quarta-feira, julho 30

Como é bom envelhecer!

Eu comecei minha carreira profissional trabalhando com uma pessoa fantástica que era uns 20 anos mais velha que eu. Ela sempre dizia que o bom seria ter a aparência dos 20 e a cabeça dos 40, mas não sendo possível, ela preferia a cabeça e o corpo de 40. Ela era enxutíssima, mas isso não vem ao caso.

Gente, como é bom ganhar experiência, ainda mais no campo profissional. Lembram-se do gajo portuga lá do emprego anterior, né? Depois de todo o rolo com ele, eu tirei a lição que com uma pessoa mais normal, teria funcionado explicar o que o meu diretor me mandou fazer, e pedir pra ele me dizer se eu estava interferindo no trabalho dele. Com o gajo ía dar na mesma, porque maus profissionais não sabem dividir o pessoal do profissional, mas com gente normal, funciona!

Comecei aqui no emprego novo para gerenciar a conta de um fornecedor gigante. Eles produzem o sistema mais caro do meu grupo, tanto que precisa de um commodity manager ( eu ) só pra eles, enquanto outros colegas tem mais de 10 fornecedores pra gerenciar. No grupo ao lado tem um colega que cuida de outro sistema. Vários modelos, para vários veículos diferente, e dentre eles um sistema que é produzido pelo "meu" fornecedor. Eu estou aqui fazendo minha parte, mas tem coisas que acabam afetando a parte dele. Se eu negocio uma tarifa de engenheiros mais barata, ele pode aplicar na peça dele também, se eu negocio um desconto por produtividade, ele pode se beneficiar do mesmo desconto, e aí vai.

O colega "Magrinho" estava de férias, e eu aqui nas minha negociações mirabolantes. Ele voltou hoje, eu já puxei ele de lado e mostrei as coisas que eu estava negociando e falei: "olha Magrinho, eu não quero "step in your toe", não quero fazer o seu trabalho, mas eu acho que minha negociação pode te ajudar. Eu coloquei nas minhas cláusulas que o desconto vale também para a tua peça, porque no fim, vai tudo pra empresa, mas não tive como falar com você porque você estava fora. Espero que você não se importe. E para a minha peça, eu vou negociar isso, isso e isso, se você quiser eu incluo a sua peça. Se eu puder te ajudar em qualquer coisa me fale". O cara ficou super feliz, começamos a discutir várias idéias, ele adorou eu poder ajudar, já me deu vários toques, estamos trabalhando em time mesmo. Eu acho que 80% se deve ao fato do Magrinho ser um melhor profissional que o gajo, mas acho que os outros 20% vem da conversinha que tivemos. Talvez se eu tivesse tido a mesma conversinha com gajo, nossa relação ao invés de desastrosa tivesse sido só ruinzinha, como era com a Ex-grávida.

Mas tem certas coisas na vida que a gente só aprende errando, né não? Errei e aprendi.

Mas que o gajo era um mala, ah isso era!

domingo, julho 27

Down

Um casal de amigos brasileiros está voltando ao Brasil, e ontem fui me despedir deles.

Na volta, pensando numa conversa que tive lá com a Claudinha, me dei conta de uma coisa.

Em mais de cinco anos na Holanda, fiz 4 amigas que substituiram mãe, irmão, sobrinhos, cunhadas, tios, primos, outros amigos, elas são minha família holandesa. Ontem me despedi de uma, e apesar de internet, de correios, passagens baratas, ela não vai mais estar ali em Rotterdam, nem nos churrascos, jantares e convescotes. Minha família aqui na Holanda diminuiu, e isso é triste, deveras triste.

Hoje acordei down, porque devia ter dito isso pra ela ontem, mas a verdade é só agora é que caiu a minha ficha. Não quero ficar de chororô porque nessas horas os amigos tem que dar apoio, tem que pensar que não está sendo fácil para quem vai e lágrimas dificultam ainda mais.

