sexta-feira, junho 29

Afe Maria

Lembram-se do colega que esteve afastado por 8 meses porque teve burnout? Pois então, ele está de volta, trabalhando só meio período. Essa semana ele me contava que apesar de estar de volta, ele sabia que ele não estava conseguindo tomar conta de nada, que ele estava apenas fazendo as tarefas “amenas” do portfolio dele, mas é que ele ainda estava se sentindo muito estressado.

Dr. Alice vai brigar comigo, mas… como pode uma pessoa que está em casa há 8 meses de licença se sentir estressado? Mas anyway…

Aí ele me contou que o nível de estress dele é tão intenso que o médico recomendou uma terapia alternativa muito eficiênte: koe knuffelen. Estávamos conversando em holandês, e meu “celébro” logo enviou a mensagem: você entendeu errado sua anta, o cara disse qualquer outra coisa e você entendeu que o cara vai abraçar uma vaca.

Colega, o que é mesmo que você vai fazer? O colega responde: abraçar uma vaca!

Eu juro que se esse povo não fosse doidésimo eu ía achar que o cara estava tirando onda comigo. Mas, colegas, essa terapia existe aqui sim, você pode abraçar a vaca no campo, abraçar a vaca numa barn ( como se diz barn em português? ), deitadinhos numa cama de palha, e acreditem se quiser, a terapia com um porco ao invés da vaca também existe, um baita porcão aliás.

Só posso dizer uma coisa, caros leitores: afe maria, que gente doida.

E para quem quiser ver, é só googar koe knuffelen ou varkens knuffelen.

terça-feira, junho 26

Polka dots

Depois férias do trabalho e férias da balança, subi na maledeta e verifiquei que os efeitos foram nefastos.

Hoje, colegas, se eu estivesse no Brasil, teria tirado um dia livre pra ir correr os mercados negros e comprar pelo menos 2 meses de bolinhas.

Estou “limpa” há 11 anos, mas afirmo uma coisa: esses quilos que meses de sofrimento, privação, suor e lágrimas tirarão, seriam eliminados em 2 meses de relativo conforto com uma boa bolinha, de preferência receitada por um médico, com acompanhamento.

Digo-vos: o Brasil fez uma merda proibindo-as.

segunda-feira, junho 25

E o paracetamol, é de deus ou do capiroto?

Ligo pra minha mãe uma vez por mês, antes era mais frequente, mas de 2 ou 3 anos pra cá, sempre que ligo é aquela reclamação toda, aquele borocoxô, e eu não tenho saco e também não quero ficar esquentando com coisas que são 33% exagero dela, 33% coisas que eu não posso resolver, e 33% coisas que eu posso aconselhar, mas ela não ouve.

Minha mãe encasquetou que “remédios não são de Deus”. Não me perguntem porquê, não somos católicos, nem crentes, e o que tem Deus a ver com o remédio. Há anos já que minha mãe vive mudando as doses dos remédios que os médicos dela prescrevem, e claro que está sempre com dor, choramingando.

No ano passado eu estava tendo váááárias crises de dumping. Era só comer qualquer açúcar ou carboidrato, passava ultra mal. O tratamento é controlar com dieta ou com remédios. Evitei o remédio por duas razões, a primeira é que eu não queria ir à médica de família pedir, a segunda é que o remédio é meio pesadão pro fígado. Controlei bem por vários meses, e finalmente cedi e como achei o remédio na farmácia daqui ( Pantoprazol ), fiz o tratamento com o remédio.

Como não dizer que o remédio é de Deus? Se você não é ateu, há de acreditar que foi inspiração divina criar algo que te livre, tão rápido, de tamanho incômodo. Fiz apenas duas semanas de tratamento, como prescreve a bula, e inacreditável, posso comer o que for! Clááááro que é péssimo pro regime, mas gente, o alívio que é ir a um almoço de negócios como o que tive ontem – onde só tem sanduíches e pastas, e poder comer sem medo de terminar a reunião desmaiada ou tremendo e babando no chão!

Só sei que semana passada falei com a minha mãe e ela veio de mimimi, eu só falei pra ela: ó, se você não tá tomando o remédio, é porque não tá doendo. Quando tá doendo, ou a gente tá passando mal de verdade, a gente tá pouco aí se o remédio é de deus, se é do capiroto, se é feito pelo próprio malufão em pessoa ( disseram-me que o malufão é pior que o capiroto ), se cura a maladia, tá valendo.

