes conhecimentos de Brasil ( cof cof cof ) elabora a sequência de visitas, tentando geograficamente encaixar dois fornecedores por dia na agenda do americano.

Eis que liga o americano desesperado e vem o Francês me pedir ajuda. Fornecedor X fica na Avenida Pompéia, Pompéia - SP, o Francês jogou no google maps, apareceu uma cidade perto de Marília, ele mandou o americano pra lá.

Já viram pra onde essa história tá indo?

O americano chega na Avenida Pompéia da cidade de Pompéia, perto de Marília e tem um posto de gasolina no lugar. Ele liga desesperado pro Francês e o Francês tá aqui em pé na minha mesa desesperado, eu nem sabia que tinha Pompéia perto de Marília, eu só falei: Avenina Pompéia… deve ser perto do SESC… e o Francês: como assim? Eu: ué, em Perdizes. E o Francês: como assim? Eu: ué, cê quer ir pra Avenida Pompéia, na Pompéia, o SESC é na mesma avenida, em São Paulo. O Francês: capital? Eu: ué, claro! O Francês: mas o google mostra uma cidade no interior… Eu: você checou se o prefixo do telefone é 011? O Francês: Merde, nem pensei nisso! - olha o telefone do fornecedor - merde merde merde, é 011!

Ha ha ha. Sim, é pobreza de espírito minha, estar com tamanha dor de cotovelo que me divirto com a cagada do Francês, mas tô pouco me lixando… foi engraçado pacas…

Agora tá lá, CEO de uma empresona grande na Pompéia, em Perdizes, na Capital, esperando um americano e o americano quase na divisa com o Paraná, na Avenida Pompéia da cidade de Pompéia, perto de Marília.

Ha hah ha ha haaah aha ha

Cadê o Tonho da Lua pra dizer que eu sou Raquel e não Rutinha?


terça-feira, janeiro 18

Mimimim...mimimi...mimimi


Dr. Alice, no seu pitacolog ( o 1 ou 2 palavrinhas, primeirão na listinha dos links ali do lado ) fez um lindo post falando do tio velhinho.

Eu não escrevo tão bem quanto a Alice, mas tcheu contar mais um dos "causos" da minha família.

Eu só tenho uma avó viva, a por parte materna. Não é porque é minha avó, ou porque é velha, que eu tenho que achá-la legal e bondosa: ela sempre foi ruim que é o cão.

Dizem que as dificuldades endurecem a pessoa, mas sinceramente eu acho é que é o caráter mesmo, afinal, minha avó paterna, já morta ( e que também não era uma santa ), foi a mais feia de 4 irmãs, casou só porque disseram que ela era feia e estava ficando velha, ficou viúva com um filho de 12 e outro de 5 pra criar, casou novamente, em poucos anos ficou viúva de novo, lavou roupa pra fora até depois dos 60, sem máquina de lavar! Mas minha avó paterna sempre tinha uma piada na ponta da lingua, estava sempre pronta pra ajudar os filhos, e não sabia o que fazer pra agradar os netos.

Minha avó materna, a bicho-ruim, só se alegrava por um motivo na vida: dinheiro. As filhas foram trabalhar em casa de família aos 7, 8 anos. Adultas, as filhas  tinham que dar metade do salário pra mãe, e minha tia S. foi a "endemoniada" que se recusou a fazê-lo. Essa tia "endemoniada" conta das surras que levavam, coisa dos vizinhos entrarem no meio pra defender as crianças.

Eu a vejo e só enxergo uma mulher que não dava tapinha pra educar, mas despejava nos filhos as insatisfações da vida dela. Não vejo uma mulher que batalhou pra criar os filhos, mas sim uma mulher que assim que pode botou as filhas pequenas, a custo dos estudos que foram muito mal, pra ganhar uma graninha pra ela viver um pouco melhor. Não vejo uma mulher que se alegrava de ver os netos bem, mas se ressentia de nós termos uma vida mais confortável que ela própria.

