quarta-feira, fevereiro 11

O legado ( não é título de novela )

de legar

s. m.,
dom que se faz por testamento;

fig.,
aquilo que uma geração transmite a outra.

Vira e mexe algo que eu leio aqui nos comentários ou em outros blogs fica ali num cantinho do cé"l"ebro sendo processado, pinicando, como se eu devesse dar um pouco mais de atenção àquele fato.

Outro dia li, não lembro onde, "tenho filhos, tenho um legado". E fiquei pensando... Acho que o que a pessoa quis dizer é que ela está deixando um legado ao mundo, e partindo do princípio que a colocação é essa, eu fiquei matutando... Porquê é que o ser humano tem essa necessidade de deixar sua marca no mundo, ou de ser reconhecido publicamente por algo, ou de deixar algo para as gerações futuras?

Será que Fulano, uma pessoa mesquinha, egoísta, malvadinha mesmo, que deixa um filho no mundo, ou constrói um lindo prédio, ou paga por uma estátua numa praça pública, é melhor que o Ciclano, que não deixa filhos nem tostão, mas que durante sua vida foi uma pessoa bondosa, generosa, legal?

Será que a importância do ser humano está no que ele dá ao mundo depois que morre, ou no que ele dá enquanto está vivo? O valor está em coisas ou ações?

Sei lá, talvez eu esteja errada, mas eu ligo a palavra "legado" à soberba, a uma necessidade de ser reconhecido e admirado não por qualidades próprias, mas por algo externo a si mesmo. Aliás, ligo a palavra à necessidade de ser admirado - ponto final -, e isso eu não entendo: será que todo mundo quer ser admirado? Será que é anormal querer simplesmente viver sua vidinha na santa paz de Deus?

Não sei como os outros são, nunca conversei com amigos sobre esse assunto, mas eu, pessoalmente, não tenho a mínima necessidade de ser lembrada quando me for. Para mim, o que importa é o aqui, o agora. Importa é ser uma amiga legal, uma boa filha, tia, irmã, vizinha, esposa... Vou viver bem minha vida e ser lembrada pelos meus sobrinhos como a Tita Louca, a tia que se mudou pras terras geladas, e os filhos deles talvez me conheçam e talvez falem para seus filhos de mim. Mas num determinado momento eu deixarei de existir, porque não estarei na memória de ninguém, e quando esse dia chegar, tudo bem. All-is-fine.

10 comentários:

Naldy disse...

he he he
Eu acho mais importante a gente deixar uma 'marca' aqui enquanto se vive, praticando o bem.
Quem tem filhos, deve instruí-los para que eles sigam 'o bom caminho'. Assim tbm vão praticar o bem enquanto eles por aqui estiverem e por aí vai.
Amor é o que há de mais importante e deve ser vivido nesta vida.
Se cada pessoa se preocupar em construir sua vida em amor, demonstrando e vivendo o amor para com o próximo, então alcançou o objetivo maior.

Kenia Mello disse...

Dri, não vejo filhos como um legado, mas como (entre outras coisas) a necessidade que o ser humano tem de se perpetuar, de não morrer, de se passar adiante.

Vou me apresentar: cheguei ao seu blog através de Denise do Síndrome. Sou casada com um cidadão que tem dupla nacionalidade (brasuca e holandês) e moramos em Recife.

Meio na contramão, é ele quem vive tentando me convencer a mudar praí e eu ando criando coragem ultimamente. :)
Temos uma filha de 5 anos e passagens de férias de 10/04 a 03/05. Ficamos em Diemen. :)

Beijão.

Anônimo disse...

Dri, eu acho q no fundinho...la no fundinho vc tem eh MEDO !
....talvez vc saiba o porque...talvez nao e so mesmo a terapia pra ajudar.

...se...se.... "se a minha vo tivesse roda seria um caminhao"

Anônimo disse...