Uma das coisas difíceis de se morar tão longe da família é que em um ponto do caminho, colocam uma bifurcação na sua vida, e sua vida e a da família seguem rumos muito diferentes. Lá no Brasil não entendem o contexto daqui ( como assim não tem quem estuque a parede, como assim não encontra empregada? ), e a gente não tá acompanhando o que está se passando por lá. E ficamos assim, uma ligação com ruído na linha.

Só sei de uma coisa, por causa da carestia ( ó que palavra de tia véia ) no Brasil e a vontade zero de ouvir os mimimis da minha mãe, acabei decidindo por não ir ao Brasil nesse fim de ano. Comemoraremos nossos 10 anos de casados com um tour pela Tailândia ( vamos para Bangkok, Koh Samui e Krabi ). Mas… acabei de ver a foto do meu novo sobrinho-cão Loopy ( postei no Facebook, vão ver que lindeza ) e agora estou morrendo de vontade de conhecê-lo e passar alguns dias na farra com a família. No ano passado, pelo passamento do Bono, estavam todos tristes, esse ano a alegria voltará àquela casa!

Ai ai ai, comecei falando coisa ruim e terminei com coisas ótimas, a alegria que um bichinho traz a qualquer lar.

Quando será que eu vou adotar meu chiuahua, hein?

quinta-feira, junho 21

1...2...3...

Hoje é o dia mais longo do ano.

É também o dia que saí do Brasil pra vir conhecer o marido, há 10 anos. Foi um dia estranho, porque é também o aniversário da T., que é para mim como se fosse uma filha.

A amiga me levou ao aeroporto no Chevette dela, passamos na casa da T., comi meio hot dog engasgada, a abracei. Ela fazia 13 anos, hoje, 23.

Tudo mudou tanto! Ela, eu, minha família…

Tenho medo de morrer. Quem tem medo de morrer tem medo de ver o tempo passar. Eu tenho.

Estou chegando na metade da minha vida – estatisticamente falando. Calma, Adriana, nada de pânico.

Repito para mim mesma que posso viver mais 50 anos ou mais 50 minutos, quem saberá?

Respira fundo.

1…2…3…

terça-feira, junho 19

Felicidade - Geluk

Felicidade.

Eu, a gordinha com baixa auto-estima que precisava gastar o que tinha e o que não tinha pra se vestir com roupinhas de marca, e tomar bolinha pra caber naquelas malditas calças da Forum, e estropiar os pés nos finos ( literalmente ) sapatos Arezzo, mudou pra Holanda, essa terra onde ninguém dá um dólar furado se você está com roupas da Tommy Hilfiger ou do Torra-torra.

Bom, pelo menos aqui em Noord Brabant, a Bahia da Holanda, ninguém liga.

Foi para mim libertador. É – tempo verbal presente -  libertador. Hoje gasto pouquíssimo com roupas, compro o que gosto, o que me cai bem, não me preocupo com modinha ou com marcas, e acreditem-me, ando muito mais bem vestida do que quando eu andava caindo de Forum, Zoomp, M. Officer. Bom, sei lá se ando mais bem vestida, mas me sinto muito mais bem vestida do que antes com aquelas roupas caras.

Não sei se foi a Holanda, se foi a idade, mas é um alívio não ter mais que viver de imagem. E cada vez que ouço alguém dizer que comprou uma bolsa de 2000 euros “não pela marca, mas porque é bonita”, tenho pena, porque sim, são bonitas as bolsas de 2000 euros, mas outras tantas de 200 euros o são sem ser tão apreciadas quanto aquelas com as duas letrinhas C invertidas. Mas esse é um problema que eu não tenho mais – e o melhor ainda, se antes eu achava meio patético aquela coitada daquela moça classe média total, carregando uma bolsa que custava mais que salário mensal dela, agora nem ligo, cada um faz o que quer com seu dinheiro. Vejam que já ouvi, do meu próprio pai, que eu gasto dinheiro com uma viagem e quando volto o dinheiro se foi e eu voltei com as mãos abanando, que é um disperdício…

Tenho outras mil razões para não sorrir, mas outras mil para gargalhar.

Felicidade.

