terça-feira, setembro 7

O OldFart


O OldFart está aos poucos baixando a bola. Ele ainda resmunga muito, e acho que está caindo na real, e embora ele ainda seja uma pessoa totalmente sem "loção", e embora não haja a mínima chance dele se tornar um colega minimamente suportável, está menos pior que na semana passada.

Ele tem essa maldita mania de te interromper pra mostrar como ele sabe tudo. Estou eu falando que tal produto vem protegido por um plástico X da marca Zé do Plástico e ele me interrompe: você deveria tentar o João do Plástico ou o Mané do Plástico, que podem ser mais baratos. Custa muito esperar eu terminar meu assunto com quem quer que seja e só então me dizer: desculpe-me, ouvi sua conversa, eu tive boas experiências com o João do Plástico e com o Mané do Plástico, você já trabalhou com essas empresas? Ou então eu digo: o fulano da empresa X alemã ligou, e ele começa a falar alemão só pra mostrar que ele fala alemão ( todo mundo na Holanda fala alemão, e bem ). Mala sem alça e sem rodinha!

Todas as empresas automobilísticas são mais conservadoras, e se você trabalha numa localidade onde tem também planta de produção, mais ainda. É que a empresa não quer deixar tão aparente as diferenças entre o pessoal de escritório e os blue-collars, e também pra manter as coisas num certo controle. Temos no prédio o Flexsystem. É uma versão melhorada de um relógio de ponto. Você coloca seu crachá ali de manhã, ele dá entrada, você trabalha suas 8 horas, e passa no mesmo equipamento pra dar saída. O relógio diz: entrou ou saiu. Nesse relógio você entra também suas ausências, por exemplo, se eu vou de férias amanhã, ou tiro o dia livre, eu informo início de ausência e quando eu volto ele encerra a ausência. Isso evita ter que ficar mandando folhinhas assinadas pro RH e o relatório semanal é também seu comprovante das horas trabalhadas. Mas então. O OldFart vê que todo mundo sai, taca o crachá na maquininha, ela não emite um piu, ele coloca o crachá dele a máquina morre de apitar, então ele vai falar com a secretária ou o mentor dele, certo? Errado! Ele continua com o crachá apitando a semana inteira, até a secretária emitir o relatório semanal e ver que todos os dias ele saiu mais cedo do que devia ( daí a máquina ter apitado ). Aí eu explico que temos o flex time, temos que estar aqui das 9 as 15 mas podemos entrar a hora que quisermos e sair a hora que quisermos, mas que as horas extras não são cumulativas. Ele bufa, ele revira os olhos, ah na outra empresa contanto que eu trabalhasse as 40 horas por semana ninguém ligava pra uns minutinhos por dia. E tem com dar um jeitinho com a secretária? Digam lá, esse cara é brasileiro de repartição pública ou não? Mofio, a secretária te detesta…

E o diretor sugeriu que, caso ele obtenha autorização pra ir à feira de caminhões de Hannover, ele vá comigo. Eu esperarei pacientemente a tal aprovação, e se ela acontecer, eu irei dizerao diretor, educadamente, que não me sinto confortável em viajar sozinha com essa pessoa, que se alguém mais for eu não tenho problemas, mas que o cara tem um comportamento estranho e eu não me sinto confortável e pronto. Mas odeio ser colocada nessa posição.

Minha esperança do cara se tocar e puxar o carrinho dele é zero, terei mais uns 12 anos de calvário pra aguentar. Minha cruz será pesada…



1 comentários:

Mines disse...

Dri, eu perdi meio que o fio da meada... o cara em questão é de qual nacionalidade??
Olha, melhor estratégia é ignorar mesmo. De corpo e alma. Exercite-se de forma que seu corpo nao exprima nenhum movimento quando ele solta as pérolas. Entre em transe profundo e demonstre. Fique olhando pra cara dele de forma patética. Faca seu cérebro acreditar que vc está diante de uma folha de papel em branco! Funciona.