Mas somos humanos, e os amigos que aqui ficaram estão todos muito tristes, eu inclusive. Então que venham as lágrimas, ainda que escondidinhas do lado de cá do computador, e uma singela prece para que ainda nos encontremos muitas vezes.

Taí, chó-rei.

quarta-feira, julho 23

Antes de vestir o paletó de madeira

Recebi da Holandesa a missão de contar 8 coisas que eu quero fazer antes de bater as botas.

Só não vou nomear outras 8 blogueiras porquê não sobrou nenhuma.

Antes de começar, quero só deixar uma pergunta no ar. Todos nós temos sonhos, planos, desejos. Eu sinceramente acho que há poucas coisas mais tristes que um grande sonho não realizado. Ou talvez mais triste seja aquele sonho perfeitamente plausível, mas que depende de um empenhozinho básico seu, e você fica no lenga-lenga e nunca arregaça as mangas e enfia a mão na massa. É muito lindo dizer que quer dar uma plástica de pálpebras pra mãe ( não é um dos meus top 8, mas tá na lista dos top 20 ), mas você está trabalhando pra juntar a grana? Você está pesquisando médicos bons? O que você está fazendo pra tornar esse sonho realidade? O tempo não pára, um dia você tem 18, num piscar 28, em outro piscar 82, usar a desculpa de que você ainda é jovem, ainda há tempo, é burrice! Enquanto você está aí morgando, o mundo está cheio de gente muito mais novo que você realizando coisas inacreditáveis!

Aí vai:

1 - Passar férias com meu irmão, cunhada, sobrinhos e mãe em Orlando, de preferência no Natal.
Status: sérias possibilidades de acontecer a curto prazo.

2 - Ter, além dos meus gatuchos, cãezinhos também. Não tenho um cachorrinho desde que o Ship morreu. Eu gosto daqueles alguma coisa Russel, sabem?
Status: sem previsão, aliás nem sei porquê. Se eu dia eu decidir não ter filhos, adoto o cachorro.

3 - Ir pro Carnaval em Salvador. E sair atrás ( ou na frente ) de Ivetão. Depois de ver o show de Ivetão, gostei da bichinha, viu. Prontofaley!
Status: se eu tivesse vergonha na cara, ía em fevereiro do ano que vem, já que convidada eu fui. Mas... tá muito em cima. Quem sabe em 2 anos :o)

4 - Fazer o cruzeiro ao redor do mundo. Todos os anos, sai de Londres um navio levando passageiros para fazer uma viagem ao redor do mundo. Esse cruzeiro pára em 60 cidades, o passeio completo dura exatamente 365 dias. O precinho? 35 mil libras esterlinas por pessoa. O problema? Bart enjoa em embarcações.
Status: estou tentando me convencer que fazer uma viagem extensiva de um ano ao redor do mundo de avião já me basta. Como só posso fazer isso ao me aposentar, em 27 anos, vou deixando pra lá.

5 - Ter uma lareira "de verdade" ( não vale elétrica ou a gás ) ou pelo menos uma salamandra.
Status: estou duelando comigo mesma. Lareiras são super anti-ecológicas, alguns países até já as proibiram. Além de queimar madeira que nem sempre é de reflorestamento, libera quantidades grandes de gás carbônico na atmosfera. Minha filosofia é: se dá para obter o mesmo efeito sem poluir ou poluindo menos, opte pelo ecologicamente correto. Agora eu deixo para o prezado leitor uma pergunta: é justo eu desistir de ter uma lareira que queimará madeirinha de reflorestamento ( eu só compraria essa ), soltaria sim uma fumacinha na atmosfera, mas que seria limitada a umas 3 vezes por semana e só no inverno, enquanto outros - sem o menor escrúpulo ou dor na consciência - não pensam duas vezes antes de comprar uma SUV hedionda, que usam todos os dias até para comprar pão na esquina, fazendo 3 ou 4 quilômetros por litro de gasolina, despejando toneladas de CO2 no meio-ambiente? Respondam por favor!

