domingo, agosto 31

Ai, a vida...

A vida é um eterno adaptar-se, querer e desquerer, se feliz e minutos depois não mais ser para sê-lo novamente num piscar de olhos... ai ai ai...

Me perguntam se sou feliz. Nunca e o tempo todo. Tem sempre uma felicidadezinha me empurrando e um descontentamento me incomodando. Tenho muito e quero mais, mas sou feliz com o que eu tenho e volta-e-meia me pego pensando que se ficar onde está, já tá bom. Vai entender...

Nossa vida aqui em casa está um tumulto. Vão entregar a casa um mês antes do esperado. Para o Bart, que é uma criatura mais simples do que eu, o stress é um stress plano, é aquele stress de ter que fazer muito em pouco tempo, ter que tomar muitas decisões importantes, coisa simples :o)

Pra mim, além de tudo isso, é me questionar se vale a pena tanto esforço, tanto stress, tanto dinheiro numa casa, que no fim serve primáriamente para te proteger do frio da rua. Mas aí, vem aquela filosofia barata toda que sua casa é seu oásis, que é onde você passa sei lá quanto tempo da sua vida, que é onde você tem que recarregar as baterias... Ah, sei lá viu...

Segunda e quarta teremos mais 3 visitantes. Jurei para mim mesma que não vou enlouquecer como fiz na semana passada. Estou de parabéns, a casa está lindinha, e eu não sofri. Verdade que já estava tudo mais ou menos no jeito desde as fotos e as visitas anteriores, mas "entronizei" que não vai ser meu ferro de passar roupa na prateleira do zolder ao invés de escondido numa gaveta que vai impedir a venda da casa.

Sábado eu estava tãoo estressada, cansada, desanimada, que aproveitei o sol e fui dar muitos rolés de moteeenha, levei uma toalha de praia e me espronchei num parque onde além de ler meu "A thousand splendid suns", tirei até uma soneca, corpo no sol, cara na sombrinha de uma árvore.

E ali naquele instante eu até esqueci que descontinuaram o móvel do banheiro que tínhamos escolhido, que ainda temos que comprar cozinha e eletrodomésticos, que vivemos brigando por cortinhas... Naquele momento só o calorzinho do sol importava.

E que venha o inverno, já disseram que esse foi o último findi do verão. Ai ai, fazer o que, né? O jeito é começar a mexer meus pausinhos pra ir pro Brasil.

sábado, agosto 30

Inveja, eu?

Olhando no dicionário, lê-se que inveja é querer para si algo de outrem. Ou seja, ter inveja é mau, muito mau. Tem o povo que fala "invejinha boa", não existe, é que nem subir pra baixo. Então...

Então que eu não tenho a palavra pra descrever o que vou descrever aqui, mas rumbora.

Eu sei que tem gente que lê esse blog e, mesmo sem inveja, pensa que gostaria de ter meu emprego, ou fazer minhas viagens. Não que elas não queiram que eu viaje, mas queriam viajar também. Assim como eu abro blogs com foteeenhas e penso, olha que corpo legalzinho o da fulana - isso não quer dizer que eu deseje que ela embarangue e que eu amanheça magrinha e tonificada. Entenderam?

Como eu já cansei de dizer aqui, não fui talhada para a vida de dona-de-casa. É para mim uma vida meio limitada, cheia de tudo o que eu mais detesto ( lavar, passar, arrumar, limpar ), mas... e sempre tem um mas... como eu queria poder acordar sem despertador, ficar um tempinho a mais na cama, nos dias frios e chuvosos simplesmente me enfiar no sofá debaixo de uma coberta. Sinceramente, eu ía virar uma planta, pois minha tendência ao ócio é indescritível, mas isso não me impede de querer "esse pequeno detalhe da vida de uma dona de casa". Ah, sonhos sonhos e sonhos.

Ía contar aqui uma longa história das maluquices do meu diretor executivo, chefe do meu chefe, mas sinceramente... who cares? Esse povo é tudo maluco, e acho que se esbudegam de trabalhar para chegar nesse nível e serem pagos pra fazer maluquice. Só sei que apesar de felicíssima com a nova empresa e o novo cargo, estou o pó.

E pra adicionar, é geladeira que não é vendida via internet, é móvel de banheiro que saiu de linha, é empresa de mudança que quer saber porque seu endereço não consta no mapa da cidade...

Donas-de-casa: acordem todos os dias e beijem o travesseiro e os lençóis, e agradeçam a Deus poderem tirar aquela sonequinha na tarde chuvosa. E alguém por favor me lembre, porque era mesmo que eu achava trabalhar fora tão legal???

Óquei, vou dormir, porque é sábado e amanhã não tem despertador. Estou feliz!

quinta-feira, agosto 28

Bando de Gambás

Você acorda, mesmo desmaiando de sono toma seu banhinho com sabonete líquido da Johnsons, lava seu cabelinho com Kerastase - o shampoo mais cheiroso do mundo, passa seu desodorantezinho sem cheiro, seca os cabelos e completa com serum também da Kerastase, coloca roupas limpinhas cheirando a Omo, completa tudo com uma leve esguichadinda ( leve mesmo ) de Armani, e vai toda pimpona pro trabalho.

Aí você chega na reunião importante e tem 1, unzinho, fedorento, que não tomou banho hoje, que não lavou as roupas, cujos cabelos estão oleosos. E você tem que aguentar 1 hora naquela sala fechada com aquele gambá. Sinceramente, viu... A reunião era em Holandês, a dor de cabeça se instalou depois de 2 minutos de aspiração de catinga e agora estou aqui, morta-viva, com a mesa transbordando de pepinos e com dor de cabeça intergalática, como diria a Paca.

Tudo bem que no Brasil eu não tomava ônibus lotado, já ouvi que é o rascunho do inferno, e também trabalhava com quem não pegava ônibus, mas aqui também não trabalho com nenhum coitadinho que não tem dinheiro pra um rexona e um chuveiro de manhã. Os homens brasileiros nesse ponto dão de mil a zero nos holandeses, eu cansava de suspirar pelos perfumes dos meus colegas. Homem feio perfumado fica até bonito. Afiiii

E o povo lá no Brasil achando que europeu é tudo cheiroso. Ha ha ha. Aliás, como brasileiro tem dom pra ser deslumbrado com Europa, é até engraçado. Neguinho morava pras bandas de cá e tudo era péssimo, o povo feio, a cidade uma b****, todo mundo mal educado... aí neguinho volta dois anos depois a turismo e acha tudo lindo, maravilhoso, squeaky clean. Quem era feio ficou bonito, a cidade que era uma b**** agora é atração turística, a comida que era sem gosto agora é gourmet... Só rindo. Aliás, é até bonitinho pra falar a verdade, me faz lembrar do começo, quando eu ( e a maioria de todos nós, macacos velhos ) também vivia sorrindo encantada com as velhinhas de rolator e as florzinhas do jardim... Pena que passa. One thought comes to my mind: the beauty is in the eye of the beholder...

Deixe-me ir engolir um enorme Ibuprofen que tenho que ficar boazinha num segundo. Mas minha vontade mesmo era ir pra casa, pro meu quarto bem escuro, e deixar a dor ir-se embora.

quarta-feira, agosto 27

Curtas nem tão curtas

Caramba, como o mundo é pequeno. Ainda mais o mundinho profissional de compras na Holanda. A empresa está pagando 1500 eurecas pro funcionário que apresentar um amigo que seja contratado para uma das vagas abertas. Adivinha quem veio fazer entrevista sexta-feira, com o meu diretor? A chinesa! Eu me torturei pensando no que fazer, até gosto e me dou bem com ela fora do ambiente de trabalho, mantivemos contato, nos falamos e trocamos e-mail, mas trabalhar junto de novo... Na dúvida, fui falar com o meu mentor, ele me aconselhou a falar com ela, explicar porquê eu não acho a vaga boa para ela. Começar por onde? Chinesa, você só quer viajar e o cargo requer pouquíssimas viagens? Chinesa, a vaga é super operacional e você "se acha" a deusa compradorística? Chinesa, só trabalhamos de terninho e você só usa cargo-pants? Bom, disse tudo isso a ela. E lavei minhas mãos. Lavei. O cara do RH sabe que eu a conheço, meu diretor agora sabe que eu a conheço, e não vieram pedir minha opinião, então eu vou é ficar na minha. E as chances são pequenas, ela pediu um salário estratosférico.

*

Terminamos ontem o cálculo da minha cozinha. Jesus. JESUS. J E S U S. A parte mais barata são os móveis em si, acreditem se quiser. Escolhemos Ikea porque achamos bonita, mas também pelo preço, que nos daria mais folga pra investir nos eletrodoméstico, mas sinceramente, viu! Disse investimento, porque serão pro resto da vida, pelo preço que custam. Hoje tem de tudo, e eu escolhi não por beleza, mas porque facilitarão minha vida. O "sugador de ar" é de ultra capacidade, 730 m3 - nunca mais terei armários gordurentos, e o filtro é de metal lavável, nunca precisará trocar, é só lavar de vez em quando. A geladeira tem nofrost e compartimento vitafresh, o que me permitirá ir ao supermercado apenas uma vez por semana, pois conserva saladas por até 10 dias, carnes por até 2 vezes mais que o tempo indicado. O microondas não tem prato giratório, é o motor que gira, eu poderei usar formas maiores, e é "auto limpante". A lavalouça é super econômica, e no modo biológico usa apenas 12 litros de água. O fogão é aquele lindão da Smeg, gas-gas, o que é mais econômico e me libera um "grupo elétrico" para mais tarde eu comprar um forno a vapor. E lá vai tutu...