Isso entretanto, é coisa que não me importa muito, porque minha avó materna sempre foi uma pessoa muito distante, quase inexistente, e agora mais e mais. Só evito o assunto com a minha mãe, já que além da avó ser  mãe dela, minha mãe fala como se a velhice tenha apagado o passado ruim, a tenha tornado uma bondosa velhinha…

Anyway… Assim como o tio da Alice, minha avó está ficando esclerosada, meio demente. Ela também esquece coisas. Ela mora numa casa com meus dois tios, e no quintal ficam as casas das minhas duas tias, ou seja, ela está sempre rodeada de gente. Só que ela quer fazer as compras da casa ela mesma, porque ela está sempre desconfiada que se alguém o fizer, vai comprar as coisas no lugar mais caro, ou vai ficar com o troco… e cês sabem né, a véia é louca por dinheiro… Eis que ela vai fazer as comprinhas dela, pão, carne, e dá as notas de 50 achando que são de 5. No bairro pobre que vive, alguns são honestos e corrigem o erro, outros se aproveitam e embolsam a grana. Às vezes, ela chega em casa, vai contar o dinheiro dela e percebe o que fez, ou então ela vem reclamar pros meus tios que o dinheiro acabou, e os tios explicam então que ela está fazendo besteira com o dinheiro. Já falei pra trocarem todas as notas de 50 por notas de 5, mas meus tios são também uns cabeçudos. E a véia chóóóóóra. Vai no cantinho e mimimi…mimimi…mimimi… Chora porque tá sem dinheiro, chora porque tá dando dinheiro fácil pra larápio, chora porque cadê o "my precious" dinheirinho dela??? E minha mãe acha que devem levar a véia pro psiquiatra pra tomar antidepressivo, porque a véia só chóóóóóóra.

Agora vejam. Ela não chorou quando a filha teve um aborto. Não chorou quando a outra teve um bebezinho que morreu aos 4 dias de vida. Não chorou quando as irmãs foram morrendo uma a uma. Caramba, não chorou quando o marido morreu! Mas ela chora porque sacanearam no troco da padaria.

Me chamem de ruim, vai ver que é genético, mas eu não deixo de achar interessante a justiça poética da situação.

Ela mimimi…mimimi…mimimi… de lá, e eu ririri…ririri…ririri de cá.

:o)

segunda-feira, janeiro 17

Lesgueláu


Lesgueláu = let's get loud ( música da J-lo, cantada loucamente por uma animadora de piscina dominicana que não falava inglês ). Pra ela, lesgueláu era "vamo se mexer, povo!"

Lesgueláu, então.

É viagem pra Alemanha, 6 horas de volante no meio daqueles loucos autobahnzeiros.

É test-drive de carro novo.

É zolder que precisa ser feito.

Tem que rolar muito Lesgueláu.

Sem falar das férias de maio, que se eu não reservar agora vão pro babau ( babau combina com Lesgueláu ).

A empresa, olha o sinal de que a economia está melhorando, vai dar bônus por lucratividade esse ano. Não o bônus integral, a metade, mas já é alguma coisa, certo? E sabe o que eu quero fazer com o meu bônus? Substituir a grama do jardim por grama artificial. O "cerumano" tem que se lesgueláuzar muito pra manter grama de verdade bonitinha e verdinha, pra nós, até agora, ela só trouxe briga. Tem que cortar, tem que ventilar, tem que adubar, tem que tirar a erva daninha, tem que rezar e fazer dancinha da chuva ( no nosso caso, do sol ). Não, não vale a pena. Aliás, aqui a grama artificial se chama kunstgras, sendo que kunst é também a palavra para "arte" no sentido de obra artística, então pergunto eu: seria uma grama artificial ou uma grama artística? Só sei de uma coisa: grama natural não é criação de Deus. Ponto final. E eu vou de grama artística :o)

Apesar de eu admirar a prudência da holandesada, que poupa, que planeja, que pesquisa preços, eu não deixo me entristecer um pouco quando vejo algum colega dizer que vai guardar o dinheiro do bonus. Sei lá, em alguns casos o cara já guardou o dinheiro das férias e ficou em casa, guardou o décimo terceiro, vai guardar o bonus. Acho legal quem faz isso com um plano bem concreto a curto prazo, como a assistente do departamento que está guardando e economizando para uma super viagem de 6 semanas pela Austrália, mas ficar guardando só pra ver a conta da poupança engordando, sei lá. Ah, é tão legal se dar um presente bobeira de vez em quando… quer coisa mais bobeira do que grama artística?

Eu acho os holandeses ultra conservadores com dinheiro, acho que poupam bastante, e admiro muito isso. Vindo da cultura "Casas Bahia", acho bom mesmo o povo que guarda e compra o que precisa à vista. Diz o meu funcionário Senhor que cada vez mais a holandesada está se deixando levar pelas propagandas de TV e está se enfiando em financiamento. Acho isso perigosíssimo, ainda mais em tempos de crise. Aliás, vi um programa tragi-comédia americano chamado Repo. Repo é quem vem pegar o bem que não foi pago de volta. Nesse caso era o carro de uma dondoquinha inadimplente, um BMW conversível. E saiu palavrão, xingamento, até chave de pescoço e tapão rolou! Muito deprimente que até disso tenham feito em realityshow.

