segunda-feira, novembro 30

Casamento aqui no interior do Congo

Eu tive experiência de dois casamentos aqui na Holanda. Gostei de ambos. O sistema aqui é ultra diferente do Brasil.

No primeiro, eu não era tão íntima da noiva, fui convidada para a festinha "final". O parceiro foi também convidado, tinha bebidinhas e um buffet com umas comidinhas, havia uma pista de dança, mesinhas, foi legal.

No segundo, eu era mais íntima da noiva, fomos convidados para o dia inteiro. Achei que fosse ser cansativo, mas foi super tranquilo e muito legal. Começamos pelo casamento "civil", depois teve um lanchinho, fomos para a Igreja, teve o religioso com missa. Fomos para o lugar da festa, fomos recebidos com champagne e bolo. Passamos para a sala do jantar, comemos "a francês" e estava tudo delicioso. Começou então a festa "pra todo mundo", e os demais amigos dos noivos começaram a chegar. Rolou ainda mais bebidas e um buffet delicioso com muitos queijos, nozes, lá pelas tantas assaltamos o buffet de novo.

O primeiro "tipo", te poupa de passar horas vendo casamento religioso e muitas vezes o civil junto ( convenhamos que nem todo mundo gosta de casamento religioso ), e você vai direto pra festa. No Brasil pega super mal perder o religioso e ir direto pra festa, o povo logo diz que o fulano só tava interessado nos "comes e bebes" ( coidipobre falar comes e bebes ).

O segundo, é ótimo porque você passa o dia todo celebrando ( lembre-se que nesse caso é alguém da sua família ou um amigo íntimo ), e os noivos passam o dia todo com a família e os amigos mais chegados, dá tempo de dar atenção pra todo mundo. Pros pais especialmente, é um dia muito mais legal que no Brasil, já que eles curtem o dia inteirinho com os filhos.

Mas vejam que nos dois casos a noiva era brasileira, e eu tenho certeza que rolou uma certa preocupação em agradar a todos, e de certa forma de fazer tudo um pouquinho mais parecido com o sistema no Brasil.

Hoje eu recebi o convite da colega de trabalho holandês que começou aqui há alguns meses. Trabalhamos bastante juntas num projeto, eu gosto muito dela, mas não pude deixar de achar estranho o convite. Veio um scan do convitinho impresso, a primeira estranheza: é numa terça-feira. Daí, no e-mail que acompanha o convitinho, a frase: esperamos você sem o seu parceiro para celebrar conosco. E daí o fim da picada: drinks serão servidos ( não tem comida nenhuma! ). Ou seja, você sai do trabalho numa terça-feira, vai pra casa se arrumar, come uma pizza congelada, vai pra festinha tomar uns drinks, e pede pro seu parceiro ir te buscar ( senão você não pode beber ). Ah, e pra arrematar: dica de presente - envelopinho ( $$$$ ).

Aí ela comentando comigo quando fomos tomar um café: eu queria muito fazer o casamento nesse lugar ( é um lugar ultra chique em Eindhoven ), mas pra acomodar a família toda nesse lugar tão chique, não sobrou dinheiro para a comida dos convidados e nem os corsages ( umas flores que os convidados íntimos colocam na lapela ). Ah, o mais importante é que nossa família goste, os outros convidados são secundários ( !!!! - eu sou "os outros convidados" ).

Bizarro ou não?

Eu peço a ajuda dos universitários

Desde sempre eu baixo meus filmes do site mininova. Para seriados, há a opção do eztv, que não é o mais rápido mas tem todos os seriados de graça, mas não tem filmes. Na semana passada, o tribunal de Utrecht determinou que o site mininova só pode conter downloads autorizados pelo dono da obra, o que resulta num site cheio de filminhos e musiquinhas alternativas e só.

Estou órfã de site de downloads, e eis a ajuda que peço: de onde vocês baixam seus filminhos?

Esse fim de semana foi o final de semana de comprar as últimas coisas ultra-essenciais e alguns presentinhos pra mandar pro Brasil. Pro meu sobrinho foi fácil, jogos de PS3. Pra minha mãe idem, cremes e uma blusa. O terrível esse ano foi o presente da sobrinha pré-adolescente.  Roupa de criança ela não usa mais, a saída foi procurar as marcas de adultos que tenham tamanho XS. Já tinha até desistido quando vi duas camisetas e um moletom na vitrine daquela Cool Cat. Olha, os preços são baixos, mas se você for analisar a qualidade, é caro! Precisei conferir 4 moletons até achar um sem falha de costura e 3 camisetas até achar uma que não faltasse um um dos brilhantinhos que compunham a palavra DIVA. E esse ano não mandarei chocolates, não mandarei nada de SinterKlas.

Tcheu contar uma coisa. Cês não vão rir, hein! Invoquei que quero comprar um chapéu. Sou friorenta, toquinha é meio mano-brown, queria um daqueles chapéus de feltro meio boinas-meio-bonés, mas nunca achei um que além de bonito cobrisse as orelhas. Na sexta feira achei o tal chapéu, quentinho, de feltro, cobrindo a orelha, do jeito que eu queria, mas o preço: 40 euros! Tô com dó de pagar, e se no fim eu acabar não usando? Nunca usei chapéu antes… Mas agora eu encasquetei com o tal chapéu e sei que se eu não comprar vou ficar com isso na cabeça. Meleca!

Bom, tcheu ir cuidar da vida que essa semana vai ser pauleira! Mas sexta-feira digo adeus e só volto no ano que vem! U-hu.



sexta-feira, novembro 27

Tá quase

 Vou comentar sobre um fenômeno que eu tenho certeza que acontece com muita gente: pânico pré-férias.

Eu preciso de um milagre.

Na empresa tenho que fechar 3 contratos em uma semana, tarefa praticamente impossível. Ajeitei tudo o que EU podia ter ajeitado, mas agora dependo de outras pessoas, do fornecedor, de advogados. Tofú minha gente.

Em casa, faltam aquelas quinquilharias típicas pré-viagens, que eu sei que vão acabar com o meu findi. Sou só eu que SEMPRE compro mil coisas antes de viajar? Eu sempre faço uma listinha e guardo, pra ver se na volta eu usei metade do que me deu tanto trabalho pra comprar. Minha listinha pro sábado é: óculos de mergulho e snorkel, relógio fuleiro à prova d'água ( pro Bart controlar a hora no jet-ski ), um hidradante corporal ( odeio comprar cosméticos, vou de Rituals mesmo ), dolares, bandaids e uma capinha pro meu ereader tchutchuco. Se parasse de chover ( sonho meeeeeu ) ía ser mais fácil, porque com a scooter eu não preciso estacionar lááááá na casa do chapéu e andar que nem uma condenada pra cima e pra baixo, mas com essa chuva, nem a pau juvenal.

