terça-feira, junho 2

LOST


Eu, assim como todos vocês, estou aqui de boca aberta com o desaparecimento do avião francês possívelmente em águas brasileiras. Assim como a maioria de vocês que moram no exterior, pensei que podia ter sido eu, visto que só vôo de KLM que é partner da Air France, e usa os mesmos aviões - ainda não voei com o A330, mas quem já vôou, como a Alice, diz que é ultra confortável.

A essas alturas, as chances de acharem sobreviventes são ínfimas, o que não me impede de ainda imaginar esse povo todo sentado numa ilhinha qualquer esperando resgate. Nessa hora me solidarizo com as famílias, que devem estar arrancando os cabelos.

Eu não estou acompanhando a cobertura pela TV brasileira, só pela CNN aqui na Holanda, que até interrompeu o plantão falência da GM para cobrir a história do avião, mas nesse momento dá vergonha alheia dos jornais e jornais online brasileiros. Nessa hora, não há que se ser melodramático, há que se usar da abrangência e qualquer outro recurso para ajudar a fazer o que deveriam: informar. O que me interessa se tinha um estudante catarinense no vôo? Ou que um casal de franceses amigos do cônsul holandês escapou de embarcar naquele vôo porque estava lotado? Ou que o príncipe Fulano, quarto na sucessão ao trono brasileiro ( que trono??? ) estava na aeronave? Entretanto, no site inteiro ( folha de SP ), não havia um telefone ou um link para as famílias das vítimas irem em busca de mais informações. Ou uma cópia, na íntegra, do comunicado da FAB. A CNN botou o Richard Quest bonitinho lá dando as informações, traduzindo o comunicado, apontando as discrepâncias desse comunicado com o da Air France.

Impressionante a falta de informações até agora. Eu me pergunto, e diga aí se alguém souber, se esse avião não tinha um GPS pra indicar a posição? Pô, até cachorro hoje em dia recebe chip de GPS, não dava pra colocar um dentro da caixa preta? Como é que um avião some sem ninguém ter nem noção de onde? Na minha cabecinha, o piloto deve ter se esbugalhado de transmitir SOS's may-day, may-day, será que estavam sem comunicação nenhuma?

O que me irrita profundamente é que naquele episódio do choque do aviãozinho americano com o da GOL, falou-se tanto dos buracos negros, áreas sem cobertura de radar do espaço aéreo brasileiro, e até agora não fizeram nada? Porque aqui o que se diz é que existem muitas áreas sem cobertura no espaço aéreo brasileiro e que o avião estaria numa dessas áreas, daí a falta de dados precisos.

Agora vão levar semanas procurando, parece que o Sarkozy pediu ajuda ao Pentágono, nem sei se a gente tem caças na FAB, mas aqui disseram que tem um caça francês deixando o continente rumo ao Brasil pra ajudar nas buscas. Torço pra que achem os destroços logo para dar algum tipo de "closure" pras famílias.

Triste, triste, triste. E se eu estava pensando em trazer a minha mãe pra ficar aqui comigo nas semanas sem trabalho de julho-agosto, é bom eu ir esquecendo, tão cedo ela não vai querer nem ouvir falar.

 

10 comentários:

Eliana disse...

Concordo com vc sobre o "dramalhão mexicano"nos sites brasileiros...mesmo porque a estas horas não interessa quem era o quê e sim quem são as vítimas. Esta do "sucessor do trono" então, ahh tenha a santa paciência. Uma amiga no Brasil, para quem escrevi para saber se ela já sabia do acidente, me respondeu perplexa de que tinha um membro da família real no vôo...também fiquei sem saber de que família real ela se referia. Nada a ver.

Camila disse...

Eu voei pela KLM/Air France em abril (Frankfurt-SP). A notícia me deixou com um gelado na alma, só de pensar que poderia ter acontecido no vôo em que eu estava.
Assim como vc, torco pra que tenha gente viva e bem. Concordo que o foco da cobertura brasileira é o dramalhao, que nao ajuda absolutamente nada, especialmente quem tinha parentes no vôo e precisa de apoio e informacoes nessa hora.

Fernanda disse...

Concordo sobre o drama que a tv brasileira quer fazer ... e é sempre a mesma coisa!
Mostram um bando de gente que já voou nesse tipo de avião, um bando de gente que deixou de pegar AQUELE vôo e esquecem do mais importante: informar!
Me irrita.