Os tampos, escolhemos de granito, fácil de limpar e o principal: não risca, está sempre bonito. Mas tudo que envolve o granito é uma fortuna: o serviço de medir e montar é 500 tutus, temos que comprar 4,8 mt da pedra em si, a 300 tutus por metro. Cada recorte tem que pagar, como vamos ter fogão e geladeira não embutidos temos que pagar um monte de recortes. Para embutir a pia, são mais 400 tutus, e eles não cortam o granito pra você colocar a pia por conta, dizem que vai dar vazamento. Muito tutu colega...

Mas vai ficar linda de morrer. E eu pobre de morrer. Mas, o que me consola, é que estamos na casa dos 10 mil com tuuuudo que queríamos, o canto com uma super prateleira giratória que pode até ser puxada pra fora do armário, todas as gavetas com amortecedor, todas as portas com amortecedor ( nunca mais ouvir porta de armário bater é bomdimais ), os armários de cima até o teto, o canto de cima também com prateleira giratória, os eletrodomésticos todos da Bosch - os melhores e mais modernos, granito de cabo a rabo. Na loja "de marca" pagaríamos mais de 25 mil. Bah.

*

E me parece que vão entregar a casa nova dia 6 de outubro, 1 mês antes de que esperávamos. E até agora nada de vender a casa atual. Tudo bem que está somente a 9 dias a venda, mas que frio na barriga. Reza, muita reza nessa hora.

*

Vou dar uma diquinha culinária. No Lidl ( sim, no Lidl, pensam que eu vou só ao AH? ), estão vendendo um carneiro neozelandês congelado que é de comer chorando. Umas batatinhas cozidas e passadas de leve pela manteiga, uma saladinha da sua preferência, até o Gordom Ramsey iria se acabar. Com molhinho de menta então é de revirar os olhinhos.

Aliás, no mesmo Lidl tem camarões, na verdade lagostins ( Prawns ) congelados com temperos "provençal" num precinho bem acessível. Tudo o que você precisa é adicionar uma boa colherada de manteiga ao final do cozimento dos bichinhos, deitar seu macarrão preferido naquela "fritata", e correr pro abraço. E na hora de comer, cubro de rúcula. 15 minutos e parece comida de restaurante. Lambrusco ou Prosecco. Coma chorando.

E ainda falando do Lidl, na parte de carnes frescas eles tem o varkenhaas, não sei traduzir, na verdade é um pedaço do porco que nunca comi no Brasil. Parece aquele lombinho canadense defumado que a gente compra pra colocar no sanduíche, mas a carne é fresca. É um pedaço suculento e macio, meio carinho, mas vale a pena. Tempero bem um dia antes, com bastante alho limão e louro, faço na frigideira. Faço arroz branco fresquinho e sirvo com bimi ( um tipo de brócolis ) com alho. Supimpa.

*

Perceberam que além de estar com fome, estou com tempo sobrando, né? Na verdade estou esperando a cantina abrir pra comprar o café da manhã ( esqueci o meu em casa ) e não consigo me concentrar no trabalho.

terça-feira, agosto 26

Vocês leram?

Vocês leram que há um projeto de lei para aumentar a licença maternidade no Brasil? Leia aqui.

Eu não vou nem comentar ou discutir se é melhor para a criança e a mãe, porque é claro que é. Mas quais as consequências para a mulher no mercado de trabalho?

Eu não sei se as coisas mudaram tanto nesses últimos 6 anos que estou fora, mas quando eu trabalhava no Brasil, os 4 meses já afetavam muito a carreira da mulher, imaginem 6.

Eu acho o projeto de lei muito bem escritinho, mas acho extremamente inocente a deputada achar que "só" o incentivo fiscal vai driblar a bomba que vai ser na carreira das mulheres.

No Brasil, participei do processo de entrevistas de novos candidatos na empresa, e quando havia "empate", não só a preferência ía para o homem como se o empate fosse entre duas mulheres, a "menos em idade procriativa" era beneficiada. E vou mais longe, uma colega com ótima performance foi promovida, e numa função superior haviam duas possibilidades abertas em departamentos diferentes. O departamento que ela escolheu não aceitou a transferência porque já tinha muitas funcionárias "em idade procriativa".

O pior é que tudo isso é velado, é escondidinho, é por debaixo dos panos. A pessoa ouve um "suas habilidades serão melhor aproveitadas no outro departamento", e só fica sabendo da verdade de forma extra-oficial por alguém que está saindo da empresa, ou se aposentando, ou deixa escapar.

E mesmo em posições mais baixas, onde a mulher não está tão interessada em ter uma super carreira, mas precisa trabalhar para complementar a renda, ela vai ficar tranquila em casa, certa de que seu emprego estará esperando por ela? Porque na prática, quando uma funcionária sai em licença maternidade, pelo menos nas empresas que trabalhei no Brasil, acabavam distribuindo o trabalho dela temporariamente entre os colegas e quando muito contratavam um temporário para ajudar em tarefas mais manuais, mas ficavam todos ansiosos esperando pela volta da funcionária. Mas 6 meses são mais difíceis de cobrir nesse esquema, vai acontecer muito de contratarem um temporário mais capacitado, e os riscos da funcionária acabar perdendo sua vaga é maior, afinal ainda tem muito chefe mente curta por aí que vai pensar "ela tem um filho pra cuidar e o outro é livre-leve-solto". Será que a mulher vai ficar tranquilinha em casa?

E tem outro lado. Tem mulheres que extrapolam também. Não são maioria, mas tem. Tenho um primo que tem uma pequena indústria. Ele tinha uma funcionária que trabalhava num equipamento bem especializado, ela foi bem treinada e ganhava mais que os outros por isso, e depois que ela casou, teve 5 filhos um atrás do outro, voltava da licença já grávida. Meu primo estava irritadíssimo, porque não podia manter dois funcionários especializados, e a cada licença tinha que treinar outra pessoa. Por fim, acabou dispensando os serviços dela e pagando "as penalidades previstas por lei".

Vocês que estão aí no Brasil, o que acham? E quem está fora, como é a licença maternidade no seu país?

segunda-feira, agosto 25

Low Cost - High Bost*

A Marcita ( blog aí do lado ) fez um post sobre a queda do avião da Spainair e os vôos low cost, deixa eu dar aqui meu pitaco.

Esse ano, um pouco antes de irmos de Ryan Air para a Itália, vimos uma reportagem na CNN sobre a terceirização da manutenção das frotas aéreas. A matéria mostrava como essas empresas low cost estão reduzindo seus custos transferindo as grandes revisões para países "low cost", como Turquia, Marrocos, Eslováquia, onde muitas vezes os funcionários não tem o nível de treinamente que um europeu teria. Ficamos sinceramente preocupados.

Nossas passagens para a Itália já estavam compradas, e sinceramente, no nosso caso, a vantagem principal era sair do aeroporto de Eindhoven, porque fora essas promoções sensacionais, nem sempre o low cost compensa tanto assim. O vôo Amsterdam-Milão custaria, se reservado com alguma antecedência, 192 euros por pessoa. O Ryan air, saía por volta dos 90 euros, ou seja, com o preço da KLM dava pra comprar os dois tickets na Ryan Air e de quebra sair aqui da esquina.

Paguei os 90 euros? Bah, acabou saindo 150, veja porque:

- Você quer acordar 3 da manhã no seu último dia de férias para pegar o vôo? Eu não. O vôo era as 6, check-in às 4, entre acordar, pagar o hotel e ir de taxi pro aeroporto, você tem que acordar as 3. A maioria dos vôos low cost em esses horários esdrúxulos. Mudei pra um vôo mais tarde e a passagem foi pra quase 110 euros.

- Inventaram um tal priority pass, que custa 10 euros por "jornada". Como não tem lugar marcado, já imaginei que muita gente iria pagar essa taxa e só sobrariam os lugares bombom de alixe. Paguei e cada passagem foi pra 130 euros.

- A passagem não dá direito a NENHUMA pagagem, só a de mão. Eu e Bart nunca viajamos só com bagagem de mão, principalmente pra passar duas semanas, uma na praia e uma na montanha. Adicionei bagagem e as passagens foram para 160 euros. Ainda mais barata que a KLM, mas pouco mais barata.

Aí vem o vôo em si. Sentem que lá vem história.

No aeroporto, tem 1 guiche de check-in, e se você tem mala pra enviar, tem que fazer o check-in "in loco" e não via internet. As filas são enormes. Perdemos ali mais de 1 hora.

Metade dos passageiros eram holandeses e a outra metade italianos, os dois piores tipos de viajantes. Os holandeses, cuja mão se vaquisse só é superada pela ansiedade de embarque, pagaram TODOS o tal priority pass, e a Ryan Air não organizou um portão de embarque separado, então ficou aquele bolo de gente abanando o cartãozinho amarelo e o funcionário lá na frente esgoelando que só os passageiros com o cartão amarelo deveriam formar fila, mas não dizia onde.