PS.: Nessa semana comemorarei 10 anos que embarquei naquele vôo da Air France para conhecer o marido. Há dez anos eu estava 10 quilos mais magra, de calça Forum, em Campos de Jordão pagando uma fortuna pra tomar uma bock no Baden-baden, e estava feliz. Estava muito feliz. Hoje tudo mudou, tudo tudo tudo, e estou também feliz. Sinal que se eu não conseguir o que eu quero para ser feliz, muito provavelmente encontrarei outra razão para sorrir.

segunda-feira, junho 18

Tomate cru

Em casa somos ultra fãs da série “Two and a half men” ( passa no Brasil? Qual o nome traduzido? ). Na semana passada, numa das centenas de reprises, vimos o episódio em que o Charlie começa a sair com uma menina bem mais nova, aí a menina quer sair pra dançar as 11 da noite, ele responde: porque não pedimos uma pizza e ficamos em casa assistindo TV juntinhos? Claro que a menina não quer, aí ele vão convidar o irmão Allan pra ir de parzinho com a amiga da tal menina, e ele já está de pijama, tomando chá, assistindo Jon Stewart, eu respondi pro marido que nem que me oferecessem uma alta soma em dinheiro eu sairia de casa pra ir dançar 11 da noite, depois de colocar o pijama, fazer meu cházinho. Amo assistir TV de pijama de noitão. É, tô véia. É as coisas mudam, eu já saí moooito pra balada, imaginem que eu fazia estágio, ía pra casa, tomava banho e me arrumava, ía pra aula, saía 11 da noite, passava no Camelão ( o bar da faculdade ) pra encontrar a galera, e só aí íamos pra balada. Hoje… pfff…

Ando me cobrando ir pra tal ginástica porque tenho que ter a esperança de que seja o despreparo físico que me dê esse cansaço todo por pouca coisa. Sabem uma coisa que eu fazia direto e que agora me cansa deveras? Pinga-pinga pra resolver pendengas.

Paulista tem a arte de enfiar todas as suas necessidaded básicas num shopping center. AMO. Os paulistas são “the best” só por causa disso. Ali você deixa a calça do terno que precisa refazer a barra na lojinha de reparos, compra o presente do aniversário do primo, faz as unhas, paga as contas, tira dinheiro, almoça, faz as compras da semana, compra o shampoo Kerastase e bobeou, antes de ir pra casa, ainda encontra a amiga pra um docinho na Amor aos Pedaços. Tudo bem que o ticket do estacionamento no final saia a metade de um salário mínimo, but who cares?

Aqui… Humpf. Sábado acordei cedo pra ir comprar a comida especial do gato, só vende em veterinário. Estacionei meio longe, na rua ( não tem estacionamento por perto ), andei na chuva, voltei pro carro com dois sacões de 4 kg de comida. Dirigi até a pet shop perto de casa pra comprar areinha pro banheiro, estacionei, andei na chuva, voltei com duas caixas de 6 kg cada de areia. Enquanto isso o marido estava no Gamma comprando lustre. E dirigi pra farmácia pra comprar umas gotas pro ouvido que a huisarts deu de novo estaciona na rua, anda na chuva. Cheguei em casa pela hora do almoço e eu e o marido tínhamos ainda uma listinha razoável, e eu então, como boa paulista que sou, falei pro marido que só íamos fazer o que desse pra fazer no mini-shopping da cidade ( Woensel Winkelcentrum ). Muitas vezes, mesmo que tenhamos que pagar mais em certos produtos, compramos ali mesmo só porque é conveniente. Claro que esse mini-shopping não chega aos pés de nenhum shopping requenguela de São Paulo – nem completamente coberto é! – pelo menos concentra várias lojas boas pras coisas do dia a dia ( Hema, Blokker, Kruidvat, Etos ), sem falar que tem vários supermercados, e até uma locadora de DVD. Ah, e claro, a nossa agência de viagens.

Sábado então fechamos nosso pacote pra dezembro, compramos cuecas, um travesseiro, camisetas brancas, meias, fizemos as compras no supermercado e alugamos um filme. Cada coisa em uma loja diferente. Demorei pra fazer tudo isso metade do tempo que demorei pra comprar a comida dos gatos, areia e remédio, pingando de lugar em lugar, de manhã. Como é então que os holandeses ainda não se convenceram da praticidade dos Mega-Shoppings? Povo burro!

Hoje tenho outro calvário: pra direita pegar remédio do gato, pra esquerda me matricular na academia, pros cafundós pra comprar um MP3 player, pra perto de casa pra comprar pimentões pra fazer pimentões recheados.

Fico tão, mas tão cansada….

Sábado, depois de passar o dia todo de cá pra lá, voltamos pra casa pra tirar uma soneca e irmos à festa da empresa do marido, que diga-se de passagem, é a mesma onde eu trabalhei há 5 anos. Eu estava bem animadinha pra ver meus antigos colegas, mas… tiramos uma soneca tão grande que perdemos a hora! Estávamos cansadésimos, eu acho que do pinga-pinga, o marido acha que está pegando uma gripe, ambos achamos que estamos é ficando velhos.

