quarta-feira, janeiro 26

Macaco senta no próprio rabo...


Kos, o vizinho holandês do meu irmão, disse pro marido que uma dos maiores erros que o Lula fez foi criar aquele bolsa família, porque tem muita gente que ao invés de melhorar a vida usando aquele dinheiro como adicional, simplesmente resolveu parar de trabalhar e viver do salário família. "Preguiçosos, é o que esse povo é, se você oferece um dinheiro pra alguém vir te pintar uma parede, eles não querem, porque agora tem o bolsa família e de fome ele não vai morrer", diz o Kos, e eu nem vou comentar que a revolta dele está no fato de que antigamente com qualquer trocado ele achava um pobre coitado pra ir trabalhar na casa dele, debaixo do sol de rachar do interior de SP, enquanto ele mesmo ficava cervejando, e que agora, juntando o real valorizado ao fato do povo estar mais miserável, os eurinhos dele não rendem!

Mas enfim…

Eis que do lado de cá, nessa terra de gente muuuuuito trabalhadora ( ham-ham ), a história da L. a secretária do departamento.

L. casou meio tarde, e talvez por desespero ou sei lá se por amor mesmo, escolheu um sujeito não muito fã do verbo ( e ação ) labutar. Ao casar ambos trabalhavam, mas assim que os trapos foram juntados e o salário da esposa entrou, o marido disse que ele se sentia muito mal trabalhando, que era muito estressante e que ele ficava muito nervoso, então ele ia ficar em casa.

Aí a L. ficava envergonhada de dizer que o marido era "meio" preguiçoso, e achou a solução: torná-lo um dono-de-casa. Ela, aos 41 anos, engravidou. Sabe-se lá se é genético, ou se foi por causa da idade, o filho é autista, um grau não muito severo, mas não pode, nem poderá nunca, viver sozinho.

L. trabalhava na Philipona, e com a crise foi mandada embora. Ficou sem trabalhar 6 meses até que achou um emprego aqui na minha empresa. O diretorzão tem 2 secretárias, uma pessoal e outra do departamento, que é mais uma assistente. A assistente antiga, que trabalhou aqui 30 anos, se aposentou e L. foi contratada no lugar dela.

As atividades da assistente antiga foram em parte absorvida por outras assistentes, a expectativa é que L. seria capaz de pegar o trabalho rápido. Mas isso não aconteceu, passadas 5 semanas, o negócio não ía muito bem. Uma avaliação foi feita e L. foi informada de que ela precisava melhorar.

L., no dia seguinte ligou que estava doente. E doente ficou por 3 semanas, só porque teve uma crítica ( construtiva ) ao trabalho dela. Depois de 3 semanas doente ela ligou para o RH e informou que reconsiderou e não queria mais voltar, que o cargo era estressante demais para ela, e que uma senhora de 48 não conseguiria de forma alguma companhar o ritmo. Detalhe, a antiga assistente tinha 62 e fazia o trabalho dela em 3 dias, não em 5.

E tudo teria ficado por aí, se não fosse a L. ir no tal do Linked in e colocar que trabalhou na empresa 1 ano ao invés de 1 mês.

Da próxima vez que eu for pro Brasil contarei essa história ao Kos, e assim como ele generalizar que os holandeses, além de preguiçosos, não são lá muito honestos.

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