Bom povo, tcheu lesgueláu daqui, você lesgueláu daí e vâmo cuidar da vida que a morte é certa.

Lesgueláu nessa segunda!

domingo, janeiro 16

Idiota tem em qualquer quanto

Não é porque a criatura tem blog, facebook e twitter que ela é inteligente.

Não é porque o blog tem trocentas visitas por dia, o facebook vai daqui à Lua, e no twitter a pessoa tem 4000 seguidores, que a pessoa é inteligente.

Dentre nós, blogueiros, tem muita gente imbecil ( quiçá encaixa-se aqui a autora desse humilde blog ), gente que parece cool, viajada, gerentão, mas que fala cada asneira de deixar até o pobre asno de boca aberta.



A foto acima é uma sugestão de viagem pra certas pessoas, já que só essa foto valeria o passeio.

quinta-feira, janeiro 13

Desesperançosa...


Eu tinha feito um post enorme, dizendo como nunca nada muda no Brasil, todo ano as mesmas enchentes, e o povo reclama dos políticos, e a media mostra os rios, encostas e bueiros todos entupidos por lixo que a população joga, e iata iata iata.

Mas ó, dá raiva de ver tanta gente legal reciclando, ver a molecada no shopping jogando o hamburguer num cesto e a caixa do hamburguer no outro, uma parcela da população tentando fazer a parte deles, e aquela pobraiada do caramba jogando lixo em tudo que é terreno baldio, aliás, em tudo quanto é lugar.

É vergonhoso andar por lindas praias e achar tantas daquelas malditas sacolinhas de supermercado, tanta garrafinha vazia de água, tanta tampa de garrafa e bituca de cigarro na areia.

Às vezes olho pro meu próprio país e penso: não, não tem jeito.

Quer apostar que em 2021 vamos ter as mesmas enchentes, as mesmas reportagens do lixão flutuando na enchente, do mesmo povo sendo soterrado nos morros do RJ?

É por essas e outras que quando me perguntam se eu quero ir como expatriada pro Brasil eu respondo: de férias sim, pra morar, nem morta!




quarta-feira, janeiro 12

Não querendo ser crica...

Mas o que é que você espera de um Bed and Breakfast que anuncia que tem piscina e quando você abre a foto tem uma foto de uma fulana numa piscina Regan? Acham que eu estou brincando? Claaaaaaaro que só podia ser na Itália:

http://www.holiday-rentals.co.uk/p630689


Estou pesquisando a região da Toscana, eu queria alugar um apartamentozinho, como fizemos em Bellagio e em Amalfi, mas não tô encontrando...

segunda-feira, janeiro 10

Uia!

Uia! Devo estar à beira da morte, um médico holandês me deu antibiótico!

A médica escutou minha saga, auscultou-me, olhou bem minha moribunda face, e me deu um tal de doxycycline, antibiótico. Pensei: devo estar nas últimas.

E vendo que eu estava à beira de um ataque de nervos ( e provavelmente já ciente da minha ameaça de me abarrancar na sala de espera naquela manhã ), deu-me ainda comprimidos de codeína. Achei que codeína nem fosse permitida na Holanda...

Ela me disse que a codeína vai me ajudar bastante a dormir, então essa noite promete.

Se eu morrer, pelo menos presenciei um milagre em vida: alguém sair do consultório médico holandês sem uma receitinha de paracetamol.

Vamos todos juntar as mãos e cantar a musiquinha do Tim Tones.

SUS

Finalmente amanheceu o dia. Foi ( mais ) uma noite terrível, era só deitar e eu não conseguia respirar, a tosse que não me deixa um segundo, peito - ombros - abdomen doem como se eu tivesse corrido a maratona de NY.

Mas... com o raiar do dia vem o bendito horário comercial, no qual eu posso ligar para a minha médica huisarts. Após 15 minutos de espera telefônica, ouço da assistente que só tem horário pra amanhã, isso depois de ter rezado toda a ladainha do "estou passando mal, acabei de chegar da américa do sul, o huisartsen post me mandou esperar e ligar pra vocês hoje". Depois de muito suplicar, pedir, implorar e ouvir não não e não, comuniquei que iria ao consultório, sentaria na sala de espera ( com todos os meus viruses sul-americanos ) e esperaria um dos médicos ter uma "brecha".

Como aqui isso não se faz, a mulher - não duvidando que eu, imigrante louca, realmente passaria o dia espalhando minha doença pelo consultório de gente já doente - arrumou um horário as 2 da tarde, já me informando que terei 10 minutos e pra não chegar atrasada.

