segunda-feira, fevereiro 28

Só mudam as moscas


No Brasil, pelo menos na minha empresa antiga, a gente trabalhava que nem cães, não éramos pagos pelas horas extras, e quem não estivesse a fim de trabalhar de graça ouvia que "temos 2000 CV's no RH esperando um motivo pra serem desengavetados". E assim continuávamos trabalhando que bem burrinhos de carga, sem nem uma cenourinha pra agradar o dia.

Aqui nas Zuropa, tudo é muito muito muuuuuito diferente.

Nós, os funcionários, estamos sobrecarregados, estamos todos ( ou quase todos ) trabalhando horas extras sem ganhar por isso. Aí nós, os funcionários, preenchemos em conjunto o formulário WZZ-72, onde relatamos a carga de trabalho excessiva, e mandamos para o arbodienst, que é o departamento de medicina do trabalho. O departamento de medicina do trabalho manda um especialista para checar as informações, pede cópia para o chefe dos horários de entrada e saída do interflex. Respondem via formulário WZZ-73, em duas vias, que a reclamação está sendo estudada. Meses depois a reclamação vai pro ondernemings raad ( conselho do sindicato ) no formulário WZZ-82 em 3 vias. O OR manda o parecer deles via formulário WZZ-98 em 2 vias. O Arbodienst ( médico do trabalho ) repassa o parecer do OR ao diretor do departamento em formulário WZZ-103 em 4 vias. O diretor joga 3 das vias na gaveta, uma devolve ao departamento do arbodienst. As três vias são 30 dias depois classificadas pela secretária do departamento como "assuntos em andamento" e ela adiciona a ficha PUR-05 em duas vias na frente, a terceira vai para o diretor que recebeu o documento inicial, e arquiva o caso todo no arquivo avançado que fica na Bélgica.

E assim continuamos trabalhando que bem burrinhos de carga, sem nem uma cenourinha pra agradar o dia.

Essa semana, se eu não ficar doente, eu morro. Mas morro nas Zuropas, onde tudo é melhor e mais organizado e mais honesto. E ganhamos em Euros.

PS.: Se eu estivesse hoje ainda trabalhando na antiga empresa no Brasil, por causa do rate e dos baixos impostos no Brasil, eu estaria ganhando lá líquido mais do que ganho aqui líquido. E teria uma faxineira 2X por semana. E manicure.


domingo, fevereiro 27

Coisiquinhas

Final de semana chuvoso, mas até que produtivo.

Há várias semanas estamos na discussão "que lustres comprar?". Eu gostaria de lustres design, já o marido quer de toda forma lustres da linha de iluminação da Philips. Eu os acho modernos demais, muito metal, muito vidro, muito plástico, já o marido gosta pelos avanços tecnológicos, são lustres de LED light que você pode escolher a "temperatura" da luz ( mais branca ou mais ambar ), gastam pouco, iluminam mais e todo esse papo nerd-tecnológico.

A Philips tem uma loja de funcionários, que costumava ser muito boa. Nos últimos dois anos tem deixado muito a desejar. É muito comum você achar produtos que custam o mesmo ou mais baratos pela internet ou em promoção nas Mediamarkts da vida do que na loja dos funcionários. Sem falar que andam mantendo um estoque mixíssimo, e você encomenda um produto e fica esperando semanas até chegar.

Mas anyway...

As luminárias que queremos estão saindo de linha e sendo subtstituídas. A linha nova tem opção de lâmpada led mais quente e custam mais baratos ( tecnologia ficando mais e mais barata - viva a China ), logo esperaremos.

Mas resolvemos nossa pendenga acústica e compramos o home theatre. Ainda estamos com fios pra todos os lados porque o modulo wireless estava em falta ( não disse? ) mas cara, que sonzão, hein? Hahahaha os gatos esconjuraram, é um tal de bicho rosnando dum lado, vidro quebrando do outro... Mas é trambolhíssimo, caixinhas pra todos os lados, subwoofer enorme que não cabe em nenhum lugar... O móvei que não tem furos o suficiente e precisa ser furado.

E quero deixar aqui um comunicado solene: eu Adriana, a maior fã do universo de supermercados, joguei a toalha ontem e bradei ao mundo: desisto, aderirei às compras por internet. Os idosos com seus rolators, mães com carrinhos hiper-intergaláticos, pais que tem preguiça de levar os filhos ao parque e tuxam a criança no mercado, venceram minha resistência e eu entrego os pontos: o supermercado é vosso, ao vencedor as batatas!

E hoje estou aqui, tédio total, indo alugar filmes pra assistir no super blueray super sound novo, preocupada com a lição de casa que eu não fiz e com a torta de frango que eu queria muito comer mas estou com preguiça de fazer.

E para acabar esse post-diarinho-chatésimo, peço ajuda à magrinhas.

É o seguinte. No Brasil, minha sobrinha está usando número 38 de calça jeans. Quero comprar uma calça da Diesel ou de alguma outra marca famosinha, vocês que são magras, o 38 do Brasil é o 38 daqui? E para calças Diesel, que tem numeração em inches, que tamanho equivale?

sexta-feira, fevereiro 25

Como diz o Cido: sexta, porque demoraste tanto?

Ontem marido e eu discutimos bem nosso "plano de ação" em relação ao "fish spa" da vizinha e decidimos que nem que acabe ferindo nosso bom relacionamento com os vizinhos, mas nós vamos sim nos manifestar contra a clínica.

Uma coisa, como diz a comadre Claudinha, é boa aqui na Holanda, para tudo tem-se que pedir permissão para a prefeitura, e pra tudo os moradores da cidade tem direito de objetar e as objeções são levadas à sério.