Aliás, como já comentaram: que via sacra é comprar qualquer coisa nessa época do ano! Aqui na Holanda é pior, porque o SinterKlas é dia 5 de Dezembro, tá aí. Pior lugar pra se ir nessa época é Kruidvat e Etos. Eu fico impressionada como holandês compra cacareco pra dar de presente! Sei lá, já que eles não trocam presentes no Natal, eu esperaria um SinterKlas mais generoso, mas o que é de véia comprando sabonete e mandando embrulhar não tá no gibi. Aí você tá lá na fila, querendo só pagar seu Imodium e picar a mula, mas tem que esperar a caixa embrulhar cada um dos pacotes. Esse ano a Kruidvat contratou um estagiário mais esperto e ao invés de embalarem no caixa tem uma mesinha com outro estagiário no fundo da loja, mas eu prefiro a ETOS, que agora vende ao mesmo preço da Kruidvat e é mais agradável aos olhos.

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Abre espaço para notinha com histórinha

Na minha família, quando a família toda passa o Natal junto, fazemos um amigo secreto, assim todo mundo ganha um presente bonzinho e não se gasta tanto. Entretando, pais sempre dão presentes pros filhos e vice-versa, ou seja, eu dou presente pros meu sobrinhos, irmão e cunhada, e pros meus pais, mas não dou pra todos os tios e tias e primos.

Só que, já há 6 anos, sempre dou presente para o meu pai e NUNCA ganhei nada dele. Minha mãe diz que ele deve pensar: o combinado é só pras crianças ( os netos ), mas o fato é que eu me dou ao trabalho de esquentar a cabeça com o que comprar e nunca ganho nem um cartão em retorno. Isso porque meu pai me vê a cada 2 anos!

Aliás, meu pai ficou meio lelé depois do divórcio. A última é que ele anda pedindo pros nossos parentes que moram perto dele roupa velha pra ele usar enquanto "cuida do pomar", mas ele acaba usando aquelas roupas sempre! Que coisa feia. Pro meu irmão ele disse que ganha as roupas, mas como esses parentes são cheios da grana e trabalham com moda, as roupas velhas são sempre novas, aí acabam "misturando" com as dele e ele não sabe mais qual é qual. Será que não dá pra ele ir no Torra-Torra e comprar meia dúzia de camisetas fuleiras pra capinar?

Fim da notinha com histórinha
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E resta a "moi" rezar pra chuva não vir e já ir preparando o roteiro: capinha, hidratante, relógio e dólares, tudo hoje, pra eu não ir à loucura amanhã.

E acabaram de ligar da Arke com mais uma tarefinha pra mim: pegar as passagens.

Ah, e já que esse post já tá enorme e sem pé nem cabeça mesmo, tenho que falar pra vocês da maravilha que é o mundo de "doadores" de livros digitais. Claro que tem sempre empresas como a Barnes and Noble que tenta melar essa gentil troca de e-books, mas Capitães Ganchos unidos jamais serão vencidos.

Mas com um pouco de paciência encontra-se um mundo fantástico de livros na internet de gracinha de gracinha. Achei um arquivo com 1000 títulos populares. Tem a trilogia inteira do Senhor dos Anéis, tem praticamente toda a obra do Stephen King, tem Sidney Sheldon, Nora Roberts, Clancy, Grisham, Robin Hobb, e tantos outros! Esses livrinhos semi-acéfalos são tudo o que eu precisava pras minhas férias. O duro é selecionar o que você quer levar, afinal o arquivo tem 1000 livros e você pode levar "só 350", ou comprar um memory card.

Depois de baixar a série toda da Sookie Stackhouse ( True Blood ) e amar o vampirão Eric, estou agora lendo o The Vampire Diaries, que dá nome à nova série. Não é tão bom quanto o True Blood, mas é bem interessante, e no fim eu acabei lendo a série inteira ( estou no quinto livro ) antes mesmo das férias.

Amo meu ereader tchutchuco de paixão.

quinta-feira, novembro 26

É de pobre mas eu amo: holerite!

Eu AMO meu atual emprego. AMO.

E é só porque eu AMO meu atual emprego que eu consigo, quando necessário, ficar semanas trabalhando até ultra-tarde, aguentar fornecedor insuportável, ter pique pra ir pra casa cansada e não descontar no marido. Na maioria dos dias eu vou pra casa cansadésima mas muito feliz. Volto pra casa dirigindo minha moteeenha no frio e cantando "Bem que se quiz" a plenos pulmões. Eu sei que isso pode mudar a qualquer momento, mas por enquanto, bate na madeira três vezes, estou no céu do proletariado.

Tenho alguns colegas descontentes com a empresa, e vários procurando outro emprego. Tem um em particular que está tão desmotivado que várias vezes por dia, enquanto a maioria de nós se descabela, entra na internet pra pesquisar preço de skis ou pneu pra neve. E é esse, o mais desmotivado, o único que não está procurando outro emprego. E isso eu não entendo.

Ele diz que não pode "arriscar" porque ele e namorada estão comprando uma casa juntos, não podem passar sem o salário dele, e o que acontece se ele for mandado embora depois dos 30 dias de experiência, não pode voltar pro emprego antigo e não sabe quando vai achar outro…e eu entendo, mas sinceramente, é como querer fazer omelete sem quebrar os ovos!

Eu vejo a situação do colega e é como uma bola de neve: ele não está motivado, o desempenho dele acaba não sendo dos melhores, ele acaba não pegando os projetos legais, aí ele vê todo mundo fazendo apresentações pro diretorzão e só ele não, e fica mais desmotivado ainda… E sabem, no Brasil, pelo menos enquanto eu morava lá, a gente vivia com o fantasma do desemprego rodeando, então todo mundo se agarrava de unhas e dentes nos empregos que tinham, e engolíamos sapos gigantescos, mas aqui na Holanda é BEEEEEM diferente. Pelo menos em épocas normais, quem não está feliz vai procurar sua felicidade noutra empresa. Aliás, é muito forte aqui o conceito de que seu trabalho tem também que te dar prazer, a gringaiada tá sempre me repetindo isso.

Pelo menos comigo, na empresa anterior, a Bosch, apesar do nome famoso e do bom salário, eu estava ultra infeliz. Gente, eu vivia doente! Agora, fora esse gripão que todo mundo teve no outono, eu nunca tive nada, nunca precisei ligar pra dizer que preciso ficar em casa! Que diferença!