Qualquer semelhança com o pronto socorro central de SBC é mera coincidência. Pelo menos no Brasil o SUS é de graça.

Engraçado é que parece que tudo quanto é médico resolveu me sacanear. Conversei com a Alice ontem pelo MSN, e ela me indicou como medida terapêutica uma série de exercícios de yoga, e considerando meu estado debilitado ( mal consigo subir os 13 degraus da escada de casa ) me mandou fazer "só" a tal da bridge: você fica de quatro, mas só que de barriga pra cima ( isso só já seria o desafio do ano ), joga a cabeça pra trás, levanta a perna direita formando um ângulo de 45graus ( ficando então não de quatro de barriga pra cima, mas de três ) e manter a pose por 2 minutos.

Quando eu digo que médico acha que gente é robô, ceis acham que eu tô sendo é uma véia ranzinza.

Blé.

domingo, janeiro 9

Por um mundo um pouquinho mais humano

Quem mora aqui fora tá sempre comparando "aqui é assim, lá é assado". Quando a gente vai ao Brasil, sempre perguntam: como se faz isso lá?

Li uma matéria francesa sobre o governo do Lula e os desafios do governo Dilma e eles diziam que no Brasil a questão da saúde são duas realidades em paralelo: a de quem pode pagar e a de quem não pode.

Enquanto eu vivi no Brasil tive o que era na época, o melhor convênio médico do país. E agora, vejo a minha mãe, que está no extremo oposto, ou melhor, só não está no extremo oposto porque de uma forma ou outra ela ou nós, os filhos, bancamos o tratamento particular.

Nessa última ida ao Brasil eu pensei que talvez a medicina-robozinho da Holanda é que esteja certa. Essa medicina, toda cheia de estatísticas, e de regras, e de prazos, iria garantir a minha mãe o direito de ir a um médico razoável, fazer seus exames numa policlínica boa e de fácil acesso ( lá em SP cada hora minha mãe tem que ir pra um lugar mais difícil que o outro pra fazer exames, e ficar indo de um lado pra outro com dor não é fácil ), iria sair do consultório médico com seus remédiozinhos na bolsa sem custo ou com custo mínimo e ao precisar de cirurgia iria utilizar um lindo e aparentemente muito eficiente hospital ( o Hospital aqui de Eindhoven é ótimo, dizem ).

Ninguém iria perguntar pra ela se ela está se sentindo bem depois do exame de sangue e oferecer um suquinho de laranja, ela não teria direito a um acompanhante quando fizesse cirurgia, e claro que estariam acompanhando o desenvolvimento da velhice dela em um chart estatístico de algum bureau qualquer. Mas bem, como diz sei lá que político holandês, outro país, outros costumes.

Desde segunda feira passada estou com o que parece ser a garganta inflamada, febre e tosse. Esperei uma gripe pior vir, mas ficou assim mesmo. Não precisei ir a médico algum, eu me auto-paracetamolizei. Faz quase uma semana, e nada melhora, só piora. Continuo tendo essa febre que vai e volta, a tosse está pior, a garganta também parece bem irritada, mas já não era pra ter melhorado? Sem conseguir respirar direito, e com a capacidade pulmonar de uma abelha ( até subir as escadas está difícil ), já cansada com essa dor no peito de tanto tossir, decidi marcar uma consulta essa manhã no posto médico, que é um posto que abre para atender casos mais ou menos de emergência, visto que os médicos de família só atendem em horário comercial.

Minha preocupação era apenas em que o médico visse minha garganta e me dissesse se é isso mesmo que está causando os sintomas, porque tá demorando demais pra curar! E eu fico pensando, estou voltando do Brasil, e se for alguma doença tropical? Ou então, e se eu penso que essa febre é da tal dor de garganta, fico mascarando sintomas com paracetamol, mas é alguma outra coisa?

Pôxa, eu não só só um amontoado de ossos, carnes e sangue, um robozinho orgânico, tem uma pessoa aqui dentro, que de vez enquando precisa ter sua mão segurada e seus nervos apaziguados, e precisa que outro ser-humano, que foi TREINADO para dar assistência médica a outro ser humano, olhe sua bendita garganta e diga: nossa, tá vermelha mesmo, tome paracetamol e um xarope também que logo vai passar, não se preocupe que mais que isso não é. Ou então que olhe a bendita garganta e diga: tá feia mas tá sem inflamação, a febre deve ser de outra coisa, vamos ver o que pode ser, mas não se preocupe que encontraremos a razão.