Ontem checamos se os vizinhos já pediram a licença de funcionamento, e para a nossa surpresa, ainda não pediram. Conversando com um colega de trabalho que penou um bocado com vizinhos que queriam instalar um canil em área residencial, entendi um pouquinho mais da situação e dos meandros da mente holandesa.

Provavelmente os vizinhos ainda não pediram a tal licença porque é caro e se o vizinho já for do contra desde o começo eles podem perder uma boa grana. Descobri que eu posso me manifestar contra e dois aspectos: a licença para abertura de comércio em área residencial e também posso me manifestar contra a reforma da casa.

A lei diz que em geral, são garantidas licenças para comércio em área residencial se o negócio em si:

- Não lidar com clientes ( e pacientes ) que tenham que entrar e sair
- A área destinada às atividades comerciais for pequena em relação à residência em si
- Não ouver tráfego excessivo nas ruas do bairro

Tem outras condições, mas essas três são aquelas que eu posso usar na minha reclamação contra a clínica, visto que eles irão contra as três regras.

Quanto à reforma da casa, posso argumentar que não aceito a mudança na fachada que comprometeria o projeto arquitetônico da minha casa ( especialmente porque se trata de bairro novo ainda em fase de emplementação ), que não concordo com a extensão na parte de trás da casa, que produziria uma parede ( que vendo do meu jardim seria um muro ) com mais de 1.80 mt - que é o permitido por lei.

E daí tem uns truquezinhos mencionados pelo advogado da empresa, que também me deu conselhos. Eles iriam usar uns peixes que não são comprados na Europa, mas vem da Turquia. Eu posso pedir um relatório de impacto ambiental e riscos de contaminação de solo e meio ambiente, e vai custar dindin, o que torna o projeto mais difícil. E posso contratar um "taxateur", ou seja, um agente imobiliário que confirme que uma casa com uma pratijk ao lado tem mais dificuldade em ser vendida e portanto perde valor, e posso pedir uma indenização no valor mencionado pelo taxateur, o que também inviabilizaria o projeto.

Depois de tudo isso, eu acho que os vizinhos sabem que só conseguirão a licença se nós concordarmos, e por isso estão sendo mais cautelosos.

Agora só rezo para que eles entendam nossos motivos e desistam da história, porque não queremos ficar nessa briga legal, mas se for preciso, já decidimos que vamos até o fim pra evitar esse estorvo a 3 metros da porta da minha casa.

Wish me luck, povo.

quinta-feira, fevereiro 24

Quando a esmola é demais, o santo desconfia

Semana passada combinamos com o vizinho que já reformou o zolder de ver a reforma dele pra termos idéia do que fazer com o nosso zolder, já que nossas casas são praticamente idênticas.

Fomos recebidos super bem, fomos ao zolder, vimos as reformas, eles foram mostrando detalhe por detalhe, como fizeram a instalação elétrica, como fizeram o encanamento, e a certo momento eu pensei: peraí, esses vizinhos estão sendo legais demais da conta, aí tem! E logo me corrigi: eita, Adriana, mania brasileira de achar que quando a esmola é demais o santo desconfia…

E eles foram ficando mais e mais amistosos. Mostraram os quartos, fizeram cópia do desenho do zolder pra gente, mostraram a lareira na sala, e quando agradecemos para ir embora, eles insistiram muito para que sentássemos pra tomar um café, apesar de já ser quase 10 da noite.

Quando sentamos, they dropped the bomb: nós estamos querendo reformar a casa. Hmmm… Eu pensei, "a-ha, sabia que aí tinha coisa!".

Nossas garagens são lado a lado, eles querem aumentar 3 metros pra frente e 3 metros atrás, e colocar um consultório de terapia alternativa. A terapia, ó que coisa nojenta, é para pacientes de psoríase e outras doenças de pele, sentarem numa piscina com uns peixes comedores de carne humana, ficam lá uns 20 minutos, os peixes comem o problema na pele. Blé.

E eles vieram com mil estórias de que a gente pode aproveitar os muros novos e fazer um carport ( tetinho pra estacionar o carro ) na frente, que a gente ía até se beneficiar, bladiblá. Ficamos meio mudos, meio sem reação. Perguntei se eles íam atender só em horário comercial, e eles desconversaram.

O negócio todo é meio delicado, porque ninguém gosta de ter um consultório ao lado da sua casa, um monte de gente entrando e saindo, carros estacionados, mas não há como barrar o projeto do cara. E mesmo que houvesse, é arrumar encrenca com seu vizinho forever. O que eu quero é ao menos pedir pra ele extender a garagem 6 metros pra trás e não mudar a fachada da casa. E é claro a garantia que eles não vão operar aos finais de semana.

Eu não dormi muito essa noite, preocupada, e acho muito injusto que um vizinho nos faça ter que aguentar esse consultório numa casa que a gente ralou tanto pra comprar e que custou tão caro. Acho que teremos que procurar um agente imobiliário pra pedir conselho.

Mais um problema pra resolver.

terça-feira, fevereiro 22

Férias Gregas: a decisão.


Pensei no assunto.

