terça-feira, junho 12

Agora tcheu chorar no ombro esquerdo... Mi mi mi

O Old Fart vira e mexe usa a expressão: eu tenho uma aliança no dedo e quero mantê-la aí. A história por detrás disso, contam-me os colegas, é que a esposa dele já o deixou duas vezes, uma vez recém casados, outra vez já com filhos, mandou-o pastar, trocou a fechadura. O motivo não sei, mas imagino.

Para manter a aliança no dedo, ele tem um acordo com a esposa que no fim de semana ele não faz planos e não vai à lugar nenhum sem a família. Ele diz para os outros colegas que ele sempre teve empregos que exigiam muitas viagens ( ele sempre PROCUROU empregos que tenham muitas viagens porque sentar no escritório é um castigo pra ele ) e que só sobrava o fim de semana para os hobbies dele, que é obvio não envolviam família, e imagino eu que a esposa se encheu de ser deixada em casa com três filhos ( porque uma pessoa que já saiu de casa e largou o marido escolhe voltar e ter 3 filhos eu não sei… ). Outra coisa que não tem nada a ver com os fatos, mas é curiosa, é que o cara é o caos em pessoa – tudo dele é espalhado, é jogado, não sei nem quantas vezes eu ou outro colega empilhamos as tralhas dele e jogamos numa gaveta porque não podemos deixar bagunça no fim do dia ( e ele deixa ) então a esposa exigiu que fosse contruída uma salinha da bagunça na casa dele e ele só pode “ficar” ali, ele é proibido de assistir TV na sala oficial, ou de usar o laptop na mesa da cozinha dessa forma ela mantém a casa aceitável e a bagunça dele é confinada a tal saleta da bagunça, que segundo um colega que já o visitou, é inenarrável o estado da saleta, que daria pra fazer 3 seasons de um reality show só pra arrumar aquela zona.

Mas então, pelo acordo com a esposa, ele não faz nada sem a família no fim-de-semana. Acontece que nessa segunda feira, ele quis ir a uma reunião de um fornecedor falido na camera de comércio em Paris. Eu já o fiz participar de 4 reuniões por conference call, nessa tinha que ir alguém, como eu estou atolada de coisas pra fazer, nem cogitei ir na reunião, mas o cara me encheu tanto que eu assinei a papelada pra ele ir.

Se eu fosse, teria saido de casa no domingo dirigindo, dá pouco mais de 4 horas até Paris, participaria da reunião das 2 as 5, dirigiria de volta pra casa. Mas o cara não podia ir no domingo por causa do tal acordo com a esposa. De avião é um pé no saco – Charles de Gaulle é quase na Bélgica de tão longe do centro de Paris, o negócio era ir de trem. Sugeri que ele pegasse o trem direto a Rotterdam e de lá o TGV, assim ele evitaria o trânsito da manhã. Claro que o sujeito tem que ser diferente, só sei que ele escolheu dirigir pela manhã até Lille, e de lá pegar o TGV, lembrando o caro leitor que o trânsito aqui na Holanda e na Bélgica, numa segunda de manhã, no horário do rush, é uma merda.

Long story short, o cara veio pra empresa de manhã, saiu no último minuto possível, pegou um mísero transitinho na Bélgica, perdeu o trem, teve que ir dirigindo sem TomTom até Paris. Chegou na reunião no último minuto. A reunião acabou antes das 5, eu e meu diretor ligamos às 7 e ele ainda estava lá, “fazendo o social”. Ele deu um resumo da situação e disse que ía sair pra jantar com outros participantes da reunião, que ía dormir em Paris e voltar amanhã. Eu fiquei azul, o diretor simplesmente disse que ele era esperado aqui hoje, antes do almoço.

Agora vejam, nós temos agência de turismo, secretárias, back-office, tudo pra nos ajudar com essas pendengas. Eles planejam, reservam, fazem seu check-in, quando você chega é só dar os recibos pra secretária e ela faz sua declaração de gastos, tudo super cômodo. Mas nada funciona com esse cara, ontem estava todo mundo aqui correndo de cima pra baixo pra cancelar o ticket de trem ( que não é barato ), o back-office dando instruções de como chegar ( eu falei pra ele estacionar em qualquer canto de Paris e pegar um táxi – mas sabe como é homem, ainda mais um sujeito arrogante como esse, tinha que chegar lá pelas próprias mãos, so to say ), o agência de turismo tentando achar um hotel pro cara dormir.

Depois da conversa com o diretor, eu sinceramente estava esperando o cara aqui lá pelo meio-dia.

Aí ele chega as 9:30, com cara de coitado, contando como dirigiu pra Paris e de volta sem TomTom, como teve uma reunião difícil e mal tomou um café antes de pegar a estrada de novo, e blá blá blá, dram drama drama, cheguei em casa tadinho de mim as 2 da manhã e cá estou eu, trabalhando.

Ele está esperando admiração, reconhecimento pelo esforço dele, tapinha nas costas, massagenzinho no ego, mas os colegas além de acostumados com os dramas dele – acharam o fim da picada a falta de programação do sujeito.

Eu, quero mais é que ele se funhenhe logo não ouvi meia frase do mi mi mi dele.

O diretor está muito ocupado e cortou-o no começo do mi mi mi.

E ele está aqui, com cara de coitadinho, repetindo o drama pra quem passar no corredor. Eu me pergunto: que trauma de infância tem esse sujeito pra necessitar tanto de atenção e afago? É por ser quase um anão em terra de gigantes? Qual a explicação pro pinto-muxismo dele?

E eu, pelo menos, recebi uma data pra ver as costas do fulano. Dezembro de 2013. Tá longe, eu sei, mas pelo menos está nos planos.

1 comentários:

Marcia disse...

Tudo isso?? Com tanta gente precisando de trabalho, por quê perdem tempo com esse mala? Não entendo, sinceramente. O contrato dele não permite soltá-lo antes?