sexta-feira, setembro 30

Gordo sofre

Aqui perto de Eindhoven, na cidade de Roermond, há um Designer Outlet ( Roermond Designer Outlet ) que eu visitei, depois de uns 2 anos, novamente. Gente, dois comentários: 1) u lá lá, como tem coisa legal 2) como gordo sofre, porque é que o mundo detesta a nós, fofinhos?

Eu queria comprar sapatos bonitos, bons e confortáveis para a viagem de negócios para o Brasil, e encontrei um flat e um de saltinho, ultra confortáveis na Marc O'Polo, que sempre faz sapatos ultra duráveis, muito confortáveis, mas com um precinho normalmente acima do meu tímido budget. Pra dar uma idéia dos preços, paguei €80 num par de "pumps" ( mocassim? ) e €35 num part de flats, ambos de puro couro, com solas especiais espumadas e borracha na sola ( pra aguentar andar na neve que virá em 2 meses ).

Tem lojas da Nike, Adidas, Puma, olhei camisetas pra levar de presente para o Brasil. A maioria custa o mesmo que a gente pagan a V&D ou na Bijenkorf ( ao redor de €20 ), mas achei boas ofertas a €15 e até a €12. No Brasil, uma camiseta da Nike não sai por menos de R$80, então eu acho que levando daqui é um bom presente, não ocupa tanto espaço e não pesa tanto no bolso. O marido usa muito camiseta da Nike e da Adidas, a qualidade é realmente superior, até mesmo camisetas mais caras, tipo Esprit ou Mexx, não resistem muito bem à nossa rotina de lavadora a tombo e secadora a tombo ( eu não tenho varal ), e Nikes e Adidas duram pacas.

Outra loja que a gente gosta e é bem vantajosa é a Timberland, comprei camisetas a €11, também duram uma eternidade. Tudo bem que nos EUA é ainda mais barato, mas eu estou ( infelizmente ) aqui e não no sol da Flórida.

Entrei na Tommy Hilfiger e na Ralph Lauren baby ( hey comadres, adivinha porque? ) e embora custe bem mais que uma marca boa holandesa, é mais barato que uma Lilica Ripilica no Brasil. Vi mini-jeans da Hilfiger por €55, o que é caro pra uma calça minúscula que vai ser usada 5 vezes, mas no Brasil uma marca boa seria ainda mais cara.

Fiquei alucinada na loja da Creuset, a maioria das peças com 30% de desconto, logo comprarei pelo menos 2 preciso refazer o armário debaixo da escada.

E porque gordo sofre? Porque mesmo que você tenha na carteira €406 pra dar numa jaquetinha de lã Armani, o maior número é o 42, e deixem-me dizer: é um 42 brasileiro, pequetico de tudo. Jeans da Levi's a €20, mas o maior número era o cintura 29, que Segundo meus calculos é cintura 73, que é um tiquico maior que a cintura da minha sobrinha de 12 anos.

Agora preciso da opinião sincera dos amáveis leitores desse blog. Olha que assunto importantésimo. Está rolando os "Três dias loucos" da Bijenkorf e eu vi uma bolsa da Oilily que eu amei. Acontece que eu quero usar essa bolsa para carregar o tablet e o lap pra reuniões em fornecedores brasileiros, e tô meio com medo que seja louca demais pro ambiente profissional brasileiro, sem contar que a Oilily rosa que eu usei no Brasil foi chamada de bolsa de velhinha simpatico 2 vezes. Povo, clica no link e falaí se a bolsa é aceitável pelas bandas daí.

http://www.debijenkorf.nl/page/product_flypage?product=3704020002&fh_session=d34n2vpu8ke3php9cq5idum1n5&tsm=1&fh_maxdisplaynrvalues_brand=1000&fh_secondid=3704020002&fh_lister_pos=1&fh_location=//catalog01/nl_NL/ddd_cat>{drie20dwaze20dagen20aanbod}/categories<{catalog01_20}/categories<{catalog01_20_660}/brand>{oilily}&fh_eds=ß&fh_refview=lister

quarta-feira, setembro 28

Difícil


Quando eu era pequena, nossa família tinha um tabu, um assunto praticamente "intocável": o suicídio da C.