Acho que o mundo vai acabar, o céu abrir e vai chover hamburguer que nem no filme, mas eu não me importo em mostrar as banhas pro colega de trabalho não. Depois de pensar melhor, fiz mentalmente meus "bullet points":

- Eu sou gorda de biquini, mas sou gorda de roupa também, logo, minha gordisse não é novidade. Roupas podem dar uma pequena disfarçadinha ótica, podem valorizar o que é mais bonito, mas fazer o gordo parecer magro, não faz… então… e pra falar a verdade, vou dizer aqui algo que me levou 35 anos de sofrimento, psicólogo, psiquiatra, remédios, costuração de estômago: cara, eu sou um pitéu! Um pitéu gordo, mas quem diz que só as esquálidas podem ser pitéu? Sou pitéu de casaco vermelhão, sou pitéu de legging e vestido, sou pitéu de vestidinho de praia. Pô cara, sou pitéu messssssmo. Olhem aí no espelho, vocês são pitéis também. Óquei, deve ter gente menos pitéu lendo, mas putamerda, vou ser mico de circo se eu deixar alguém me dizer que eu não sou um pitéu.

- Não tô a fim de socializar, mas o colega é legal, é mais velho, é um bom papo, um drinkezinho não vai matar ninguém, e de resto vou ser beeeem educada e deixar claro que estou em décima primeira lua-de-mel e quero privacidade. Polimento, certo Alice?

- A praia parece ser linda, a ilha parece ser linda, o hotel parece ser lindo, nada vai me separar de uma praia linda, um all-inclusive lindo, tudo regado a muito sol.

E é isso meu povo, dividirei minha pitéuzisse com o mundo, e irei pro resort na praia linda da ilha grega.

Amiga, conselho de graça ( aceito doações ). Se alguém te chamar de baranga, entra por um ouvido e sai pelo outro. Se você se sentir baranga, olhe no espelho e repita: pitéu, sou um pitéééééu. Se alguém te olhar com aquela cara: "tô te achando baranga", faça algum comentário "tô podendo", tipo "ainda bem que qualquer roupa cai bem em mim", ou "receber cantada é ótimo, mas já enjoei".

Sejamos pitéis.

segunda-feira, fevereiro 21

Perguntinha básica


Estou procurando o hotel pras férias de maio, duas semaninhas num all-inclusive. Depois de muito investigar, escolhi um hotel all-in novo em Kos. Eis que estamos no departamento conversando sobre as férias, e um dos colegas vai pra esse mesmo hotel, nos mesmos dias.

Agora pergunto: vocês encarariam ou escolheriam outro? Não tô a fim de circular de biquini na frente desse colega nem de socializar com ele. Ele é legalzinho, não "desgosto" deles, mas pô, mostrar as banhas pro colega de trabalho e tomar drinkezinho na piscina 2 semanas com ele não tá nos meus planos.

Conselhos?

quinta-feira, fevereiro 17

Força na peruca

É esse o lema de fevereiro, força na peruca.

Tá frio, muito frio. Chove pacas, visto que não está frio suficiente pra nevar. Até pra mim, que quebrou o inverno escapando o mês de dezembro inteiro, já tá difícil de aturar.

Mas pra gente teimosa, tinhosa e osso-duro-de-roer como eu, há sempre aquela esperançazinha de um março mais quentinho, e abril que tá logo aí.

Nessa época eu fico ranzinza total, e tenho que me controlar. Esse ano está particularmente difícil no trabalho, por conta do bendito do Old Fart. Esse homem tem o dom de me tirar do sério, e eu TENHO que sublimar a ira que se apossa de mim.

Ele fala ultra alta e dá aquelas risadas AHRA AHRA AHRA bem altas. Ele larga papel, copinho plástico, canetas pra tudo quanto é canto. E essa semana, novamente, espancou o telefone.

Olha, me digam se eu estou sendo uma idiota, mas eu estou me corroendo de me sentir culpada por ter ido falar com o diretor sobre os sumiços dele, sobre os esquecimentos dele, sobre a hora que ele enrola de manhã... ele tem o contrato de um ano, e eu fico pensando, tudo bem que eu quero vê-lo longe, mas ele tem família pra criar, filhos pequenos, hipoteca, contas... e tem 50 anos, já imaginou ficar sem emprego, a dificuldade que vai ser encontrar outro?

O pior é que ele não tem uma "segurançazinha" sequer. Aqui na Holanda, se alguém trabalha há vários anos na empresa e é mandado embora, ganha uma indenização proporcional ao tempo de empresa. Na época da crise eu fiquei me borrando de medo porque eu estava na empresa a menos de 1 ano, ganharia uma indenização mixinha. Já o marido estava a mais de 10, ía ganhar uma bolada.

Talvez em abril eu consiga ser mais generosa, ter mais paciência... mas enquanto abril não chega eu sofro duplamente, com as gargalhadas idiotas, a bagunça, os pitis infantis e outras cositas más do Old Fart, e depois com a minha consciência - que fica já imaginando as crianças dele com a canequinha de lata pedindo moedas na praça...

Acho que vou pra máquina de bronzear, viu... abril tá muito longe.

terça-feira, fevereiro 15

Caminhando contra o vento ( e chuva ) sem lenço sem documento ( mas com casacão e cachecol )

Hoje fui ao djapa com uma das comadres, djapa novo. Nossa, aproveitei pacas hoje, meu estomaguinho tava uma belezinha.

Saímos tardão do restaurante e o carro dela tava pra um lado e minha moteeenha pra outro. Passado das 10 da noite, escurão, e eu andando felizinha ( pança cheia ) pela rua... e aí eu tava pensando...

Eu babo nas fotos da Eliecy criando os filhos pertinho do mar, já pensou brincar com as crianças todos os dias nas ondinhas da praia?

Eu soooonho com o casarão com piscina do meu irmão.

Eu sinto faaaaalta da mani-pedi, frentista de posto, faxineira, empacotador do mercado, depilação quente e indolor, já falei da faxineira? Ah, a faxineira...

Mas nesse momento saindo do restaurante, nada disso, absolutamente nada, compensaria a maravilha que é andar de noite na rua sem medo de nada.

