terça-feira, janeiro 8

Adotar ou comprar?

No meu facebook tenho vários amigos engajados em causas de proteção aos animais. Todas as manhãs me deparo com fotos tristes de animais abandonados, emaciados, machucados. Acho fantástico pessoas usarem o facebook pra ajudar esses animais.

Nesses grupos, a campanha pela adoção, e não compra, de um animal é bem forte, e tem que ser – a população de animais para adoção parece ser imensa!

Outro tópico que aparece frequentemente é o de criadores de animais de raça que mal tratam suas matrizes, especialmente depois que eles passam do período reprodutivo.

Recentemente eu comprei uma gatinha. Sim, comprei. Acreditem, até aqui na Holanda – onde tudo é muito diferente – recebi dois e-mails de brasileiros criticando a compra de um animal de raça.

Deixa eu falar um pouquinho da situação dos animaizinhos aqui na Holanda, porque eu acredito profundamente que embora não seja um sistema perfeito, é um exemplo pro Brasil.

Quando o Ty morreu, eu já imaginei que acabaríamos adotando um outro gatinho pra fazer companhia ao Plato. Naquele momento eu já pesquisei as possibilidades de adotar um animalzinho. Aqui na Holanda, os canais para se adotar são:

-       Um amigo / conhecido que tenha filhotes ou algum gato adulto

-       A internet, principalmente o site do marktplaats ( o e-bay holandês ), onde as pessoas doam ou vendem animais ( as vezes a pessoa cobra um valor simbólico, tipo 20 ou 30 euros, só pra garantir que ninguém pegue um gatinho de graça pra fazer alguma maldade

-       O asilo da cidade

A maioria dos holandeses, se querem simplesmente adotar um gatinho, vão pro asilo da cidade. É natural para o holandês adotar. Esse foi meu primeiro passo.

Fiquei supresa com duas coisas, primeiro é que eu esperava muito mais gatos pra adoção, eles tinham ao redor de 40 filhotinhos disponíveis. A segunda surpresa é que os filhotinhos não ficam ali no asilo, ele ficam em casa de “pais temporários”, sendo socializados. Imagino que os que não sejam adotados, acabam ficando com essa família, porque a população de gatos adultos no asilo é bem pequena ( vi uns 20 gatos talvez, a maioria abandonados porque tem um problema de saúde e o dono não pode financiar o tratamento ).

Por conselho do nosso veterinário, eu procurava uma fêmea, filhote, de personalidade calma. A personalidade calma era para mim essencial, visto que criamos o Plato indoor com acesso limitado ao jardim, e um filhote que vai ao jardim tem que ser “treinado” a não tentar fugir, e é muito, muito difícil treinar um gato fujão ( o Plato foi ultra fujão, acalmou lá pelos 4 anos ).

Outra surpresa no asilo: gatinhos ficam pouquíssimo tempo disponíveis, são adotados bem rápido ( morria de alegria a cada dia ao abrir o site e ver o sinal: eu tenho dono ). Eu me encantei com uma gatinha viralata branquinha que tinha perdido uma perninha traseira, ía ser perfeito porque ela não conseguiria ( ou seria mais difícil ) escalar a cerca do jardim. Ela ficou disponível no site por horas, quando liguei pra adotar ela já tinha sido adotada. Os outros gatinhos, nenhum tinha sido identificado com “personalidade calma”.

Decidi então procurar um gato de uma raça calma. Foi nesse dia que notamos o Plato mais magro, fomos ao vet e ele tinha perdido um quilo por causa da depressão. O veterinário me aconselhou outro Ragdoll ou um British Shorthair.

Optei pelo segundo e mergulhei na internet.

