quarta-feira, julho 21

The price of beauty


Começou a passar o novo ( velho ) programa da Jessica Simpson aqui na Holanda, The price of beauty. O programa tinha tudo pra ser legal, duas mulheres com um amigo gay viajando pelo mundo mostrando o que é "beleza" em cada país, mas o resultado final é ruim de chorar. O pior é que eu nem sei se a culpa é da Jessica, o programa é mal escrito, é mal dirigido, é superficial, e pra falar a verdade, ela é a parte menos ruim do show. Se bem que ela também dá uns foras…

Em um dos episódios eles vão pra Indonésia, onde ela vai entrevistar uma mulher que usou clareador para a pele ( skin bleacher ) e ao sair no sol teve queimaduras de sei lá que grau e ficou com o rosto todo queimado, medonho, e o resultado é permanente, não tem como "curar". Aí tá a Jessica lá entrevistando a mulher, que chora e a Jessica chora, e daí a moçoila tasca um: não chora não, everything will be ok. Cuma? A mulé tá lá toda desfigurada e everything will be ok como? Sensibilidade zero.

Mas a gente percebe mesmo como o programa é ruim no episódio "The price of beauty in Brazil". Jesus. Começa com a J apresentando a "embaixadora da beleza" brasileira, a famosa modelo de roupa de banho, fulana de tal, que eu nunca ouvi falar. Dá uma you-tubada e vocês vão ver. Jessica e amiguinhos vão passeando de van pela orla carioca, e J se admira: nossa, pensei que só tivesse gente sarada no Rio, mas tem gente menos sarada, olha aquele ali, de speedo e tudo. O povo é bem aberto, mesmo fora de forma eles não tão nem aí e vão pra praia numa boa. E as imagens mostram só homens gordos, de sunguinha, mas é assim mesmo né, o gordão véio com celular da moda e anel de ouro no mindinho vai achar uma menina mais humilde que vai se interessar nele, agora… as mulheres…

Aí os três amiguinhos vão pra praia encontrar a tal modelo. Jessica está com uma túnica esdrúxula, e aqui vou fazer meu primeiro parêntesis off-line:

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Quem assistiu o Newlyweds cansou de ver a Jessica, na época toda cocota, magrinha e sarada, de biquinis, calcinha, micro-vestido. Ela tava sempre mostrando mooooita carne.

Agora ela engordou. Ela não tá "gorrrrda", tá cheinha, mas ela tem aquele modelo de corpo "maçã" que fica estranho quando engorda, pernas finas, bunda caída e redonda do quadril ao ombro, os braços dois salamões.

Ela diz que está feliz com o próprio corpo, mas ela tá sempre se escondendo atrás de roupas estranhas! Tudo bem que usar umas roupinhas pra disfarçar um pouco cai bem, mas ela só falta usar mumu!

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Então, ali na praia começam a falar de cirurgia plástica, comentam que brasileiros tem orgulho de falar que fizeram cirurgia X enquanto nos EUA se esconde tanto, bla di bla, e para ilustrar como os brasileiros são chegados no bisturi, trazem uma brasileira que fez 40 e tantos procedimentos: a Angela Bismarck! Como se nós, brasileiros, não nos abismássemos com essa criatura do além, como se a gente achasse normal alguém fazer 40 e tantas cirurgias…

Aí foram pra uma favela. Mostraram uma coitada lá, dizendo que é super vaidosa, que faz manicure, pedicure todas as semanas, que faz luzes a cada 4 semanas, e que deixou de comprar um apartamento pra colocar silicone nos seios, preferindo continuar na favela. Aí a mente das americanas já vai: 40 dolares numa manicure, 50 numa pedicure, 200 dolares em highlights, putz a mulher gasta mais de 500 dolares por mês só em salão de beleza e continua morando na favela. E a tal modelo brasileira ou a tradutora não se incomodam em esclarecer que na favela provavelmente se paga uns 10 / 15 reais pra fazer mão e pé, ou não é? ( em Holambra estavam cobrando 20 reais em 2008 ).

Só tem uma coisa que eu fiquei sim meio de boca aberta, só não sei se é mesmo verdade, a tradutora disse que existe médicos que fazem descontos especiais para os moradores da favela, e deu a entender que muita gente na favela faz plástica, é mesmo verdade povo aí do Brasil? Quando eu saí daí tinha gente fazendo muito parcelamento, mas não era assim baratinho baratinho pra qualquer um poder pagar. E qualidade, são médicos bons ou açougueiro?

Pra terminar, foram os 3 pra uma escola de samba aprender a sambar, com direito a fantasia e tudo. A Ceecee ( amiga da J ) colocou uma fantasia tipo biquini, o amigo idem e J apareceu com uma roupa-esconde-banha que mas fez ela parecer o robô de lata do Mágico de Oz do que uma sambista. Tava na cara que ela colocou cinta, a fantasia suuuper fechada, e mesmo assim a filmaram bem pouco. Tá na cara que ela tá super "de bem" com o corpo dela. Tsá.

Só sei que não consegui tirar o diálogo primoroso do Newlyweds da cabeça:

Comercial de TV: Tuna, the chicken of the sea…
Jessica: Mas Nick, atum é peixe ou ave?

1 comentários:

Eduardo Schlup disse...

Há anos leio seu blog, mas nunca comentei nada. Na verdade leio porque houve no início de minha carreira (sou dentista) uma possibilidade de trabalhar na Holanda, que por motivos burocráticos acabou não se concretizando. Enfim... a respeito de médicos e clínicas fazendo "preços e condições especiais" para determinada "classe" de pacientes, essa é uma realidade em toda a área da saúde. Vale lembrar que os Conselhos Federais (tanto de Medicina como de Odontologia) têm regras para marketing que vedam esse tipo de propaganda, ou seja, você não pode oferecer de forma marqueteira alguma vantagem econômica para ninguém, muito embora o profissional possa cobrar o que quiser de quem quiser. Acontece muito de clínicas estarem também fazendo procedimentos em ambulatório que deveriam ser feitos pelo menos com a presença de uma UTI bem equipada dentro de hospital. No fim das contas, a regra é a mesma no mundo todo: se tem propaganda demais, panfletagem demais, e joga muito fora do padrão, desconfie. Mas sim, tem médico (da qualidade que você imagina) trabalhando com clínica de cirurgia plástica dentro de favela sim. Assim como dentistas, e os mais variados tipos de picaretas e charlatões... Bjs!