Acho que é instinto de preservação, ou é meio nóia minha - apesar de nunca ter sido assaltada eu morro de medo - mas de uma coisa eu sei, não tenho mais nervos de aço pra morar no Brasil...

A arte delicada de ser chefe de alguém


Eu já tive dois chefes feladapota, alguns fraquinhos e graças a Deus, a maioria foi gente legal.

Atualmente a chefe sou eu, jogada de páraquedas numa função que não existia na empresa, com um job-description que também não existia, e esse mês, 1 ano exato da promoção, ainda peno.

O mais difícil é você gerenciar seu grupo sem ser um ditador, é saber tudo que está se passando sem se intrometer demais no espaço profissional das pessoas que trabalham pra você.

No meu grupo eu tenho alguns desafios, o rapaz Bonitinho que quer aumento a qualquer custo e fica meio que chantageando, o Senhor Belga, com a qual estou me dando super bem - eu gerencio de leve e ele me mantem informada de leve, de forma que ambos estamos confortáveis um com o outro, e o Véio.

Eu participo do processo de avaliação e definição de aumento de salário do véio, eu decido a carga de trabalho, férias, cursos, mas o que eu queria ter poder pra mudar eu não tenho: se eu pudesse eu me livrava dele!!!

É muito difícil gerenciar alguém que você quer ver pela porta traseira da empresa… O Véio detesta ficar no escritório, foi vendedor mil anos, gosta de ficar batendo perna pra cima e pra baixo com carrinho da empresa, celular e laptop na mão, bem vendedor mesmo, mas ele escolher mudar para COMPRAS e o perfil do emprego e do profissional é diferente. Eu, compradora, não saio da empresa, sou eu que tenho a grana, portanto é o vendedor que tem que sair no frio e na chuva, pegar trânsito, gastar gasolina pra vir vender pra mim. Eu, compradora, não preciso estar acessível AO VENDEDOR 24 horas por dia, mas o vendedor tem que estar disponível pra arrumar as cagadas que certamente fará. E cabe a mim ficar o máximo possível no escritório pra resolver as cagadas que não só o vendedor vai fazer, mas que todos os outros departamentos farão. Porque trabalhar em compras é isso, é resolver as perrengas de todos os departamentos. E a razão é óbvia, somos nós que decidimos quem vai levar a grana da empresa, logo somos nós que temos que chantagear, digo, lidar educadamente, com profissionais de vendas, de logística, até equipe técnica dos fornecedores que a empresa contrata.

Mas então, o Véio. O Véio tem pulga na cueca, e se oferece pra ir a forcenedores, a empresas de engenharia, a todos os lugares que ele não precisa ir. Isso em si já me irrita. Pra piorar, ele some! Nós temos um relógio magnético na entrada, ali passamos o crachá e nossa entrada e saída é registrada. Se vamos sair a negócios, temos que entrar um código especial, assim o seguro é acionado a partir daquela data / horário, e é claro que esse dado também é usado pra saber do paradeiro da pessoa, e o que acontece com esse desinfeliz é que ele tem uma reunião na Bélgica de 1 hora, a gente normalmente participa por conference call, ele cata o carro ao meio-dia, a reunião é as 13, termina as 14, e o cara não volta! Nós vamos em média umas 6 vezes por ano à planta da Bélgica, esse cara foi 3 vezes nos últimos 10 dias! E não fala nada pra mim, ele aproveita que eu chego as 8:30 e vai as 8:00 falar pro big boss que PRECISA ir pra Bélgica.

Eu não aguento esse Véio, está me dando rugas, está me dando mau-humor. Estou aqui com os printouts dos horários dele, dos horários das reuniões dele, prontinha pra falar com o diretor, mas tenho que escolher ultra bem as palavras pra usar.

Se não fosse esse véio xexelento do caramba eu diria que é legal pacas ser chefe. É um rojão pra segurar, é politicagem que não acaba mais, é diretorzão te mandando e-mail, ligando, vindo na sua mesa o tempo todo, mas compensa as telinhas que não tenho mais que navegar no sistema, os relatoriozinhos que não tenho mais que fazer…

Ei, desculpa aí o post enorme, mas é que eu tô pelas tabelas com esse cara...


segunda-feira, fevereiro 14

Ok - tinha gente pior


Ok, my mistake, Gaga não era a pior, cês viram a Rihanna quando chegou?

Putz, o desespero pra aparecer…

Melancia no pescoço djá.

Taca pedra na Geni, digo, na Gaga


Ó, tá na hora de a gente se unir e boicotar aquele trem pra lá de desgovernado da Lady Gaga.

Pra mim ela já tinha passado o limite do mau gosto com a roupa de carne, agora com aquela coisa na cabeça ontem no Grammy… whadda f*ck?

Quem sentou atrás dela?

Se é pra ouvir uma dessas meninas novas, sou mais a Kate Perry ou a Rihanna, com cabelo do Ronald McDonald e tudo.

Agora fala sério, a mão não coçou pra estar perto daquele tapete vermelho com um estilingue na mão? Uma pedrinha só e eu já ia estar feliz.

Aí o manager dela diz: Lady Gaga está vestida de Ovo, porque ela está gestando uma nova raça, cujo DNA não possui a habilidade de odiar… Whadda f*ck de novo?

Eu devia mudar o título desse post pra Whadda f*ck.

Ovo, Lady Gaga? Ovo é o que a gente devia tacar em você quando você faz essas cagadas. E é claaaaro que alguns idiotas vão aplaudir, dizer que ela é revolucionária, inovadora, vão fazer análise arquitetônica fashionista do modelito e dizer que é fantástico, mas credo, me deu até mal estar.