Eu me casei aos 40 e nao tive filhos biologicos por opcao(sempre fui saudavel e poderia ter tido). Eu sempre tive medo de engravidar e passar por todas as dores que um parto tras.Adoro criancas mas na minha opiniao nao e necessario gerar uma para poder ama-la como filho. Sempre me foquei na minha carreira e apenas agora decidi adotar uma crianca aqui nos EUA onde moro por achar que e o momento certo na minha vida. Por isso acho que vc sabera quando chegar o seu momento e tambem nao ha problema algum se vc decidir nao ter. Nem todas as mulheres tem o desejo de ser mae e nem por isso sao menos sensieis que as que querem.E obvio o amor que vc sente por seus sobrinhos

Monica Peres disse...

Eu tive uma aluna que aos 16 anos tinha este medo ......de morrer jovem, e não ter deixado sua "marca" neste mundo ...........da sua vida ter sido em "vão"......
Muito louco, né?
Fiquei chocada com este pensamento!
Não que seja errado querer fazer algo pela família, pela cidade, pelo mundo, pela humanidade..... mas sem a "noia" de isto ter que ser relacionado a você, a sua pessoa, a ser lembrado ......
Acho que eu devo ter muito auto estima ...hihihih
- ou nenhuma!
:P
Amei a foto do Blog, parabéns pelo bom gosto (desculpe, mas já não sei mais o que tem hifem ou não!)
Mônica Peres

Fernanda disse...

Dri, concordo com tudo o que você falou!

Anônimo disse...

Minha marca é meu caráter e busco cada vez mais me tornar uma pessoa melhor, se um dia me for dessa vida quero fazer falta na vida de alguém sim, não como uma doença, mas como alguém que marcou a vida das pessoas, se os filhos vierem, porque não? afinal de contas porque vou deixar de provar o que muitas mães já disseram ser tão maravilhoso. Já tive muito medo de filhos, hoje com a cabeça mais amadurecida e morando no "primeiro" mundo aonde me sinto um pouco mais segura em questão de criminalidade, vejo que o desejo de ser mãe é o curso natural da vida (não que eu tenha descoberto a roda) e todas que querem e podem um dia terão que provar desse amor porque é um desejo inevitável. As dificuldades existem com filhos ou sem eles, os problemas existem com filhos ou sem eles, vai de cada um como encarar a situação, acho que o importante é não se agarrar aos filhos com a esperança de que serão tudo que seus pais desejaram. Prepara-los para a vida, deixar que eles escolham seus caminhos e depois de tudo descansar em paz com a sensação de missão cumprida, de que você fez o seu melhor. Não acho que gerar filhos seja deixar um legado,filhos são muito mais do que isso e me arrependo por te adiado por tanto tempo essa decisão que agora flui claramente em minha cabeça.
Desculpa o tamanho do texto, mas eu estava inspirada uahauhauhauhauhauhaha

Ana disse...

Na cabeça da MALA que fez essa declaração sobre o "legado", uma mulher como a Angeles nao estaria deixando um legado; uma mulher como Simone de Beauvoir nao deixou legado, a Hannah Arendt nao deixou legado, a Condolezza Rice nao deixou legado; a Madre Teresa nao deixou legado... Paro por aqui porque os 4 exemplos jah indicam que a pessoa que fez essa declaraçao estapafurdia, disse uma estupidez e infelizmente o unico legado que gente ignorante (e com meios financeiros) deixa pros filhos é o DNA, e em muitos casos como você sabe o DNA sai defeituoso. Beyjas.

Holandesa disse...

Legado pode ser positivo ou negativo (ex. Hitler, entre outros) e não é por definição, como já foi dito, uma questão de ter ou não filhos!
Também não acredito que vc consiga passar pela vida sem deixar "marcas" em ninguém como se fosse sombra. Quem nascem, respira (mesmo não fazendo nada) e morre também deixa sua marca mesmo sem saber.
Acho que o que vale na vida com relação à "legado" é se vc quer deixar algo positivo ou negativo e isso, vc mesma pode escolher!...

Anônimo disse...

Ana, "ser" uma Condi é difícil demais, ter filho é mais fácil :o)

Dri