C. era prima do meu pai e irmã da minha madrinha, e há mais de 50 anos engravidou solteira, o pai da criança sumiu. A criança nasceu, a C. continuou morando com os pais e a vida continuou. A filha era ainda pequena ou bebê quando a C. subiu num prédio de São Caetano e pulou, especula-se que ela estivesse grávida de novo. A criança foi criada pela avó como se fosse filha, a menina só ficou sabendo da história da mãe verdadeira já adolescente.

Fora esse caso, nunca soube de nenhum outro suicída no Brasil.

Mudando aqui pra Holanda, em nove anos já conheci 3 pessoas com um familiar que se suicidou.

Há tempos contei aqui do senhor que trabalhava na Bosch comigo, o filho aos 16 anos pulou na frente de um trem nos trilhos bem na janela do escritório do pai. Já fazia 4 ou 5 anos e o pai ainda tomava remédio pra depressão e trazia na mesa um porta-retratos com a foto do filho e uma lanterninha de jardim com uma vela dentro, que ele acendia todos os dias.

Ontem, um dos meus funcionários me pediu um dia livre na semana que vem para um "herdenking": a família se reúne para lembrar do afilhado dele, que se suicidou há 3 anos, também no trilho do trem. É triste ver o estado da família depois de um acontecimento desses, não só pela tragédia ou pela perda, mas ver os familiares chegados, que viam o rapaz todos os dias, se condenando por não terem percebido nada, não terem visto os sinais. Deviam fazer mais campanhas pra ensinar famílias a reconhecer sinais, eu acho que eu também não teria percebido.

Olha que coisa estranha, uma velhinha que mora de frente pro trilho de trem contou pra família que o viu por lá 3 vezes ao menos, andando ao lado dos trilhos, indo e voltando. Ela achou que ele estava pensando em suicídio, mas que atitude tomar, falar com o rapaz, tentar localizar a família? Esse rapaz tinha 29 anos, naquele dia foi com amigos a um jogo de futebol aqui no estádio do PSV, parou num bar com os amigos, tomou uma cerveja, foi de bicicleta até o trilho do trem, acorrentou a bicicleta e fechou o cadeado, ajoelhou na frente do trem, e segundo o motorista do trem, estava com as mãos em posição de prece. O corpo foi encontrado aos pedaços, claro, apenas o cinto e a carteira foram devolvidos pros pais, e após várias semanas da cremação, um vizinho achou um dedo numa árvore.

Eu me pergunto se a depressão é mais frequente hoje em dia, ou se os números sempre foram altos, mas no passado nunca foram levados a sério ou tratados como doença. No Brasil, minha mãe faz tratamento com remédios pra depressão, e quando ela sisma em parar com o remédio, todo mundo percebe porque conviver com ela é praticamente impossível. Agora minha prima me disse que minha tia está muito muito mal com uma depressão terrível, e começou essa semana a tomar remédio. Acho ótimo que hoje tenha-se remédio pra depressão, mas fico com medo de alguns médicos que os prescrevem. A doença deve ser levada à sério, e o uso do medicamento também. No caso da minha mãe e da minha tia, o médico receita 3 meses de remédios, sem uma volta ao consultório. Aí, como faz minha mãe sempre, depois de um mês ela se sente melhor, que é o efeito esperado do medicamento, e pára de tomar, achando que está "curada". É claro que um mês depois ela volta à estaca zero, deprimida de novo. Duvido que com a minha tia será diferente, ouvi que "não vou ficar tomando remédio de maluco pro resto da vida". E esse médico que não explica que a depressão não é uma inflamação de garganta, que se medica, ela sara, e volta a acontecer tempos depois? E esse médico que não explica que depressão é uma doença séria e não "coisa de maluco"?

Ai credo, que assunto né?

terça-feira, setembro 27

E se?

Hoje eu tinha que acordar no fiofó da manhã porque tinha uma reunião às 7:45. Já falei aqui que antes das 9 meu QI é de Gorila? Então.

Plato Gorducho começou a dieta, tem que comer uma comida para controle de saciedade. Tyty continua na comida pro rim, então minha manhã começa com gato magro pra um lado com potinho de comida renal, gato gordo pro outro comendo comida de gordo, e é claro que o gordo quer comida renal e o magro quer comida de gordo. Eu sento no chão, no meio, com minha barrinha de cereais e meu nespresso fumegante, e fico controlando o café da manhã dos felinos. Hoje vim dirigindo esconjurada pro trabalho, pensando que todas as manhãs serão 15 minutos "jogados fora" controlando refeição de gato, e aí falo com a comadre que tá em casa com a nenêzinha recém nascida: Adriana, ela mamou, arrotou, xixizou, foi trocada, já tá na hora de começar tudo de novo. Essa é minha amiga mais prática, então se ela fala, eu acredito. Aí fiquei pensando…