Agora vem a parte dos criadores. Acho bem injusto no Brasil generalizarem que todo criador maltrata as matrizes. Meu irmão tem um collie doado por um casal de amigos deles que cria collies, o Jack nasceu com a visão bem prejudicada, e como ele não era “vendável” foi doado pro meu irmão. As matrizes desse casal são ultra bem tratadas, como ela tem um petshop são ultra escovadinhos ( essencial num Collie ), bem alimentados, paparicados… E não acredito que sejam os únicos criadores no país que criem animais por serem absolutamente apaixonado por eles. O que falta é um orgão que fiscalize esses criadores.

Quando compramos o Plato e o Ty, eu escolhi um gatil com filhotes disponíveis, e como sempre por aqui, somos convidados a visitar o gatil e os filhotinhos. No gatil, visitamos as instalações das fêmeas ( elas ficam todas juntas ), dos machos ( todos separados ) e depois visitamos os filhotinhos. Essa criadora optava pelo método de trazer a gata prenhe para dentro da casa dela, a gata tinha os gatinhos e os filhotes ficavam ali na sala de estar com a família. Tem todo um equipamento especial, uma jaulinha com lâmpadas aquecedoras, o chão é todo de piso frio pra ser mais fácil de limpar, todo mundo andando de meia, mas enfim, nós checamos e criadora, ela também nos checou, e fechamos o acordo. Um contrato de duas páginas aliás. O ótimo dessa criadora é ter socializado os filhotes com a família dela, os meninos vieram sem ter medo de gente.

A segunda criadora foi mais ou menos o mesmo. Gostei dela menos que da anterior, mas era ainda aceitável. O que me incomodou é que ela deixava os filhotes com a mãe lá no gatil, não dentro de casa. Lila veio aterrorizada de gente, demorou 2 dias pra vir comigo no sofá. Hoje ela é um doce comigo e com o Bart, não sei como será com os outros ( acho que teremos visitas essa semana, aí eu conto ).

A experiência me mostrou que pedigree não garante que seu gato seja livre de doenças genéticas. Entretanto, pra poder expedir um pedigree, o criador tem que ser membro de uma das associações de criadores da Benelux, e essas associações fazem um trabalho ótimo de fiscalização das condições dos gatis, das matrizes, dos filhotes.

É tudo um mar de rosas? Longe disse. É muito conhecido o fato de muitos holandeses irem de férias e simplesmente abandonarem seus animais, principalmente cachorros. O canil da cidade até tem “abrigo temporário” pra esses cães, na esperança que a família volte para buscá-lo. Tem algumas “ONGs” de ajuda a gatos, sinal que nem sempre os asilos cumprem seu papel completamente, mas eu encontrei pouquíssimas pesquisando pela internet. Vira e mexe, ouve-se de gente que abandona ninhadas em lugares públicos, um perigo quando temperaturas podem atingir os negativos.

Achei fantástico a lei que aprovaram no Brasil de multa em caso de maus tratos de animais. Quem sabe logo criminalizam, como é nos EUA?

4 comentários:

Unknown disse...

Oi Dri, tenho a maior vontade de ir morar na Holanda, por favor escreva algo pra mim sobre a Holanda e como mudar pra esse pais
abraço.
dcryl@bol.com.br

Alessandra disse...

Olá. Meu sobrinho tem uma amiga na Holanda. Ela tem filhos e mora numa casa com uma gatinha tb., que tem livre acesso aos cômodos da casa. Porém, ela quer adotar um dos meus gatinhos, adulto. Tenho medo de enviá-lo, por ser adulto e fugir. Dizem que a casa fica fechada, mas não sei como os holandeses tratam seus gatos. vc. pode opinar sobre isso? é urgnete, por favor. obrigada

Unknown disse...

Tenho que doar um gatinho

claudio pedrosa disse...

Oi, Dri, gostei muito das dicas, poderia por favor postar algo sobre uma raça de um cão chamada Smous holandês pois estou querendo muito pois e uma raça maravilhosa ee quero adotar ou comprar mas aqui no Brasil não achei por favor me ajude a encontrar obrigado ...