Os italianos, igualmente ansiosos, e sem entender que raios de bilhetinho amarelo era aquele que os holandeses chacoalhavam, e sem entender uma palavra em inglês, iam ficando cada vez mais nervosos e cada vez empurrando mais. Cena de filme.

O embarque começou. Eu sentei numa poltrona do corredor, Bart em outra poltrona do corredor na fileira do lado. O povo que não quis pagar para despachar a mala tentava socar as malas no compartimento, metade não coube, aí vem a "aeromoça" e tenta mais um pouco, até que decide que a mala tem que ir pro porão. O passageiro mão de vaca choraminga, mas ganha um bilhete pra pegar a mala depois e uma conta que será cobrada durante o vôo. Drama.

Aí entra uma mulher do meu tamanho ( eufemismo: fofa ), com um bebê que tinha dentes e andava, e resolve sentar ao meu lado, na poltrona do meio, já que a poltrona da janela já estava ocupada. Eu, sem entender, digo que ali não dá, onde ela colocará o bebê, achando que o bebê também tem um assento, claro. "Ele vai no meu colo". Ali. Do meu lado. Naquela poltronina de 43 cm de largura. Não, respondo, tem mais lugares para trás. A mulher engrossa, o comissário vem. Olhou pro tamanho da minha bunda, pro tamanho da bunda da mulher, pro tamanho da bunda da creonça, convenceu a mulher a ir sentar lá atrás, onde havia uma cadeira vazia pra creonça.

***** Pausa apelativa: você, orgulhosa mamãe de um fofo bebê. Quando você comprar sua passagem, e a do bebê for de graça ou 10% do valor da passagem, leia as letras miúdas. Você pode reservar um berço? Seu bebê tem direito a um assento? Em caso negativo, e na maioria das low-cost o bebê não terá direito a nada, só a colo, pague uma passagem à parte pra creonça pelo-amor-de-jesuiz-cristinho. Seu bebê não merece ser sacolejado, com os ouvidos doendo pela pressão, todo apertado pela cadeira da frente, até o destino. Você não merece ( ou de repente merece, sei lá ) ir com aquele bebê irritado, fazendo manha, vôo a fora. Mas o principal colega, é que nós que não temos nada a ver com o problema, não merecemos pagar o pato. Se você não tem grana pra pagar a passagem a mais, fique em casa colega, vai passear na sua cidade, viaja de carro, sei lá, mas tenha um pouquinho de bom senso e classe! ****

E aí vem sua oportunidade de me chamar de esnobe metida. Gente, o nível do povo que viaja nesses vôos! Depois de passar pela segurança, na sala de espera, há um "grab and fly" como o do Schiphol. É uma cafeteria bem bonitinha, que num canto meio separado do café tem aquelas geladeiras com lanchinho, suquinhos, água, etc. Vai o caipira lá, e aqui até caipira fala inglês, e lê "grab and fly", ele pegou uma coca, um sanduba e foi embora. A menina do caixa vai atrás: meneer, o senhor não pagou! Como assim, não paguei, não é grab and fly, não é de graça? Eu e Bart abafamos o riso. E aí o cara já tinha aberto a Coca, e dizia que não tinha dinheiro pra pagar, nem cartão do banco, foi o fuzuê.

E os BANDOS enormes de adolescentes desacompanhados? Vão falando alto, cantando, jogando PSP. Viação Cometa é mais chique.

Resumo da história: Ryan Air no more. Eu fico me coçando com as promoções quase de graça da internet, mas concordo com ele que é estresse demais. Agora tenho que planejar minha férias "baratas" sem contar com low cost.

sexta-feira, agosto 22

The Joke(r) is on you!

Então, atrasadinha que sou fui ao cinema ontem assistir Batman.

Eu não sei vocês, mas eu vou ao cinemar ver Batman pra dar gritinhos quando aparece o Batmobile fechando a blindagem e acendendos os faróis, ou pra fazer uauuuuu quando o Batplate vôa alto sobre a lua e faz o símbolo do Batman, pra ver as namoradas lindas do Bruce Wayne, e claro, pra ver o Bruce Wayne.

O Batmobile mal aparece e quando aparece vira moto, logo não é um Batmobile, mar um Battwoweeler, que embora seja legalzinha, não dá o chan do carro, já que você mal vê.

Não tem avião, e o Batman, que sempre gadget pra pegar os bandidos mas jamais arma de fogo, aparece com uma metralhadora. Aí você pensa: whatdaf (plin) ??? Mas não é o Batman, é um wannabe.

A namorada do Batman... Que cast director bêbado convidou aquela mala feiosa pra ser a namorada do Batman? A Maggie Gylendal até passa enquanto está assando cookies para o Collin Farrel, mas namorada do Bruce Wayne? Aliás, que nem namorada do Bruce Wayne é. Aquelas bochechas de Bulldog, aqueles olhos de Beagle... Eu ainda lembro da Kim Bassinger de vestidão branco na mansão Wayne, ela linda, o vestido lindo, a mansão fantástica, tudo bem que o Bruce Wayne era um bofe horroroso, mas aquilo é que era namorada do Batman. Nesse, alguém aqui que assistiu lembra do vestido da Maggie Bulldoglendal? E aquela corcunda de Notredamme dela? O-di-ey!

O Cristian Bale tá marromenos. Ele é lindo, não precisa fazer muito esforço. Mas não gostei daquela voz horrível dele. Mal vi a roupa, quase não mostraram. A penthouse dele é fantástica, mas sei lá, senti falta da mansão com a Bat-caverna. A batcaverna virou bat-andar. Mas no geral, só não foi um batman melhor que o George Clooney.

E daí tem o falecido. Então. Oscar póstumo? Pelamordedeus digam-me que isso é uma piada de mal gosto. Atuação fenomenal? Ah, puh-lissss! Qualquer ator, qual-quer, com 5 quilos de maquiagem no rosto, um gel ensebante no cabelo, umas lambidas nos beiços, teria feito o papel tão bem quanto. Veja bem, não estou dizendo que ele estava mal, só estou dizendo que não foi esse estardalhaço todo. O Jack Nicholson estava um zilhão de vezes melhor, mas ele tá vivo né, "não tem graça".

Aliás, a morte repentina, dramática e cheia de mistério ( alguém sabe me explicar o que uma das irmãs Olsen tinha a ver com o falecido? Foi ela que deu os comprimidos pra ele, ela tava tendo um caso, ela sabia que ele tava doidão e não chamou a polícia, o que rolou? ) caiu como uma luva pro estúdio, hein? Se o fulano ( sempre escrevo o nome dele errado, então poupar-vos-ei ) não tivesse batido com a cassuleta, o filme teria dado aquela bilheterizinha standard e that would be all folks.

O estúdio óbviamente reentroduziu o maior numero de cenas possível do falecido, o que deixou o filme compridésimo sem necessidade nenhuma, dava pra ter contado a estória em menos de 2 horas.

Pelo menos quando saimos do cinema estava quentinho e eu de moteeenha fui imitando o Bruce Wayne pelas ruas de Eindhoven. Só me faltou uma capa. E um motor Kawasaki, claro.

Cheguei em casa e estava tudo impecável e o marido um doce. Cheguei à conclusão que o único jeito de ter uma casa impecável sem uma empregada e não sendo dona de casa, é simplesmente não ficar na casa, não comer na casa, nem olhar pra casa.

E é hoje, 3 visitas no mesmo dia. Dedos cruzados.

quinta-feira, agosto 21

Stress Desnecessário

Entre hoje e sábado vamos receber 4 visitas em casa de pessoas interessadas em comprá-la, estamos contentes e ansiosos. Essa ansiedade, somada a uma das minhas terríveis TPM's, está fazendo da minha vida um inferno. E a criquisse do meu marido também não ajuda.

Eu acho que quando a gente vai visitar uma casa pra comprar, não é só o lado "objetivo" que conta: o tamanho, localização, estruturas firmes, etc etc etc; você tem que se sentir bem naquela casa, tem que sentir que pode viver feliz ali, e para muita gente, esse subjetivo "sentir-se bem no imóvel" é o ponto chave na escolha de um imóvel. Como várias pessoas mencionaram nos comentários, existem até programas que ensinam como preparar sua casa para a venda, ou que mostram como uma simples "ajeitada" ajuda a vender uma casa até então "empacada".

Nesse sentido, o que eu pude fazer de mais "pesado" eu fiz: repintei o hall e comprei um móvel legal, tirei as tranqueiras da sala e deixei tudo bem clean, colocamos lustres e persianas em todos os cômodos. Fora isso tem uma coisa a mais que eu posso fazer e que segundo a agente imobiliária é o ponto principal na venda de uma casa: limpar, limpar e limpar. E é aí amiga, que começa a "brigaiada" com o Bart.

Ele não dá a mínima para o "limpar, limpar, limpar" da agente imobiliária; estando as coisas mais o menos no lugar, para ele está bem. Ontem, a casa para ele estava nos trinques, eu olhava e via o piso laminado que é claro cheio de pegadas de sapatos e pegadinhas de gato, o vidro da mesa da sala estava engordurado com alguma coisa que ele derrubou, a cozinha precisava daquela "refrescada" depois de eu ter feito lombo assado, as escadas tinham pêlo de gato nos cantos, os banheiros precisavam da mesma "refrescada". Louca, ele disse, você é louca, ninguém vê essas minúcias, as pessoas compram uma casa porque tem vidros duplos, ou porque tem banheira e ducha, não porque está limpinha. E é aí que eu discordo. Com a gente aconteceu isso também, a gente visitou várias casas, chegamos num ponto onde muitas se equivaliam, mas foi naquela que nos sentimos melhor. E aí entra de tudo um pouco, a luz, a decoração, as cores das paredes, e a limpeza da casa sim.