Tem que querer muito, mas muito mesmo ter filhos pra aguentar o tranco. Ou ter o desprendimento holandês do deixar chorar, que eu não teria, afinal, nem o gato eu deixo miar de noite. Meu colega diz que o filho com uma semana já dormia 6 horas seguidas de noite. Mas e a mamada da noite? Eu não como, porque é que ele tem que mamar? Mas e não chora? Chora 3 dias, a gente deixa chorar, ele pára. E sei lá viu, o menino tá lá gordinho, espertinho, não morreu e acho que não traumatizou, mas como dormir sabendo que seu bebê recém nascido tá chorando de fome?

É, helaas pindakaas, meu negócio é gato mesmo, eu já estaria louquinha de pedra com um nenê pra cuidar… Estaria em mil paranóias, deixo chorar, acudo, vai ficar mimado, e quando for pra creche, sou uma bruxa malévola por mandar pra creche, e se ele ficar traumatizado, e se, e se, e meudeus, se???



segunda-feira, setembro 26

Tô pasma!


Voltei! Depois de uma semaninha de poupança pro ar, volto bronzeada, relaxada, de ótimo humor. Estava precisando!

Comecei as férias com minha conta de gmail sendo hackeada e um spam sendo mandado pra TODA a minha mail list. Como fazem isso? Resolvi o problema, troquei senhas, mudei settings, agora é torcer.

Antes de viajar, compramos nosso tablet lindinho. Depois de pesquisar muito, concluí que o Ipad não ía dar conta de todos os meus arquivos piratões, principalmente torrent, então comprei o Samsung Galaxy Tab 10.1 e estou amando, gente como é prático viajar com tablet! E de quebra a empresa tem um plano de reembolso de PC's e consegui enquadrar o tablet nessa categoria e receberei 50% do din din de volta, que boa notícia!

A dieta ( pra quem perguntou estou seguindo a South Beach Diet ) foi pausada por 9 dias, não enfiei o pé na jaca, só acariciei a fruta levemente, e voltei com o mesmo peso que fui. Agora TENHO que fazer a maldita da tal zumba pra derreter 2 kg de banha e viajar com terno folgadinho.

Fomos para Lagos no Algarve, e gostamos muito. Sempre pesquiso cidadezinhas mais simplezinhas, vilarejos, o absoluto oposto do tipão "Guarujá" e dessa vez também deu certo: Lagos está conseguindo manter o jeitinho português, apesar da invasão britânica. Fui tratada muito bem, vieram até me mostrar uma revista cuja capa trazia o título "portugueses que emigraram para o Brasil e moram de frente pro mar, ganhando o dobro do que ganhariam em Portugal". O negócio tá feio por lá, muita obra parada, o povo reclamando muito do desemprego e nível salarial. Bom, política à parte, comi um enorme bacalhauzão na brasa, não arrisquei meu bacalhau favorito ( com natas ) porque é bem engordativo mas me esbaldei; tomei caldo verde e comi pão de chorizo ( mini enfiada de pé na jaca ), comi pastel de nata ( sinhôura, pistel de bêlém só em Lishbóa ), tomei vááárias taças de vinho verde. Fomos 3 vezes à praia Dona Ana, linda de morrer, demos uma passeadinha por Ferragudo, passamos por Portimão e detestamos ( guarujázão piorado ), e a parte mais legal das férias: alugamos Segways e percorremos todas as vielinhas de Lagos flutuando no treco, foi legal dimais sô.

Bom, já que o post tá meio sem pé nem cabeça mesmo, tcheu continuar. Então, o euro foi pra 2,50 reais, tá um tantinho mió pros pobres europeus, eu incluida, passar férias no Brasil. E enquanto falávamos aqui na empresa sobre o real X euro, vi a pesquisa encomendada com os salários de diretores em empresas automotivas no Brasil, incluindo a grandona onde eu trabalhava. Quase caí dura: 35.000 reais. Gente, como pode? Fora bônus de fim de ano e participação nos lucros. Tô pasma. É um carro por mês meu povo! E não tô falando daqueles super CEO's de super empresas não, tô falando de um diretor de empresa automotiva no ABC, com 15 ou 20 anos de experiência, 45 anos de idade. Vou repetir: tô pasma de tudo!


segunda-feira, setembro 12

Who wants to live forever?

