terça-feira, agosto 12

Ah, faça-me o favor...

Não quero ofender ninguém, não quero brigar com ninguém, mas acho que quem procura demais acaba achando chifres em cabeça de cavalo.

A Loreál embranqueceu a Beyoncé? Sei lá! Ela não está mais ou menos branca que em várias capas de revista que ela fez. Colocam a foto de estúdio dela e comparam com uma foto tirada na rua de noite ( na entrada de algum prêmio ) e claro que na foto de estudio ela está mais clara. Mas coloquem a foto da Loreal ao lado da capa dela na Cosmopolitan e me digam se tem muita diferença...

Aliás, é isso que faz da Beyoncé o paraíso dos marketeiros: ela não é nem branca e nem negra, tanto um quanto outro público acaba se identificando. Ah, mas ela aparece loira e o cabelo está lisérrimo. Se ela quer tingir o cabelo dela de loiro-escandinávia, problema dela, alguém vem aí me xingar porque eu fiz luzes Irish Red?

Todo mundo fica martelando que o negro tem o direito de andar e se achar belo com seu cabelo afro, com seu nariz largo, mas ninguém defende o negro que não gosta dessas características e quer mudá-las. Aliás, implica-se que o negro que faz rinoplastia é um desajustado, quer esconder suas raízes, quer se fazer passar por branco, tem síndrome de Michael Jackson. Engraçado é que ninguém criticou minha amiga que "ajustou" o nariz sírio dela, todo mundo elogiou, ficou bem menor. Mas vai o Milton Nascimento afilar aquele nariz horroroso dele e todo mundo vai meter o pau. Ele tá tentando embranquecer, faz logo uma gravação em português de Thriller aê seu Milton!

Desde os 18 anos eu faço luzes e clareio o cabelo, e ninguém fala nada. Sou branca, é "natural" eu querer clarear o cabelo, mesmo que minhas loiras madeixas sejam tão artificiais quanto às da Beyoncé.

E logo fala-se na arma mortal do consumidor moderno: o boicote. Logo logo andaremos descabelados, desmaqueados, pelados, esfomeados pela rua. Afinal, temos que boicotar as mais de 100 marcas que a Nestlé detém. Agora também umas 30 da Loreal. Nada de pudim de leite moça, mousse só se for com creme-de-leite parmalat xexelento, farinha láctea só se for de marca genérica, nada de Purina pro cachorro, condicionador é Neutrox, batom é da Elke ( ainda existe? ).

No fim, acho que a gente acaba culpando as empresas pelas nossas falhas de caráter. A culpada é a Nestlé que faz o leite em pó que a mãe dilui demais e deixa o filho mal nutrido, e não do governo que não cria empregos pra essa mãe poder usar o leite na dosagem correta, ou que ao menos dá a ela leite em pó nos postos de saúde, ou a esclarece que isso é prejudicial à saúde do filho? A culpa é da Nestlé se a mãe mistura o leite em pó com água contaminada e o filho morre de malária, e não do governo que não sanitiza a água, não acaba com os focos de malária. Da mesma forma, é um computador lá na central da Loreal que acha loirona magrinha linda de morrer, e não eu, você, seu marido, sua vizinha, sua tia, o padeiro. É um programinha da Oracle que exclui todos os negros dos processos de seleção para os cargos mais altos, não o sujeitinho lá detrás de computador. Os maus, os errados, os condenáveis somos nós.

Temos que ao menos dividir a culpa que nos cabe. Ah, a GAP é malvadona e deixa criancinhas bordar as blusas de madame. É, os “donos” da GAP poderiam ser menos gananciosos e pensar menos em lucros ( no dia que o Maluf ficar honesto ), mas se a criançada tivesse na escola, e os pais recebendo uma mísera ajuda de custo do governo, não tinha molequinho analfabeto de dedo sangrando de tanto costurar missanga e lantejoula.

É dever do cidadão pagar seus impostos, é OBRIGAÇÃO do governo garantir o bem estar da população. Se as coisas não funcionam assim, e a gente sabe que não funciona, vamos gastar nossa energia indo direto à raiz do problema, cobrando dos nossos governos que assumam o papel que lhes cabe na prevenção desses absurdos, vamos educar a população a exigir o mesmo. E não ficar gastando saliva e dedo no teclado boicotando empresas que santas não são, mas que no fim só se aproveitam da incompentência do governo e da nossa fraqueza de caráter.

Deixar de usar o Kerastase não vai ajudar a mudar o preconceito, o que vai ajudar, é no dia que eu sentar atrás duma mesa para contratar um funcionário, que eu não faça distinção entre um branco, um preto, um asiático, um mulçumano, um gordo, um feio. Isso sim é dar meu quinhãozinho para melhorar esse mundo.

5 comentários:

Anônimo disse...

Por acaso o MOSQUITO transmissor da MALARIA tava na água misturada ao leite em pó? Por que senão, como se pega malária bebendo água? ;)

Mas o post tá interessante. :)

Anônimo disse...

Eiiiittttaaaaaaaaaa Adriana, falou "bonito" !!!!!

Anonimo

Anônimo disse...

Eu so' boicoto empresas que usam animais pra testes, e tento evitar também as que produzem muito lixo "dificil" e que poluem mais (tem uma lista nao sei onde que menciona as empresas mais "limpas"). De resto, é inutil mesmo.

Queria te perguntar uma coisa (se puder me manda um email; to viajando e sem teu endereço): como se diz "driveline" em portugues? To traduzindo um troço chato aqui que acho que voce tiraria de letra...

bjos
leticia

Anônimo disse...

A Beyoncé é chata até no nome, parece uma boneca de plástico...mas eu me identifiquei com o que você disse sobre o negro que quer modificar a aparência. Sou branca, mas tenho cabelo crespo, e todo mundo ( especialmente pessoas de cabelos lisos e esvoaçantes) fica falando para deixá-lo ao natural. Não deixo, o cabelo é meu e eu só que sei o trabalho que dá se eu não botar nada nele!
E sobre boicote, se formos boicotar todo mundo que tem alguma culpa no cartório, melhor ir morarmos numa caverna, pois sobra muito pouco.

Anônimo disse...

Oi, sobre o voo , ultimamente é mais barato partir da Alemanha ou da Bélgica.

Luana