6 - Voltar a usar meu jeans favorito, que não passa mais nem nas coxas.
Status: a situação tá preta! Eu sei que depende só de mim, nem é a coisa mais difícil do mundo, mas sei lá porque não começo o regime de vez. Puxem minha orelha. Já estou com a fluoxetina preparadinha na gaveta, tirei o "South Beach" da prateleira, e assim que comprar minha passagem pro Brasil grudo uma xerox na geladeira. Dessa vez vai!

7 - Passar ao menos 1 semana "na" ilha tropical. Até a semana passada, era Moorea ou Bora-bora, mas... tenho lido pela internet que as grandes redes de hotéis, que são os donos dos principais hotéis nessas ilhas, estão deixando de investir nesses destinos para abrir hotéis em Maldivas, Mauritius e Seychelles. Os turistas que já foram para essas 4 ilhas dizem que Maldivas são as mais bonitas. O resultado é que muitos hotéis em Moorea e Bora-bora estão ficando sucateados, e como 50% da diversão nesse tipo de passeio é ficar num hotel chiquérrimo...
Status: primeiro preciso arrumar grana pra pagar € 1.000 POR DIA no hotel. Depois, arrumar mais grana pra pagar pelo menos uma classe executiva, já que a viagem pode chegar a 24 horas. E tenho que fazer isso se não tiver creonça ( pode ser também antes de ter ou quando já forem adultos ) porque os hotéis bam-bam-bans nem aceitam bacurins. O jeito é começar a fazer horas extras e viver a pão ( do Lidl ) com manteiga ( Euroshopper ).

8 - Meu irmão, cunhada e sobrinhos virem morar pras bandas de cá, nem que for Alemanha.
Status: só se meu irmão fosse enviado como expatriate, o que eu não sei se é muito provável, principalmente porque quando mais "crescidos" os filhos, mas raízes eles criam, mais difícil mudar de país.

terça-feira, julho 22

?????

Acho até compreensível quem desabafe em blog, ou quem está num momento difícil e quer ouvir opinião alheia postar sobre o assunto, agora me expliquem, pois tem um certo tipo de post que eu não consigo entender, não mesmo mesmo mesmo...

Porquê algumas pessoas tem uma aparente necessidade de ficar contando suas pequenices fisiológicas em blog? Não consigo fazer cocô, faço xixi o tempo todo, nossa estou um balão de gases... Gente, que coisa mais feia!

E as que insistem em escrever um diário sexual online? Teve o caso famoso da blogueira que colocou foto dela mesma de babydoll no motel em plena lua-de-mel. Beijonãomeliga. Tem aquelas que teimam em dizer "estou esperando o marido e hoje a noite vai ser boa". E é um tal de esfarrapar edredom, de fazer o prédio chacoalhar, teve uma breguíssima, algo como "o homem que me faz ir à lua de prazer". Qual e o intuito? Desabafar não é. Provovar inveja não pode ser, ninguém é tão idiota. Já dizia vovó que quem muito fala pouco faz.

E o povo que fica de e-gabação? E é foto de carro novo, de celular novo, de jóias... Porque ao invés de perder tempo com essa tranqueira, neguinho não fala de uma viagem que fez, de um lugar exótico que visitou, de um prato típico que gostou, de uma gafe engraçada... E quem se importa se você comprou om blackberry, se você é um babaca a mais poluindo o planeta com sua monstruosidade que faz 3 km/litro, quando muito? Vai comprar um Aston Vanquish, um DB9, e aí você tem motivos pra se mostrar, não com um carrinho Xing-Ling plastiquento.

Só sei que anda cada vez mais difícil pescar conteúdo na net. Vou postar aqui minhas misérias, minha bolsa LENDADIVINAMARAVELÓSA comprada com 25 eurecas, cheia de compartimentos, à prova d'água, super versátil, com macaquinho salmão pendurado. Porque com os 1975 euros restantes que uns dão numa LV eu vou lá pra Grécia passar uma semaninha e ver as ruínas Rodianas.

