segunda-feira, março 28

O céu é o limite


Eu nunca fui uma pessoa boa com limites. Não sei impor meus limites pros outros, não sei eu mesmo colocar meu próprios limites pra mim, e muito frequentemente ultrapasso os limites dos outros.

Mas agora, me recuperando da anemia e ainda sem saber a causa dela, tenho que colocar limites pros chefes, colegas, marido e para mim mesma.

Está sendo dificílimo.

Ontem tive que ter uma conversa com o marido. Tive que dizer que até eu receber alta do médico, eu não vou fazer tarefas domésticas que requeiram esforço, e que me recuso a viver no meio da zona, então ele vai ter que "man up" e ajudar. Eu gostaria muito, muito mesmo que meu marido fosse diferente e que não precisasse que eu falasse isso. Queria que ele já fosse tomando as rédeas desde o minuto que eu fui para o hospital, mas não foi assim. Ele me deu, e ainda me dá, o maior apoio emocional, passou a tarde comigo nos dois dias que eu fiquei internada, fez malinha, comprou comida, cuidou dos gatos. Mas quando eu voltei pra casa e comecei a fazer uma coisinha aqui e acolá, a mente dele entrou em módulo "ah, tudo com dantes no quartel de Abrantes" e me chateou imensamente quando eu me dei conta que doente e tudo eu acabei levando o lixo de 23 lt pra fora, que limpei o banheirinho dos gatos, lavei roupa, cozinhei, comprei comida do gatos e carreguei do carro pra casa ( 6 kg ). E nos acertamos, pelo menos por enquanto.

E aí vem o segundo passo: eu colocar limites pra mim mesma. Detesto gente que fica fazendo beicinho quando está doente e estrapolando no corpo-mole, mas não posso continuar no mesmo ritmo porque se no dia 7 de abril eu voltar pro acompanhamento e tiver tudo dado errado eu vou ficar me culpando, achando que se eu tivesse descansado meu corpo teria reagido melhor. E vamos combinar, meu corpo PRECISA reagir, logo, devagar no andor.

E por último, e não menos importante, são os colegas de trabalho, principalmente o chefe. Eu já tinha, naquela fatídica segunda feira mostrado pra ele minha carga de trabalho e o que eu posso e o que eu não posso fazer, já tinha preenchido o requerimento de um funcionário extra para tarefas administrativas e estava discutindo com ele mais um comprador. Eu não quero que misture esse "temporário" slow down com a real necessidade de mais braços pra fazer o trabalho. A necessidade já vinha de antes, e vai continuar, mesmo que me dêem mais 15 litros de sangue de um negão africano de 2 mt de altura. Aliás, note for self, eu tenho que determinar meu novo ritmo, porque como estava não dá pra ficar. E tudo isso requer reflexão da minha parte, que eu determine meus limites, e que saiba convencer os outros que esses limites são aceitáveis e normais. Meus colegas de trabalho estão sendo gente finíssima, todo mundo me dando muito apoio, todo mundo falando pra eu pegar leve, mas a conversa na salinha do diretor com portas fechadas eu ainda não tive.

Nesse meio tempo, os planos de férias miaram todos, eu preciso esperar o resultado dos próximos exames pra ver o que faremos, e isso me frustra muito, porque em momentos de desespero eram os planos da próxima viagem que me seguravam, aquela luzinha no fim do túnel, que agora está apagada total. Eu sempre expandia um pouco meus limites sabendo que dali a 2 meses eu estaria numa ilha grega comendo tzatziki e bebendo ouzo ( not ).

Bom povo, como eu não tenho o R$ 1,5 milhão da Betânia pra fazer esse blog ( pergunta: como  é que alguém consegue justificar a necessidade dessa grana toda pra manter um blog de poesia? É mooooita cara de pau, isso sim ), vou ficando por aqui porque tenho que ganhar o leite das crianças, digo, a comida renal dos gatinhos.


2 comentários:

Alice disse...

Gostei, Adriana! Limita todo mundo! Bj.

Juliette disse...

Dri,

Delega para ele de forma definitiva ao menos o lixo. Eu, desde que cheguei falei para o meu namorado que o lixo era tarefa dele (porque eu sei que eles vao folgando e se encostando). Ele acostumou tao bem que eu nem sei o dia certo do lixo mas ele sabe o dia do papelao, do plastico, do GFT e faz direitnho a tarefa. Eles sao iguais filhos, se vc nao educa viram umas "coisas"

bj
Juliette