De uma forma ou outra, o moral da história é: nós os paulistas somos espertos pacas, shopping center é um dos pontos altos da sociedade moderna, e esses holandeses tem mais é que ir tomate-cru.

quarta-feira, junho 13

Eu sou Raquel, não Rutinha

Eu fui noiva no Brasil 4 anos. Foram 2 anos de uma ótima relação e outros 2 de uma merda de relação. Nosso maior problema foi que enquanto minha carreira avançava na GM, ele tentava, sem sucesso, passar no concurso público para promotor ou juiz de direito. Não posso nem falar mal dos homens brasileiros, porque ele era nascido na Itália, e apesar de criado no Brasil, teve uma criação italiana antiquadíssima. Eram católicos extremistas, ele só estudou em escolas católicas incluindo a faculdade ( PUC ), íam à missa todas as semanas, visitavam as freiras, íam ao aniversário do padre levando presentinho.

O fim da relação chegou quando eu o peguei saindo de um “night club” de SP. Na época o que mais me incomodou não foi o chifre profissional ( ele estava com o cabelo molhado ), mas o fato de ele ter pago ali 10 vezes o que tinha gasto no meu presente de aniversário naquele mês.

O cara foi um entrevo na minha vida por 4 anos, só eu que não vi. Assim que o entrevo foi removido, emagreci, comprei um apartamento, viajei pra Europa, fui promovida. Minha vida melhorou demais!

O facebook, se você não fechar todos os settings, escancara sua vida pro mundo. Eu sinceramente acho que não tem muito nexo entrar no facebook e fechar as informações, quem quer privacidade deveria evitar a internet ( né, Carolina Dieckmann? ). Mas anyway…

Ali vi que o dito não passou no concurso que queria, passou num de advogado da prefeitura ( com 20% do salário de um promotor ou juiz ), que ficou feio pacas, que foi empurrado pra carreira política pelo irmão que é vereador em SBC.

Nunca tive ressentimento dele, tive é pena, porque poucos dos sonhos dele se realizaram.

Acabei falando com ele algumas vezes no facebook e fiquei até feliz quando ele casou, teve filho, se distanciou um pouco da mãe italiana controladora dele.

E não desejei o mal dele, até… conversarmos sobre a lei que permite a união de homossexuais no Brasil. Perguntei a opinião dele, vejam bem que a criatura será candidato a vereador na próxima eleição, e ele me disse que a aprovação da lei é o maior absurdo dos ultimos tempos, que o casamento é uma instituição sagrada e que usar a palavra “casamento” para essa abominação era inaceitável, e que até o termo “união estável” era inaceitável visto que tais pessoas levam uma vida “pervertida” ( sim, ele usou essa palavra ) e nada estável.

Eu, de boca aberta com tanta imbecilidade, mencionei que minha prima T., praticamente minha filha, que ele adorava, que o adorava, é lésbica, e ele simplesmente retrucou que “era uma pena saber que a T. tinha caído nessa vida ( caído nessa vida???? )”. WTF?

Bate na madeira 3 vezes, mangalô e figa vermelha, graças a Deus que me livrei desse imbecil. Boba que não sou, e demonstrando que sou Raquel, guardei o chat, dei print screen, tirei foto da tela. Porque vejam bem criançada, esse imbecil é candidato político. E de imbecis-Myriam Rios a gente tem é que se livrar.

Ontem, novamente no facebook, vi que o status do carcará mudou pra “divorciado”.

Raquel Raquel Raquel, fiquei felizinha. Agora, pra fechar com chave de ouro, tomara que o filho dele – que está apenas com 5 anos seja gay. A glória seria o filho ser travesti, mas aí é pedir demais. Quero ainda que o facebook me mostre a foto dele no casamento homossexual do filho.

Mexa comigo, mas não com os meus.

terça-feira, junho 12

Agora tcheu chorar no ombro esquerdo... Mi mi mi

O Old Fart vira e mexe usa a expressão: eu tenho uma aliança no dedo e quero mantê-la aí. A história por detrás disso, contam-me os colegas, é que a esposa dele já o deixou duas vezes, uma vez recém casados, outra vez já com filhos, mandou-o pastar, trocou a fechadura. O motivo não sei, mas imagino.