Agora a modinha é dizer sempre que "cada um sabe o que faz e eu não tenho nada a ver". É verdade, mas isso não quer dizer que eu não posso rir das c****** alheias, já que certamente riem das minhas.

segunda-feira, julho 21

Poodle faminto

Se há coisa que eu detesto é gente que, por pura crueldade, quer ver o outro pedindo, implorando, rolando no chão e fingindo de morto, por um favor.

Se neguinho sádico for depender de mim para sua felicidade, vai ficar infeliz.

Semana passada fui ao WinkelcentrumWoensel ( um shopping a céu aberto ) fazer compras. O estacionamento do Winkelcentrum sempre foi gratuito, ano passado resolveram mudar e agora é pago. É barato, o dia todo custa 3 euros, uma pechincha para os padrões holandeses. O problema, é que como é uma coisa relativamente nova, muita gente vive esquecendo de levar moedas. Eu sempre esqueço. A partir da semana que vem vai poder pagar com cartão, mas até agora não era possível.

É aí que entra o implorar número 1. Já é um pé no saco você ter que ir à uma loja pedir para eles trocarem dinheiro por moedas, voltar pra maquininha pra imprimir o papelzinho, voltar ao carro pra deixar o papelzinho, e só então fazer suas compras. Pra completar, muito frequentemente você vai até a loja mais próxima e a mulher diz "ih, ik heb géén kleine munten" ( tô sem troco ). Aí você tem que fazer caras e beiços, tem que ser docinha, pra mulher liberar uma moedinha. Liberaê dona. Na na ni na não, comigo não violão. Eu pego meu dindinzinho, entro na Hema que é a primeira loja do WCentrum, compro um pacotinho de balinhas de 55 cents, e pago com a nota que eu tiver na carteira, mesmo que for 50 mangos. Aí a menina do caixa te pergunta: não tem menor? Dããã, não é a toa que a dita é caixa de Hema ( não precisam me mandar e-mails e nem deixar comentários dizendo que ser caixa de Hema é um emprego "digno", eu não disse que é "indigno", só que se a dita fosse o supra-sumo da inteligência seria engenheira geológica da Shell, não caixa da Hema ), se eu tivesse menor tinha te dado, songa, e outra, a Hema é a primeira loja do WCentrum, você não percebe que tem um mooonte de gente comprando balinha com nota de 50 mangos? Pego fila, aguento o "crânio" do caixa, mas implorar por troco, não imploro merrrrrmo.

Então, semana passada chovia, o WCentrum estava lotado, eu estava sem a mínima vontade de fazer a via-sacra das moedas debaixo de chuva. Raspei minha carteira, as moedas no cinzeiro do carro, os bolsos, e consegui juntar uns 80 centavos, que me compraram pouco mais de uma hora no estacionamento. Eu tinha que correr mais que o ligeirinho. Adriana + liquidação + supermercado + 1 hora de estacionamento = desastre. Estou caminhando em direção do carro quando vejo o guarda gordinho me canetando. Pensei sinceramente em voltar pra trás, deixar o caneteiro terminar o trabalho dele, e só então ir pro carro, mas continuava chovendo e eu ainda tinha que ir no Albertão. Cheguei no carro:

Dri: - Estou atrasada, né?
Caneteiro: - É, está, mais de 10 minutos.
Dri: - Que pena. ( abrindo a porta do carro e colocando suas compras dentro ).
Caneteiro: - E a senhora vai ter que pagar 47 mangos por causa de 10 minutos.
Dri: - Que pena. ( abrindo a caixa de morangos e pegando um ).
Caneteiro: - Ah, mais um real do estacionamento que a senhora não pagou.
Dri: - 48, 47, qual a diferença? Que pena... ( morde o morango )
Caneteiro: - E eu nem posso cancelar a multa... ( ahá, essa é a deixa, ele quer me ver implorando, pedindo, deitando no chão e fingindo de morta que nem poodle com fome )
Dri: - Não, o senhor está certo, eu estou 10 minutos atrasada. ( morde o morango e estende a mão pra pegar a multa ).
Caneteiro: - Nossa, começar o final de semana "perdendo" 48 mangos, hein... ( visivelmente frustrado por eu não imitar um poodle faminto ).
Dri: - Ah, 48 mangos não é tanto assim, podia ser pior ( pensando: viado dos carambas, dá pra eu comprar aquela jaquetinha jeans que eu adorei ).
Caneteiro: - Tudo por causa de 10 minutinhos ( ô dona, vai imitar o poodle ou não? eu não vou cancelar a multa de jeito nenhum, mas pelo menos sua imitação de poodle vai me deixar felizinho ).
Dri: - Meu senhor, eu estou com pressa e sei que estou errada. O senhor está só fazendo seu trabalho. A multa está pronta? Eu preciso ir...