E pensar que a mãe da gente achava que pra aparecer a gente tinha que colocar melancia no pescoço…

domingo, fevereiro 13

O emburrecimento geral da nação

Há um ano li o livro Hunger Games, e gostei tanto que não só li seguidinho a continuação Catching Fire, como fiquei ansiosa esperando a publicação do livro final da trilogia, Mockingjay.

Hoje eu quis enviar pra minha prima o livro, e acreditem, achei em português, se chama Jogos Vorazes.

Aqui na Holanda, cada livro custa €9,90 e eu acho um absurdo, visto que nos EUA você acha por US$ 7, mas vá lá, dez eurecas não mata ninguém. Mas no Brasil, pasmem, custa R$48 !!!!

Taqueo, gente, assim não dá. Bibliotecas pra pegar emprestado, sucateadas, ebook pra baixar de graça da net, os olhos da cara, faz como pra esse povo ler? Eu APOSTO que o livro da Surfistinha se acha por 10 mangos na banca de jornal, ou não?

Taqueo taqueo taqueo, povo.

sexta-feira, fevereiro 11

Down doo bee doo down down...


Às vezes eu tenho inveja daquelas pessoas simples, felizinhas o tempo todo, que querem da vida a casinha branca de varanda só pra ver o sol nascer, que aceitam o que a vida lhes dá sem grandes questionamentos. Invejo quem acorda, lava a louça, água os vasos da varanda, faz um bolo pro café da tarde, e se diverte com a sessão da tarde.

Eu sou e sempre fui uma montanha russa emocional. E sempre rezando para que os altos compensem os baixos. Mas num baixo muito baixo, quando o carrinho estava arriando só de ver a subida, eu respirava fundo, chamava uma amiga do peito pra uma passeadinha pela praia ( SBC fica a 45 minutos de São Vicente, Santos e Praia Grande, uns 75 minutos do Guarujá ), ou pegava uma das crianças e ía pro Hopi Hari, quando o negócio tava brabo eu ía pra alguma reunião da Seicho-no-ie com a minha tia…

Hoje eu estou down. Estou precisando de algum conforto. Estou precisando de um dia ensolarado pra eu sair de camiseta e sandália, o calorzinho do sol na pele, estou precisando ir pro Hopi Hari com a Thalita assistir o show do CanCan e almoçar a picanha do restaurante perto da Torre Eiffel.

Hoje eu tô precisando tudo o que eu não posso ter.

Quem tá no Brasil acha que uma brasileira que casou com um Holandês bonitinho, que mora na Europa, que tem um bom emprego, casa legal, viaja bastante, não tem motivo pra acordar com o pé esquerdo. Mas a verdade é que não importa quantas coisas legais você tenha, tem sempre aquele dia em que nada te alegra, e daí você está aqui e tudo o que você quer está lá, longe, indisponível. Toda a forma de conforto que você conhece não se aplica.

Eu queria o sol, mesmo que fosse aquele fraquinho e gelado de fevereiro, mas está nublado e garoando. Eu queria ir pro Efteling ( parque de diversões maravilhoso aqui da Holanda ) mas além do tempo merda, eu não teria a Thalita comigo - nem os sobrinhos - nem ninguém, praia só se for uma congelante, cinza e pouco atrativa aqui do mar do norte.

Então resta-me esquentar-me com um cházinho ( que não é Mate Leão ), trabalhar, e quem sabe se a chuva parar, ir pro cinema mais tarde, me afogar na pipoca com Coca-Cola assistindo qualquer coisa legal?

Bom fim-de-semana, e você que está em algum lugar onde o sol brilha, perto da sua família, seja grato, muito grato.



quarta-feira, fevereiro 9

Greitéss lofofal

Tô chocadésima. Campeã mundial de embarangação. Bateu a Gretchen,a Sheila Carvalho e pode botar nome na roda que eu duvido que tenha embarangado mais que essa aí.

O melhor é ela falando da nova música, o remake de GREITÉSS LOFOFAL. Sem querer desfazer do modelito, que também vale menção honrosa.

segunda-feira, fevereiro 7

Se conselho fosse bom a gente vendia, né não?

No meu primeiro emprego, empresa internacional com poucos holandeses, estranhei a assistente do grupo ter recusado uma promoção porque queria engravidar em 2 anos e queria continuar no trabalho "simplezinho" porque não queria fazer carreira, queria ser mãe. Meses depois fiquei pasma com a moça que nem quis sair com um rapaz super legal da empresa porque ele "jamais terá condições de sustentar a esposa, e eu quero me dedicar aos filhos". Minhas colegas, uma americana e outra ucraniana, também ficaram de boca aberta, "esse povo é muito corpo mole e a mulherada pra lá de retrógrada" - concordamos as três.

Hoje um rapaz do grupo ao lado veio me pedir um conselho. Versão curtinha do "causo" dele.

Ele namorava a 2 meses com uma moça, ambos tinham 23 anos, quando ela engravidou. Decidiram ir morar juntos e ter o bebê. Ele estava se formando, e entrou aqui na empresa com salário super inicial. Só com o salário dele não dava para os dois viverem, e foi aí que os problemas dele começaram. Ela não quer de forma nenhuma trabalhar, ela quer ficar em casa e cuidar da filha. O salário dele foi melhorando, compraram uma casa, um carrinho, mas ela ainda tem que trabalhar, senão não dá. Ele diz que não há um dia em que eles não briguem porque ela joga na cara dele que ela tem que cuidar da filha "mais de perto" e que ele TEM QUE, de qualquer forma, fazer mais grana pra bancar a vontade dela. Ano passado a filha começou na escolinha, e ele pensou que a cobrança fosse abrandar, já que a menina passa a manhã inteira na escola, mas piorou, porque agora, se sentindo menos "necessária" mas ainda sem vontade de trabalhar, ela quer um segundo filho.