Para manter a aliança no dedo, ele tem um acordo com a esposa que no fim de semana ele não faz planos e não vai à lugar nenhum sem a família. Ele diz para os outros colegas que ele sempre teve empregos que exigiam muitas viagens ( ele sempre PROCUROU empregos que tenham muitas viagens porque sentar no escritório é um castigo pra ele ) e que só sobrava o fim de semana para os hobbies dele, que é obvio não envolviam família, e imagino eu que a esposa se encheu de ser deixada em casa com três filhos ( porque uma pessoa que já saiu de casa e largou o marido escolhe voltar e ter 3 filhos eu não sei… ). Outra coisa que não tem nada a ver com os fatos, mas é curiosa, é que o cara é o caos em pessoa – tudo dele é espalhado, é jogado, não sei nem quantas vezes eu ou outro colega empilhamos as tralhas dele e jogamos numa gaveta porque não podemos deixar bagunça no fim do dia ( e ele deixa ) então a esposa exigiu que fosse contruída uma salinha da bagunça na casa dele e ele só pode “ficar” ali, ele é proibido de assistir TV na sala oficial, ou de usar o laptop na mesa da cozinha dessa forma ela mantém a casa aceitável e a bagunça dele é confinada a tal saleta da bagunça, que segundo um colega que já o visitou, é inenarrável o estado da saleta, que daria pra fazer 3 seasons de um reality show só pra arrumar aquela zona.

Mas então, pelo acordo com a esposa, ele não faz nada sem a família no fim-de-semana. Acontece que nessa segunda feira, ele quis ir a uma reunião de um fornecedor falido na camera de comércio em Paris. Eu já o fiz participar de 4 reuniões por conference call, nessa tinha que ir alguém, como eu estou atolada de coisas pra fazer, nem cogitei ir na reunião, mas o cara me encheu tanto que eu assinei a papelada pra ele ir.

Se eu fosse, teria saido de casa no domingo dirigindo, dá pouco mais de 4 horas até Paris, participaria da reunião das 2 as 5, dirigiria de volta pra casa. Mas o cara não podia ir no domingo por causa do tal acordo com a esposa. De avião é um pé no saco – Charles de Gaulle é quase na Bélgica de tão longe do centro de Paris, o negócio era ir de trem. Sugeri que ele pegasse o trem direto a Rotterdam e de lá o TGV, assim ele evitaria o trânsito da manhã. Claro que o sujeito tem que ser diferente, só sei que ele escolheu dirigir pela manhã até Lille, e de lá pegar o TGV, lembrando o caro leitor que o trânsito aqui na Holanda e na Bélgica, numa segunda de manhã, no horário do rush, é uma merda.

Long story short, o cara veio pra empresa de manhã, saiu no último minuto possível, pegou um mísero transitinho na Bélgica, perdeu o trem, teve que ir dirigindo sem TomTom até Paris. Chegou na reunião no último minuto. A reunião acabou antes das 5, eu e meu diretor ligamos às 7 e ele ainda estava lá, “fazendo o social”. Ele deu um resumo da situação e disse que ía sair pra jantar com outros participantes da reunião, que ía dormir em Paris e voltar amanhã. Eu fiquei azul, o diretor simplesmente disse que ele era esperado aqui hoje, antes do almoço.

Agora vejam, nós temos agência de turismo, secretárias, back-office, tudo pra nos ajudar com essas pendengas. Eles planejam, reservam, fazem seu check-in, quando você chega é só dar os recibos pra secretária e ela faz sua declaração de gastos, tudo super cômodo. Mas nada funciona com esse cara, ontem estava todo mundo aqui correndo de cima pra baixo pra cancelar o ticket de trem ( que não é barato ), o back-office dando instruções de como chegar ( eu falei pra ele estacionar em qualquer canto de Paris e pegar um táxi – mas sabe como é homem, ainda mais um sujeito arrogante como esse, tinha que chegar lá pelas próprias mãos, so to say ), o agência de turismo tentando achar um hotel pro cara dormir.

Depois da conversa com o diretor, eu sinceramente estava esperando o cara aqui lá pelo meio-dia.

Aí ele chega as 9:30, com cara de coitado, contando como dirigiu pra Paris e de volta sem TomTom, como teve uma reunião difícil e mal tomou um café antes de pegar a estrada de novo, e blá blá blá, dram drama drama, cheguei em casa tadinho de mim as 2 da manhã e cá estou eu, trabalhando.

Ele está esperando admiração, reconhecimento pelo esforço dele, tapinha nas costas, massagenzinho no ego, mas os colegas além de acostumados com os dramas dele – acharam o fim da picada a falta de programação do sujeito.

Eu, quero mais é que ele se funhenhe logo não ouvi meia frase do mi mi mi dele.

O diretor está muito ocupado e cortou-o no começo do mi mi mi.

E ele está aqui, com cara de coitadinho, repetindo o drama pra quem passar no corredor. Eu me pergunto: que trauma de infância tem esse sujeito pra necessitar tanto de atenção e afago? É por ser quase um anão em terra de gigantes? Qual a explicação pro pinto-muxismo dele?

