sexta-feira, novembro 7

Estou viva!

E tenho que começar meu post falando da vitória do Obama. Se ele, mulato e filho de imigrantes conseguiu chegar ao cargo de maior importância na politica mundial, nossos filhos ( se eu os tiver ), poderão tudo!

E não se ofendam, mas há um recado que eu quero dar para os negros, mulatos, crioulos, escuros, café-com-leite: oh pu-líz, vam-pará com essa auto-piedade, com essa mania de perseguição, e vamolá arregaçar a manga e botar pra quebrar. Obama não sentou às margens do rio Piedra e chorou, ele foi a luta.

Anyway. Mudamos. Foi ótimo ter contratado aquela empresa de mudança, deu até pra descansar naquele dia. Estamos ainda vivendo em meio a caixas, muitas caixas, mas os móveis estão montadinhos e no lugar. Minha cozinha ainda está inoperante, falta instalar tudo, só a geladeira funciona, com os puxadores do lado errado. Ainda não acertei a mão com limpeza de Inox, tá horrível.

A casa é incrivelmente mais prática do a anterior, há espaço pra tudo. Temos que mudar alguns hábitos e mudar coisas de lugar, mas está tudo melhor. Espero esse findi acelerar o desempacotamento, é mesmo muuuuito necessário.

Os piolhinhos deram um certo trabalho no primeiro dia. Ty chorou, chorou muito. Revoltado em não estar na casa DELE, se enfiou de volta na caixa de transporte e esperou até que o levássemos para a casa antiga, o que não aconteceu, claro. Eles também estão procurando os cantinhos novos deles...

E eu comecei a vir trabalhar de bike. Minhas costas ainda não estão recuperadas, então deram uma piorada, mas eu estou insistindo mesmo assim. Minha bunda dói incrivelmente e as pernas queimam, mas a cada dia fica um pouco mais fácil vir de casa pra cá.

No Brasil, uma agência amiga está cuidando da minha passagem pra Bahia, acho que vai dar certo. Ao invés de 1200 euros, 1300 reais! Desisti de tentar entender o turismo no nosso país.

No trabalho, uma loucura total. Várias mudanças no meu projeto, muito mais trabalho pra mim. E as medidas de contenção de despesas cada vez mais fortes e já falam em "plano social", que nada mais é do que um plano de demissão melhorada. Dizem que vão usar só caso seja muito necessário. Mas tenho que confessar duas coisas: primeiro, que me preocupa, mesmo meus colegas não estando nem aí. Segundo, que me chateia profundamente o pessimismo e às vezes a falta de coleguismo do meu marido.

Cheguei chateada em casa ontem, por ter ouvido do plano social. Contei pra ele, ele disse na lata: os últimos a chegarem são os primeiros a saírem, você vai perder seu emprego. Puta merda, assim na lata. Não podia ter guardado o comentário pra ele? Fiquei tão chateada que fui dormir antes das 9 da noite. Pra ele, é só a grana, pra mim é o meu dream-job, porque esse é o meu dream-job!

Aí cheguei ainda chateada no trabalho, e comentei que estava ligeiramente receosa com o meu mentor. Ele deu risada, disse pra eu não me preocupar, que precisava piorar muito pra chegarem à essas medidas drásticas, e que normalmente começavam pelos que já estão para se aposentar, o que aqui é um batalhão. Que caso a crise se aprofundasse ainda mais, o que é pouco provável, que demissões adicionais seriam feitas baseados em desempenho, e não num critério tão arbitrário quanto o tempo de casa.

Olha, sei lá se eu estou muito mais tranquila, mas que é muito melhor e mais produtivo ouvir algo positivo nessa hora, ah isso é.

Sinceramente, não entendo a atitude do Bart e me chateou muito. Às vezes acho que ele, mesmo sem me falar, ressente meu emprego dos sonhos, meu salário igual ao dele, minha felicidade ao chegar do trabalho todos os dias, minha empolgação com a minha empresa. Sei lá... Freud explicaria...

5 comentários:

Marcia-Rotterdam disse...

Sobre o Obama, acho que você vai levar puxão de orelha da Ana, rss. Mas fiquei bastante feliz com a vitória dele. Não vejo a cor dele, só a competência.
E quanto ao emprego, não se preocupe antes da hora, se você sobreviveu os facôes do Brasil, sobeviverá os daqui! Preocupe-se em ajeitar sua casinha nova.

Ana disse...

Migas, vcs na Holanda ou no fin fond da Europa podem chamar o Obama de crioulo, neguinho, mulatinho, café com leite, mas aqui nos EUA essas categorias nao existem, ele se considera African American e assim ele é designado. E é assim cada um se identifica da maneira que quiser, tem carioca da gema de pele escura e cabelo encaracolado que se olha no espelho e se pensa dinamarquesa mas se viesse aqui pros Estados Unidos seria vista como Afro-Brazilian...

E Dri, nao dê bola pra essa atitude do Bart, é excesso de realismo, mas tem muita empresa que vai usar a crise como desculpa pra fazer limpeza. Nao serah o seu caso, e nos conte da casa nova !

beijocas.

Marcita disse...

Dri, não acho que seja por aí, ou seja, quem mal chegou, sairá. Acho que, nesse sentido, dos mais recém chegados, seriam aqueles com contrato temporário. E concordo que comecem pelos que estão para se aposentar. Trabalhei num lugar que teve que fazer isso. Eu, recém chegada (tinha 3 anos de casa apenas) fiquei lá, firme e forte. Começaram com quem tinha 30 anos de casa e com os temporários. Depois com extinção de postos de trabalho desnecessários. Mesmo assim, mobilizaram pessoas para outros departamentos e por aí foi.

E eu era temporária numa outra empresa que foi privatizada. Meu contrato era de 6 meses apenas e sabíamos que não era renovável. Assim, no final, os temporários foram todos embora (uns 100), muita gente com aaaaanos de casa foi demitida. Mas dois amigos meus continuam na empresa até hoje: Um, à época da privatização, tinha apenas 5 anos de casa e a outra tinha mais de 15, portanto, relaxa!

Unknown disse...

A empresa que meu marido trabalha aqui na Australia demitiu 700 funcionarios desde junho. Nao pouparam ninguem, de executivo a operario, engenheiros, IT. E aqui e' assim, quem chegou por ultimo e' o primeiro a ser mandado embora. Pelo jeito por aqui tempo de casa conta muito.
Scary... very scary...

Verônica disse...

Faz algum tempo que leio o seu blog e gosto bastante, em muitas coisas, até a mais polêmicas como fam´lia e decisão de ter filhos, tenho opinião parecida ou igual.
Concordaria totalmente com vc se eu como negra estives evivendo nos EUA. Aqui é totalmente diferente e atrasado neste aspecto.Já estive lá ( e na África tb)e pude observar. Enquanto que lá se vê negros a torto e a direito sendo protagonista de seriados e de comerciais, sendo general do exército(já viu isto no Brasil?), ministros do primeiro escalão em importância e etc, aqui este fenômeno está só começando. Avançou-se bem menos que lá. Pois o tipo de preconceito mais aberto, com a total segregacção e como consequência a luta pelos direitos civis nos Eua, foi uma grande alavanca. Aqui há muita convivência no cotitidiano e pouco acesso aos meios econômicos e de poder político.
Mas é claro que também ajuda se eu não ficar paranôica com medo de ser perseguida e discriminada. A minha mente agradece.
Como a Márcia concordo que devemos olhar principalmente pela competência e inteligência de Obama, sua cor não deve ser o fator mais importante de todos.

bjs