Hoje levei os gatos pro check up e vacinação anual.

Fui toda feliz, Tyty está gordinho, peludinho, serelepe, até já dá umas bordoadas no Plato quando provocado, ao invés de fugir como fazia antes ( ele com 6 kg e o Plato com quase 9 kg ). Eu não estava preparada pra mais um sopapo emocional.

Tyty está ganhando peso, se recuperando, está já com mais de 7 quilos, mas hoje o veterinário diagnosticou um "heart murmur", não sei como traduzir. Por enquanto é fase 1 ( vai até a 6 ) e só temos que ficar de olho para ver se a condição progride ( gato cansado, sem fôlego ), segundo o veterinário uma prognose otimista é de uns 8 anos de vida com boas condições e depois declínio de atividades. Muito provavelmente meu Tyty não morrerá de causas naturais e em algum momento nós teremos que "colocá-lo pra dormir". Muito provavelmente a causa é o remédio dos rins, pode-se fazer mil exames para saber melhor como está o coração, mas é bem cansativo pro paciente e além do procedimento, eu teria que levá-lo para Utrecht, numa faculdade que tem lá e que tem ressonância pra gatos. Estou aqui me debatendo, levo ou não? De que vai adiantar, não há outro medicamento, ele já toma o indicado para as fases 1, 2 e 3 ( Fortecort ).

Quando ele estava ultra doente, tínhamos que levá-lo ao vet todos os dias pra aplicação de soro subcutâneo. Nos 3 primeiros dias, ele estava tão mal que não conseguia segurar o xixi, e aí ele ficava inconsolável até chegar no vet, miando sem parar, e só parava quando a assistente o limpava, passava um líquido cheirosinho, limpava a caixinha dele e colocava um paninho pra ele deitar, aí ele ficava quieto praticamente a aplicação toda ( no fim ele miava, mas a dor era muita mesmo, quase meio litro de soro subcutâneo ). Ele pegou um trauma tão grande com as caixas de transporte que ele não entra no mesmo cômodo que elas estão, então como colocar o gato no carro até Utrecht ( 1 hora ) pra ser torturado e depois voltar na caixa mais 1 hora? Qual o benefício de tudo isso?

Quando ele estava sendo tratado era eu quem o tirava da caixa ao chegarmos em casa, dava água de seringa pra ele, paté no meu dedo, Holandesa dizia que o gato jamais esquece quem o curou e eu achava besteira, mas ele está tão apegado a mim que meu marido à vezes fica até chateado, ele raramente vai ficar com o Bart. Se eu vou ao banheiro, ele vem atrás. Estou na mesa da cozinha no lap, ele está aos meus pés; o mesmo quando eu estou no sofá, é no chão aos meus pés ou então no encosto do sofá. É meu companheirinho constante e quando eu fiquei doente, duas semanas depois dele, ele vinha dormir na minha barriga. É meu companheirinho. Se ele se for, como farei? Cidão, como faz? Cidão perdeu o Lukas dele, e a cada Twitada do Cidão Adriana se desfaz de choro, porque meu pequerrucho will not live forever.

E pra completar, Plato tá obeso redondão e ganhou pacotão de comida diet "saciety", vou ter que começar a separar os dois pra comer, tuchar comida no Tyty de noite e de manhã, e deixar meu outro pequerrucho com fome só olhando o irmão ganhando quilos de comida enquanto ele passa fome. Ele é um gato e não vai entender que ó pro bem dele.

Estou tão pra baixo que minha vontade de levar os dois pro hotelzinho e ir pras férias é zero. Se já não tivesse tudo pago, eu cancelava.

Estaca zero?


Vocês conhecem a história da família pobre e da vaca?

Vou resumir mil vezes que a história é longa. Um senhor pobre foi ao padre e pediu auxílio na situação difícil em que estava: ele, a esposa e 6 filhos moravam juntos num casebre de um só quarto, e viviam muito apertados. O padre mandou ele rezar um terço e arrumar um porco pra viver com eles, dentro de casa e não no quintal. O pobre achou um absurdo, mas de padre não se duvida. A vida virou uma droga com o porco, era um barulhão, e fezes por todos os lados. Ele voltou ao padre. O padre mandou trocar o porco por um cabrito. E depois por uma cabra, e depois por uma mula, e por fim, por uma vaca. A vida estava inconcebível, todos dormindo dentro do barraco, mais a vaca, mais a grama da vaca, mais o cocô da vaca. O pobre foi furioso pro padre e o padre mandou o pobre simplesmente se livrar da vaca. E o pobre viveu feliz pra sempre no seu enorme casebre, limpinho e cheiroso, livre de fezes animais e as moscas em consequência.