Colegas, se não tá legal no trabalho, rumbora fazer os planos pra dar uma botina nos fundilhos do chefe. Se até eu, depois de dois anos procurando achei um emprego, qualquer um consegue. Só não dá pra ficar em casa choramingando as crueldades da empresa/chefe atual e não se esfalfar de mandar CV's. Ninguém vai bater na porta da gente e dizer: Miguxa, sei que você tá infeliz no trabalho e vim aqui te oferecer o emprego dos seus sonhos.

E quanto ao medo de arriscar, até eu que sou bunda-mole arrisquei. E olha, cê vai dizer que eu tinha o marido que ganha bem pra ajudar, mas se você olhar o valor da minha prestaçãozinha da casa ( hipoteca ) vai cair dura. Ía ser pagar a casa e comer carne moída ( eu ODEIO carne moída ) e ovo até eu achar outro emprego. Ou então eu ía trabalhar no Albert Heijn, que tá sempre contratando.

E você, ama ou odeia seu emprego? Aliás, quem aqui tem algum emprego exótico? Semana passada eu conheci um caminhoneiro que trabalhou 3 anos fazendo aqueles fretes de inverno no Alaska, tem até programa no discovery channel sobre isso, já imaginaram que legal? 

segunda-feira, novembro 23

A Amazônia


Gringo adora vir falar que a gente tá destruindo a amazônia. Tô de saco cheio.

Em 2007 um pesquisador holandês foi condenado no Amazonas por biopirataria e desvio de dinheiro público. Eu não pesquisei muito sobre o assunto, mas no Brasil dizem que ele descobriu 5 espécies novas de macacos e estava vendendo DNA desses macacos pelo seu website, o que é considerado biopirataria. Ele ainda foi pego transportando macacos e orquídeas sem autorização. Pegou 18 meses de cadeia.

Só que aqui na Holanda, esse sujeito arrumou uma equipe de TV pra fazer um programa onde ele dá uma de coitadinho. Ele diz que só queria ajudar a salvar a amazônia, que nós estamos destruindo, e que "mandava" ( a troco de muitos euros ) o DNA pro exterior pra salvar a espécie da extinção (???).

Aí vem a holandesada me cutucar com o assunto. Pontequepartiu! Primeiro que o que tem de gringo safado no Brasil não tá no gibi. O vizinho holandês do meu irmão é uma enciclopédia ambulante em como encontrar falcatruas quase legais para sonegar imposto. Segundo que neguinho não sabe do que fala e vem encher o saco.

Esse povo não tem idéia da terra de ninguém que é a Amazônia. Da mata fechada, da dificuldade em se locomover. Eles vem com essa maldita história de que a Amazônia é o pulmão do mundo, que a gente tá queimando tudo pra fazer pasto. E eu sei que é tudo uma bandalheira só lá praqueles lados, mas porque é que ao invés de criticar eles não doam aviões e gente pra ajudar a patrulhar? Ah, claro que eles querem ajudar SE tiverem direito a dar uma extraidinha básica em plantas medicinais, madeira, e sabe-se lá o que mais. E daí mané, exploração por exploração, brasileiros e gringos são iguais.

Mas ó, bem aqui pra nós, tá na hora do governo dar uma investida lá pro lado de cima, hein? Como pode deixar queimar a mata nativa pra fazer pasto? Que os gringos não me ouçam, mas pô, o Brasil não é mais assim tão pobre que não dê pra colocar uns teco-tecos a mais e uns guardas florestais pra ajeitar aquela zona, né? Se bem que tem toda a politicagem ao redor. Fiquei pasma com o seriado Amazônia, pelo jeito nada mudou muito nos últimos 100 anos.

Bom, tcheu voltar pro trabalho. Ventou que nem furacão a noite toda e hoje tá o dia mais feio que eu já vi, tô contando os minutos pra ir embora pra minha casinha quentinha debaixo do meu cobertorzinho lindo com o meu ereaderzinho tchutchuco.


Meu ursinho blau-blau


Faltam menos de 2 semanas pras minhas férias. De julho até agora eu trabalhei feito uma camela em 5 projetos para um veículo novo, enquanto o normal é cada comprador ter 1 ou no máximo 2. Na semana passada fiz a apresentação final do último, e minha vida mudou.

Mudou porque o que me estressa gigantemente não é o trabalho em si, mas duas coisas terríveis:

- Ficar empurrando o time com mão de ferro pra mantermos o prazo. É um pesadelo porque holandês é braço curto: se fulano tinha que entregar uma informação pra ele e não entregou, ele cruza os braços e coça o saco, ele não liga pra cobrar, ele não tenta conseguir a informação de outra forma, no fim, ele só diz que não fez o bolo porque o Hans não trouxe os ovos, e pronto.

- Apresentação pro Diretorzão membro do Board of Diretors: é 80% do meu stress. O cara é um gênio e ninguém acompanha o raciocínio dele, eu muito menos. O que me resta é me preparar até o último milímetro do meu ser pra responder até a mais ínfima pergunta dele. Por enquanto tem dado certo, eu estou na listinha colorida dele, rezando pra nunca entrar na negra, porque o povo na listinha negra sofre, mas gente, na semana antes da apresentação pra ele eu fico em pandarecos, e no dia anterior eu sempre trabalho até as 10 da noite, revisando e revendo e decorando cada vírgula da apresentação.

Então, minha vida mudou porque seriam só mais duas semanas fazendo os contratos pra sacramentar os negócios apresentados pro diretorzão, mas em teoria, eu nem o veria mais esse ano.

Já notaram os verbos no passado né?

Pois então, chego hoje e me deparo com um e-mail do meu diretor me mandando organizar um projeto gigantesco, junto com a matriz nos EUA ( que fica em Seattle e com o fuso horário de 9 horas, nos deixa 2 horas úteis pra trabalhar juntos ), a duas semanas das minhas férias!!! E vou ter não só que fazer 3 apresentações pro diretorzão em 2 semanas, mas a terceira inclui o chefezão americanão do diretorzão, olha o stress!

Sabem, eu SEI que eu estou remando contra a maré. Mulheres ganham 30% a menos que homens no mesmo cargo na Holanda, dizem as estatísticas. Certas empresas ( como a minha, no meu departamento ) evitam contratar mulheres. Imigrantes são preteridos aos locais, principalmente em época de crise e mão de obra abundante disponível no mercado. E eu me recuso, ME RECUSO, M-E---R-E-C-U-S-O, a sentar, pensar "que injustiça, mas fazer o que?" e seguir com a corrente do rio, ganhando menos, sendo assistente de alguma coisa, e perpetuar a injustiça, que se você for ver, deixa de ser injustiça, já que você passa a se comportar exatamente como as corporações acham que toda mulher ( e imigrante ) se comporta.