Deixei a multa no vidro, assim não precisava ir até a maquininha e emitir o ticket do estacionamento, isso sem falar que eu continuava sem uma moeda. Fiz minhas compras no Albertão. Lembrei que eu tinha que devolver o filme na locadora, que fica também no estacionamento do WCentrum, só que do outro lado, com entrada pela rua de trás. Com preguiça de andar, os pés ensopados, e querendo aproveitar o máximo da minha multa, dirigi até o outro lado e estacionei, deixando novamente a multa no vidro. Quando saio da locadora para voltar ao carro, quem está lá, prestes a me multar? O mesmo caneteiro!

Caneteiro: -A senhora de novo? ( como se houvessem muitos Atos dourados em Eindhoven, como se ele não reconhecesse a multa que ele mesmo escreveu )
Dri: -O senhor de novo?
Caneteiro: -A senhora não comprou seu bilhete novamente.
Dri: -Não, eu AINDA não comprei meu bilhete porque AINDA não vi a multa, (pegando a multa e fingindo que a via pela primeira vez) e porque com o 1 euro extra que o senhor adicionou à multa eu tenho direito a 2 horas de estacionamento.
Caneteiro: -Mas seu carro estava estacionado em outro lugar.
Dri: -Não, não estava. Olha aí na multa - local: estacionamento WCentrum. O senhor pode até me dar outra multa, vai estar escrito também WCentrum, e eu mando pro departamento de trânsito e digo que fui multada duas vezes pela mesma infração, o que é proibido por lei. ( eu sou estrangeira mas não sou uma paguá )
Caneteiro: -A senhora já está saindo, né?
Dri: -Devagarinho, estou...

Me ferrei mas não implorei!

Na quinta-feira fui sair da empresa e como estamos no meio da fábrica, temos um relógio de ponto. Você passa seu crachá magnético e ele registra o horário de saída. Passei o meu e ele apitou feito um louco. O negócio deve estar doido, pensei. E fui embora. Hoje veio a secretária do departamento, que é um amor - verdade, mas... Adriáááána, o relógio de ponto apitou na quinta-feira? E eu: apitou! Ah, ele apitou porque você saiu 8 minutos mais cedo ( e me olhou com aquela cara: se você imitar um poodle com fome eu posso arrumar manualmente ). E eu: ninguém me falou do apito, se eu soubesse teria voltado e trabalhado mais 8 minutos. Ela: oquei. Eu: oquei. Ela: esses 8 minutos vão ser descontados das suas férias. Eu: tudo bem, eu volto 8 minutos mais cedo quando eu for de férias. Ela foi sentar, eu fui sentar.

Meia hora depois ela vem com o formulário: eu arrumei, apaguei os 8 minutos. Eu: how nice of you... thanks. E só. E não imitei poodle com fome.

Agora me respondam, porque essa gente com um mínimo de poder, tem essa necessidade de ver você rolar no chão, miserávelmente implorando por um favor, choramingando, "adriáááána menina má, muito má, má mesmo, buahhhh"? Faz bem pro ego?

Faça-me o favor...

sexta-feira, julho 18

Um ótimo dia ruim...