Essa sou eu. Depois da transfusão de sangue engordei 6 quilos em 40 dias. Sei lá se foi banha, se foi água, se foi uma alma penada gorda que tomou posse de mim, mas o fato é que eu já estava há muito tempo querendo emagrecer uns 8 quilos, com os adicionais 6 virou uma tarefa hercúlea. Discuti com a médica hematologista, e ela me disse que isso era esperado por pelo menos 1 ano depois da grande dose de ferro que eu tomei, e veio com aquela conversinha natureba de todo médico holandês. Aqui, pra tudo a cura é chá e cama. E paciência, que não vende na farmácia. Perguntei se podia fazer regime, ela disse que não era aconselhável, meu corpo precisa "se regenerar". Como de conversê de médico batateiro eu já estou farta, mandei um e-mail pra nutricionista do Instituto Garrido e a resposta foi: o que tem caloria nem sempre tem nutrientes, me aconselhou a fazer uma dieta low carb e tomar minha santa vitamina TODOS OS DIAS SEM FALTA. E assim estou fazendo. O emagrecimento dessa vez é lentíssimo, por causa da minha velhice e por cause do ferro todo. Estou seguindo a South Beach, que é mais razoável que o louco do Atkins que te manda comer bacon todos os dias. Ainda estou sem fôlego pra grandes sessões de ginástica, pedalo sempre que o tempo permite na minha bike com novo banco de 40 cm de largura ( e ainda sobra bunda ), tento fazer uma sessão completa de zumba mas arrego na terceira música, mas insisto.

Hoje me pesei, e no total emagreci os 6 quilos e mais 500 gramas. Estou apenas meio quilo mais leve do que estava quando fui para o hospital, mas juro, nem Gisele Bunchen se acha mais linda. Sou o pobre do casebre pós-vaca. Todo esse sacrifício pra voltar ao ponto de partida.

Mas, o pneu que tinha se instalado na minha barriga se foi. Minha bunda deve ter diminuído 7 mm ( uma vitória, quase um centíííííímetro ), minhas roupas estão servindo. Meu rosto, que enquanto doente tava chupado e com os 6 quilos a mais ficou inchado, está normalzinho e saudável. Com toda a proteína que estou comendo, tô ficando mais musculozinha, e sinto a diferença não só nas pernas menos gordotas, mas também na facilidade que é subir escadas.

Tá tudo indo bem. Mas sei lá que monstro que vive dentro de mim só diz: casebre de pobre sem a vaca. E o irmão desse monstro decidiu que quer pão, muito pão, quer chafurdar no pão.

Blé, gordo sofre!

quinta-feira, setembro 8

Lacraia encalacrada


Lacraia encalacrada, essa sou eu.

Parece que alguém lá no céu apertou o botão "tudo encalacrar para a Adriana" e cá estou eu.

Meu carro novo, que era pra ser entregue na semana passada? Encalacrado. Sem previsão de desencalacramento.

Viagem a negócios ao Brasil? Agenda encalacrada e consequentemente reserva de avião encalacrada. Vou acabar tendo que viajar sem o economy plus, na poltrona ao lado do chefão. Previsão de desencalacramento semana que vem, com sorte.

