terça-feira, fevereiro 15

A arte delicada de ser chefe de alguém


Eu já tive dois chefes feladapota, alguns fraquinhos e graças a Deus, a maioria foi gente legal.

Atualmente a chefe sou eu, jogada de páraquedas numa função que não existia na empresa, com um job-description que também não existia, e esse mês, 1 ano exato da promoção, ainda peno.

O mais difícil é você gerenciar seu grupo sem ser um ditador, é saber tudo que está se passando sem se intrometer demais no espaço profissional das pessoas que trabalham pra você.

No meu grupo eu tenho alguns desafios, o rapaz Bonitinho que quer aumento a qualquer custo e fica meio que chantageando, o Senhor Belga, com a qual estou me dando super bem - eu gerencio de leve e ele me mantem informada de leve, de forma que ambos estamos confortáveis um com o outro, e o Véio.

Eu participo do processo de avaliação e definição de aumento de salário do véio, eu decido a carga de trabalho, férias, cursos, mas o que eu queria ter poder pra mudar eu não tenho: se eu pudesse eu me livrava dele!!!

É muito difícil gerenciar alguém que você quer ver pela porta traseira da empresa… O Véio detesta ficar no escritório, foi vendedor mil anos, gosta de ficar batendo perna pra cima e pra baixo com carrinho da empresa, celular e laptop na mão, bem vendedor mesmo, mas ele escolher mudar para COMPRAS e o perfil do emprego e do profissional é diferente. Eu, compradora, não saio da empresa, sou eu que tenho a grana, portanto é o vendedor que tem que sair no frio e na chuva, pegar trânsito, gastar gasolina pra vir vender pra mim. Eu, compradora, não preciso estar acessível AO VENDEDOR 24 horas por dia, mas o vendedor tem que estar disponível pra arrumar as cagadas que certamente fará. E cabe a mim ficar o máximo possível no escritório pra resolver as cagadas que não só o vendedor vai fazer, mas que todos os outros departamentos farão. Porque trabalhar em compras é isso, é resolver as perrengas de todos os departamentos. E a razão é óbvia, somos nós que decidimos quem vai levar a grana da empresa, logo somos nós que temos que chantagear, digo, lidar educadamente, com profissionais de vendas, de logística, até equipe técnica dos fornecedores que a empresa contrata.

Mas então, o Véio. O Véio tem pulga na cueca, e se oferece pra ir a forcenedores, a empresas de engenharia, a todos os lugares que ele não precisa ir. Isso em si já me irrita. Pra piorar, ele some! Nós temos um relógio magnético na entrada, ali passamos o crachá e nossa entrada e saída é registrada. Se vamos sair a negócios, temos que entrar um código especial, assim o seguro é acionado a partir daquela data / horário, e é claro que esse dado também é usado pra saber do paradeiro da pessoa, e o que acontece com esse desinfeliz é que ele tem uma reunião na Bélgica de 1 hora, a gente normalmente participa por conference call, ele cata o carro ao meio-dia, a reunião é as 13, termina as 14, e o cara não volta! Nós vamos em média umas 6 vezes por ano à planta da Bélgica, esse cara foi 3 vezes nos últimos 10 dias! E não fala nada pra mim, ele aproveita que eu chego as 8:30 e vai as 8:00 falar pro big boss que PRECISA ir pra Bélgica.

Eu não aguento esse Véio, está me dando rugas, está me dando mau-humor. Estou aqui com os printouts dos horários dele, dos horários das reuniões dele, prontinha pra falar com o diretor, mas tenho que escolher ultra bem as palavras pra usar.

Se não fosse esse véio xexelento do caramba eu diria que é legal pacas ser chefe. É um rojão pra segurar, é politicagem que não acaba mais, é diretorzão te mandando e-mail, ligando, vindo na sua mesa o tempo todo, mas compensa as telinhas que não tenho mais que navegar no sistema, os relatoriozinhos que não tenho mais que fazer…

Ei, desculpa aí o post enorme, mas é que eu tô pelas tabelas com esse cara...


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