Estamos nesse momento em pé de guerra, e eu sei que 50% é TPM. Hoje, se você me perguntar, meu marido é um insuportável porcalhão difícil de aguentar. Ainda bem que TPM passa. E coitada da amiga que sempre "ouve" minhas queixas duas vezes, uma pelo telefone, outra pelo blog.

Só sei que hoje eu me mando pro cinema, só apareço em casa pra dormir. Amanhã idem. Vou até assistir Mamma Mia, que eu sei que não vou gostar porque eu DETESTO musicais.

Continuem rezando por mim, fias!

quarta-feira, agosto 20

Vende-se

Amanhã teremos a primeira visita à nossa casinha. Hoje vamos limpar, brilhar, desodorizar. Desde que tiramos as fotos tudo está "mais ou menos" organizado, a verdade é que somos uma fábrica de acumular papéis, é impressionante.

Querem um tour da minha futura ex-casa? Resumo do anúncio da imobiliária:

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Ensolarada e bem cuidada casa de esquina, em meio ao verde do Parque Dommel, próximo à lojas, supermercados, escolas. Situada em rua calma, fica de frente a um extenso gramado.

Hall de entrada com toilete e escada para o segundo andar. Sala de estar em Z com laminado claro e moderno de 2005 ( por baixo está o piso original de mármore ), por ser de esquina a sala tem uma janela extra na lateral que torna o ambiente bastante iluminado. Cozinha com fogão, geladeira e lavalouças embutidos.

Grande quintal para o sudeste, há a possibilidade de construir sua própria garagem! Nos fundos há um "quartinho de jardim" e portão para a rua de serviço.

No andar superior 3 quartos e um luxuoso banheiro modernizado em 2005 com toilete "pendurado", banheira, ducha "de entrar" com cabine de vidro, móvel de pia grande com bastante espaço para guardar coisas, por ter uma janela, o benheiro é bem iluminado.

Via escada fixa chega-se a um espaçoso "zolder" onde é fácil realizar um ou dois quartos.

Em resumo, uma "casa para iniciantes" pronta para morar!
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Ho ho ho, engraçado, né? Eu sei lá como se vende casa no Brasil, se já está tudo na internet como aqui, mas imagino que não. É uma mão na roda.

As fotos ( o blog não está me deixando carregar todas, então vou tentar num novo post):












Alguém interessado? O precinho é bem camarada :o)

segunda-feira, agosto 18

Dako é bom... o fogão, gente!

Lembram do famigerado forró Dako é bom?

Reparem não, mas minha cabeça se perdeu entre a geladeira KGF39P98 e o microondas HBC86E651. Um catálogo que deveria ajudar só confunde e frustra ainda mais. As fotos são as mesmas, os códigos diferentes e os preços o dobro do preço real na internet. Servem pra que então, pra gastar papel e só?

Só decidimos o fogão, aquele design que eu queria muito da Smeg. Amei e o Bart amou, porque eu não preciso de mais de 4 bocas, porque não é embutido num mar de coisas embutidas, porque é todo de inox, e porque é gas/gas, nada dessas modernidades de cozinhar comida com indução ( do que eu não sei ), eletricidade, e seilámaisoquê. De resto está tudo ainda no limbo, na imensidão de no-frosts, vitafreshs, innowaves, quantum speeds...

E hoje vi minha casa no funda. Tá bem bacana, as fotos ficaram ótimas, apesar da toalha de banho laranja do meu marido Mané no banheiro azul. *** Suspiro *** Estou me borrando de medo de demorar horrores pra vender, e já estou me perguntando mil vezes porque é que deixamos tão para última hora. E se ninguém gostar da minha casinha, e se ninguém ligar, e se a gente não vender nos próximos 3 meses? Rezas, muitas rezas.

sexta-feira, agosto 15

Ser dono do seu dia...

O dia amanheceu lindo hoje. Ensolarado e fresquinho, sem uma nuvem no céu. Os dias como o de hoje me fazem invejar aqueles que não tem que acordar e ir para o trabalho, que podem escolher o que bem fazer com o seu dia.

Mas nossa vida é assim, não é? Um reflexo das nossas escolhas. No meu caso, minha escolha foi não depender financeiramente de ninguém, e poder bancar uma casa maior e mais bonita, poder viajar pelo menos 2 vezes ao ano, ter um pé de meia pra não passar apertos.

Às vezes eu me pergunto se a gente faz essas escolhas baseados no que mais gostamos ou no que mais tememos. Gostar mesmo, eu gostaria de poder acordar sem despertador todos os dias, não ter nenhum compromisso para poder decidir o que bem fazer, ter um trabalho voluntário com animaizinhos, morar numa "chacarazinha" e ter gatos, cachorros, porquinhos, galinhas... Mas como eu já disse, não sou rica. Mas e se eu tivesse casado com alguém que pode bancar essas coisas para mim?

Aí vem a parte de fazer suas escolhas baseadas no seu medo. Se eu tivesse um marido que bancasse essas coisas para mim, eu não ía conseguir aproveitar. Não por grandes escrúpulos, mas eu ía viver insegura, ía viver lembrando que a qualquer momento ele pode entrar porta a dentro e me dizer que quer se separar, e daí? Tem gente que pensa: dane-se o cara, eu vou pro pau e peço a casa e uma pensão. E daí colega, tu tais frita. Brigamos tanto pela igualdade que o argumento virou-se contra nós. Não somos mais o sexo frágil, juíz vai te dar um aninho de pensão até você conseguir se recolocar no mercado, e você vai ter que se virar. Se tiver filhos na jogada, você vai viver com aquele dinheiro contado até seus filhos fazerem 18 anos e acabou. Se jovem desempregada já não é um bom prospecto, imagina quarentona, sem experiência profissional, vendo o dia das tetas da vaca secarem chegar, sem conseguir garantir o seu. Mêda, muita mêda.

É indescritível a paúra que eu tenho de ficar velha e na rua da amargura. PAÚRA. Se eu achasse uma boa psicóloga eu até ía investigar a razão desse medo desmedido. No meu inconsciente, eu tenho que fazer "whatever it takes" para garantir um tetinho sobre a minha cabeça na velhice e o dinheirinho do jabá. No dia que assinamos a hipoteca da casa nova, pensei: vou ter que ralar muito ainda, mas hoje plantei a sementinha que garantirá minha dentadura. Não pensei no chão de madeira, na geladeira de inox, no banheiro com aquecimento no piso. Pensei na minha dentadura. Pensei que não importa o que aconteça, posso sempre vender essa casa e comprar nem que for um apartamentozinho de 1 quarto numa daquelas cidades do fim do mundo da Holanda, fronteira com a Alemanha ou Bélgica, terei minha aposentadoriazinha do governo, serei sócia da biblioteca e ficarei em casa lendo meus livros, comendo krakelingen comprado no Aldi com o meu rolator... Ou volto pro Brasil, moro no meu apartamento em SBC, deixo metade dos meus euros todos os meses no convênio médico, e fico em casa vendo novela o dia todo.

Uma vez comentei isso com uma brasileira e ela disse: e você nem tem filhos para cuidar de você. AFEMARIAARRIÉGUABATENAMADEIRATRÊSVEZES. Pior do que tudo que descrevi acima seria ter que viver com filhos, morar no quartinho dos fundos, ai ai ai, me dá tremedeira só de pensar. Morar com nora eu genro que só te aguentam porque o esposo ( a ) é seu filho ( a ).

Credo, mas que papo baixo astral para uma sexta-feira ensolarada. Tudo bem que uma pilha imensa de roupas me espera pra passar, mas pelo menos amanhã eu acordo sem despertador. E isso colega, é bondimais.

quinta-feira, agosto 14

Tricotando

Cumadre tá em casa doente, modiquê não tem como eu ir comer Gambas e tricotar, então fazfavoraê e pode tricotar comigo.

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Ultimamente ando com o estômago pegando fogo, tudo me dá azia, tudo irrita. Minha sensibilidade à pimenta ( ou alergia ) está terrível, até a língua fica detonada. Depois de pesquisar muito em site de gastroplastizados, vi que muitos médicos indica uma dieta líquida de pelo menos 15 dias. Será que consigo? Tomar o que no café da manhã? Aliás, no não-café da manhã, porque não pode tomar café. Nem Pepsi Max. Buahhh. Mas eu adoro as sopas holandesas, de latinha, de pacotinho, fresquinha do AH... Já é meio caminho andado. Que cêis acham?

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Caí hoje. Que nem jaca madura, ploft. Estava descendo a escada do trabalho com o laptop e o salto enganchou na barra. Que vergonha! Estou até agora tentando me esconder atrás da mesa. Isso sem falar que o joelho dói como o quê e eu estou segurando pra não fazer beicinho.