Situação com o Old Fart, encalacradíssima, e eu sofrendo horrores porque eu sou maníaca e quando estou com saco cheio de algo não consigo parar de pensar no assunto. Na terça tínhamos nosso one-on-one semanal, o primeiro depois da revisão anual e por isso muito importante. Ele veio sem preencher a única tela que temos pra trabalhar, remarquei a reunião. Na segunda reunião, tela ainda sem completar. Remarquei. Na terceira, ele simplesmente não apareceu. É ou não pra não ter ódio mortal do sujeito? Mas eu não vou me alterar, não vou agir emocionalmente. Simplesmente comecei um log de todas as atividades, os canos, as cagadas do fulano. Mais que isso, registro ali os assuntos discutidos, o "coaching" que é meu trabalho e eu faço, e que ele ignora. No dia que a m**** feder eu simplesmente pegarei o log e direi: no dia X eu o informei que o procedimento é Y, meu trabalho eu fiz. Hoje, já emputecida com essa história toda, chego no escritório pra encontra a secretária do departamento me esperando com a cara do demo. Temos uma política de viagens facílima, há um formulário de solicitação, você o preenche e dá pra secretária incluir os valores preliminares de vôo, hotel, carro alugado, esse formulário vai pro diretor aprovar, volta pra secretária, ela confirma as reservas, a agência te manda um e-number com e-ticket, e todas as outras reservas. Se você pedir, a secretária até te faz o check-in e prepara seu boarding pass. Esse imbecil, ignorando tudo isso, simplesmente reservou por si só passagens pra uma reunião na Espanha, não pediu autorização, e o detalhe: essa é a terceira vez!!! Eu só informei: você terá que arcar com os custos, a empresa não reembolsa passagem aérea reservada fora da agência, a menos que seja situação de emergência. E ele: é emergência! Ok, então vá lá explicar como foi que você pegou um vôo de emergência reservado 3 semanas antes da emergência. Panaca! ( e desculpinha aí por ainda estar falando do OldFart, cês são uns anjos )

Dieta encalacrada. Estou seguindo certinho, sem nem cheiro de jaca. Aliás, minha mini jaca foram giozas no djapa há uns 10 dias, e no dia seguinte passei tão mal que foi uma jaca emagrecedora. Estou no tal platô, e preciso perder mais 1 cm de bunda pros meus terninhos novos ficarem liiindos. Até a semana passada eu não sentia falta dos carbs, essa semana estou me sentindo ultra cansada, o pó. Em Portugal vou liberar um pouquitinho, senão não vou conseguir acompanhar o marido nas andanças pelas praias. Mas nada de doces, esses se seu comer uma balinha, acabo devorando um bolo de 6 tiers.

Tablet encalacrado. Agora que decidi que quero o Galaxy Tab da Samsung, não acho o de 32 gb, vou ter que me conformar com o de 16 gb.

Sapatos encalacrados. Quero uns flats de presilha pra feira no Brasil, porque ninguém merece salto alto em feira e sinceramente, nesse ambiente nem pega muito bem. Sei exatamente o que quero, mas ninguém vende. Hoje queria ir para o outlet de Roermond, mas chove cântaros e se eu for, ficarei encalacrada no trânsito.

Em compensação, uma pequena mínima vitória que é a minha luz no fim do túnel. Tive a minha primeira "werkbesprek" ( reunião de trabalho ) como gerente do Senhor Belga e foi tudo tão bem! Eu estava esperando uma gigante dificuldade, mas tá tudo tão belezinha…

Mas já usando um pouquinho do otimismo que essa última reunião me deu… tenho que agradecer muito aos leitores habituais do blog. É sempre legal ver pelo stat quanta gente vem aqui por dia, mas é ainda melhor ler que tem bastante gente que volta, e que é "cliente habitual". Outro dia eu estava ultra pra baixo e recebi aqui bastante mensagens do povo que vem sempre aqui e foi um enorme boost pro ego, que como eu digo, anda precisando. Brigadinha povo. Como diriam na terrinha: agradecemos a preferência!



quarta-feira, setembro 7

Mindfulness

Eu venho contando aqui o quanto eu tenho trabalhado. Vocês, que me conhecem bem, sabem o quanto eu estou estressada. Para mim, o stress aparece em forma de imensas olheiras que nem o mais potente pancake da Lâncome esconde, um humor do cão, paciência mais curta que meu salário, e tolerância abaixo de zero.

Hoje houve uma "intervention", que seria engraçada, não fosse tão trágica. Recebi o convite para uma reunião de grupo e lá estavam eles, com um bolo de chocolate caseiro e o pedido que eu vá, por favor, de férias. Segundo eles, eles notam que  eu estou sobrecarregada, que eu deveria estar me cuidando melhor, mas que no fim eu me deixo engolir pela montanha de papéis que é depositada diariamente na minha mesa. E enquanto eu comia uma fatia ínfima do bolo ( não podia fazer desfeita, né ;o) ), todos repetiam o "moto" holandês de que sua saúde é muito mais importante que seu trabalho.

Nesse convescote eu informei o time que eu já reservei férias no Algarve em duas semanas, ficarei por lá apenas dez dias mas já dá pra recarregar um pouco as bateriais pra enfrentar a próxima maratona.

