quinta-feira, janeiro 5

Quem ama como eu amo?

Eu pergunto aos leitores que moram na Holanda: o povo aqui sente menos, demonstra menos, ou nós brasileiros é que somos “personagens de novela” demais?

Eu já contei aqui o ( para mim ) dramalhão da loira que com 3 meses de casada trocou o marido por um colega de trabalho. Na época me surpreendeu a forma fria como ela falou que primeiro “testou a química da relação” com o amante pra depois pedir o divórcio. Talvez eu seja meio babaca mesmo, mas eu acho que o simples fato de você ter ido jantar 3 vezes com um outro cara, beijado na boca, já é indício suficiente que seu casamento foi pro brejo, e sua única escolha é ir morar sozinha ou ir morar com o outro sujeito, ou seja, necessidade zero de xifrar o coitado do marido. Engraçado é que todos os meus colegas que ouviram a explicação dela acharam lógico ela “experimentar” o novo antes de abrir mão do velho. Muito bizarra essa história, e tem mais bizarrice, conto outro dia.

Ontem eu fui almoçar com um dos rapazes que foi promovido a gerente mais ou menos na mesma época que eu, mas para um grupo de compras diferente. Ele está sendo promovido a diretor do novo escritório na India, e no almoço ele me contou que a namorada de 4 anos não ía com ele. Na verdade, romperam o relacionamento após uma viagem recente à Malasia. Segundo ele, logo na primeira semana dessa viagem constataram que ambos queriam diferentes coisas, então decidiram que ao voltar seguiriam caminhos diferentes. Eu não entendi direito e perguntei se eles continuaram a viagem separados, e ele respondeu que não, pois todas as reservas haviam sido feitas junto, que seria caro demais pagar 3 semanas separadas de hotel. Agora imaginem, você decide terminar uma relação de quatro anos ( ou leva o pé na bunda ) e segue viagem dividindo o quarto com seu ex.

Nessas histórias me surpreendem o conteúdo e a forma como falam dos “acontecimentos”, e me questiono se é eles que sentem de menos ( caramba, se eu levo ou dou um pé na bunda, por mais amistoso que seja, ou estouro o cartão de crédito pra pagar os tais hotéis ou volto pra casa, mas ver a cara do sujeito, dormir no mesmo quarto, NEM MORTA! ), ou se rolou barracão, dramalhão da parte chutada tentar reconquistar a parte chutante ( ó a novela brasileira ) e o cara simplesmente me contou de forma editada e desprovido de emoções ( porque então contar, porque não dizer apenas: terminamos – sem mencionar as condições? ).

Eu já disse aqui que não curto música holandesa, e quando eu ouço as românticas, com raras exceções, fico me perguntando se foi escrito por um programa aleatório tipo “google lyrics”, porque cadê o amor enlouquecedor, a paixão ensandecida? Amor de música tem que ser que em Luíza, em Outra vez, nem que seja que nem o “fio de cabelo”!!!

Bom, pra fechar esse post ilustrando, deixo a tradução de uma das poucas músicas românticas em Holandês que eu gosto, tradução em ingles:

Over ( Voorbij )

I feel you
Around me
You're the only one I think of
I hear your voice

I see you
Everywhere
I always take you with me
Wherever I am

So touchable
And so close
You hold
on to me

Wherever I am
Thats where you are
You actually never have been away
Like a shadow you follow me
In my house, in my head
I should be free, but I'm not
Its over, but it hasnt passed yet

I dont know
What it is
But I miss you so much
Whatever I do

Invisible
But yet so close
You hold on to me

Wherever I am
Thats where you are
You actually never have been away
Like a shadow you follow me
In my house, in my head
I should be free, but I'm not
Its over, but it hasnt passed yet

Are your days
Without me
Better than our life together?

I miss you
Day and night
So unexpectedly

Wherever I am
Thats where you are
You actually never have been away
Like a shadow you follow me
In my house, in my head
I should be free, but I'm not
Its over, but it hasnt passed yet

3 comentários:

Aline Matos disse...

48 anos, portuguesa, casada com o holandês Arie Jan. Estou na Holanda desde 2004 e vivo perto de Dordrecht - ´s-Gravendeel. Trabalho, tento falar holandês, tenho um gato gordo, uma gatinha tipo vaquinha e um outro gato com problemas existenciais.
Gosto muito de ler o teu blog. Divertido, vivo e dinamico. Muito sincero e escrito em brasileiro para mim é uma delicia. Divirto-me imenso. por vezes fica tipo novela... deixa ver o que aconteceu nestes dias...
O meu nome é Susana mas aqui sou Aline porque esse era o nome que a minha mãe queria mas no registo venceu a
Susana. Desejos de um ano novo super bom com tudo de bom a acontecer.

Bia disse...

Tá ai uma coisa que eu também nunca vou entender...

Marcia disse...

Money talks, essa é a explicação para tudo! Fora que pais separados passam férias juntos e tal.