No ano passado ela teve um acidente de carro, nada muito sério, mas ela quer convencer o governo ( e o resto das pessoas ) que ela passou a ter dores de coluna insuportáveis e que não pode mais trabalhar. Claro que pediram mil exames, os médicos não acharam nada de errado, não aprovaram o pedido. Mas imaginem, a moça, aos 27 anos, queria ser aposentada por incapacidade física.

E qual é o conselho que o rapaz me pediu? Segundo ele, a solução pro problema dele seria conseguir ser enviado como expatriado pro Brasil. Assim ele alugaria a casa dele aqui e o aluguel pagaria a prestação, a empresa pagaria o aluguel de uma casa lá no Brasil, daria carro, além do salário dele haveria ainda a verba diária para alimentação e gastos pessoais, e uma compensação pela esposa tão trabalhadora ter que largar o trabalho. Com isso tudo a esposa poderia parar de trabalhar, eles poderiam ter o segundo filho, e ele acha que voltaria para a Holanda depois dos 5 anos do contrato com uma promoção. A pergunta: o que você acha, Adriana?

E eu ali, de boca aberta. Primeiro pela "espertisse" do cara, e eu achava que era só brasileiro que queria levar vantagem em tudo. Segundo, a "sustentação de esposa" seria para o resto da vida, porque depois de 5 anos sem trabalhar, com dois filhos, ela não ia querer neeeeem saber de pegar no batente quando voltasse pra Holanda, e teriam que viver sem os benefícios de um expatriados. E terceiro, é que loucura é essa de querer mudar de país assim sem nunca ter visitado o Brasil? Convenhamos que o Brasil não é a coisa mais fácil de se acostumar, especialmente para um Holandês do interiorrrr como ele, considerando-se aí que não se sabe nem onde a fábrica será.

Minha vontade era falar pro cara rever a relação dele, que segundo ele é "um tormento", mas em briga de marido e mulher não se mete a colher, né? Então eu só disse que eu, se fosse ele,  tentaria dar um jeito de ser incluído em uma dessas viagens de visita a fornecedor pra, pelo menos, ter uma idéia do que o país é, mesmo que essa idéia seja uma ínfima idéia.

Depois a estranha sou eu.

domingo, fevereiro 6

Presentinhos

Hoje era domingo de compras em Eindhoven, e essa que vos fala enfrentou multidão e mini-furacão para comprar um presente de aniversário.

Amanhã é aniversário do Senho Legal do meu grupo. Ele me ajudou tanto antes das férias, cobriu minhas férias todas como nunca ninguém fez ( cheguei e ao invés de empurrar com a barriga, ele resolveu váááários dos pepinaços que apareceram ), e até agora está lá ralando pra caramba.

Isso sem falar que quando eu estava desesperada com a neve que caia e eu sem poder ir buscar o laptop da minha sobrinha ele pegou o carro e me levou, que se ofereceu pra ir comigo no mecânico levar o Sponge Bob. Ele é legal mesmo.

Como ele está comendo muita salada pro conta de um episódio de pressão alta, achei legal ir na Oil e Vinegar comprar uma caixa com livreto e várias coisinhas de salada.

Para quem não conhece essa loja, vale a pena dar um pulinho, é uma loucura! Você pode comprar vários tipos de azeite de primeiríssima qualidade, azeites saborizados, vinagres especiais ( eu experimente só hoje o vinagre de morango ), sais, molhos, marinadas, dips, pastas, e até ingredientes para fazer doces e bolos.

Sexta-feira eu estava meio insegura, devo comprar um presente pro colega, afinal eu nunca comprei pra outros e nem vou comprar. Será que o povo vai achar estranho? Mas na sexta-feira fui jantar com as colegas do escritório e quando eu expliquei que eu queria comprar um presente pra agradecer o apoio, elas acharam legal.

Sabem, cheguei à conclusão que aqui na Holanda, apesar deles serem meio durões e distantes, se a intenção é boa, não faz mal que você dê uma renovada nos costumes do grupo. Contanto que você não fique lá 15 minutos falando das suas glórias no time de iatismo e presenteie uma camiseta usada.

Então povo, é isso. Vamos lá começar a semana com o pé direito. Sabem que apesar dos perrengues eternos no trabalho, eu até que vou dormir felizinha no Domingo?

Boa segunda pra todos nós!

sábado, fevereiro 5

Que diliça...

Gente, ó que diliça de performance! Eu adoro os dois, e a música caiu como uma luva pra mim...

sexta-feira, fevereiro 4

Minúsculo, muito pequeno, pequeno


Eu adoro a frase da Marcia Lino: aqui no Brasil tem 3 tamanhos de roupa, minúsculo - muito pequeno - pequeno.

Ontem eu acompanhava na internet uma discussão sobre o constante encolhimento do tamanho das roupas. É claro que nós, pessoas mais robustas, achamos que é pura sacanagem pro nosso lado, mas o comentário de um moço lá me fez pensar que até nisso, como sempre, o fator econômico é o vilão.

Aparentemente o tamanho mínimo e máximo de cada numero foi regulamentado. Ou seja, tiraram uma média dos tamanhos 42 ( por exemplo ), disseram que o 42 máximo pode ser 10% maior e o mínimo 10% menor. Aí, os produtores produzem no limite do mínimo pra economizar tecido e assim diminuir os custos. Eu quero acreditar que a maioria vai ver que o numero 42 está apertado e vai comprar o 44 e como o preço não muda, vai levar o tanto certo de pano pra casa, mas vocês duvidam que muita gente vai se apertar no mesmo 42 só pra não passar o vexame de aumentar um número? E aí o comerciante sai ganhando, né?