E qual será a próxima maratona? Em outubro irei ao Brasil à negócios. Será muito, muito bizarro. Apesar de eu ter escolhido gerenciamento ao projeto brasileiro, me pediram para participar da feira FENATRAN, então eu estarei no stand da empresa conversando com potenciais fornecedores. Teremos ainda dois dias de treinamento, press release e como se não bastasse, irei ainda com meu diretorzão visitar alguns fornecedores. Como brincaram aqui, preciso fortalecer o muque pra carregar bem a mala dele.

Vai ser estranho estar no Brasil a negócios representando uma empresa holandesa, no meio dos holandeses e americanos, e claro, dos fornecedores brasileiros. O interessante é que eu me considero uma pessoa bem sucedida sim, mas os fornecedores me acham uma wonder woman, aqueles que ficam sabendo que eu mudei pra Holanda sem emprego, que comecei com vários anos de "atraso" e que hoje sou a gerente de um grupo, literalmente expressam sua admiração e até me pedem dicas. Como eu sou longe de ser perfeita, tudo isso faz um bem danado pro meu ego, e Deus sabe como eu estou precisando…

Essa viagem está sendo organizada por americanos, então tudo é uma ultra-mega-fantástica-produção: os traslados do hotel pra feira, o hotel é um ultra luxuoso perto da Berrini, tem camisa e pashmina especial, até momentinhos de lazer estão sendo programados. Nesse oba-oba todo eu espero que dê tempo de eu passar um diazinho que for com a minha família.

E é isso povo, tô indo mostrar as banhas pro sol português, nadar nas águas geladas da Praia da Dona Ana, vou comer muito bacalhau, todos os dias, no café da manhã até, e voltarei zen.

Como diria Claudinha: het is al gebeurt ( já aconteceu… frase do curso mindfulness, que eu deveria fazer ).


sexta-feira, setembro 2

Tchau Bacalhau

Cena: almoço do evento "Supplier Day" da empresa, Adriana tem que papear com 3 fornecedores que ela não conhece, dentre eles um português. Português vê meu sobrenome holandês, essa minha tez morena ( já tô pálida que nem lombriga de novo ), e nem se toca que eu sou brasileira. O chamarei de Sr. Bacalhau. O diálogo foi em inglês.

Sr. Bacalhau: Acho que sua empresa está cometendo um erro muito grande em abrir uma planta no Brasil, naquela terra não há gente honesta.

Eu: O senhor já esteve lá?

Sr. Bacalhau: Várias vezes, em cada vez sofri uma desonestidade. Dos diretores de empresas até os porteiros do hotel, são todos desonestos.

Eu: O senhor foi para o Brasil então porque?

Sr. Bacalhau: É, o dono na minha empresa insiste em fazer negócios no Brasil, diz que as vezes se perde, mas também se ganha muito. Eu por mim, não faria negócios ali. Eu, por mim, nem contrataria brasileiros, falam alto demais, estão sempre atrasados, a pausa do café sempre dura o dobro, só pensam é no dia do pagamento.

Eu: ( mudando pro português ) Nossa Sr. Bacalhau, então serei eu a primeira brasileira honesta, pontual, competente que o senhor vai conhecer?

Fiquei com dó dos outros fornecedores, ambos alemães, que ficaram de boca aberta. Eu mudei pro inglês e comentei: o que me entristece é que quando o Brasil estava "down" e muitos tentavam a sorte em Portugal, sofriam discriminação, eram tratados como inferiores, acho que ainda o são, no entanto, no Brasil, cada estrangeiro é recebido  com um sorriso no rosto, é convidado prum cafezinho, tem tratamento especial, o povo vai logo perguntando se eles estão gostando do Brasil - e com genuíno interesse. Agora que o Brasil está "enriquecendo", os mesmos portugueses que nos discriminaram vão ser tratados como reis se forem tentar ganhar um dinheirinho pro lado de lá do oceano.

O Sr. Bacalhau até tentou desconversar mas depois calou. Talvez eu devesse ter ficado quieta, mas vocês sabem né, não tô podendo.



quinta-feira, setembro 1

Dia ( meses ) de fúria


Adriana, você ganhou na loteria e está agora vivendo em Bora Bora? Não caros leitores, muito ao contrário, estou trabalhando feito um cão.

Vocês se lembram do filme "Um dia de fúria"? Então, um dia vou surtar daquele jeito e vou estrangular o OldFart, que merece um nome novo, piorado. Vou encurtar bem a história, mas digam aí o que vocês fariam.