E eu, pelo menos, recebi uma data pra ver as costas do fulano. Dezembro de 2013. Tá longe, eu sei, mas pelo menos está nos planos.

sexta-feira, junho 8

Mi mi mi

Bostinhas corriqueiras que estão me enchendo o saco:

-       Marido convidou indiano gorozeiro pra um jantar em casa no começo de Julho. Claro que a expectativa é de churrasco brasileiro com muita caipirinha, mas planejar churrasco como, se só chove nessa terra? Vontade zero de cozinhar jantar normal.

-       OldFart me perguntando todo dia: e quando você começa a ginástica? Hoje falei pra ele ir cuidar da vida dele e da dos filhos, que meu pai ainda tá vivo pra me encher os pacovás

-       Mas quando é que eu começo a ginástica? Vontade zero ( mentira, vontade -36 )

-       Tenho que terminar o álbum de fotos que prometi pra minha mãe. Odiei o software da Kruidvat mas já fiz mais da metade, começar do zero em outro site vai ser o ó do borogodó

-       Na falta de inspiração pras férias de dezembro, estava pensando em ir pro Brasil pra conhecer meu novo sobrinho Loopy ( a família adotou um novo Labrador, de um ano, no auge da sapequisse, deve ser fofo demais ), então pensei em Rio, Buzios, Cataratas, mas um hoteleco merreca no Leblon, não é nem de frente pro mar, por €320 por dia com café, é contra os meus princípios. Que país é esse meldels?

-       Tem esquema de alugar apartamentozinho no Rio? Alguém sabe?

-       Meu quartinho da bagunça está quase no "point of no return". Logo vou aparecer num daqueles show da TV onde eles mandam uma véia pra arrumar e limpar sua casa, te passando um pito em rede nacional

E choooooooove. E faz sol. E chooooooove de novo.

Mas… a colega de trabalho acabou de me mostrar os planos dela pra viagem à Thailandia, e estou cheia de idéias. Vou dar uma banana pro Rio de Janeiro que ele continue lindo e não visto por mim, que não vou desembolsar uma fortuna pra vê-lo – e vou pra Asia comer thai food diretinho da fonte.

Happy Friday ( é, eu sei que é pleonasmo ou redundância )

.

quinta-feira, junho 7

Auto-Ajuda

Em janeiro, depois que cheguei das minhas maravilhosas férias baianas, cheguei na empresa e em 2 horas eu já estava a beira de um ataque de nervos. Estamos a menos de um ano do lançamento de um veículo novo, o período mais estressante no desinvolvimento de um caminhão. Pressão inenarrável, volume de trabalho absurdo, e a gente vai, que nem vaquinhas nos Pampas, sendo empurrado, e chicotado, e gritado, e vai seguindo o ritmo do feitor.

Em março eu decidi que ía a um psicólogo ou ía pro hospital, então fui pesquisar que profissional contactar, em que língua, essas coisas. Tirei um dia livre pra isso. Aí eu estava na fila do cinema quando uma frase que eu li me proporcionou o Wow moment of the year:

Para quê a empresa me paga?

Todos os dias eu chego, vejo minha lista “to do”, me proponho a terminar X itens, já sabendo que provavelmente não vai rolar e que vou sair frustrada da empresa, aí eu fico ali correndo contra o relógio, o que me gera uma ansiedade gigantesca, por vezes eu entro em pânico e a qualidade do trabalho vai lá pro pé. É uma bola de neve, uma bola de insatisfação.

A empresa me paga pelas minhas habilidades, experiência e capacidade/inteligência. Eles desenharam um perfil ao me contratar e eu encaixo no perfil. Eles me pagam pra trabalhar 40 horas por semana, usando o melhor das minhas habilidades e capacidade. Então agora eu chego, olho a minha to do list, vejo o que é mais urgente, por vezes ( muitas vezes ), é a primeira vez que eu vou fazer tal tarefa, então eu me dou alguns minutos pra pensar, chego a rabiscar alguns “steps”, quando o negócio estiver mais claro, começo as atividades em si ( e-mails, gráficos, planilhas ). Não olho pro relógio, não me apresso. Ao fim do dia, não penso na to do list, penso em tudo o que eu fiz, analiso se fiz bem feito, faço notas mentais de ações que eu preciso melhorar, e digo a mim mesma: ok, você trabalhou suas horas ( ou até mais que suas horas ) da melhor forma que você sabe, missão cumprida por hoje. E vou me embora sem pensar na to do list.

