terça-feira, agosto 11

Quero ver você não chorar, não olhar pra trás, nem se arrepender do que faz...


Hoje um ex-colega de faculdade, ex-colega de GM, com quem mantenho contato por e-mail, me ligou e perguntou se eu estaria interessada numa vaga na empresa atual dele, uma montadora de caminhões, perto do meu apê no Brasil. Ele me disse que comentou sobre mim ( brasileira, trabalhando numa montadora de caminhões na Holanda, com experiência na GM ) com o diretor dele e ele ficou muito interessado.

Bizarro isso. Começa de que numa situação como a minha, eu não faço nem idéia se o salário que estão oferecendo é um salário bom, afinal fazem 6 anos que saí do Brasil.

Mas a verdade, é que não tenho mais peito pra encarar outra mudança de país. Acho que nem pra realizar meu sonho dourado de morar na Austrália. Nunca pensei que fosse ser tão difícil, e agora que o pior passou, não quero nem pensar em fazer o caminho inverso.

Já pensaram? Vender ( ou alugar ) minha casa aqui, Bart procurar emprego lá, procurar casa pra morar lá ( eu não ía ter coragem de desalojar minha mãe ), apesar desse cargo dar direito a um carro eu teria que procurar outro pro Bart, ele aprender a língua, fundo de garantia lá e pagamento de aposentadoria zerados, aqui meu pensionfonds parado, não , não dá nem pra pensar…

Ter assim, uma oportunidade concreta de voltar para o Brasil me fez colocar as coisas em perspectiva. Falta pouco, muito pouco pra eu ser ultra feliz aqui. Bem felizinha já sou, o pouco que me incomoda é quase nada comparado com o que eu já superei.

Conversei com duas outras pessoas, o tal fornecedor brasileiro e um outro amigo brasileiro, e eles me falam que voltar é loucura. Comentaram dos preços e qualidade de serviço médico, disseram que até os hospitais particulares que costumavam ser ótimos, tipo o Hospital Brasil em Sto. André, agora andam superlotados. O amigo me mandou uns links para preço de carros e quase caí dura, mesmo com a tal diminuição do IPI, um carro aí custa muito mais do que aqui na Europa. E preços de apartamentos? Gente, um apartamento de 100m2, na planta, duas vagas na garagem, no Jardim do Mar em SBC, 320 mil reais, prestação mensal de mais de 4 mil. Quem pode? Aqui na Holanda, um financiamento hipotecário de 500 mil euros, por 25 anos, gera uma prestação mensal ao redor de 1500 euros líquidos.

Não, não rola, sou medrosona demais, são muitas incertezas, seria complicado demais. Mas confesso que por 30 segundos, pensando na família pertinho, na faxineira, no calorzinho, na casa da praia, fiquei muito, muito, muito tentada.

Alguém por aqui já passou por essa situação e optou por voltar ao Brasil? E quem pensa em voltar ao Brasil, porque quer ir, porque ainda não foi? Sou só eu que sou "chicken desse jeito?

3 comentários:

Eliana disse...

"Pra que mexer em time que está ganhando?!?!" Só se eles te dessem TUDO,casa,carro e até emprego pro Bart com aulas particulares de português! A realidade é bem essa que você descreveu. Mas é claro, cada um é cada um e faz o que acha conveniente fazer! Acho que, às vezes, nem chega a ser o caso de levar tudo na ponta do lápis...mas tem que se analisar tudo quando se pode fazê-lo. Agora, se a vontade de voltar é maior do que as dificuldades a serem dribladas...é "chutar pro gol e correr pro abraço!"

Marcita disse...

Minha ex chefe me ligou e perguntou se eu queria voltar, que era para eu fazer a minha proposta de salário (mesmo problema que o teu, não faço ideia do que seria um salário bom hoje em dia).
No meu caso o problema é o meu marido, que no Brasil teria uma certa dificuldade em arrumar um emprego pagando o que ele ganha hoje.
Nem pensei no plano de saúde porque fui operada no Brasil em 2006 e foi tudo tão bom... Meus amigos também não têm reclamado dos hospitais não.
Queria ficar mais perto da família, mas hoje tem uma coisa que pesa na minha decisão para não voltar: Segurança. E eu prefiro, no momento, abrir mão de todo o resto, mas andar na rua tranquila.

Ana disse...

em plena crise voltar pro Brasil, com um marido que nunca morou no Brasil e não fala português, só se o seu "amigo" quer te ver divorciada e em breve desempregada também.