Eu estava aqui, escrevendo um post sobre o sol que não há meio de aparecer, sobre os primeiros sintomas da depressão - essa maldita que teima em me pegar nos longos períodos sem sol e de quem eu teimo em fugir - sobre a garganta que lateja por causa da chuva que eu tomei de manhã, e do corpo que dói me fazendo sonhar com meu sofá quentinho e meus gatos no tapete. Mas...

Chegou a hora da minha reunião com o Fornecedor Careca ( prestem atenção no primeiro "nickname" da empresa nova ), e gente, como eu adoro a adrenalina do meu trabalho, como eu estava sentindo falta disso. A reunião foi péssima, claro, e é assim que é bom. O Careca não trouxe a cotação que deveria ter trazido, deu mil desculpas, eu fiz voz durona e disse como aquilo era irresponsável e perguntei como é que ele não consegue terminar o trabalho de 4 semanas em 6, tensão... aí começamos a discutir custos, ele argumenta daqui, eu contra-argumento de lá. Se aqui no blog eu já sou osso-duro-de-roer, imagine ao vivo com toda a lógica do mundo ao meu favor... Um ligeiro massacre "carequístico" ocorre, ele concorda em descontar o serviço que eu não aprovei e assim, em 1 hora, eu ganho 200 mil euros. Com uma coisinha mais ou menos boba que ninguém tinha visto antes. O dinheiro nem é meu, vejam só, mas "a sensação tô-que-tô" é de como se fosse. Se bem que eu não sei né, nunca ganhei 200 mil euros para minha continha bancária em 1 hora.

Mas a vida é assim, a garganta continua doendo, o corpo todo também, mas pelo menos eu estou felizinha. Até tive a brilhante idéia de ir para o bronzeamento artificial por meia-horinha, é um santo remédio para a depressão, mas acabei vindo direto para casa, passando no supermercado a caminho para me dar um maravilhoso pedaço fresquinho de Parmiggiano Regianno de origem controlada originalzinho italianérrimo e cortado do meio do queijo ( quanto mais pro meio menos ácido ), e já que não gastei os 14 euros do bronzeamento, entrei no site da BOL que está em promoção, e me dei três novos livros de presente, dentre eles o sci-fi doido que a Pacamanca indicou ( Ender's Game ). Agora é só torcer para chegar pelo menos um até amanhã, assim estou servida pro findi.

quinta-feira, julho 17

Eu sou eu, você é você

Eu sei que muitas das pessoas que vieram parar nesse blog o fizeram a procura de "experiências" de uma brasileira que casou com um holandês e imigrou pra Holanda. Eu sempre esperei que as pessoas tenham o bom senso de levar em consideração que "cada caso é um caso", que cada um tem um background diferente, tem objetivos diferentes e encara a vida de forma diferente. Se a pessoa tiver o mínimo de inteligência e bom senso, não vai deixar minhas experiências influenciarem seu comportamento, nas suas decisões, afinal cada um tem um caminho diferente a trilhar. Mas infelizmente, nem sempre é assim.

Outro dia ouvi de uma brasileira reclamona "a Adriana parece que esqueceu como ela reclamou quando veio para cá". Ué, e o fato de eu ter sido reclamona "justifica" a reclamação alheia? E vamos analisar, quem for ao meu arquivo de posts, vai ver que meu primeiro ano aqui foi razoavelmente livre de reclamações, fora o "tá frio", "não tenho carteira de motorista", "não tem vaga do ROC", coisinhas bobas e esparças. Para quem lembra da "Teoria das Fases" do falecido blog da Claudinha, eu estava na primeira, ainda estava encantada com a Holanda. Mas quando e porquê eu virei "a reclamona"? Eu queria muuuito retomar minha carreira onde eu tinha parado, não servia qualquer área e qualquer emprego. Eu coloquei para mim uma meta dificílima, que era competir com os holandeses num mercado de trabalho em crise ( aquele foi um ano de muita recessão ), sem falar holandês, sem diploma holandês, sem experiência de trabalho na Holanda. Fiz entrevistas em 8 empresas naquele ano, em 7 delas fui até a terceira fase, ou seja, foram pelo menos 22 entrevistas, um "accessment day", e 8 cartinhas "I am so sorry, but we decided to proceed with another candidate". Eu estava emocionalmente em pedaços, perdida sem saber porquê na última fase acabavam sempre escolhendo outra pessoa, sem saber como "consertar" o que eu estava fazendo errado nas entrevistas.