Estou bem mais calma, estou fazendo as coisas melhor. A verdade também é que metade das coisas que falam pra gente que é urgente, que o mundo vai acabar se você não resolver, acabam sendo esquecidas, sendo canceladas, sendo adiadas, caindo no vácuo.

Meu colega gerente acabou de ser pai. O grupo dele está ultra sobrecarregado por conta da Slovena que se foi e ainda não foi substituída, ele está desbaratinado está sempre correndo e consultando a listinha to do dele. Contei da minha nova filosofia, ele está aplicando-a há algumas semanas e diz já notar a melhora.

Ontem ele me disse que a paternidade mudou completamente qualquer perspectiva profissional dele. Contou que na semana passada teve uma semana do cão, que culminou numa conversa com o diretorzão geral sobre a performance em geral do grupo dele e dele mesmo. Coisa pesada. Aí ele foi pra casa e o bebê estava com cólicas e prisão de ventre, a esposa esgotada, ele foi encarregado de embalar e massagear o bebê. Lá pelas tantas da noite, o bebê com dores, ele preocupado, o bebê fez cocô. Ele só disse: Adriana, ele deu um sorrisinho de alívio por um milisegundo, foi o suficiente pra me fazer esquecer a merda de semana que eu tive, o cansaço de embalar e massagear por 2 horas, foi uma felicidade indescritível, por – literalmente – um monte de merda. A merda do meu filho me fez feliz como nenhuma promoção jamais me fez.

Putz, tô filosófica hoje.

terça-feira, junho 5

Cadê seu ombro, leitor amigo?

Ok, sei que prometi parar de reclamar do OldFart, mas se eu não chorar no ombro de vocês, caros leitores, chorarei no ombro de quem?

Quando eu fui promovida, a primeira providência do RH foi mardar-nos, eu e os 3 colegas recém promovidos, para um cursinho de "does and dont's". Uma palestra enorme sobre como evitar problemas legais. Sim, caros leitores, porque se você der uma apoiada de mão no ombro do colega ao lado - você é legal, um gerente fazendo isso pode ser assédio sexual. Você falar pro colega que acha o testemunha de Jeová que te aporrinhou domingo 8 da matina um besta, você está chovendo no molhado, se você for gerente, pode ser discriminação religiosa. E por aí vai.

Desde então penso muito antes de fazer qualquer comentário com um dos meus funcionários, daí eu vir aqui desabafar sobre o OldFart, mas pra ele eu manter o bico calado. O que também não ajuda é que nós, os novos gerente, depois de experimentarmos a tal "management desk" que ocupava o lugar de duas mesas, decidimos abdicar das tais porque o isolamento era muito grande, sem falar que apertou ainda mais o pessoal no já apertado open office. E porque não ajudou? Porque sentar-se no meio do seu pessoal tem também sua desvantagem, você baixa a guarda demais, mantem um relacionamento informal demais, enfim...

Hoje OldFart passou dos limites. Eu estava toda empolgada ao descobrir que a empresa mantém um convênio com o fitness center que eu havia gostado aqui perto, e a mensalidade seria de 13 euros ao invés de 39. Estávamos uns 5 conversando na mesa de cookies. Eis que OF diz: eu faço ginástica lá, você vai gostar porque não tem só mocinhas, tem também mulheres "your size". Deixa eu dizer uma coisa, esse salafrário já tinha usado essa expressão 2 vezes comigo e umas outras tantas se referindo a nossa colega húngara. Surtei. Repassei voando as instruções do curso do RH e usei o aproach "claro e sem espaço pra dúvidas": OF, eu não gostei do seu comentário e não quero que você repita essa expressão.

E aí, como eu não sou santa, arrematei: eu faço a gentileza de não mencionar que você tem 1,62 mt, então extenda a gentileza e não mencione o fato de eu ser gorda.

Ele abriu a boca pra dizer algo, certamente pra corrigir e dizer que ele tem 1,64 e não 1,62, mas os colegas o cortaram e disseram: quieto Old Fart, esse tipo de comentário realmente não se faz.

Véio maledeto, nanico, horroroso e pinto muxo.


Começar de novo...

No fim-de-semana passado, conheci uma leitora que parou aqui no blog pra ler dicas de viagem. Lembrei então que ando fraquíssima nesse "quesito", não é mesmo? Então, como estou começando as pesquisas para a próxima viagem, deixa eu dar uns toques aqui.

Eu queria em dezembro ir para a Thailandia. Acontece porém que gastamos um rio de dinheiro na Jamaica, o pacote em si já não foi barato porque acabamos não só escolhendo um hotel 5* all-inclusive adults only, como pagamos adicional para ir na business da Arkefly. Chegando lá, fizemos 3 tours particulares, e isso foi o tiro no pé: saiu 200 dollares cada, fora entrada para as cachoeiras e gorgetas. Comida fora do hotel foi bem barata.