Mas nessas, acabo trabalhando muito mais que meus colegas, pra provar o que não devia precisar se provado, e vou me cansando, e tô cansadésima de nadar. Estou CANSADA. Estou o pó da rabiola, com vontade de mandar todo mundo às favas. Meu lado racional grita pra eu engolir o sapo por só mais duas semanas, mas é sempre a mesma história, né povo, volto de férias toda renovada e caio de novo na mesma lambança habitual.

Só vou dizer uma coisa: felizes os possuidores de um bilau.

sexta-feira, novembro 20

Twilight Saga: New Moon

Acabei de chegar do cinema!

Team Edward Total!



É impressionante o que a adição de uns milhõezinhos ( ões ) de dólares faz na produção de um filme. Depois do orçamento restrito que resultou numa modesta produção de Twilight Parte I, resolveram investir pesado no segundo filme.

Vou começar pela única coisa que não me agradou: a trilha sonora. Se a trilha sonora do primeiro filme foi um desbunde, a desse passa desapercebida total.

Mas então, o filme em si. O tratamento cosmético dos vampiros transformou o filme. Nada de lentezinhas de contato vagabundas pra dar o tom ambar descrito nos livros, foi lente boa e muito efeito especial. Os vampiros estão também mais naturais, antes dava pra ver que era maquiagem, agora é um misto de maquiagem, efeitos gráficos e uma ótima iluminação.

A introdução do "Werewolf Pack" foi ultra bem feita, as cenas de transformação em werewolf são perfeitas! O Taylor Lautner como Jacob está muito bem, o garoto é mesmo lindo ( apesar de não fazer meu tipo ), e comadre marmanja já passada dos trinta e com filho suspirou pelo Jacob o filme todo.

Achei que as cenas onde aparece a imagem do Edward ao invés da voz ( como no livro ) fosse ficar brega, mas foi tudo muito bem feito. E até a Kristen está bonitinha, e conseguiram tirar aquele tique-gagueira-piscadeiro que ela tinha no primeiro filme.

O filme não é 100% fiel ao livro, mas conta bem a história. Pra falar a verdade é o meu livro menos favorito, mas o filme é bom.

Nota para quem mora nas redondezas: eu falei tanto do cinema Zien, e domingo assisti ao 2012 na sala 1 e foi ótimo. Hoje assisti o filme na sala 4 e sinceramente, um pulgueiro. O som estava péssimo e a tela é de 1974. Quando eu voltar de férias assito de novo no Pathézão, que sem gentarada continua sendo o melhor da região, pelo menos TODAS as salas são de razoáveis pra boas.

La cucaracha la cucaracha... Ya no puede caminaaaaar!


O dolar super-baixo no Brasil, a brasileirada está se esbaldando de viajar pro exterior. Meu irmão estava babando de vontade de levar as crianças pra Disney, mas os descontos nos carros foram mais interessantes e ele acabou comprando um carrão cheio dos trique-triques. Um fornecedor brasileiro me contou ontem que foi procurar um pacote pro Iberostar Praia do Forte, na Bahia, na agência CVC, e ficava mais em conta ( e muito mais em conta ) ir pro Iberostar Quetzal em Playa del Carmen, perto de Cancun. Eu já comentei aqui que nesses resorts grandes, gringo paga menos que brasileiro, justamente porque se o preço aqui fora for o mesmo preço que cobram no Brasil, gringo vai pro México, pra Jamaica, pra Republica Dominicana, pra Cuba. Pra eles Brasil não é melhor nem pior que nenhum desses destinos tropicais.

Aí o fornecedor me perguntou o que fazer. E sendo honesta, honestíssima, eu adorei a Praia do Forte, mas Playa del Carmen é mil vezes mais cheia de atrações do que Praia do Forte, sem falar que a praia em si é mais bonita no México. Em Playa, você está perto das pirâmides Maias, e gente, é moooito legal. Você tem Cozumel pertinho pra mergulhar, pode fazer snorkel na maioria das praias, tem mil mergulhos em cianotes pra fazer, é coisa que não acaba mais. Praia do Forte é menos interessante, se bem que o passeio a Salvador é muito legal.

Acho também que como primeira experiência internacional, o México é muito legal. A língua não é tão assustadora, o clima é bem parecido, o esquemão praia-cidade é bem parecido com o Brasil, e tem toda aquela experiência de passar pelo Duty Free ( brasileiro é o povo mais fã de duty free que eu conheço ), do vôo longo, de chegar num país todo diferente, com língua diferente, de se sentir desbravando novos horizontes.

Uma vergonha pro turismo brasileiro uma viagem pro caribe ser mais cara que uma viagem pra Bahia, mas quem sabe se o êxodo continuar, o preço do turismo nacional abaixe um pouco?

Dia 4 próximo os van den Broek dormirão no aeroporto de Bruxelas, naquele Sheraton que eu já estou rezando pra ter boa isolação acústica, e partimos em direção ao Caribe às 7 da matina do dia 5. Vamos ficar 3 semanitas num resortão all-inclusive. Cêis tão carecas de saber que eu aaaaamo praia e resortão all-in, né? Quando eu chegar lá digo onde estou ( ho ho ho, adriana misterióóóósa ). Mas a viagem é o que está me segurando em pé, porque tô mesmo é com vontade de sair pulando e gritando.

Ontem trabalhei até as 21:30 na empresa, às 21:00 as luzes apagaram e eu fiquei sozinha no escuro. Eu tenho medo do escuro. Quase entrei em pânico, fiquei com a luz do monitor, umas lâmpadas de emergência acenderam, tive que ligar pra recepção, que fica a quase 1 km do meu prédio, e eles vieram me resgatar. Hoje estou um bagaço, mas já avisei que às 3 eu pico a mula. Hoje tem Twilight Saga New Moon no cinema. U-hu.

Bom findi pra nós!

quarta-feira, novembro 18

Uia! (2)

Podem dizer que eu morri e esqueceram de enterrar, mas foi só hoje que eu vi que o Brasil sediará a copa de 2014.

Juro.

Eu não sou Ugly Betty!

Vocês sabem que eu já tive uns 35 quilos a mais. Costurei o estômago, emagreci, mudei pra Holanda, nesses quase 7 anos ganhei uns 12 quilos, que aliás, eu nem acho muito, considerando que já era esperado que depois de alguns anos de gastroplastizada eu engordasse, considerando que eu estou ficando mais velha e pra manter o peso eu teria que me exercitar mais, o que eu não faço, e não esquecendo que adaptar-se num novo país na maioria dos casos traz também uns quilinhos a mais. All in all, not too bad.