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Passagem KLM Amsterdam-São Paulo dia 5 de Dezembro de 2006: 775 euros. No mesmo dia esse ano: 1150 euros. E é o preço mais baixo, está verdinho claro no calendário. O pior é que o preço do combustível NUNCA mais vai abaixar. E vôos com conexões mirabolantes são 100, 150 euros mais barato, o que pra mim não compensa. Esperar 5 horas conexão em Madri na volta, quando eu já estou cansada e rabugenta, só se o vôo for a metade do preço.

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Hoje minha casa deve estar na internet à venda. A cada visita terei que limpar, limpar, limpar, arrumar, colocar flores, arrumar o jardim, afofar as cortinas, e pentear os gatos. Estou com vontade de sumir.

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Ontem tive insônia e assisti Oprah. Já disse que eu detesto livro de auto-ajuda? Então, detesto. Estavam fazendo propaganda de vários, principalmente um tal de... hmmm... A new Earth, acho. E falaram daquele tal de The Secret. Que programa chato, que assunto babaca. E fica aquele bando de dona de casa falando como é que elas encontraram o seu "eu verdadeiro", como fizeram "a conexão", e colocam fotinhas do fogão que querem comprar e acham que o "Universo Conspirou" para elas comprarem o tal fogão. Como se Deus ou Buda ou Alá não tivessem nada mais importante para fazer do que te dar um fogão pra uma dona lá. O meu “eu” é verdadeiro pois eu não sou paraguaia, minha conexão eu faço com wireless modem, se eu quero um fogão vou ao witgoed.nl. Pior é que essas lunáticas são mães e estão criando lunatiquinhos. Tava lá a menininha falando que quando quer algo coloca a foto no "wish board" or whatever da casa - não é mais nem só da mãe a tal board. E aí, as coisas acontecem. A mãe nem pra falar pra menininha que se ela guardar os brinquedinhos dela todos os dias, não fizer birra, escovar os dentes, no aniversário ela vai ganhar a Barbie Divorciada ( que vem com o carro, o apartamento e o jetski do Ken ), que é o dinheiro no banco que vai pagar a Barbie, não "o Universo". Aquela Louise Hay é insuportável, tá mais esticada que a Dercy quando morreu. Minha mãe tinha o livro dessa “douda” e vivia “diagnosticando”: ah, dor no braço esquerdo? Problemas com o seu pai. Dor de cabeça? Problemas com seu superior – chefe ou marido (!!!!!!). What da f***.

Uns tempos atrás aquela trouxa-autora do eat-pray-whatever foi na Oprah. Vejam o segredo dela pra ser feliz : depois dum divórcio traumatizante e sei lá mais o quê, ela foi "heal" ( algo como curar-se ) na Itália. Morou lá um ano, comeu, engordou 11 quilos e saiu do estado bacalhau seco para “só” bacalhau. Depois foi para o Tibet e meditou com monges budistas por outro ano. Depois não sei mais o que ela fez. Olha, vou te contar viu, quem é aqui que mesmo vendendo a casa, o carro, as roupas do corpo, raspando as contas bancárias, botando os brincos no prego, pode se manter na Itália um ano sem trabalhar, só mangiando e "curando"? E depois ir all the way to Tibet, e ficar outro ano lá rezando? E daí uma gagá dessas escreve um livro e fica todo mundo babando o ovo dela. Eu quero é ler livro da dona de casa com 3 filhos, sem um tostão no banco, cujo marido sumiu sem pagar pensão, e que criou as creonças, trabalhou, ralou. Isso sim é lindo, não dondoca que vai "se curar" chafurdando no papardelle con peperoncino na Toscana. Bã.

*
E vocês, que contam de novo?

quarta-feira, agosto 13

Babando e revirando os olhinhos...

Creonças do meu Brasil ( e Holanda, e até Japão ) varonil, vocês viram que saiu online o novo catalogo da Ikea?

Estou babando, babando muito. E revirando os olhinhos.

Vão lá dar uma olhadinha nas camas novas. Tem uma bege de tecido linda de morrer. Bart gostou, mas odiou os pés da cama, disse que ía quebrar o dedão dele uma vez por semana. E eu não duvido, ele é totalmente descordenado. Amei o modelo da verde "rasteirinha", mas verde cocô de nenê não rola, né não?

Vá lá dar uma olhadinha no site da Ikea do seu país ( sorry para os Brasileiros, mas vocês podem entrar no www.ikea.pt e pelo menos ver o que é ) e me diga o que é que chamou sua atenção, um vazinho, um quadro, um móvel ou aquele sacão de kottbuler com molho lingo :o)

terça-feira, agosto 12

Ah, faça-me o favor...

Não quero ofender ninguém, não quero brigar com ninguém, mas acho que quem procura demais acaba achando chifres em cabeça de cavalo.

A Loreál embranqueceu a Beyoncé? Sei lá! Ela não está mais ou menos branca que em várias capas de revista que ela fez. Colocam a foto de estúdio dela e comparam com uma foto tirada na rua de noite ( na entrada de algum prêmio ) e claro que na foto de estudio ela está mais clara. Mas coloquem a foto da Loreal ao lado da capa dela na Cosmopolitan e me digam se tem muita diferença...

Aliás, é isso que faz da Beyoncé o paraíso dos marketeiros: ela não é nem branca e nem negra, tanto um quanto outro público acaba se identificando. Ah, mas ela aparece loira e o cabelo está lisérrimo. Se ela quer tingir o cabelo dela de loiro-escandinávia, problema dela, alguém vem aí me xingar porque eu fiz luzes Irish Red?

Todo mundo fica martelando que o negro tem o direito de andar e se achar belo com seu cabelo afro, com seu nariz largo, mas ninguém defende o negro que não gosta dessas características e quer mudá-las. Aliás, implica-se que o negro que faz rinoplastia é um desajustado, quer esconder suas raízes, quer se fazer passar por branco, tem síndrome de Michael Jackson. Engraçado é que ninguém criticou minha amiga que "ajustou" o nariz sírio dela, todo mundo elogiou, ficou bem menor. Mas vai o Milton Nascimento afilar aquele nariz horroroso dele e todo mundo vai meter o pau. Ele tá tentando embranquecer, faz logo uma gravação em português de Thriller aê seu Milton!

Desde os 18 anos eu faço luzes e clareio o cabelo, e ninguém fala nada. Sou branca, é "natural" eu querer clarear o cabelo, mesmo que minhas loiras madeixas sejam tão artificiais quanto às da Beyoncé.

E logo fala-se na arma mortal do consumidor moderno: o boicote. Logo logo andaremos descabelados, desmaqueados, pelados, esfomeados pela rua. Afinal, temos que boicotar as mais de 100 marcas que a Nestlé detém. Agora também umas 30 da Loreal. Nada de pudim de leite moça, mousse só se for com creme-de-leite parmalat xexelento, farinha láctea só se for de marca genérica, nada de Purina pro cachorro, condicionador é Neutrox, batom é da Elke ( ainda existe? ).

No fim, acho que a gente acaba culpando as empresas pelas nossas falhas de caráter. A culpada é a Nestlé que faz o leite em pó que a mãe dilui demais e deixa o filho mal nutrido, e não do governo que não cria empregos pra essa mãe poder usar o leite na dosagem correta, ou que ao menos dá a ela leite em pó nos postos de saúde, ou a esclarece que isso é prejudicial à saúde do filho? A culpa é da Nestlé se a mãe mistura o leite em pó com água contaminada e o filho morre de malária, e não do governo que não sanitiza a água, não acaba com os focos de malária. Da mesma forma, é um computador lá na central da Loreal que acha loirona magrinha linda de morrer, e não eu, você, seu marido, sua vizinha, sua tia, o padeiro. É um programinha da Oracle que exclui todos os negros dos processos de seleção para os cargos mais altos, não o sujeitinho lá detrás de computador. Os maus, os errados, os condenáveis somos nós.

Temos que ao menos dividir a culpa que nos cabe. Ah, a GAP é malvadona e deixa criancinhas bordar as blusas de madame. É, os “donos” da GAP poderiam ser menos gananciosos e pensar menos em lucros ( no dia que o Maluf ficar honesto ), mas se a criançada tivesse na escola, e os pais recebendo uma mísera ajuda de custo do governo, não tinha molequinho analfabeto de dedo sangrando de tanto costurar missanga e lantejoula.

É dever do cidadão pagar seus impostos, é OBRIGAÇÃO do governo garantir o bem estar da população. Se as coisas não funcionam assim, e a gente sabe que não funciona, vamos gastar nossa energia indo direto à raiz do problema, cobrando dos nossos governos que assumam o papel que lhes cabe na prevenção desses absurdos, vamos educar a população a exigir o mesmo. E não ficar gastando saliva e dedo no teclado boicotando empresas que santas não são, mas que no fim só se aproveitam da incompentência do governo e da nossa fraqueza de caráter.

Deixar de usar o Kerastase não vai ajudar a mudar o preconceito, o que vai ajudar, é no dia que eu sentar atrás duma mesa para contratar um funcionário, que eu não faça distinção entre um branco, um preto, um asiático, um mulçumano, um gordo, um feio. Isso sim é dar meu quinhãozinho para melhorar esse mundo.

segunda-feira, agosto 11

Vários Aghhhhh's e uma histórinha

Se há uma coisa que eu gostaria de mudar em mim, é a forma como eu fico obcecada pelas coisas até resolve-las. Odeio isso. Vocês já foram testemunhas aqui de que quando eu encasqueto com uma coisa, não sei falar de outra. Aghhhh...