Mas não, claro que eu liguei e me disseram pra consultar minha médica amanhã. Claro que a menos que os sistemas do robozinho estejam obviamente dando pau, e que não haja esperanças de dar um boot e tudo voltar ao normal, que o robozinho tem mais é que ficar aqui quieta sem encher saco deles. Aliás a falha foi minha, que OUSEI ocupar o tempo deles com algo tão banal quanto uma dor de garganta que não passa.

O que aquele povo tá treinado pra fazer é uma borracharia de auto estrada: você vai lá com seu pneu furado, o carro sem poder andar, e eles remendam o pneu até você poder comprar outro. Não ouse aparecer com o pneu meio murchinho, espere ele furar de vez ou vá encher na bomba do posto, mas não encha o saco porque essa borracharia é muito, muito cheia, ocupada e importante.

Tenho certeza que se fizerem um campeonato mundial de bed-side-manner, holandeses ficam na rabiola. Seriam assim uns doutores House MD, sem a genialidade do mesmo, claro.

E assim fico eu, tossindo my lungs out, até a abertura do horário comercial.

E ó, pago 200 euro-paus pro mês de assistência médica, viu!

Aprendendo de cá, entendendo de lá

Nessa minha última visita ao Brasil, algumas "adaptações involuntárias" ficaram super claras, teve muita coisa do hábito holandês que eu senti falta no Brasil. Da mesma forma, durante o ano, encarei diferenças culturais que eu tenho certeza que não importe quantos anos passe eu não conseguirei entender, apesar de ter que aprender a respeitar.

Depois das duas semanas de resort all inclusive, com fartos buffets, mal amanheceu o dia em SP e fomos praticar o esporte favorito do paulista: shopping-center-maratona.

Eis que após comprinhas básicas, no dirigimos para a área de alimentação do shopping, Bart, minha mãe e eu, com a intenção de comer algo nutritivo mas leve, visto que naquela noite iríamos ao tradicional São Judas Demarchi.

Minha mãe queria camarões, e acabou escolhendo um prato da Cia dos Camarões, e acreditem, nenhum deles tem salada! O tradicional holandês carne-batata-salada, no Brasil é carne, arroz, batata, como se batata fosse um vegetal ( o que é ) ao invés de um coisa ali, cheia de carboidratos. Você pode escolher vários tipos de camarões, até o tamanho dos camarões, e eles sempre virão acompanhados de arroz e um tipo de batata a escolha. Achei estranhíssimo e uma bomba "carboidradística".

O marido queria de qualquer forma algo que tivesse bastante salada, e rodamos, rodamos, e necas! A opção seria os restaurantes por quilo, com filas homéricas e preços assustadores, ou então o Subway, que está se popularizando muito no Brasil. Na fila do Subway, duas pessoas perguntaram para o atendente se podiam substituir as saladas do sanduba ( que é a marca registrada do Subway ) por mais carne ou queijo, e diante da negativa pediram só umas folhinhas de alface, deixando de fora todos os outros vegetaizinhos suculentos.

Isso sem falar no número de pessoas que comem uma tranqueira qualquer e se consideram "almoçados". No Carrefour de SBC, há mais de 10 anos o próprio mercado colocou um standzinho de sanduíches feitos na hora: usavam assim os frios que estariam para vencer naquele dia e que iriam para o lixo. O tal stand foi proibido pela vigilância sanitária, o principal motivo era vender frios com a data de validade próxima crus. No lugar desse stand, o Carrefour abriu um quiosque de pastéis. São enormes, bem recheados, e custam 2 reais. Minha mãe conta orgulhosa que pelo menos 2 vezes por semana passa lá, compra um iogurte pra tomar com o pastel, e por menos de 3 reais "tá almoçada". Eu fico pasma. Cadê as fibras, as vitaminas, e o colesterol, e a dor no estômago?

Comprei em Holambra uns peitos de frango caipira, e entrei na internet, sites brasileiros, para ver alguma receita saborosa para fazer com os bonitões. Gente, vocês notaram como em tudo brasileiro coloca catupiry, requeijão e creme de leite? Quando eu era mais nova, creme de leite era ingrediente nobre, usado muito de vez em quando, só tinha mesmo o da Nestlé, agora virou banana, em tudo quanto é canto tem! Agora imaginem se alguém ía sentir o sabor do meu frango caipira com latas e mais latas de creme de leite e requeijão na mesma receita?

E a dulcilidade dos doces brasileiros? Putz, é tanto leite condensado, mas tanto, que dá até arrepio! Ana Maria fazia na TV um tal mousse de pão de mel, que além do pão de mal picado, levava creme de leite, leite condensado e mel ( ughhhh ). E pra rechear, uma ganache de chocolate ao leite com creme de leite. Engordou só de ouvir?