Claro que eu gostaria de emagrecer, claro que seria melhor também pra saúde, mas querem saber da verdade: eu olho no espelho e não me desgosto. Essa aceitação da imagem, aceitar que eu não tenho uma bunda tamanho 42, que eu não tenho corpo de biquininho asa delta veio mesmo só aqui na Holanda.

No Brasil, mesmo com os 12 quilos a menos, eu me sentia inapropriada. Eu me escangalhava de passar fome pra entrar numa calça jeans da minha marca favorita ( Forum ), que raramente tinha o 46, e mesmo assim, quando tinha, era um 46zinho. Pra minha bunda entrar num 44 brasileiro eu tenho que passar muita fome, e da cintura pra cima eu fico com cara de passarinho, meu rosto fica chupado, os peitos pequenos, não fica lá muito legal não, ou eu pelo menos não gosto muito. Mas eu TINHA que passar fome, porque senão acabava tendo que ir comprar na Palank modas, e colegas, roupa de gordo no Brasil, pelo menos há 7 anos, ninguém merece.

Aqui na Holanda, as gordinhas não se escondem debaixo do poncho na Betty a Feia não. Primeiro que a maioria das lojas tem até o 46 e é um BOM 46. Minha bunda cabe naquele 46 na boa. Existem muitas opções pra quem usa do 46 pra cima, e tem muita roupa legal. As gordinhas abusam dos decotões, usam muita roupa sobreposta, até vestidinho e mini saia tem. Aqui, quem veste 44 holandês ( 46 brasileiro ) é normal, no Brasil, mesmo vestindo 44 brasileiro eu ainda era chamada de gordinha.

O mais importante é que meu guarda-roupas vive recheado, eu tenho tanta escolha nas lojas! E olha, preço de roupa de gordo no Brasil é um roubo ( o gordinho até emagrece porque não sobra grana pra janta ), mas aqui é o mesmo preço.

Viver num lugar onde não sou considerada a escória da humanidade porque não tenho 60 de cintura é uma maravilha. Acho que até compensa o friiiiio.

terça-feira, novembro 17

BRLLL...


Enquanto eu faço a contagem regressiva pras férias no Caribe, a moçada que trabalha comigo está em polvorosa: semana que vem abre oficialmente a temporada de ski na Áustria.

Segundo meus colegas de trabalho, "the place to be" é Ischgl, fronteira da Áustria com a Suíça, eles dizem que é a Ibiza do ski. Bom, eu fico quieta, porque acho Ibiza uma tosqueira só, pelo menos aqui no verão tem canais de transmissão direta das festas de praia e noturnas, e tem muita gente tosca em Ibiza. Aqui na Holanda mesmo, vende-se muito pacote de ônibus ( e ferry ), pra meninada ir se aboletar naqueles apartamentos meia-boca, e "aproveitar" o verão. Putz, tô escrevendo e na cabeça rola a musiquinha do Locomia, lembram?

Então, voltando à Ischgl. A temporada sempre é aberta e encerrada com um show de um artista famoso, esse ano será aberta pela Kate Perry, que eu aliás gosto.

Acho que é só imigrante mesmo que foge do frio ( e nem todos ), a holandesada o espera ansiosamente, curtem o inverno de verdade, e os mais chegados sempre me aconselham: Adriáááána, embrace it. Blé.

Holandês sempre vai pra estação de esqui de carro, e normalmente prum chalé ( a versão "invernal" do appartamenten do verão ). Eles não alugam o equipamento, eles tem mesmo esquis e skiboards, e juram que compram as roupas, luvas, óculos, touquinha e etc em casas de esporte, mas por baixo dos panos deve rolar muito Aldi, porque nessa época o Aldi tá cheio de venda especial de roupa de ski. Sei que o povo vai me achar esnobe, mas sou friorenta, e a simples idéia de deixar meu aquecimento nas mãos duma roupa do Aldi me é horripilante. Normalmente vão em grupos ( quando solteiros ) ou com a família toda ( quando casados ). Criancinha aqui esquia, e dizem que criança normalmente esquia bem. Pra eles, esquiar são as férias "caras", afinal de contas, além de ter que pagar os tais skipass ( passe pra poder usar as pistas ), normalmente se esquia em países como Suíça, Áustria, França, que não são conhecidos pelos preços mais camaradas da Europa. Não sei muita coisa de esquiar, mas sei que o brega do brega é ir no tal Val Torens, que sinceramente, me parece bem prático e good enough. Você pode agora comprar umas férias all inclusive pra esse Val Torens, o pacote inclui transporte, estadia, skipass, aluguel de equipamento e refeições.

Até penso em um dia tentar aprender esquiar, deve ser legal descer os slopes na maior libertade, vento nos cabelos, mas e o frio? E O FRIIIIIIO? E a grana pra investir em roupa, bota, luvas, equipamento? Já perguntei E O FRIOOOO? Então, é frio.

Tem também uns pacotes "aventura" na Noruega, normalmente de uma semana, beeeem lá no norte, 3 dias você acorda, pega um snowmobile e vai visitar a região com o grupo ( tem fazenda de renas ( !!! ), fábrica de velas, floresta ) e um ou dois dias você vai naqueles trenós puxados por cachorros ( eu tenho dó ) visitar onde procriam e treinam os cachorros, e outros passeios pela região. Me parece interessante, só que já avisam que é escuro o tempo todo e a temperatura média é -20C. Já imaginaram, Adriana aos -20C? Nem a pau Juvenal.

Sabem, acho que quem tem filhos acaba se adaptando melhor e mais rápido aqui sim, afinal você tem que ensinar a criança os costumes daqui, e acaba entrando na dança. Acho que se eu tivesse filhos eu ía levá-los esquiar que nem os amiguinhos, porque senão eles seriam eternamente os estranhos da classe, que só vão pra praia.

É que nem a história do Sinter Klaas. Eu particularmente acho uma besteira sem tamanho, mas o velhinho chegou de barco sábado. Em todas as cidades, diga-se de passagem. Eu, que não tenho filhos, digo que JAMAIS tiraria meu filho de casa no frio e garoa que estava no sábado, pra ir na beira de um canal ( é mais frio ainda ), com um boné de penachos, em plena epidemia de gripe suína, esperar um velho bispo ( eu não sou nem católica ) chegar montado num cavalo branco dentro dum barco, cheio de pretinhos em volta ( o bispo é branco e os serviçais pretos, mó preconceito ). Mas se eu tivesse um filho, ía acabar pensando que ele seria a única criança da classe a não ver o Sinter Klas chegando, que ía crescer traumatizado, e no fim iria de mau humor pra beira do canal mas levaria a creonça, e no fim, me adaptaria mais.

