segunda-feira, outubro 18

Mind-ful(fool)-ness

“Mindfulness practice is simple and completely feasible. Just by sitting and doing nothing, we are doing a tremendous amount.”

Uma das comadres está praticando a tal mindfulness. Confesso que nunca tinha ouvido falar, e tive que ir pesquisar um pouco depois do jantar onde ela contou sobre o curso que está fazendo e as meditações.

Na sexta-feira eu não via razões para a prática, mas nada que um par de dias e um telefonema não faça.

Não vou ficar entrando em detalhes aqui porque nem sei por onde começar. Liguei pra minha mãe e as coisas não estão lá muito bem. Nada de grave, mas sei lá, é duro você ver a pessoa entrando no buraco, falar: ei, peraê, volta, mas ser simplesmente ignorado.

Sabe, com o divórcio e a aposentadoria, meu pai comprou lá um terreninho no interior, fez uma chacarazinha, adotou uma cadela de rua, plantou umas árvores, e de engenheiro virou chacareiro. Minha mãe diz que não entende, até faz certa piadinha, e apesar de como ela, não entender, afinal ele sempre odiou mato, barro, terra, eu até admiro ele ter encontrado uma forma de fazer os dias dele terem propósito, nem que esse propósito seja tirar umas ervas daninhas do caminho ou plantar uns pés de alface.

Minha mãe por sua vez, fica só em casa remoendo, lamentando o que não foi, acordando e indo dormir sem ter uma coisa pra fazer, uma meta pra atingir. O canteiro de ervazinhas que ocupa meu pai ( minha mãe diz: por 1 real eu compro um mação de cheiro-verde na feira, perder meu tempo plantando pra quê? ), no caso da minha mãe é uma doença que embora possa ser controlada facilmente com fisio e remédio, vira a distração e o centro da vida dela, ela faz auto-testes mudando a dose dos remédios, ela não vai à fisio nem faz os exercícios caseiros, e só fala de doença, 24/7.

Eu não sei mais o que aconselhar. Fico quieta. A novidade é que ela está pensando em ir morar com o meu irmão. Eu fiquei chocada, mas depois de pensar bastante, achei bom. Achei bom porque vai ter gente, cachorro, planta, um monte de coisas pra ocupar o dia dela. Vou ter uma conversa séria com o meu irmão, por 8 anos eu fiz o que pude, tá na hora dele tomar o leme desse barco.

Pra mim, ficará a dor de cabeça enorme de colocar o apartamento à venda, lidar com imobiliária, e quando ( e se ) vender o imóvel, ficar naquele dilema de o que fazer com o dinheiro, porque transferir pra cá é evasão de divisa e custa 33% em impostos. Deixar lá aplicado até quando?

Só me resta perguntar: como era mesmo a meditação? Não julgue... Já aconteceu...

4 comentários:

vcdarcie disse...

Voce poderia colocar o apartamento pra alugar, o preco dos alugueis estao nas alturas!!!

Joaninha Bacana disse...

Será que a sua mae nao está com início de depressao? As vezes é químico, e é difícil sair dela sozinha, sem ajuda de médico ou remédio :-( No mais, boa sorte, e que tudo se arranje: como dizia um antigo usuário de um projeto que eu implementei, 'com o andar da carroça, as melancias se ajeitam' :-)
Beijos, Angie

Jaboticaba Preta disse...

Sua mãe e cunhada se dão bem? Eu alugaria, pois se não desse certo viverem juntos, ela teria o local para voltar se assim for o caso.

Boa sorte e muita tranqüilidade.

Wilma disse...

Também concordo q você deve alugar e não vender, pois só valeria a pena vender se fosse comprar outro, ainda q mais barato, porém deixar dinheiro no banco, aplicado ou qq coisa além de não acompanhar a moeda a contento ainda entra pra lista dos sequestráveis. Aluguel está em alta, há poucos aptos disponíveis para tal. É desagradável ver as pessoas envelhecerem até nos seus sonhos, propósitos, sem entusiasmo pra viver, isto é meio comum nas mulheres q só tinham um destino: casar e criar filhos com o marido e outras como minha tia, casada com Cristo, é um tipo de depressão mesmo.