E ó, não dá pra entender, pois saindo da Grande São Paulo, qualquer um com jardinzinho chulé planta verdurinhas, frutas, até meu pai que é um jardineiro muito lambão tem tudo quanto é fruta na casa dele, então porque essa mania de colocar coisa de latinha, açucares mil, cremes mirabolantes no que puro ou puxadinho de leve num fio de azeite fica dos Deuses?

No fim, o brasileiro acha que o Brasil é a terra da comida farta e maravilhosa, se gaba dos churrascos ( cuja carne, aos 50 reais o quilo, tá chegando no preço da carne aqui na Holanda ), mas pô, tão comendo mal pacas!

sábado, janeiro 8

Caros Leitores

Caros leitores,

Vão desculpando aí o sumiço, mas é que eu tô bem macambúzea.

Desde quarta estou com uma febre doida que chega aos 39 ( nem é tão alta ) e só baixa com o fatídico Paracetamol. Atribuí a uma recaída da gripe que tive na Bahia, agravada pelo ar-condicionado do departamento ( ou falta de aquecimento apropriado ) que é muito forte às segundas ( o aquecimento não é ligado durante o findi ).

Acontece que a gripe em si, de espirrar e ficar com o olhão e nariz congestionados, não veio. A garganta só tem agora uma tosse seca, mas a febre persiste. Dormir é um calvário, me dá o frio do Alaska, eu tomo Paracetamol, me dá o calor do Senegal. Ninguém merece.

Modos que, além de não fazer nada esses dois dias, o que justifica a ausência de posts mesmo tendo tanta coisa pra contar, estou bastante decidida a amanhã entregar os pontos e ir ao posto de saúde. Estou achando que, como eu não estou à beira da morte, eles vão é me mandar tomar paracetamol por telefone mesmo ( você tem que ligar antes de ir ), mas acho que vou tentar.

Putz que post chato.

E o pulso ainda pulsa.

quarta-feira, janeiro 5

E o que eu achei do Brasil?


Bom, mais tarde eu vou contar a saga dos resorts em Imbassaí e Porto de Galinhas, mas me perguntaram o que eu achei do Brasil depois de dois anos…

Tem coisa boa. Os pobres estão menos pobres, as favelas ainda estão lá, mas pelo menos em SP é raro ver um barraco ainda de madeira, o povo tá usando a graninha a mais pra realizar o sonho de ter "casa de tijolo", o que é sempre melhor do que aqueles barracos que por qualquer coisa pegam fogo. Outros, deslumbrados com o recém conquistado poder de compra, esquecem da prudência e caem no consumismo desenfreado. Um exemplo é a Janilda, nossa antiga empregada ( e ainda faxineira da minha mãe ). Ela tá ganhando pensão do pai da filha, tá ganhando o tal salário-família, e faz uma boa graninha como faxineira, já que em SP cobra-se de 80 a 100 reais numa faxina. Imagine que até um tal de vale-gás agora tem ( eu viva patrocinando os bujões de gás dela ). Janilda continuou no seu barraco de madeira mas comprou TV nova, DVD player pra filha, e sofá nas casas Bahia, aí com as chuvas de novembro passado o barraco dela desabou e ela está na rua da amargura. Well, milagre também o Lula não faz, né?

Os antigos semi-pobres compraram seus carrinhos, e lugares com SBC, que tinha muito semi-pobre, tem congestionamento em todos os lugares, em todos os horários. Aliás, infra-estrutura continua precária sem muitas expectativas de melhorar, achei que por ser ano eleitoral eu veria milhões de obras, mas necas de catipiribas. Aliás, SBC virou uma selva de prédios em construção, e todos de alto-padrão. Vai faltar chão pra essa gente toda, que nem Copacabana.

A criançada deve estar estudando e sendo criança, porque não vi uma nos faróis, até o fatídico da Bandeirantes com a Jurupis estava desprovido de malabaristas-mirins. Muito bom.

São Paulo está ultra bem sinalizada, e os buracos da Marginal Pinheiros não existem mais. Ano eleitoral, ou mudança mesmo?