Putz, comecei na estação de esqui e terminei no Sinter Klaas ( aliás, me parece o Papai Noel desnutrido ). Sem falar que em metade do post escrevo ski e na outra esqui.

Foi mal aê, povo!


segunda-feira, novembro 16

Mão-de-vaca


Sim, holandeses são muito muito muito mão de vacas, mas tem hora que tem que ser.

Vejam só. Ontem decidi que queria ir ver o filme 2012, porque adoro filmes de desastres naturais. Normalmente eu vou com a minha scooter ( estacionamento grátis ) pro Pathé, lá uso meu cartão de vantagens pra comprar o ingresso ( sai 6 euros ao invés de 8,50 ) e compro uma garrafinha de meio litro de Coca light e um pacotinho de pipocas doces no supermercado ao lado, gastando normalmente uns 2 euros. Quando estou com vontade de pipoca salgada compro no cinema mesmo, e a  caixinha média sai 2,40 euros. No geral, gasto menos de 10 euros pra assistir um filmezinho legal, com refri e pipoca. Ontem estava ameaçando chover, resolvi ir de carro. E como estou evitando o Pathé depois do episódio do bebê no cinema, fui ao Zien, onde não há cartão de vantagens. E como não tem o supermercado do lado, tive que comprar pipoca e refri no cinema mesmo, a conta: ingresso 9 euros ( era sessão com cadeiras marcadas, cobram 50 cents a mais ), estacionamento por 3 horas 8 euros, refri e pipoca média 7 euros, total da brincadeira: 24 euros!

O filme é legal, cheio de efeitos especiais, apesar de eu achar aquele ator insuportável. O Zien ainda é muito melhor que o Pathé, apesar de terem deixado um casal levar uma menina de uns 4 anos ( prisão perpétua para casais que levam crianças de qualquer idade no cinema num filme adulto, em língua estrangeira, legendado ), o estacionamento é bem pertinho e é quentinho e ultra prático, e a pipoca estava muito salgada pro meu gosto e aqui eles não estouram na hora, então tava um pouco passada. Foi uma tarde legal, mas seriously, 24 euros????

Adriana mão de vaca total pra essas coisas. Não me diverti mais ontem do que me divirto normalmente gastando meus 10 continhos. Pode soar meio canguinha demais compra a garrafinha de refri no supermercado e os snacks também, mas é a mesma coca, a mesma pipoca, por uma fração do preço. Me sinto meio idiota por ter gastado 14 paus a mais.



PS: O cartão de vantagens não é tipo carteirinha de estudantes. Você compra um cartão magnético pré-pago que custa 36 euros e te dá direito à 6 ingressos no periodo de 12 meses.

domingo, novembro 15

Assopra aí, mevrouw!

Ontem fui à noite das comadres em Den Bosch. Éramos 4, comemos ultra-hiper-mega-bem num restaurante chamado Picasso. Den Bosch é uma cidadezinha lindinha, vale dar um pulinho pros que moram aqui.

Na volta, pela primeira vez desde que mudei pra cá, vi uma blitz do teste do bafômetro. Quando voltávamos do restaurante, Alice fez o teste, passou. Peguei o carro e vim pra casa, e na mesma rotatória, fui parada. Tive que soprar 3 vezes, achei que cara fosse achar que eu tava sabotando o teste, mas na terceira vez deu certo. Eu não tinha bebido nem um gole de álcool, então tava tranquila.

Mas vi 2 carros sendo encostados porque o teste deu positivo. Deviam fazer mais blizes como essa.

E para as comadres, foi muuuito legal, temos que sair loguinho de novo.

E vamo lá ouvir a musiquinha do fantástico que é domingo de noite. Que tristeza. Plato já está aqui nos meus pés, com cara de quem já tá de pijama.

quarta-feira, novembro 11

O lado de cá e o lado de lá

Ontem eu li o blog da Fernanda do Batata Belga ( link aí do lado ) sobre os problemas dela com a empresa, e sobre a discussão de se a mãe ( ou pai ) que fica em casa pra cuidar de filhos doentes pode tirar esses dias livres ou não. Eu sinceramente não sei o que diz a lei belga ou holandesa, mas na minha empresa anda acontecendo umas coisas que eu gostaria de comentar.

Eu não tenho muito contato com casais com filhos, logo eu não tenho muito como dizer se normalmente é o pai ou a mãe que fica com a criança caso ela adoeça. Entretando, essa semana eu estava conversando com meu diretor sobre isso, e vendo umas estatísticas.

Meu departamente está contratando. São várias vagas, e mais de 20 candidatos já foram entrevistados. Nenhuma mulher. Nada é oficial e nada é declarado, mas o fato é: nenhuma mulher foi convidada para entrevistas.

Vocês sabem aqui do caso da grávida. A funcionária engravidou e negociou com o diretor trabalhar 1 dia a menos por semana. Ele não gostou mas concordou. Ao voltar da licença maternidade, ela decidiu que não podia ficar 4 dias da semana longe da filha, e usou de uma lei holandesa para trabalhar apenas 3 dias por semana. Quando esse benefício estava para expirar, ela engravidou novamente, e para piorar, deu um mau-jeito no pescoço e saiu de licença maternidade 5 meses antes do parto.

Essa semana meu diretor me mostrou uma estatística do seguro-saúde. O maior índice de absenteísmo é de mulheres com filhos. É dado concreto.

Eu entendo o lado da mãe que se vê sem saída quando o filho está adoentado e a creche o manda de volta pra casa. Eu entendo o lado do gerente que tem que lidar com a ausência do funcionário.

Sinceramente eu acho que as mulheres tem que bater o pé e demandar do parceiro que revezem nessa circunstância. Não importa quem ganha mais, qual carreira seja mais promissora, uma coisa é duas vezes pro ano você ter que faltar porque o filho está doente, outra é você ter que faltar 4. Putz, se já é chato ligar quando a gente tá doente ( eu pelo menos detesto ), imagine ficar ligando toda vez que o filho fica doente adicionado às nossas próprias doenças.

Uma outra saída para quem não quer dar explicação é tirar uns dias de férias. Alegar um imprevisto pode ajudar quem não quer ser visto como "aquela que a qualquer espirro do filho tira o dia pra cuidar dele". Eu sei que a pessoa não devia ter que usar suas férias pra isso, e que se existe lei que garanta esses dias pagos pela empresa que não deveria haver discussão / cara feia, mas se formos honestos é o que acaba acontecendo, o chefe pensa isso, os colegas pensam isso...