Minha presente obcessão é a bendita cozinha. Porque é que há tanta escolha? Bom era no Brasil, tínhamos 3 ou 4 marcas, duas delas eram as melhores, cada uma tinha 2 ou 3 modelinhos de cada "aparelho", normalmente um mais atual e os outros de coleções passadas. Quando eu comprei meus eletrodomésticos no Brasil ( que acabei deixando pra minha mãe ) foi assim, eu queria Brastemp, coleção atual, tamanho pequeno ( eu ía morar sozinha ). Pronto, escolhido.

Aqui, você quer uma geladeira, vai lá num site que vende todos os eletrodomésticos, e tem que dizer se quer embutida no móvel ou "solta", e se é com freezer ou sem, se o freezer é embaixo ou em cima, que cor, que tamanho. Aí ele te dá mais de 100 opções, você pode ver por marcas, por faixa de preço, por popularidade. E mesmo dentre a mesma marca tem uma coleção infindável de opções esdrúxulas: vitafresh, coolzone, nofrost, quantum-algumacoisa... Aí, você é um ser atormentado como eu, e começa sua pesquisa com uma geladeira embutida na mente, mas no primeiro clique já está na dúvida "poxa, essas de inox são tão lindas, porque não uma de inox?". E pra cada "quesito" você acaba mudando sua opinião. Depois de 10 minutos você esqueceu totalmente o que queria e já está olhando os microondas. Aghhhhh (2).

E pra piorar, isso fica na minha cabeça, latente, me impedindo de pensar em outra coisa, de me concentrar. Tenho um documento chatérrimo para destrinchar, e a cada "clausula", uma imagem de geladeira vem na mente, ou de layout dos armários. Não termino o layout da cozinha nunca, e nem faço meu trabalho bem. Aghhhh (4).

O pior, é que como eu sou atentada mesmo, eu DETESTO vendedor de eletrodomésticos e cozinhas, porque eles SEMPRE acabam te empurrando o que vai trazer comissão maior pra eles, e não aquilo que você realmente quer. Fico lá ouvindo o cara achando que estou sendo enrolada, é uma perda de tempo. Aghhhh (5).

E como aqui nessa terra tudo é complicado, tem ainda a história dos grupos. Óquei, me chamem de paguá, mas no Brasil eu nunca ouvi ninguém falando de grupos de eletricidade, e que geladeira não pode ser ligada na mesma "linha" que a lavalouça. Aliás, precisavam ver a cozinha da minha tia, tinha só duas tomadas e tinha aqueles beija-flor ( ou benjamin? ) com vários aparelhos na mesma tomada. Aqui você tem que calcular a somatória da potência usada por cada aparelho, e um não pode "cruzar" certos eletrodomésticos mais "xupins". É um tal de minha geladeira está aqui mas a tomada "boa" tá láááá do outro lado... Aghhhhh (6).

E daí, quando finalmente você chega ao layout dos sonhos, perfeitinho e tinindo, seu marido olha pra ele e diz: não gostei, parece o layout da casa da minha avó (!!!). Aghhhh (7)

E agora, para o Aghhhh final, vem o preço. Eu não sei se o Brasil está acompanhando o "desenvolvimento" da Europa, mas aqui tem cada coisa fantástica! Em geladeira, estou babando por aquela com as gavetas a 0 grau, que mantém os vegetaizinhos e saladinhas frescos por até uma semana, e de inox, e com gavetinhas de freezer transparentes. Em microondas, quero um daqueles que não tem prato giratório - é o motor que gira. E em fogão, como gosto de fogão a gás estou babando o da SMEG - único que já conseguir "vender" pra FH por causa de uma santa tomada que só pode comportar um equipamento, totalmente de inox, lindo de morrer. E pra tudo isso vai dinheiro colegas, um rio de eurecas. Mas tenho que ser sincera, para os menos exigentes, tem eletrodoméstico bem barato.

***

Adriana vai contar uma histórinha, como o post tá longo, pode pular e voltar aqui quando tiver tempo.

Como eu já cansei de dizer aqui, a família da minha mãe é bem humilde. Eles, assim como nós menos humildes, também tem os desejos de consumo deles, claro. Eu tenho uma tia que desde que casou a quase 30 anos, ainda não acabou de pagar a Casas Bahia.
Estávamos na casa dela e a geladeira começou a fazer um barulhão. Bart me disse: vai quebrar, eles precisam comprar outra. Na mesma hora minha tia disse que a geladeira tinha que durar até março porque só em fevereiro eles acabavam de pagar a câmera digital. Eu traduzi para o Bart. Bart não entendeu porque é que alguém parcela uma câmera digital. Na cabeça dele, se você é pobre, você só se enfia num parcelamento se uma coisa essencial, como a geladeira, quebra e você não tem dinheiro pra comprar outra. Eu entendo e concordo com o pensamento dele, mas conheço não só a minha família como a classe mais humilde brasileira, e sei que eles jamais juntam dinheiro pouco a pouco pra comprar uma coisa que querem, mais improvável ainda que juntem dinheiro na poupança para uma eventualidade. O normal é viver assim, de um "carnê" para outro, e as Casas Bahia, Marabrás, Extra, Carrefour, etc e talz agradecem.

Na mesma semana fomos visitar outra tia minha. Essa tia é a mais "humilde" ( me falaram que eu falo "pobre" demais, então estou evitando ). Eles nunca tem dinheiro para ir a lugar nenhum, para fazer um churrasquinho de carne-moída, até gasolina pro carrinho é raro ter. Logo, é natural que o único lazer deles seja a TV, devidamente acoplada num gato da Cambrás ( TV a cabo ). Minha tia "humilde" tem 100 canais, eu tenho 10. Humpf. Mas então... Uns meses antes, minha tia tinha invocado que precisava comprar uma TVzona que ela viu em promoção na Marabrás, além de linda, de estar na liquidação, a pessoa ganhava "gratis" um DVD player. Todo mundo achou que minha tia tinha ficado pinéu, pois ela nunca foi de comprar nada, de querer nada, de onde aquela fixação pela tal TV? Como as coisas estavam na pindaíba ( e não estão sempre? ), pra comprar a tal TV ela precisava achar um emprego. Pois ela foi trabalhar de cozinheira numa creche ( minha tia mal sabe fritar ovo ), ganhando salário mínimo, que ela deixava todos os meses inteirinho na Marabrás. No dia que íamos visitá-la eu já falei pro Bart: olha, não repara, eles são pobres, vivem nos fundos da minha avó porque não podem comprar uma casa, minha tia está trabalhando de merendeira, bla bla bla. Chegamos lá e estavam todos assistindo um canal a cabo ( que não temos ), numa TV tela plana ( que não temos ), com stereo surround ( que não temos ), e tinham jantado arroz com presuntada em lata porque não tinham dinheiro para "mistura". Explicar pro Bart como?

***

Fim da histórinha.

domingo, agosto 10

Pílulas mágicas

Sexta não foi um dia muito feliz. Saí do trabalho pra um happy hour da empresa que eu tinha esquecido e que tinha que comparecer, e na saída choveu e eu estava de motinha.

Ainda bem que era perto do cinema, então não me molhei muito, mas o MC não vende mais as batatinhas de luxo ( e eu não gosto das normais ) e o filme X-Files foi uma droga.

Voltei pra casa, tomei um longo, quente e demorado banho e me mandei pras cobertas.

Estou um pouco melhor dos ânimos, mas confesso que tem horas que eu morro de vontade de ir à médica e implorar um antidepressivo. Sou uma pessoa de muitos altos e baixos e detesto isso. Detesto. Ou devia fazer ioga, como sempre me diz a Alice.

Sábado resolvemos dois assuntos da casa: compramos o piso do andar térreo, de madeira; e já acertamos o preço e datas do box do chuveiro. Ficamos contentes por ter gastado menos do que esperávamos.

Hoje fiquei o dia todo na frente do laptop com desenhos de cozinha e eletrodomésticos, quebramos o pau, fizemos as pazes, eu cedi aqui ele cedeu ali. Pelo jeito eu terei meu fogãozinho SMEG, do jeito que eu queria. Nunca pensei que ía um dia brigar com o marido por causa de um fogão. Não imagino meu pai ou meu irmão brigando por causa de fogão. Anyway...

E me disseram que hoje foi dia dos pais. Não lembrei e não fiquei com a consciência pesada. Nunca recebi um telefonema do meu pai em aniversário, claro que ele justifica que é muito caro ligar, mas podia mandar uma cartinha de 1 real. Eu ainda mandei cartãozinho postal, levei presente daqui quando fui ao Brasil, dei presente de Natal, nunca ganhei uma caixa de bombons garoto em troca. A gente cansa viu, não sou troxa não!

E que venha a segundona!

sexta-feira, agosto 8

Self-Comfort

Tem dias que a gente não está legal. Problemas, cansaço, depressão, whatever… Parece que quanto mais a gente tem, mas motivos temos para não estar bem.

Não sei se homens são assim, mas a maioria das minhas amigas tem algum ritual de "self-comfort" pra contornar a maré braba. Americanos falam muito na tal "comfort food", mas pra mim é mais que comer algo, é "fazer algo".