A classe média tá mais reclamona do que nunca. Reclamam das empregadas que não trabalham mais pra ganhar 200 contos, reclamam que o filé-mignon chegou aos 50 mangos o quilo, que uma blusinha no shopping não sai por menos de 70 paus, que o PT não investiu em escolas ( como se eles fossem tirar seus filhos do Grade, Bandeirantes e Porto Seguros ), é um iata-iata sem fim. No entanto, compram compram e compram. Não fazem outra coisa, aliás fazem, reclamar. E só falam do que já compraram ou do que vão comprar. As polos Lacoste de 140 reais tamanho infantil já estão breguinhas, o negócio agora é Tommy Hilfiger. E os bichinhos vão todos pro coifure serem banhados e penteados, dar banho em cachorro com mangueira no quintal, só mesmo na casa do meu irmão e no Bono, porque o collie Jack também vai pro salão. E ó, doce-de-leite Itambé só pros pobres, classe média só compra Havanna ( nem sei com quantos n's é ). E falam das viagens a Buenos Aires como se falassem do bate-e-volta pra Praia Grande. Logo a Dilma anexa a cidade argentina ao território nacional. E se o Obama bobear, a Dilma compra Orlando também, duvido que tenha sobrado espaço pros americanos pras bandas de lá. Aliás, um pivete de uns 7 anos me corrigiu: é pra Kissimmee que a gente foi, não Orlando. Moleque atrevido!

E tudo o que é importado custa o dobro ou mais do que custa aqui. A intenção do governo é proteger a indústria brasileira, mas tolinhos que são não contam com a sanha consumista do seu povo. Ipad dos xulé ( 16 giga sem 3G ) por € 1.400 na FNAC, e na fila do caixa tinha 4 pessoas com a caixinha na mão. A camiseta da Nike que o marido comprou na V&D por 20 eurecas custa 89 reais da Decathlon. Não mais reclamarei da muambação dos brasileiros em terras européias, comprem mesmo que aqui precisa-se das divisas.

Passei maus bocados em aeroportos brasileiros, e olha que seguindo o conselho de tantos, comprei passagens da TAM ( as mais caras ). Essa história também conto outro dia, mas só um milagre mesmo pra nos deixar meio-prontos pra sediar a copa.

Mas, all-in-all, achei o povo mais feliz, mais esperançoso, e isso é o que importa. O povo trabalhando, a criançada estudando, e a passinhos tímidos, o país tá indo pra frente. O rei Roberto, dizem, está namorando uma ninfeta, a Ivete ou tá grávida de novo ou enfiou o pé na jaca ( amiga da Alice ) depois do show em NY, a Claudia insuportável Leitte continua insuportável, e a novela ti-ti-ti tá um barato. Vão reprisar O Clone, o Faustão tá magro e aquele garoto do video show tá gordésimo, a Cleo Pires e o tal Fiuk são a cara do pai - e pelo menos a tal Cleo é uma atriz menos canastrona. Putz, a Marília entrevistou o Giane e eu perdi. E enquanto eu estava no Brasil, morreu o Quércia.

Ó povo, podia estar pior, então tenhamos fé.

terça-feira, janeiro 4

Pegando no tranco

Será que sou só eu que ao voltar de férias me sinto tão desconectada, parece que não entendo mais nada, e que pra funcionar só se jogar ladeira a baixo em primeira e fazer pegar no tranco?

Nesse meu segundo dia de trabalho já estou me perguntando se quero mesmo me estressar e viver como uma tresloucada para cima e para baixo ou se já começo a delegar, selecionar os assuntos nos quais quero ( e devo ) me envolver ou não.

Eu nunca fui de ficar fazendo balanços anuais ou promessas de ano novo, não entendo essa necessidade de alguns de marcar data pra analisar as cagadas ou bolas dentro de um determinado período, pra mim 1 de janeiro é só mais um dia, aquele depois do 31 de dezembro. O que é importante pra mim é esse periodo de pausa, de férias, de você se distanciar da sua vida profissional e se perguntar: como andam as coisas, estou feliz, o que preciso melhorar, onde minha carreira está indo, o que eu fiz certo?

Minha reflexão está sendo agora, nessa volta ao trabalho. Preciso deixar certas coisas do meu "antigo" trabalho, mesmo que eu goste dessas coisas, pra trás e me dedicar à nova função, embora muitas partes, por ainda desconhecer, eu não goste. Eu preciso deixar de ser control freak, e confiar que não sou só eu que tenho meio cérebro e sei fazer as coisas direito.

Hoje o francês que está no projeto brasileiro veio mexer na minha linha de produtos, da qual ele não entende nada. Essa é uma ferida que ainda dói e eu tenho que meditar muito, pensar muito em como vou lidar com essa situação.

Queridos leitores, essa vida de imigrante proletária na Holanda não é fácil. Estou sofrendo, tadinha d'eu.

segunda-feira, janeiro 3

Férias é que é bom!


Coisas irritantes que tornam a volta ao trabalho depois de 30 dias de férias um saco:

1) Esse povo todo vindo te desejar Feliz Ano Novo. Ninguém faz nada o dia todo, fica só apertando a mão e beijando os outros. Beste Wensen my ass!

