terça-feira, setembro 21

Love, Eat and Pray - selling as many books as possible

Há uns dois anos assisti a entrevista da escritora desse livro na Oprah, e detestei a mulé, e por isso nunca li o livro. Agora saiu o filme, e eu gosto da Julia Roberts, e estou me perguntando, vou ao cinema, ou espero um piratão? Aliás, será que vale os 90 minutos do meu tempo?

O que me irritou na tal entrevista foi a forma como a autora tenta vender como "o pulo do gato" a solução pra um coração partido: ir para o Tibete, para a Italia e pra Asia ( acho que foi a Thailandia ). Eu não sei vocês, mas eu, quando terminei meu noivado de 4 anos, chateada, deprimida, com raiva, tive que continuar trabalhando, as contas continuaram chegando, o mundo continuou andando. Nada e ninguém esperou por mim.

Na época eu já vinha pensando em ir de férias pela Europa, e o rompimento foi o empurrão que eu precisava, afinal, a idéia de "mudar de ares" é meio que intuitiva nessas horas ( e não "um achado" da tal escritora ). É difícil dar a volta por cima passando todos os dias na frente daquele barzinho onde vocês íam, encontrando familiares dele no shopping, e com todo mundo ao seu redor perguntando ( com cara de piedade ) como é que você está.

Mas… como meu dinheiro já naquela época não nascia em árvore, tive que juntar feriadão, com férias vencidas, enforcar um dia, pra poder ficar pelo menos 40 dias na Europa, depois de fazer cara de coitada pro chefe. E como até rezar no Tibete custa grana, fui de mochilão mesmo - se bem que foi um mochilão de rodinhas, com um orçamento mais folgado que o de muitos, mas mesmo assim não rolava hotel todas as noites e sim albergues da juventude, taxis só em emergência, restaurantes bons apenas em 1/3 dos dias ( de resto era sanduíche ou restaurantes bem populares ), e lembrancinha pros parentes foram bem comedidas.

Talvez eu amasse menos ou fosse mais esperta que a autora desse livro, mas os 40 dias foram exatamente na medida pra eu esquecer, lembrar, esquecer de novo e seguir em frente. E mesmo que não fosse, era o que o meu bolso permitia.

Nenhuma relação acaba do dia pra noite, e pelo menos no meu caso, ao invés de começar já a vislumbrar um futuro sem aquela pessoa, eu gastava energia tentando descobrir como salvar a relação, e minha vida toda ficava empatada, dependendo do momento divino em que os nossos problemas fossem acabar. Voltei da Europa não só conformada com o fim da relação, mas o mais importante foi que a viagem me mostrou que a vida sem aquela pessoa não só era possível como era melhor!

Quem me conhecia não acreditou na reviravolta que foi minha vida depois que voltei. Em 2 meses comprei meu apartamento, em 4 operei do estômago, em 8 eu fui promovida, em 12 eu estava 40 quilos mais magra, em 16 eu estava de volta à Europa para conhecer meu marido e em menos de 20 meses eu estava casada e mudando pra Holanda.

O interessante é que nem tudo foi fácil, principalmente a operação, o pós operatório, continuar trabalhando no mesmo ritmo quando você está consumindo 500 calorias por dia, mas sinceramente, tudo isso era mais fácil que o drama dos 2 últimos anos com o dito-cujo-ex, mas eu só percebi depois que estava livre do trambolho.

Acho que por tudo isso não consigo me identificar com a história do livro ( e agora do filme ). Nem tanto por achar que a idéia proposta é financeiramente viável a 3% da população mundial, mas por não achar que a solução seja se distanciar do mundo por tanto tempo, esquecer do mundo pra esquecer um sujeito. Não li o livro, mas fico imaginando o que é voltar depois de mais de um ano fora e ter que procurar uma casa nova ou desempacotar a que se deixou fechada por um ano, procurar emprego, tentar contactar amigos, encarar a família… Vai ver que foi essa dificuldade toda é que a levou a se fechar num quarto e escrever um livro.

Bom, pelo menos ela ficou rica e eu estou aqui tendo que aguentar o OldFart. Vai ver que mais uma vez sou eu a errada da história, but who cares?


8 comentários:

Ma disse...

O problema desse livro é que ele é um poooorre, taí um dos poucos que eu tive que parar de ler pela metade e nem sei como consegui chegar até ali. Opinião? Espera o piratão.

Daniela Santos-Hansen disse...

Não li o livro também, mas acho que sua história é bem mais interessante e mais real. Fiquei admirada com a virada que sua vida deu em pouco menos de 2 anos.

Como dizem por aí, até um pé na bunda nos empurra para frente.

Um beijo

Joaninha Bacana disse...

Hehehe - concordo com você, tá errada nao :-) No caso dela (eu li o livro :-) ), ela fechou com uma editora os direitos de publicacao do livro antes de viajar. Assim, ela ganhou a grana necessária para bancar os 3 meses viajando :-D
Beijocas, Angie

Line disse...

Parei de ler o livro na metade porque achei chato demais, muito "mi mi mi" pro meu gosto. Assisti o filme e a produção também não me "tocou". Não sei se ando muito insensível, ou se esse livro/filme é uma porcaria mesmo.

Bia disse...

Eu tenho o livro há mais de um ano e ainda não consegui me fazer ler. Também não concordo com essa de esquecer o mundo pra esquecer alguém, nada para para ninguém curar um coração partido. :P

bjos

Leticiabon disse...

Dri, eu li esse livro e odiei pelo mesmo motivo que você, que não leu. Mas assim, ela que deu o fora, pois se sentia "perdida". Detesto dizer isso, mas é lit chick sim. Claro que vou ver o filme, mas sou consumista para esse tipo de coisa, mas continuo odiando a autora.

E gostei da sua história, que tem a ver com coragem.

Fernanda disse...

Adorei sua historia (encontrei seu blog hoje na lista da Bia). Tambem acho que eh intuitivo a gente querer respirar novos ares quando sai de um relacionamento. Depois de uma noite chorando, o sol nasce e a vontade eh de arrumar uma mala e se perder por ai. O caso da autora eh diferente de muitos de nos que tem um emprego e nao pode sair por tanto tempo, pois a propria viagem foi o "emprego" dela, ela foi paga pra antes de comecar a escrever o livro. Eu gostei do livro e achei o filme mais ou menos.
Beijos.

Marilia disse...

Eu não li o livro ainda, e estou esperando o filme estréiar no Brasil. Acredito que você ou qualquer uma de nós poderia escrever sua história. O que nos falta é essa mesma coragem de querer mudar a vida, coragem para fazer algo. E, claro, ela teve quem patrocinasse... oportunidade e conhecimento faz a diferença.