Outro lá dizia que há também a questão das roupas chinesas, que são importadas e como os chineses são pequenos as roupas são também menores que os padrões brasileiros. Um outro rapaz disse que a filha de 3 anos usa tamanho de roupa chinesa 10 anos. Bom, eu só diria uma coisa, não compra roupa chinesa ué!

E uma moça lá escreve que estava toda feliz porque foi convidada a ir pro RJ tomar um solzinho na praia com a família, mas quando tentou achar um biquini, nenhum servia. Ela, com manequim 44 não entrava no GG dos tamanhos populares, e os mais sofisticados, que tem uma numeração mais abrangente e aparentemente oferece também biquinis mais recatados, eram caros demais. Nisso eu concordo, vi biquinis lindos no Brasil, Água Doce por 220 reais, outras marcas por até mais! E daí uma outra reflete: é que nós mulheres não temos o direito de nos preservar, de simplesmente irmos à praia para aproveitar o sol e mar com a família, temos que mostrar o corpo, temos que nos expor aos olhares famintos da homarada. E aí eu lembrei duma brasileira morando no exterior que escreveu como era maravilhoso estar na praia com o biquinhinho vermelho dela, pequeno e charmoso, enquanto a Alemã passava com um enorme biquini de flores amarelas. Ela terminava o post toda pimpona se gabando dos olhares que o marido da tal alemã lançou a ela. E daí eu pensei: 1) pelo menos a Alemã tem a escolha de usar um biquini conservador ou comprar um fio dental francês e fazer topless, enquanto no Brasil quem quer se proteger um pouco não tem como. 2) Aposto que o alemão olhou pra brasileira do biquininho minúsculo e pensou: nossa, que mulher inteligente… e-hém…

Acho que as brasileiras deveriam, além de reclamar publicamente, criar circulos de amigas que pedem roupas pela internet em sites internacionais. Conheço que já tenha peças de uma marca e compre sempre online peças novas, e que caso não sirva, repasse para amigas e até tem quem venda nos ebays da vida. Acho digno.

Eu, de minha parte, digo: aqui na Holanda tem tantos biquinis e tanquinis pras mais cheinhas, que todo ano é um dilema encontrar um bom, e ó, o mais caro ( da Esprit ) é 49 euros. Talvez eu devesse começar uma empresa de exportar roupas de bom tamanho pro Brasil.


quinta-feira, fevereiro 3

A Magali dançando, literalmente!

Quando todo mundo começou a falar desse video eu achei que fosse alguma mulher fruta, mas é a Magali mesmo. Rachei de rir, coloque no minuto 4:05!



E de tão famosa, ela foi parar no Fantástico!



Lá na empresa os executivos estão assistindo uma série belga toda esdrúxula para "entender os brasileiros". Háhahaha, vou mandar esse video pra eles.

Amora, laranja, maçã


Old man decides it is time to hit heavens when he hears his grandchild:
- Ann, I tried to call you on your birthday but my blackberry was acting funny, took me hours to figure out the problem was actually with Orange. When I finally decided to send you a message, that stupid Apple crashed!

Ano passado eu fui promovida junto com outros 3 colegas. Um deles, o do menor departamento, é bem jovem, tem uns 28 anos. A empresa é super sovina com equipamento, então nos surpreendemos quando nos foi oferecida a opção de solicitar um Blackberry. Dos quatro só o Bebê aceitou, e ficou todo pimpão mostrando pro mundo quando o aparelhinho chegou, deixa bem no meio da mesa dele, só falta sair chacoalhando o bicho pelos corredores gritando "Sou gerente, sou gerente".

Os três véios ( eu inclusa ) pensamos nas ligações às 9 da noite, na expectativa que chequemos nossos e-mails no domingo à tarde, no chefe te ligando durante suas férias. E por isso dissemos "não, obrigada". E outras 3 vezes nas reuniões de staff repetimos o "não, obrigada". Até que chegou ontem, sem a gente saber, uma cartinha da Vodafone "parabéns, em 10 dias você receberá seu Blackberry XYZ com seu sim card da Vodafone, abaixo instruções de como ativar sua conta". Ahn?

Abri o e-mail pra ver se tinha algum e-mail esclarecedor e havia apenas um link para o código de conduta da empresa relativo ao uso de Blackberries. Algo assim:

Você está recebendo um blackberry porque você foi classificado como "funcionário com cargo-chave" na empresa. ( ó a massageação de ego, lá vem bomba ). É esperado desses funcionários com cargo-chave uma disponibilidade maior fora do horário de trabalho. Por favor observe as diretrizes:

- Fora do horário de escritório, o equipamento pode ser colocado no modo vibracall mas não deve ser desligado ( incluindo sábados, domingos e feriados )

- É esperado que o funcionário, antes de dormir, verifique se ligações foram perdidas ( incluindo sábados, domingos e feriados )

- É esperado que o funcionário, antes de dormir, verifique se e-mails urgentes foram enviados ( incluindo sábados, domingos e feriados )

- Seu telefone fixo deve ser direcionado para o seu Blackberry quando você estiver ausente da sua mesa
- Ligações dentro do território nacional, mesmo que particulares, são permitidas, mas em roaming, ligações particulares não são permitidas ( viajo a trabalho para o afeganistão e não posso ligar para o marido )

Resumindo: lará lará, Adriana virou a Escrava Isaura.