Mas o que devia existir mesmo é um serviço na creche de babá-doença. Podem até cobrar mais, e por hora, mas deveria haver um serviço de um profissional que vá à sua casa ficar com seu filho doente caso você não tenha com quem deixar. Taí, vou começar um negócio novo e ficar rica.

Que dificuldade é tudo isso viu. Fico furiosa da vida com essa ausência de mulheres no processo seletivo, mas cada um convida pra entrevista e aprova os candidatos que quiser. E não culpo os diretores que estão escolhendo os candidatos, só no meu grupo temos 3 vagas de 12 abertas, e agora temos um colega ( homem ) doente. Tá todo mundo com trabalho até as orelhas. Uma pena que em épocas brabas dessas vagas boas sejam reservadas só a homens.

terça-feira, novembro 10

Será?


Sobre o caso da estudante da Uniban, a do vestido curto que foi quase linchada, saiu da universidade escoltada, e por fim foi expulsa. Aliás, estão dizendo que o reitor revogou a expulsão, mas eu não tive ainda tempo de pesquisar o assunto.

Mas minha pergunta é: será que morar aqui no exterior nos "liberta" de alguns falsos moralismos? Porque o que notei é que os expatriados todos ficaram boquiabertos com o episódio, especialmente a expulsão da garota. Já quando converso com brasileiros lá no Brasil, a visão deles é bem diferente, muitos atribuem culpa à garota. Vejam alguns comentários:

Um primo meu, estudante da tal faculdade, injuriado com o caso: "a gente não tava gritando por causa do vestido curto, a gente tava gritando porque além do vestido curto, a menina tava sem calciiiiinha! ( pra mim, acho que foi história inventada na hora e que "pegou" ). Se fosse só o vestido curto, não ía gerar tanta confusão. Agora diga aí, a menina precisa ir pra faculdade naqueles trajes?".

Um fornecedor brasileiros: olha, foi um absurdo mesmo a reação do povo todo, mas a menina também "forçou" indo pra faculdade vestida daquele jeito.

Senhora da minha família: a menina era gorda pra usar aquela roupa, se fosse uma magrinha seria menos "escandaloso".

Um amigo via "Skype": vocês vão aí pro exterior e ficam todos "pra frentex" e se aí é comum cada um sair com a roupa que quer, aqui o povo ainda tem padrões mais familiares( !!! ). Tudo bem que o negócio degringolou, mas pelo menos uma advertência ou suspensão ela merecia.

O que eu acho um absurdo é na terra da Mulher Melancia e do Mc Créu o povo ter uma reação dessas! Essas mulheres frutas são beeeem cheínhas, tem umas coxas imensas, não tem rostos lá muito atraentes, eu achei que finalmente o Brasil tava mudando, que estava sendo mais democrático com o padrão de magreza, que o padrão Globeleza tinha caído em desuso, mas pelo jeito me enganei. Pelo jeito a classe mais humilde gosta das frutas coxudas do Mc Créu, mas a classe média e alta, que tem acesso à faculdade, gosta é mesmo de aspirantes à modelo da Ford Models.

Ou tô errada?




sábado, novembro 7

Que vergonha!

Gente, tô besta...

A aluna do vestido curto foi expulsa da faculdade!

Como diz um comentário deixado na matéria do Estadão: é Uniban ou Unitaliban?

sexta-feira, novembro 6

Uia!


Hoje fui gentilmente informada pela amiga Holandesa que o Zaire não existe desde 1997! Uia!

Pior é que a frase "aqui no interior do Zaire", de autoria da Pacamanca e que eu adoro usar, não fica tão sonora e agradável quanto "aqui no interior do Congo".

Ah, não disse né, o Zaire virou Congo.

Putz, pior é que todos os indícios dessa importante mudança estavam na minha cara, no novo jogo da Carmen Sandiego você não encontra mais uma máscara antiga do Zaire, é máscara antiga do Congo! E até Hollywood soube antes de mim, o George of the Jungle tá no Congo, não no Zaire!

Pô povo, 400 visitas por dia, eu falando Zaire há anos, e ninguém aqui pra me puxar a orelha?

Quem é que já sabia ( bota o dedo aqui )?

quarta-feira, novembro 4

Comprei meu tchutchuco

Esqueci de contar, mas na sexta passada comprei meu ereader da Sony.



Estou amando, meus arquivos "generosamente doados por internautas mais financeiramente afortunados" estão funcionando fantásticamente. Tenho nesse momento mais de 50 e-books esperando para serem lidos. Achei séries inteiras que eu queria ler ou que já li e quero reler. Achei a Outlander inteira, o Brotherhood of the Black Dagger, o Sookie Stackhouse ( já li, mas quero reler ), o Vampire Diaries, outros mais pop como o Time traveller's wife, o Lost Symbol ( que eu empaquei na metade ) e alguns outros de Saramago, como o Blindness.

Estou agora baixando os clássicos em inglês e domínio público em português. Como ainda tá tudo muito no começo, achar os livros "free" ( se é que vocês me entendem ) ainda requer um pouco de fuçação internética, mas a gente acaba achando. Dentro em pouco tenho certeza que vai ser que nem MP3.

Vou acabar comprando alguns títulos que quero mas não acho "doado", como é o caso do Brave New World. Mas tenho tanto livro bom esperando pra ler que dá um pouco daquele pânico da televisãozinha do avião, sabe quando você vê vários filmes legais no cardápio mas só tem 9 horas pra assistir? Então, começo um livro, fico ansiosa, pulo pro outro... Agora aquietei o faixo e estou lendo um só bonitinha, mas nas férias meu tchutchuco vai ferver.

Ele é super "readable", a tela parece uma folha de papel reciclado, é leve, vira a página fácil, dá pra tomar notas, pra marcar partes do texto, e tem um dicionário embutido que é só você dar um tapinha na palavra e ele já mostra a definição. No dia que inventarem o dicionário em holandês minha leitura em holandês vai ficar mais fácil.

Mas então, ultra recomendado, principalmente pra quem gosta de ler bastante. Tem os que irão dizer que curtem mais papel ( tem gente que nunca pegou um e-book na mão e diz que prefere o livro ), os que gostam de olhar pro livro na prateleira, os que gostam de emprestar o livro ( é só mandar o arquivo pro amigo via e-mail ), mas poder levar 50 ou 350 livros com você nas suas férias, é fantástico.

segunda-feira, novembro 2

Tafú


A empresa, em parceria com o governo Holandês e o Belga está oferecendo e-learning, a ser seguido no tal dia em que (quase) todos não trabalhamos. Eu estou seguindo o curso "holandês para estrangeiros".