Tivemos na semana passada nossa revisão financeira anual. Cada comprador tem que preparar uma apresentação com todos os números do ano inteiro, projeções pro ano que vem. Meu trabalho é ajudar cada um, principalmente os novos, compilar os números deles e fazer os números do meu departamento, daí vai pro diretor, ele compila os números do nosso grupo ( somos 2 departamentos ), reporta à finanças, e só depois de aprovado podemos apresentar para o diretor member of the board, cada comprador apresenta sua parte, eu apresento os resultados do departamento, o direto do grupo. Manjou né, escadinha de tarefas, um lá embaixo faz meleca, tudo vira meleca.

Todo mundo trabalhando feito uns loucos nos números, e o OldFart passeando. Neguinho arrancando cabelos, OldFart passeando, chegou o dia do primeiro review comigo e ele tinha 2 das 18 páginas prontas. Como se ele fosse um adolescente eu reservei uma sala pra ele, levei o laptop dele pra lá, cancelei duas reuniões: Old Fart, você vai terminar esse report NOW. E ele fez bico, e ele enrolou. Long story short, depois de 3 reuniões comigo, a data final chegou, a apresentação dele muito marromenos, eu pressionei, ele terminou, eu peguei os números, passei um dia inteiro calculando o total, outro dia inteiro com meu diretor consolidando os numeros do departamento, reportamos pra finanças, que alívio, tudo pronto pra apresentação no dia seguinte!

Um dos rapazes me diz: dá uma olhada nas apresentações no sharedrive, OldFart ficou até tarde ontem modificando os numeros. Eu surtei. Ele achou vááários erros nos números dele, arrumou pra não passar carão em público na hora da apresentação pro Board, mas com isso todos os números da minha apresentação e da apresentação do meu diretor ficaram ferrados. Eu já estava estressada, explodi. Fui à mesa dele, mandei-o retornar os números para o original reportado, ele se recusou, disse que eu o pressionei e dei pouco tempo pra ele conferir os números ( a apresentação está marcada a 5 meses!!!! ), que nosso diretor deu pouca atenção à apresentação dele, e que já que a apresentação dele ainda não tinha sido impressa ele iria mudar sim. Deus desceu do céu, encarnou em mim, e naquele minuto eu só respondi: eu vou limpar sua bagunça e conversamos depois.

E semana que vem teremos o "depois", é a reunião face-to-face que eu tenho com cada um dos meus funcionários a cada 15 dias.

Eu ODEIO esse funcionário. Odeio os princípios dele, a forma dele se comportar. Ele está aqui a um ano e ele AINDA responde "me disseram que esse contrato é assim", "alguém no passado negociou assado", ele não assume responsabilidade por nada! No dia que eu falei pra ele retornar a apresentação aos numeros anterior e mencionar que ele cometeu um erro, o véio tremia e ficou vermelho que nem um tomate podre, olhos estalados que nem uma rã.

Mas infelizmente eu não tenho "ainda" ( saravá Iemanjá ) não tenho o poder de fazer o cara tomar o rumo da roça, e também não quero ser aquela chefe que "marca" o funcionário, mas serioulsy, vou morrer com esse cara no meu grupo. Preciso ser diplomática, preciso ser cautelosa, mas ainda assim preciso me livrar do dito.

Tô quase acabando. Há dois meses o diretorzão pediu pra eu escolher: gerência do departamento ou projeto brasileiro. Me partiu o coração mas eu tive que escolher gerência do departamento, porque é o melhor pra minha carreira. E é lógico que o véio tá contando que eu vá para o projeto, afinal eu sou brasileira, e deve estar cronometrando os minutos. Semana passada foi anunciado no board meeting que eu não irei pro projeto e o véio ficou tão perplexo que levantou a mãozinha e pergunto: mas tem lógica, ela é a única brasileira da empresa… gente, juro, a cara de desespero dele foi até engraçada. Maledeto.

E agora povo, conselhos por favor. Minha vontade é de jogar o nome dele na boca do sapo. Estou com ódio mortal, passo horas ruminando sobre esse desgraçado, naquela semana fiquei tão irada que depois que terminamos a apresentação fui pra casa, tomei um Aleve pra garganta e quase morri de dor de estômago, vomitei 3 dias, até água me dava dor de estômago, e ainda não estou uma Brastemp.

Pergunta: mandinga, cogumelos venenosos ou laxante no café?