2) Você "empresta" seu lugar para um funcionário novo até ajeitarem o dele, e quando chega o cara ainda está no seu lugar, embora o dele já esteja pronto ( o meu é melhor localizado e minha mesa maior ). Como se não bastasse, o cara ainda mudou seu monitor e docking station de lugar, deixou seu DECT fora da base e a bateria morreu.

3) 463 e-mails, essa é a punição pra quem OUSAR sair de férias.

Mas eu jurei que esse ano não serei o Ranzinza da Branca de Neve. Apertemos as mãos ( mas beijo tô fora, cada véio caquético! ), arrumemos a mesa de volta ao normal, e os e-mails, bem… esses a gente metade lê e metade deleta, ou coloca naquele folder láááááá escondido pra alguma eventualidade.

E o ano será dos bãos, porque quem vier me encher o saco vai ouvir: rebolation-tion, rebolation-tion…

sábado, janeiro 1

E começamos mais um ano aqui na terra gelada da Holanda

Todos os anos passamos o mês de dezembro praticamente todo de férias, e sempre em algum paraíso tropical. A cada 2 anos, vamos ao Brasil rever a família e conhecer mais do país.

Sempre tiramos 2 semanas para viajar sozinhos pelo Brasil, e todas as vezes fomos para as praias do nordeste. É lá que despejamos os maus fluídos acumulados pelo excesso de trabalho, pelas preocupações com a casa, carreira, e todas aquelas coisas chatas do dia-a-dia. Essas 2 semanas são fundamentais para manter a sanidade da gente e do nosso casamento.

Esse ano, apesar de problemas com os dois hotéis que escolhemos ( contarei numa outra oportunidade ), aproveitamos bem nossas duas semanas.

Passamos então 2 dias em São Paulo, o suficiente para eu rever alguns amigos e parentes, e fomos pra Holambra.

Em Holambra, estão meu irmão, cunhada e sobrinhos ( humanos e caninos ). Meus sobrinhos estão uns moços! Não sei se meu irmão soube criar, ou se deu sorte, mas são super legais esses meus sobrinhos. Bons alunos, inteligentes, engraçados, super família, umas graças.

Meu irmão chega do trabalho e vejam só, vai tomar cerveja na piscina. Onde, nos meus mais loucos sonhos, eu achei que um dia eu ía chegar do trabalho e ir tomar cerveja na piscina?

Mas sabe, no dia de virmos embora desatamos no choro não por todo o conforto material que estávamos deixando atrás, mas sim porque sabíamos que íamos sentir falta de jogar PS3 com o Bruno, de ficar falando bobeiras com a Fernanda, de jogar bolinha com o Bono, de zanzar com o irmão pra cima e pra baixo...

Chegamos ao aeroporto uns trapos emocionalmente, e ao fazer o check in ganhamos um upgrade para a classe executiva. Aquele atendente que nos deu o upgrade ( o avião deu overbooking e escolheram as pessoas que pagaram a mais pelo comfort class para dar o upgrade ) não sabe como ele salvou o nosso fim de ano, porque sempre foi o sonho do Bart viajar de executiva.

Pode parecer bobeira, mas estávamos pra baixo mesmo e a perspectiva de um vôo especial levantou bem nossa moral. O vôo foi tudo de fantástico. Poltronas um absurdo de grandes e confortáveis, é até imoral pensar no desconforto do resto do avião. O jantar você pode escolher de um menu, assim como o café da manhã, e bebidinhas são servidas o tempo todo em tacinhas. Mas o mais importante é o conforto mesmo. Eu jantei e nem consegui chegar na sobremesa, reclinei a cadeira ( reclina a 170 graus ) e dormi. Acordei faltavam 80 minutos pro fim do vôo, nem acreditei.

Chorei já de saudades, e de pensar na falta que todos eles me farão, já no avião mesmo. E no trem, e chegando em casa. E vira e mexe me pego com lágrimas nos olhos de novo.

Essa foi a primeira vez que questionei minha decisão de vir morar na Europa.

Será que sou só eu que passa por depressão pós-retorno? E se alguém aí tiver o mesmo, quanto tempo a gente leva pra engrenar na rotina de novo, hein?

Estava ( e estou ) tão deprê que nem fiquei acordada pra ver os fogos. Acordei com a barulhada, tentei ver alguma coisa mas a neblina não deixou, voltei pra debaixo do edredom.

Quero minha mãe, irmão, cunhada, sobrinhos e cachorreeeenhos. Buahhhhhh.