Ontem segui uma lição interessantíssima, sobre o termo "asociaal". Eu já tinha ouvido o termo "anti-social" antes, em português e em inglês, empregado na situação de uma pessoa que não gosta de contato social. Asociaal aqui na Holanda tem um significado diferente, é a pessoa que age sem considerar a sociedade. É o cara que joga lixo na rua, que fala alto no celular quando está no trem, que fura fila, etc etc e etc.

Uma das coisas interessantes da reportagem é que quando "flagrado" o "asociaal" na maioria das vezes diz que "faz porque todo mundo faz", ou que o outro faz pior, ou coloca a culpa de alguma forma na "instituição" ( governo, diretoria da empresa, donos de estabelecimentos ). Muitas das opiniões são bem interessantes, e no fim da lição temos que dar nossa opinião por escrito ( meu holandês escrito é péssimo ).

Começou com o dono do cachorro. O flagra dele foi deixar o cachorro fazer o cocô e não recolher. Abordado pela reportagem ele diz: e os donos de gato? Meu jardim cheira a cocô e xixi de gato, se eu quiser mantê-los distantes tenho que comprar um produto caríssimo e o dono não vai pagar, vai? Nem pagar, nem ir lá desenterrar o cocô pro meu jardim não feder.

Eu não acho que usar esse argumento pra deixar o cocô do cachorro na rua seja válido, mas o pensamento está certo. Eu não acho certo criar gato "solto". A maioria das pessoas acha que gato tem que ser criado na rua, que é impossível mantê-lo em casa, mas posso dizer de cadeira que isso é comodismo, afinal é mais fácil e barato deixar o seu gato ir cocozar o jardim do vizinho. Gatos nunca fazem cocô no seu próprio território. E vão dizer que eu digo isso porque meus gatos são de raça, são grandões, e são quietos, por isso que não pulam o muro, mas no meu quarteirão somos 4 casas, 3 tem gatos. Uma tem dois viralatinhas ( holandês pêlo curto pros politicamente corretos ) que no máximo brincam no quintal. Outra tem um British short hair ( o gato da Sheba ) que também só fica no quintal. Nenhum pula muro. É trabalhoso no começo ensinar, e vira e mexe um mais fujão escapa ( o meu fujão é o Plato ), isso sem falar na grana que vai em areia sanitária, e ter que limpar a areia sanitária todos os dias; mas meus gatos ( e os dos vizinhos ) são animais felizes e saudáveis, sem incomodar a vizinhança. E antes de dizer: vai adiantar eu prender meus gatos se o vizinho não prende o dele?, pense que VOCÊ é responsável por fazer sua parte, sem desculpinha furada.

E a reportagem conversa com vários outros "asociaal", um fulaninho tocando música com celular no trem ( que ódio! ), um outro que estacionava o carro pequeno, tipo mini, num lugar proibido ( a desculpa: cabe! ), ditinho que joga bituca de cigarro no chão ( o cinzeiro tá longe - 10 mtrs ), vários exemplos, mas o campeão de reclamação é mesmo vizinho barulhento.

Olha, nesse sentido eu sou sortudésima. Na casa antiga os vizinhos eram praticamente uma sombra. Agora, minha casa é "vrijstanding", ou seja, não é geminada, e não dividir parede já é uma grande vantagem, mas nunca ouço ou vejo meus vizinhos ( o da frente, que tinha 4 carros, se mudou e a casa está vazia ).

Eu queria adicionar uns itens nessa pesquisa, e pelo menos dois involvem pais. Pais que levam carrinhos intergaláticos ( adoro a invenção da Paca! ) pro supermercado no fim de semana, quando o supermercado disponibiliza 3 tipos diferentes de acomodação pra creonça ( carrinho com bebê conforto, carrinho que tem um mini-fusquinha acoplado pra creonça ir dentro e a tradicional cadeirinha do carrinho ). E, vide meu post passado, pais que levam criança "brincar" no mercado.

Podem me chamar de chata ( a véia do 53 do Chaves? ), mas num país lotado com esse aqui, 2 ou 3 "asociaal" ao seu redor e você tafú.


domingo, novembro 1

Cenas de um domingo bucólico no sul da Holanda



Creonça: Mama, me leva passear?

Mama: Tá chovendo menino, vai brincar.

Creonça: Já brinquei, tô entediado, quero passear.

Mama: Vá pedir pro seu pai inventar qualquer coisa com você.

Creonça: Já pedi, ele falou que tá cansando, que amanhã tem que trabalhar, que é pra você brincar comigo.

Mama: Vai jogar seu Play Station 2.

Creonça: Odeio o Play Station 2, todo mundo já tem o 3 ou o Wii. Me compra o PS3?

Mama: É caro.

Creonça: Me leva no Efteling.

Mama: Tá chovendo, é ao ar livre, e é caro.

Creonça: Me leva no Madurodam?

Mama: É ao ar livre e é caro.

Creonça: Me leva no zoo?

Mama: É ao ar livre e é caro.

Creonça: Vamos naquele zoo de macacos!

Mama: É ao ar livre e é caro.

Creonça: Vamos dar esmolas pros pedintes da estação!

Mama: É ao ar livre, tem um pedinte só ( o Hans Toilet Papier, ele tem sempre um rolo de papel higiênico pendurado no cinto ) e é caro.

Creonça: Mama, se aqui só faz sol 3 meses por ano, porque é que tudo é ao ar livre?

Mama: Porque somos burros e construir teto é caro.

Creonça: Assim não dá, eu sou criança, quero gastar minha energia, quero correr, quero pular, quero mexer nas coisas, quero gritar e falar alto, quero tirar o sarro das velhinhas de rolator. Pode ir pensando num lugar pra me levar senão eu vou fazer do seu domingo um inferno!

Mama: Acabei de ter uma idéia. É coberto, tem ar condicionado, e você vai poder fazer tudo isso que você quer.

Creonça: Onde mama, onde?

Mama: No Albert Heijn! O supermercado agora abre de domingo, você pode se divertir, fazer toda a zona que quer, sem pagar um tostão!!!!

E uma coitada duma imigrante sul americana, achando que ía encontrar o mercado vazio, foi de listinha e cardápio em punho, achando que ía ter paz e sossego pra fazer as compras da semana e não precisar voltar todos os dias pra comprar isso e aquilo. Ela acabou comprando a comida substituta do gato, uma caixinha de morangos pra uma caipirinha ( depois dessa ela mais que merece, ela precisa! ), um pacote de chá mate sul americano com ananás ( abacaxi ) e um tetrapack de suco de cajá ( sim, aqui vende suco de laranja com cajá! ).

No caixa, a fila que sempre tem 2 ou 3 pessoas tinha 12.

E chovia.