Daí eu pergunto, a reclamona em questão, a quantos meses está aqui? Mais de um ano? Quantos "nãos" já levastes na cara, 3, 4, 5? Quantas vezes você vestiu seu terninho, pegou o trem de manhã toda nervosa, viu e reviu seu CV a caminho da estação, 10, 20, 22?

Na verdade, eu acho que quem faz a loucura que eu fiz, largar uma vida estável no Brasil e vir para cá começar praticamente do zero, tem que QUERER muito. Tem que ter um bom motivo. Uns vem para tirar um diploma que vai abrir muitas portas ( ou cofres ), outros vem para juntar uma grana e voltar, mas a maioria vem por causa de um parceiro. O que veio para estudar tem que AMAR seu curso, sua faculdade, tem que acreditar piamente que aquele diploma vai lhe trazer um futuro profissional muito melhor. Quem vem pra juntar grana tem que precisar MUITO. E quem vem por causa do namorado, marido, parceiro ( ou a ), tem que AMAR, ADORAR, ADMIRAR, revirar os olhinhos, suspirar muito pelo outro, senão a "empreitada" está fadada ao fracasso. Porque tem dias que sua moral está tão no chão, você está emocionalmente tão cansada, o horizonte parece tão distante e perdido, que só mesmo a certeza de que você quer muito estar com aquela pessoa, e que aquela pessoa vale muito a pena, segura a gente. E olha que eu não sou muito romântica, como já cansaram de dizer aqui, eu sou analítica. Sem esse "revirar de olhinhos" pelo parceiro, o melhor é continuar no Brasil, porque a ilusão de "morar nas Zuropa" é efêmera demais. Se eu não revirasse os olhinhos por FH até hoje, já teria me mandado a tempos!

Portanto, para você que veio parar nesse blog porque tem um namorado holandês, leia blogs, sites informativos, troque e-mails, mas não deixe isso determinar como você vai viver sua vida ou que decisões você vai tomar. Não pense que a experiência alheia, boa ou má, vai determinar a sua "sorte". Se você já decidiu que vem ( ou já está aqui ), pense bem no que você quer. Querer um emprego simples, apenas para ganhar uma grana para ajudar no orçamento doméstico e para não depender de parceiro, não é vergonha nenhuma. E se você decidir que você quer retomar sua carreira, ou começar uma carreira nova por aqui, esteja preparada para as dificuldades, porque elas certamente virão. Pode parecer um choque, mas as empresas não estão aqui paradas, segurando uma vaga aberta, só esperando você chegar. E colega, deixe o comodismo, a preguiça, a tendência ao ócio de lado, porque você vai ter que estudar holandês, se quiser dirigir vai ter que ter aulinhas e fazer um novo exame, provavelmente não vai ter empregada, então você vai ter que lambar atrás do tanque e do fogão. A Holanda pode dar sim boas chances profissionais, mas como diria a Sandy ( que coisa brega ), você vai ter que rebolar!

E por último. Se você PRECISA reclamar ( com eu precisava ), abra um blog. Coloque lá suas reclamações e vai ler quem quer. Só reclame via e-mail, telefone ou pessoalmente para quem for muito seu amigo. Se uma pessoa lê suas reclamações no blog, se incomoda, mas continua voltando, o chato é ele, e não você.

E para fechar esse post, deixarei aqui as sábias e filosóficas palavras da minha amiga Alice, mal sabia eu quando as ouvi que seriam uma profecia: a vida aqui na Holanda começa a entrar nos eixos não depois de 3 meses, mas de 3 anos!

quarta-feira, julho 16

Começar de novo...

E daqui pra frente é aqui que a gente vai se divertir.

Gostaram da casa nova?