sábado, janeiro 3

Senta com um café na mão, que o post é longo

Às vezes a vida é assim, a gente quer congelar um momento no tempo, fazer tudo parar e ter somente sorrisos, dias ensolarados na piscina, abraços, piadas, sorvete de milho verde... Tem uma música italiana que diz que "essa dorzinha, ódio ou amor, passará". Então, nada dura para sempre.

Talvez daqui a algum tempo eu possa dizer que sou grata por encontrar a felicidade em dois lugares: no Brasil e na Holanda. Mas por enquanto é justamente o oposto: não sou inteiramente feliz nem aqui nem lá. Falta a família aqui, falta a segurança lá.

Aos poucos vou melhorando a depressão. Hoje fui bater papo com uma das comadres, ajudou muito. Semana que vem volto ao trabalho, que adoro, e apesar dos tempos bicudos, estarei mais felizinha.

As coisas foram muito bem no Brasil. Tive a impressão que os pobres estão menos pobres, muito carro bom na rua, e carrinhos "pocotó" menos "pocotós. O povo está se vestindo melhorzinho, apesar de ainda existir aquela maldita mania de alguém ditar a moda e todos terem que seguir. A nova são as calças skinny. Já viram gordo de calça skinny? Parece coxinha com a parte redonda pra cima: aquela banha toda pra cima e as pernetas amassadas no jeans. Mas é a moda, né - quem ousa não seguí-la? Sem falar que mesmo que você não queira seguí-la não há outra opção. Minha pobre mãe, uma senhora de 61 anos, não merece ter que se enfiar numa tristeza daquelas a essa altura do campeonato. Levei uma GAP straight boot pra ela. Fiz uma mãe feliz e dei emprego pra alguma criança na Índia.

Como eu já disse, os brasileiros estão ignorando a crise mundial. Como resultado, o resort estava razoavelmente vazio de gringos, todos guardando seus eurinhos ( e dolarezinhos e librinhas ), e bastante cheios de brasileiros. Famílias inteiras se encontrando e passando o Natal juntos no calor da Bahia. Nunca vi tanta babá na vida, e a 3600 reais por cabeça em baixa temporada, tem que ter muita bala na agulha pra levar até a babá pro resort all-inclusive. Sei lá se gosto dessa idéia de levar babá pra férias, por um lado, se eu trabalhasse e tivesse filhos, ía querer passar as férias grudadas neles, e não deixá-los aos cuidados de uma babá, por outro lado, num resort maravilhoso daqueles, ter uma babá pra dar banho, levar pra dormir, ficar com eles à noite é uma mão na roda, não sei mesmo o que pensar.

O hotel é muito bom, melhor do que esperávamos. Tem lá seus poréns, como não ter elevador em nenhum dos 3 blocos ( todos tinham 3 andares ) obrigando todos os pais com crianças em carrinho a ficar no térreo, bem como quem tem problema de locomoção. O café da manhã podia ser melhor: fila pra pegar tapioca num resort 5 estrelas é inaceitável. Mas os drinks eram ótimos, a comida bem aceitável, água de côco abundante, cadeiras de sol sempre disponíveis, quarto grande e bem de frentinha para o mar ( pagamos um pouco mais ), limpeza supimpa. Valeu. Praia do Forte não tem tantas atrações como Porto de Galinhas ou Natal, mas para quem queria relaxar como nós, foi o lugar ideal.

Gostamos muito de Salvador, e vamos voltar. Lindo ver tudo, toda a orla, centro histórico, mas se fosse morar lá moraria onde ficamos: na Pituba. Mais uma vez, o Brasil é melhor para aqueles que tem dinheiro. Mas é assim em qualquer lugar, não é?

Voltando à SP, fomos direto para Holambra, e tudo lá estava ótimo: calor, piscina, casa bonita, sobrinhos lindos e legais, churrasco, caipirinha, shopping center. O Natal foi ótimo também, como eu gosto de Pernil!!!

Às coisas no Brasil estão caras mas não tanto quanto eu pensava. Vi vestidos bonitos no shopping a 125 reais, longos, decotadões, do jeito que eu gosto. Arezzo, que era uma marca boazinha, está carésima, pra lá de 250 reais uma sandália. Nem parei na Cori, que era minha preferida, para não chorar. Nas revistas contigo da vida, os famosos só de Chanel, Prada, LV. Acho um despropósito, justo eles que tem exposição, não promover os designers nacionais. Anyway...