Hoje eu não estou muito legal. Se fosse possível, amanhã eu picava a mula pro Efteling, adoro aquele lugar. Mas vai estar chovendo, se não chover vai estar lotado, isso sem falar que eu queria fazer algo HOJE.

Estou planejando uma super-cine-maratona. Pego um filmezinho as 18:00 e outro as 20:00. Queria ver Cronicas de Narnia e X-Files, mas daqui da empresa eu não consigo acessar o site do cinema. Para completar, vou me dar o primeiro Big Mc do ano, com batatas deluxe, tudo no escurinho do cinema. Quem tá do meu lado deve detestar o cheirão do Big Mc, mas Big Mc na frente da telona é bomdimais. E no segundo filme vai rolar uma pipoquinha salgada, ou alguma sobremesa esperta, adoro o iogurte ( super engordativo cheio de açúcar ) do Mc.

Das duas uma: ou o "conforto" funciona e os filminhos e agradinhos me fazem voltar levinha levinha pra casa, ou nada disso ajuda e além dos problemas atuais tenho ainda 3 quilos a mais pra encarar na balança. Ó céus.

E vocês, o que fazer pra melhorar o astral?

quinta-feira, agosto 7

A gente perdoa...

Ninguém gosta de gente arrogante, esnobe, presunçosa. Entretanto, quando essa pessoa é de uma inteligência peculiar, a gente até perdoa..

Fui à minha primeira reunião com o manda-chuvas de compras, o chefe do meu chefe. Já me avisaram que ele não tolera atrasos, não admite que a reunião não termine no prazo, e que todo mundo tem que estar preparado até o último detalhe. Ainda bem que nessa primeira vez eu fui só de ouvinte.

Povo de Deus, que criatura inteligente. É arrogante, é feio, mas é inteligentíssimo. Quando uma daquelas discussões polêmicas começava, ele saía com um argumento genial tão rápido e tão profundo que a discussão acabava ali. O mais intrigante, é que há aquele inteligente que coloca suas idéias de uma forma tão difícil que nós - os ralés - demoramos um par de minutos para assimilar, mas o chefão não, ele coloca as idéias geniais de uma forma tão clara que todo mundo pensa: caracas porque é que eu não pensei isso antes, eu também sou inteligente!

E como eu ía dizendo no começo, de gente inteligente assim a gente tolera tudo, até camisa de botãozinho na abinha do colarinho.

Mudando de pato pra ganso...

Perguntaram que língua eu falo e em quais circunstâncias. Com meu marido eu falo inglês salpicado aqui e acolá por holandês, quando um casal se conhece falando inglês, se relaciona por anos em inglês, é difícil mudar pro holandês, acho eu.

No dia-a-dia, mercado, farmácia, prefeitura, guarda-de-trânsito-sacana, eu falo holandês. Eles percebem na primeira palavra que eu sou estrangeira, mesmo que a primeira palavra seja um simples ja ( sim ) ou nee ( não ), não me pergunte como. E a maioria do povo abaixo dos 60 anos fala inglês, mas cobram de você aprender o holandês.

No trabalho, depende do nível de dificuldade do assunto. Se é pra falar sobre autorização pra um curso no RH, eu falo holandês, eu atendo telefone em holandês, mas como eu trabalho com muitos engenheiros, diretores, que falam bastante termos técnicos ou uma linguagem mais "avançada", eu falo em inglês.

Mas, perfeição é o meu sonho, ou que pelo menos eu fale holandês um dia como eu hoje falo inglês. Por isso estou voltando pra escola.

E para finalizar...

Já aprendi a viver com o pânico, não é tão ruim como parece. No fim, apesar dele, vou conseguindo as coisitchas que quero. E olha, juro que quando eu estava lá no Mexico, no hotel legal, tomando tequila sunrise à beira-do-mar, meu único pânico era a indecisão entre repetir a dose ou pedir um "sex in the beach".

;o)

quarta-feira, agosto 6

Trabalhando na Holanda

No post do dia 1 de Agosto, a Silvia de Alkmaar comenta sobre as dificuldades dela no trabalho e pergunta qual o meu segredo para expor minhas idéias, entender os colegas.

Vou começar com uma colocação inicial, de suma importância para entender tudo o que vem depois.

Eu vivo em pânico. Acordo em pânico, passo o dia todo em pânico, vou dormir em pânico. É isso 24 horas por dia. No começo era um panicozinho simples, a velhinha do mercado desatar a falar comigo em holandês e eu ficar com cara de pastel, a voz misteriosa da estação de trem dar um aviso importante e eu não entender e ir parar em Heerlen ao invés de Haarlen, de alguém numa entrevista de emprego dizer que eu sou uma burra por ainda não falar holandês, essas coisas... Na verdade, meu problema maior é esse medo estúpido de fazer papel de palhaço, de pagar mico. Aqueles que não estão nem aí certamente sofrem menos.

Quando comecei a trabalhar, o pânico triplicou. Nessa hora, foi importantíssimo trabalhar numa empresa super internacional, onde a minoria era holandesa, assim eu me sentia menos "ET phoned home" no que tange à língua, então o pânico era basicamente com as diferenças culturais. E como tudo é diferente aqui! São mais diretos nas negociações, mais honestos, mais disciplinados, quase sempre cumprem os prazos. De certa forma é muito mais fácil trabalhar com um europeu do que com um brasileiro, pelo menos na minha área. Mas o pânico constante nunca me deixou, eu é que aprendi a viver com ele, como se fosse um sapato apertado, sabe?

Fora as crises de pânico agudo, que me dão embrulho no estômago só de pensar. Entrevistas de emprego, programar tudo pra não se atrasar, roupinha apropriada, a espera na ante-sala com o envelopezinho do CV na mão... O exame de motorista, depois de quase 30 aulas. O teste de holandês para requerer a cidadania. Pânico, pânico, pânico.

Você fala sobre entender o que seus colegas falam. Se é o entender "linguísticamente falando", eu peço pra repetir em inglês, ou pergunto o que XXX quer dizer. Mas se é um conceito, uma colocação, eu digo "sorry, I didn't get that, what do you mean by XXX"? Na maioria das vezes, a pessoa estava só de bla bla bla e nem ela entendeu bem o que disse. Porque aqui também tem profissional falastrão, ô se tem.

O que aumenta esse pânico é SABER, não é nem achar, é SABER, que aqui na Holanda eu sou o azarão do turfe, quase uma aberração. Sou uma mulher numa montadora de veículos pesados: de 70 funcionários em compras, 4 somos mulheres. Sou a ÚNICA imigrante "não comunitária" - pra não dizer de país pobre: dos 70, tem tem um francês e eu de imigrantes. O nosso veículo pesado tem 3 produtos-chaves, o chassi, o motor, o cockpit: eu sou a responsável pelo cockpit. Por isso tudo eu vivo em pânico porque eu tenho que me esforçar extra para ser aceita pelos colegas, para provar que eu posso cuidar de um portfolio tão pesado, pra aprender mais rápido que o normal, tenho que provar, sem sombra de dúvidas, que mereço ter o que tenho e ter chegado onde cheguei. Pânico de falhar, pânico pânico pânico.

No meio desse pânico todo, o único momento em que eu me sinto de igual para igual, ou até melhor do que eles, é quando eu tenho que expor minha opinião, é quando eu tenho que explicar porque temos que comparar cotações, porque eu prefiro desdolarizar um valor, como eu planejo controlar o investimento de 20 milhões que vamos fazer no meu cockpit. Porque nessa hora, EU SEI. Não importa se eu falo inglês, holandês macarrônico, esperanto - EU SEI o que eu estou falando. E quando EU SEI, colega, sai debaixo, ninguém me segura.

O pai de uma amiga minha tem um ditado que resume bem minha situação: estou em pânico há tanto tempo que se de repente me vejo sem pânico, entro em pânico.

segunda-feira, agosto 4

Cadê o Stevie Wonder?

Quem é bonzinho, meiguinho, legalzinho feche esse blog agora e não siga adiante. Vou ser má, má, muito má. Então se você continuar a ler e vier me encher os pacovás depois é porque você é um babaca. "Teje" avisado.

Nós no Brasil temos essa idéia que não sei de onde vem, que europeu é sempre sofisticado, que vivem nos museus, estudam em faculdades famosas, até pra rezar vão naquelas catedrais e igrejas que a gente só vê em livro de história.

Canso, canso messsssssmo de ver brasileiro deslumbrado com a Europa, voltam de viagem cantando as belezas do lado de cá, falando nas chiques francesas, nas delícias culinárias italianas, nas noites espanholas e assim vai. E quanto menos conhecem mais deslumbrados são claro. Ah, eu fui assim um dia também, povo. Lesa da moleira.

Certos episódios da vida aqui chegam a fazer a gente rir de gargalhar ( ou chorar de desgosto ) da imagem pré-concebida que a gente tinha... Sábado fomos andar na nossa futura rua, 8 casas já foram entregues. Como eu já disse, tem 1 casa bonitinha e o resto está sendo "feita por eles mesmos", pelos moradores. Na primeira casa lá do início da rua, quatro adultos rebocavam o interior de uma casa, uns "acentando" a massa de direita pra esquerda, outro de cima pra baixo, uma mixórdia... E no chão, um bule elétrico, café instantâneo, um pacote de pão e um potinho de alguma meleca de passar no pão. Vários copinhos descartáveis com bitucas de cigarros pelo chão. Visão do inferno. Esse é o "chamá os cumpadi pra jogá uma lagi" dos holandeses. Pelo menos no Brasil rola um churrasquinho no final, aqui é aquele pão com meleca mirrado.