Respondendo sua pergunta sobre como um avião sai do radar, com base no meu limitado conhecimento via marido e sogro -que é piloto-: além dos buracos negros que podem existir, se algo acontecer que acabe completamente com a parte elétrica do avião, ele não dá e nem recebe sinais que ajudem na localização da aeronave.
Teoricamente, tem que ser algo bem grave para que a pane seja geral e acabe completamente com a possibilidade de qq tipo de comunicação com a torre (ex.: se o avião foi atingido por um raio).
beijos

Fernanda disse...

Esquece o que eu disse ...
se vc procurar beeeeeeeeeem no site da Folha, encontra uma matéria mais interessante que explica um pouco as possibilidades:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u575242.shtml

Unknown disse...

Pior que escrver do principe é escrever que o alemao "XYZ" tava indo providenciar documentos para casar. E daí?

Raio, nem turbelencia, derruba aviao. Avioes sao preparados pra voar com apenas uma turbina funcionando e nao precisa ser full power. Nenhum aviao voa com 100% das turbinas, sem contar com a decolagem, levando em conta o peso do mesmo.
É muito dificil especular o que pode ter acontecido, mas trabalhando pra empresa que fabricou esse aviao, eu palpitaria que eles tiverem um problema elétrico muito fudido, o que tb é estranho, pq o aviao era muito novo (se nao me engano foi entregue em 2003).
Há vários espacos aereos no oceano que nao sao monitorados, e é por isso que é prioridade que se use o máximo de espaco em terra possivel.

Muito triste, mas mais triste ainda é o sensasionalismo dos jornais brasileiros (eu mesmo, só fiquei sabendo da noticia pq ouvi numa rádio alema).

Sheila disse...

A aeronave era de 2005, muito nova mesmo!

Mas pelo que ouvi e li, Dri, é comum a ausência de comunicação em cima de oceanos ( portanto não se aplica aqui os buracos negros),sendo que voar sobre o mar é diferente de voar sobre o continente.

Muito triste mesmo.

Eu acredito que o " melodramatismo" da imprensa é só uma maneira de tornar mais "humano" esse acontecimento horroroso. Afinal foram vidas que se perderam, não apenas uma aeronave. Penso que falar dos passageiros não deixa de ser uma homenagem a eles. Mas isso é uma opinião minha.

sigrid costa disse...

Eu vooei Air France Paris/SP e SP/Paris ha dois meses atràs com minha filha de dois anos e meio. Estou com a espinha congelada atè agora. Estou acreditando que pode ter sido uma bomba. Nao consigo acreditar em outras possibilidades. Parecem que acharam alguns pedaços do aviao. Vamos aguardar.

Marcia disse...

Infelizmente no Brasil é assim, não querem saber de detalhes técnicos, só de quem estava no voô etc. Mas dá um arrepio de ler as histórias de vida interrompidas. Principalmente da família sueca que foi partida ao meio ( mãe e filho no vôo que caiu, pai e filha no vôo seguinte).
Aqui são bem mais discretos- alguém sabe quem morreu no Dia Da Rainha? Eu não sei até hoje.
E eu não arrisco dizer o que aconteceu com certeza, só sei que qualquer um de nós poderiaestar no vôo. Lost? Só em ficção, helaas.

Sheila disse...

Desculpas, mas não concordo com a afirmação de que "no Brasil é assim, não querem saber de detalhes técnicos".Não é isso que acontece, acompanho os noticiários de lá.

Um casal que perdeu a filha no voo ( sem acento agora) da Tam , vindo de Porto Alegre, 22 mêses atrás, declarou o qto foi importante falarem da filha deles na midia, sentiram -se assim reconfortados, sabendo que toda a população chorava e se lamentava juntamente com eles esta perda.

Portanto,falar das pessoas que se foram não me parece ser assim tão absurdo...

Marcia disse...

Sheila, eu também leio jornais brasileiros, e existe sim uma diferença de enfoque neste tipo de notícia aqui na Europa e no Brasil, como a Dri demonstrou. Não que não haja interesse pelos detalhes técnicos no Brasil, há pessoas que se interessam sim, mas a imprensa brasileira para atrair o povo em geral que assiste TV e lê jornais, inclusive online, apelam para as histórias pessoais. Foi o que eu quis dizer.