segunda-feira, março 15

Só amor de mãe mesmo...

Logo seria dia das mães. Eu estava na primeira série de escola primária, como chamávamos naquela época. A tarefa do dia era preparar o presente para a mãe. Sentamos na mesa do refeitório todos juntos e a professora chegou com uma caixona que cheirava à casa de avó. Ela abriu e deu para cada um de nós um sabonete Gessy branco, que com certeza era o mais barato que o dinheiro podia comprar. Desembrulhamos o sabonete. Cada um ganhou um papelzinho com uma gravura, a minha era horripilante, de umas rosas meio funebres, troquei sem que a professora visse com a minha amiguinha do lado, que ganhou anjos e provavelmente tinha uma mãe não muito religiosa. A tarefa era molhar o desenho, que se chamava decalque, eu logo aprendi, e colocar o tal desenho no sabonete sem fazer muita lambança. Secar com uma toalhinha. Do lado de baixo, cobrindo a palavra Gessy, ía colado uma rodinha de cartolina com o nome da mãe e do filho. Tudo acabou dentro dum saquinho de tule e amarrado com uma fitinha. Eu odiei, mas ía dizer o que pra minha mãe, que já estava esperando o presente que a filha fez na escola?

Sábado, procurando na Wibra um tapetinho para o Plato deitar, me deparei com um "enfeite" igualzinho e o trauma veio à tona.

Fui só eu a ser torturada com esses artesanatos de escola pública?



Só amor de mãe mesmo pra olhar aquilo e dizer: que lindo filha!

7 comentários:

vcdarcie disse...

No Brasil o pessoal teima em dar essas coisas de `presente`, eu nunca gostei.
Mas o que me chama a atencao, e como vc consegue se lembrar detalhadamente de coisas! coisas tao distantes, da infancia, etc!
Eu nao lembro nem o que comi na semana passada rsrsrs
Vc tem uma memoria invejavel!! Parabens...

Luna disse...

Este mês faz 20 anos perdi minha mãe e lendo o que voce escreveu, pude quase sentir o cheiro do sabonete barato, raspado com lâmina de barbear pra "apagar" a marca de fábrica.
"Que lindo, filha!" e eu acreditei que ela tinha mesmo achado bonito.
Durante anos tropecei com o tal sabonetinho pelas gavetas da casa, "pra perfumar" como ela dizia.
Mentira. Acho que ela só tinha pena de jogar fora.
Que saudade....

Kate Le Fay disse...

Eu achei lindo Dri! Sério mesmo!!! E tem muito mais valor do que se vc tivesse comprado:)

Kenia disse...

Ahhhh eu gostava de "fabricar" os presente pra minha mãe. Me sentia o máximo. Adorei dar esse sabonete vagaba pra ela, embora ela detestasse receber!
Bjs

Adriana disse...

Amava..e minha mãe mostrava mesmo. Mesmo que fosse tronxo. Ela guardava por muito tempo. Gosto de juntar meus presentes, personalizar...dar coisas significativas. Uma foto que só eu tenho, uma pecinha de roupa que eu tinha guardado, uma folha com um poeminha besta que a pessoa me escreveu milhares de anos atrás. Ou mesmo um livro usado.Vai ver que sou suburbana demais!

Sheila disse...

É muito gostoso, de verdade, receber um presentinho feito pelos filhos. Seja ele qual for. Não é o presente que vale, mas sim o tempo que a criança dispensou para fazê-lo. E mãe gosta disso, gosta de receber atenção do filho ( siiiim, o contrário tb vale)

Alice disse...

Se meu Cookie me traz essas tosqueiras da escola (aqui eles tb são adeptos do artesanato tosco chamdo knutselen!) eu AMO! :o)