Duas casas pra trás, um cara e a esposa estão colocando um piso furrequinha no chão. Piso frio sem aquecimento por baixo, uns azulejinhos 15 X 15 bem Praxis, um branco um cinza. Eu sei que gosto é que nem forévis, cada um tem o seu, mas ninguém, a não ser o Stevie Wonder, gosta daquele piso. E eu sei que assim como nós, muita gente apertou o máximo a renda pra comprar a casa em construção, mas até um carpetezinho honesto ficaria melhor, e mais quentinho e aconchegante. Mas eu até perdoei o gosto suspeito do meu futuro vizinho, imperdoável é ele ali, sem cortinas, sem venezianas, a sala praticamente uma vitrine, de quatro e mostrando o rêgo. O cofrinho do Brad Pitt eu até ficaria feliz de ver, mas aquilo ali tava loooonge. Visão do inferno 2. Fala aí cumadre, você que ainda está aí no Brasil, já tentou visualizar europeu jogando uma lage mostrando cofrinho? Aposto que não!

Na última casa da rua, eu tinha visto um indiano pintando a sala, achei que ele era o morador. Sábado eu vi os moradores holandesíssimos branquelões, o indiano é um "faz-tudo", acho. Enquanto eu achava que o indiano era o morador, eu até entendia a cor da sala de estar, mas agora... Gente, a sala é amarelo ovo. OVO. Não é amarelinho, beginho, é amarelão, ovão... De novo gosto é que nem forévis, de novo só o Stevie Wonder gostaria da cor, eu sei, eu sei. O pior é que por dentro os batentes da janela são branco, mas através da janela você vê o amarelão de dentro e os batentes são verdes por fora, fica uma bandeira brasileira!!! Aí, como a breguice impera, neguinho vai colocar um monte de vazinhos, bibelôs e plantinhas no batente da janela pra quem passa ver. Ou ainda pior: vela. Vela juntando poeira. Ecahhhhh.

É por isso que eu nem me avexo mais com as minhas breguices decorativas. Estou até pensando em colocar um aqueles infernais "sino dos ventos" ou sei lá como chama aquele treco cheio de penduricalhos que faz barulho quando venta. Aquilo já é brega no Brasil, perdoável com numa casa de praia tilintando à suave brisa marítima, mas chacoalhando furiosamente nos vendavais holandeses é de amargar.

Eu confessei minha breguice decorativa, o que faria o Nate da Oprah querer morrer de catapora. Agora confessa aí, o que você tem na decoração da sua casa que não merece sair nas páginas da Casa Claudia?

sexta-feira, agosto 1

Você é um bom "faça você mesmo"?

Aqui na Holanda, eu não sei se a razão é os altos preços da mão-de-obra especializada, ou se é porque eles são canguinhas mesmo, ou metidos a sabe-tudo, mas é impressionante como eles se metem a fazer reformas e "ajeites" nas casas. E não pensem que é só uma pintadinha aqui, uma prateleira ali, eles refazem banheiros, colocam piso de madeira, até cozinha instalam.

Por conta dessa "mania" nacional, uma miríade de programas afins passa na TV. O "eigen huis en tuin" ( jardim e casa próprios ) mostra um timezinho fazendo reforminhas, uma estilista, um jardineiro, um faz tudo, e mostram como tudo é simples, fácil e rápido. O detalhe é que eles, além de ser profissionais, tem um time imenso de ajudantes, que quase nunca aparecem nas cameras, dando a impressão que os caras fazem tudo sozinhos.

Tem um de jardins, um cara que tem fama de tarado aliás, vai na casa da pessoa e faz um jardim maravilhoso, às vezes até com "cozinha de fora", sauna, essas coisas de gringo. Bart sonha em escrever uma cartinha e ganhar um jardim.

Mas o que mais me horroriza mesmo, é um que se chama "Hulp, mij man is klusser" ( Ajudem, meu marido é faça-você-mesmo ). É sempre uma esposa cujo marido começou a fazer alguma coisa na casa mas não terminou. Mas não pensem que é a fulaninha puta porque o cara não pintou o hall de entrada, é coisa grande, como o banheiro que está a 8 anos no cimento, ou a cozinha que está a 3 anos sem chão, teto ou parede, umas coisas escabrosas. E sempre passa a mulher se acabando de chorar ( isso pra um holandês é a morte, chorar em público ), a casa inteira toda empoeirada, o apresentador indo lá pegar o marido no trabalho, perguntando pros amigos: você sabia que o banheiro dele só tem um toilete no cimento e nem ralo no chuveiro tem?". Um dramalhão mexicano pros padrões daqui. Eu amo. Xingo o cara, xingo a mulher ( quem fica 8 anos sem um banheiro, a casa toda empoeirada, e não contrata alguém pra terminar ou dá a bota nos fundilhos do marido? ), me divirto. O Bart ODEIA o programa, culpa no cartório eu diria, já que ficamos 2 anos sem rodapés.

Quarta-feira fui lá na casa nova, as 8 primeiras casas já foram entregues. Eu estacionei ao lado da nossa casa e fui andando na rua, e os vizinhos vieram conversar comigo. Eu vi várias casas sendo pintadas, arrumadas pelos moradores, só 1 já mora na casa, e está tudo prontinho, até o jardim já está feito, eu perguntei como eles conseguiram aprontar tudo tão rápido, a resposta: contratamos uma empresa, em 4 dias a casa estava pintada, com piso, jardim, até cortina e lustres eles penduraram.

Naquele momento eu invejei aquela mulher. Porque esse é um defeito do meu marido: ele não faz, e não quer pagar para fazerem. Na minha casa atual, só agora que a agente imobiliária intimou, rodapés e lustres foram colocados. E o pior é que eu nem posso fazer eu mesma, ele coloca defeito em tudo! Talvez se minha casa estivesse bonitinha como está antes, nós nem quiséssemos tanto mudar para outra casa.

Eu estava toda felizinha que Bart concordou em contratarmos uma empresa de mudança profissional. Ele concordou também e mandarmos colocar o piso. Mas claro que ele ía ter que estragar a brincadeira...

Quando fomos ver a cozinha que vem na casa, assustamos com o preço, saímos da loja desanimados. Fomos direto pro Ikea, pois adoramos as cozinhas de lá. Na época, o único impecilho era ter que montar a cozinha nós mesmos, e que boa surpresa ver que agora a IKEA tem serviço de montagem de cozinha, assim você recebe tudo prontinho e com garantia de 15 anos. Combinamos que nossa cozinha será IKEA, do jeito que a gente quer, com tudo que temos direito. Incluímos cestinhas rotatórias, prateleiras de puxar, ficou uma tetéia de cozinha. Eis que agora, quando vou pegar o telefone da empresa de montagem, Bart estranha: "pra quê, nós vamos montar nós mesmos!". Gente, eu achei que eu fosse desmaiar de raiva. Agora imaginem, os dois trabalhando período integral nos nossos empregos, invernão ( a casa vai ser entregue em novembro ) anoitecendo cedo, a gente com 1 mês pra deixar a casa pronta para morar, e os dois lá, se matando pra montar a cozinha. Disse não e pronto. Não vou discutir, não vou brigar, simplesmente não e pronto. Ele está putíssimo comigo, mas eu não arredo o pé. Você pode pensar que economizaríamos rios de dinheiro, mas sabe quanto custa a montagem? 900 euros.

E é isso que eu não entendo. Ele faz drama pra pagar esses 900 contos, e prefere camelar semanas montando móvel, tudo dando errado, não encaixando, ao invés de simplesmente chegar e ver tudo montado. Entretanto, topou numa boa ir 1 mísera semana pra um hotel na Grécia pagando 1800 contos, o dobro da cozinha! Me digam, vocês conseguem entender? Eu não.

Mas isso cansa, meu povo. Porque para tudo é um parto, para tudo é uma briga, vai tudo a passos de tartaruga. Demoramos 2 anos para comprar as cortinhas porque não concordávamos no modelo. Acabei cedendo e compramos a que ele quis, do jeito que ele quis, da cor que ele quis. Eu queria persianas horizontais, ele queria cortininha de pano, branca transparentinha e marrom por cima. Ficou bonito do jeito dele, mas agora está lá, as cortinas brancas desfiadas porque os gatos tentam pegar mosquitinhos e acabam as arranhando, e as marrons cheias de pêlos super visíveis, já que os gatos são brancos. Pagamos uma fortuna, mais de 500 contos, e agora ninguém vai pagar nem 100.

Olha, até a casa nova estar do jeito que queremos, vou arrancar os cabelos, vai ter muita briga, muitas lágrimas, muito desgaste. Mas uma coisa vou dizer, eu aprendi minha lição, é melhor quebrar o pau uma vez mas contratar o profissional, do que evitar o pau e ficar lá 3 anos sem um rodapé, sem um lustre.

Adriana vai já colocar as luvas de box e se encaminhar pro ring, tomara que sobrevivam todos, ela, o marido e o casamento.