Passando assim férias, é impossível não desejar voltar a ter aquela vida boa, no calorzinho, mas meia hora de "Retrospectiva 2008" na Globo me lembraram da violência, da falta de segurança, da impunidade, de todos os motivos que colaboraram com a decisão de vir morar aqui. No fim, o xis da questão não é o lugar, porque até o pior dos climas se contorna, mas a falta da família. Se eles por um milagre estivessem aqui comigo, eu estaria feliz, com frio, ralhando com essa garoa, pés congelados, mas feliz de tê-los por perto.

E para acabar: a pergunta que não quer calar. Os holandeses sentem as coisas como a gente e não sabem expressar, ou simplesmente não sentem? Meu vôo era antes das 9 da noite, assim que começamos a taxiar, o piloto informou: como estávamos com as portas fechadas, o avião era considerado solo holandês, e portanto, faltava 1 minuto pra meia-noite ( era dia 31 de dezembro ). Passado o tal minuto, ninguém falou nada, marido não abraçou esposa, nem os filhos, nem ninguém. As atendentes passaram com um copinho de champagne pra cada e pronto. Três horas mais tarde, deu meia-noite no horário brasileiro: metade do avião se abraçou, se desejou felicidades, pros conhecidos e pros desconhecidos, deve ter até holandês entrado na dança. E aí a pergunta: será que é só pra gente que um ano novo vem com promessas de felicidade, de novas conquistas, de tempos melhores, de novos horizontes? Será que lá no fundinho, bem no fundinho, eles não acham também que o dia 1 do ano é mais do que só um dia como outro qualquer? Me responda quem puder!

5 comentários:

Luna disse...

Dri, não é "Perspectiva 2008", é "Retrospectiva 2008".

pacamanca disse...

Os italianos também se abraçam, se beijam e fazem festa. Eu nunca entendi isso visto que o primeiro de janeiro pra mim é REALMENTE só mais um dia do ano. Entro na dança por inércia, mas pra ser sincera estou mais é com os holandeses...

Marcia-Rotterdam disse...

Lembre-se do ditado do famoso "filósofo" Johan Cruyff: Elk nadeel heeft z'n voordeel ( para os de fora: cada desvantagem tem a sua vantagem). Ou seja, a vida é feita de escolhas, todas com suas vantagens e desvantagens. Perde-se de um lado, ganha-se de outro. É assim. Quem pode garantir que se você tivesse ficado no Brasil ainda teria seu bom emprego, ou mais importante, uma pessoa que te ama ao lado? Espero que o baixo astral pós-férias passe logo. Ah sim, aqui em Rotterdam o reveillon foi bem comemorado, verdade que esse negócio de beijar e abraçar todo mundo à meia-noite não é universal, mas sei lá, acho que ficaram encabulados de fazer isso no avião!

Eliecy disse...

Adriana...

Creio que quem mora no exterior sempte acaba tendo esse tipo de "confusão" emocional. Eu que moro no Rio e sou da Bahia tenho??!!! Mas, tudo tem seus dois lados, inevitavelmente.

Estamos na dúvida de voltar para Bahia ou continuar aqui por causa do meu trabalho!!! Mas não queremos morar em Salvador, aliás morei na Pituba enquanto fazia o mestrado, bom bairro. No entanto, hoje tem bairros melhores como Itaigara, Cidade Jardim e até fora de Salvador mas na grande região metropolitana, como Lauro de Freitas, que já pega a famosa Linha Verde e fica alí do ladinho de tudo!!!

Bom, só nos resta caminhar e ver o que irá acontecer, meio que assim...prevendo...

Boa sorte em 2009, e muita saúde.

Camila disse...

Adri, passei o ano novo em Amsterdam e vi muita gente feliz na rua... Muitos desconhecidos desejavam feliz ano novo e os fogos de artifício duraram a madrugada inteira. Como nunca passei ano novo na Alemanha, nao sei se o clima é bom por aqui tb... De qualquer maneira, feliz 2009!