Mas então, a Thailandia ficará para outro ano porque lá não há all-inclusives, e os all inclusives são a forma mais barata de se viajar ( a não ser que você vá num hotel "nothing-inclusive" e passe os dias a água e as refeições a lanchinho e pizza, o que eu e o marido não encaramos, então depois que adicionamos lanchinhos, bebidinhas, jantares, sai mais caro que o ALL-in - gorrrrrdos). E vamos de férias só 3 semanas, ao invés de 4, o que eu acho um tanto curto pra Thailandia.

Mas então, pra onde? Estou pensando em voltar ao México. Amamos o México. E sabe qual é a melhor coisa, em termos viajandísticos, que poderia acontecer a quem mora na Holanda? A proximidade com a Alemanha, que tem a maior coleção de agentes turísticos, hotéis, vôos, da Europa. Então como utilizar essa "potência"?

Primeiro "miro" uma área. Esse ano estou pensando em Puerto Morelos ( perto de Playa del Carmen ), Playa del Carmen e Cozumel. Vou ao Tripadvisor, minha bíblia, seleciono os hotéis que me interessam e que estajam marromenos na faixa que eu quero pagar ( meu budget comparativo é de €90 – o que pagamos no Iberostar Praia do Forte - all inclusive por pessoa por dia no quarto deluxo frente ao mar ). Aí, vou ao holidaycheck.de, esse site é o que há. Vou direto ao campo de busca, entro o nome do hotel que quero, normalmente já aparece os pacotes e, se existir qualquer agência na Alemanha que comercialize o hotel, o preço da agência. O preço de agência é normalmente pelo menos 30% menor que o da expedia ou booking.com. Tô ficando super craque fluentésima em alemão: 3 woche, meerblich, pausreis… ( not )

Uma das maiores agências alemãs é a TUI, que é parte do mesmo grupo que é dona da Arke ( e Thompson e Jetair ). Vou então à ARKE no shopping aqui perto, onde já tenho nossa agente de turismo habitual, e faço as reservas com ela, levando sempre o print screen alemão. Já fiz reserva com uma agência alemã por internet ( uma tal de Meier ) e arrisquei porque era um pacoteeenho pequetito, e deu certo.

Na Arke você pode também reservar os pacotes da Jetair, a empresa Belga, que além de ter bons vôos a partir de Brussels, tem uns destinos esdrúxulos que a Holanda não tem ( tipo Martinica, Bonaire, e um zilhão de pacotes pra Tunísia ).

Já cansei de dar a dica para os brasileiros: quem quiser ir ao Iberostar Bahia ou Praia do Forte, ou ao Grand Palladium Imbassaí, sai barateeenho reservar pelo site alemão, paga-se com cartão de crédito ( sem parcelamento, sorry ), os vouchers vão pro seu e-mail. Ano passado uma semana de Iberostar Bahia estava saindo €396 euros, no Brasil nem pro Etap Salvador você vai com essa grana.

O que eu queria mesmo, é ir para Orlando, ficar lá 3 semanas, assunto resolvido, mas o marido não quer nem ouvir falar. Queria alugar uma casa lá, comprar o cartão de 10 entradas na Disney e o de 4 entradas na Universal, e no mais, shop till I drop. Sonho meu…

segunda-feira, junho 4

Eu voltei, e agora pra ficar, porque aqui, aqui é o meu lugar...

Estamos em junho, ao fim do mês estaremos na metade de 2012.

Olho pra trás e trabalhei feito uma doida, mas parece que não concretizei muito.

Olho pra frente e é tanto o que tenho que fazer até o fim de 2012, que não sei nem por onde começar. Muita coisa difícil, muita coisa chata, muita coisa que eu não sei como fazer.

Nessas férias, pela primeira vez nos meus 39 anos, pensei que talvez seja melhor procurar um emprego com menos responsabilidades, ainda que com um salário menor. Na verdade eu queria o mesmo salário, com menos responsabilidades, será que eu acho? Porque ó, vou contar um negócio procês, viver nessa loucura de trabalhar mil horas por semana, e viver preocupada, e estressada, e arrancando os cabelos é uma merda, mas não ter dinheiro pra nada seria uma merda maior. MOINTO MAIOR. GI.GAN.TES.CA. NABABESCA!!!!

Então o negócio é assim: não nasci pra super executiva, não nasci pra pobretona, nasci pra quê então?