Sem falar que fora da empresa tenho que carregar, além do meu telefone que já é bem grandinho, o tal Amora-preta. Durante o dia, tenho que carregar o bendito Amora-preta, e não pode ser no bolso porque meus culotes já são avantajados, vou parecer uma tanajura com o tal no bolso. Hoje, quando eu estou fora da minha mesa eu deixo meu dect ali e a secretária responde e anota os recados, com esse Amora-preta-do-caramba a mordomia se foi. Já tenho meu smartphone há 5 meses e ainda não sei todos os truques do bicho, quanto tempo vai demorar pra eu aprender os do Amora-Preta?

Pessoas, tô me sentindo que nem aqueles presidiários americanos que cumprem pena em casa e tem que usar aqueles braceletes no tornozelo.

Blé, isso tudo é muito blé.

terça-feira, fevereiro 1

Mensen met een zachte 'g'


Não tendo família holandesa, meu contato com os holandeses se faz no trabalho.

Meu primeiro emprego era em Amsterdam mas a maioria dos meus colegas não era holandês.

No segundo, trabalhava numa salinha fechada com 1 colega, a ex-grávida e demorou, mas nos tornamos boas colegas.

Aqui no emprego atual, não só o grupo é maior, como estou a mais tempo, e agora que gerencio um time, tenho mais contato ainda.

Se vocês olharem no mapa, verão que Eindhoven fica ao sul do país, na província de Noord Brabant. Como estamos bem próximo da província de Limburg, temos muito contato com gente que mora lá e vem trabalhar aqui, ou que nasceu lá e veio pra Eindhoven, enfim, a maioria é de "sulistas".

Dr. Alice disse que Brabant é a Minas Gerais da Holanda, valendo-me da comparação, Limburg seria a Bahia ( ou o interior de Minas? ). Estamos aqui no caipirolândia, ou como diz o resto do país, in het land van de boeren, na terra dos sitiantes. Eindhoven é a quinta maior cidade da Holanda e é o maior centro econômico da região, mas comparada com São Bernardo ( que é minúscula perto de São Paulo Capital ) é um pum. Um pum verdinho e organizado, é verdade, mas um pum. Eindhoven não tem um centro histórico com Den Bosch, não tem canais como Breda ( outras cidades de Noord Brabant ), mas compensamos com bastante verde. São ciclovias no meio das florestinhas, em Nuenen, aqui do lado, tem o festival anual dos jardineiros, a avenida que liga a A2 ( principal rodovia ) ao centro da cidade é toda arborizada. A maioria dos holandeses acha Eindhoven horrorosa, mas eu, paulistana, na primeira vez que vim pra cá, achei tudo bonito demais.

Mas o que eu queria falar mesmo é dos meus colegas caipiras. No nosso grupo temos um belga, um chinês e um Haiano ( quem vem de Den Haag, ou Haia ). O resto são brabantianos e limburguenses ( uau, ó que show minha abrasileiração/tradução ). Enquanto uma das comadres fala da metidês de vários colegas de regiões mais "nobres" do país, eu vos digo: meus colegas são responsáveis pela minha recém adquirida vontade de ser boazinha e me integrar nessa terra!

Meus colegas caipiras são muito legais. A maioria não vem de família rica, pelo contrário, um é filho de padeiros, outro é filho de um sitiante de aspargos, são jovens que foram à escola e à faculdade / universidade como qualquer outro holandês, mas tiveram seu empreguinho de férias pra ganhar uma graninha, quando crianças tinham brinquedos mas não era aquele exagero de ter tudo o que aparece na TV, íam ( e ainda vão ) de férias para campings, stacaravans ou hotéis mais simples.

Esses colegas dão muito valor a construir uma família, e mesmo os mais jovens já moram com as namoradas, estão pensando em casar. A maioria começou a namorar na faculdade, e enquanto no Brasil a maioria dos homens se extende cada vez mais na esbórnia da vida de solteiro ( ou é o que minhas amigas solteiras no Brasil me dizem ), aqui os jovens de 26/27 já estão comprando sua primeira casa com a namorada.

Mas o que eu acho mais legal é que não são afetados, não ficam exibindo seus carrões, não são obcecados por roupinhas Hugo Boss. Eles são super prestativos, por exemplo, no dia que eu tinha que buscar o netbook da minha sobrinha nevou e um deles me levou de carro até a loja na hora do almoço. A grande maioria vem de bicicleta, eu fico ouvindo uma das comadres que trabalha na multinacional famosa de Rotterdam e penso: será que os colegas dela vem de bike pro trabalho? Aqui, se não está frio, até meu diretor vem de bicicleta!

Eu, com tão pequena amostragem, não posso dizer que os caipiras holandeses são mais legais que os ratos de cidade, mas adivinhem quem é o "Haiano"? O véio insuportável. Todo esnobe, todo metido, todo "I'm too sexy for my shirt, so sexy it hurts". Os colegas caipiras dizem que o povo de Den Haag é assim mesmo, metido, como o véio é o primeiro que eu conheço, não posso concordar nem discordar, só sei de uma coisa: tô feliz de tar na caipirolândia.

E como diria o cantor Guus Meeuwis ( o Daniel - eu acho - de Holanda ):

… E eu ando sozinho aqui numa cidade quieta demais
Eu nunca tive problemas de nostalgia
Mas as pessoas estão dormindo e o mundo se fecha
E então eu penso em Brabant, onde as luzes ainda estão acesas…

Aqui eu sinto falta do aconchego dum barzinho de cidade pequena
Do sotaque das pessoas com um g suave
Eu sinto falta até do papo furado...