segunda-feira, janeiro 4

Adriana fria e calculista

Vou falar de um assunto meio pesado, que eu nem sei se deveria comentar aqui no blog, mas que está meio que me encasquetando.

Eu já falei aqui que o divórcio dos meus pais, alguns meses antes do meu casamento, foi terrível, briga após briga, só se falavam por advogados, eu e minha cunhada fomos chamadas à depor ( um dos momentos mais horrorosos da minha vida ), enfim, foi péssimo. Nesse processo todo, eu fiquei muito pê com o meu pai por ter feito a gente passar por tudo isso, por não ligar a mínima se minha mãe, companheira dele por 36 anos ía ter dinheiro pra comprar pão, e jamais vou me esquecer dele berrando que se o juíz mandasse ele dar 30% do salário dele em pensão alimentícia, que ele parava de trabalhar "eu morro de fome, mas dinheiro -praquela lá- eu não dou". E ele ficou furioso por eu ter apoiado minha mãe e principalmente por ter deposto contra ele. Meu irmão, como sempre, ficou em cima do muro e no fim "se deu bem" com os dois. Mas eu sou bocuda, impulsiva, não sei ficar imparcial à coisas desse tipo.

Mas eu também não sou de ficar de cara virada, ainda mais pra alguém da minha família, por muito tempo. Quando tudo aconteceu, eu falei tudo o que eu pensava pro meu pai, botei tudo pra fora, e pronto, virei a página. Continuei falando com ele, quando eu decidi pedir pra entrar do PDV da GM eu falei com ele antes, falei do casamento, convidei pro casamento, as coisas nunca foram como eram antes, mas nas circunstâncias, até que não estavam mal.

Quando marquei o casamento, o Bart pediu pra termos uma festa. Meu pai jamais me perguntou se eu precisava de qualquer ajuda, o que normalmente pais fazem. E olha, eu não precisava ajuda financeira nenhuma, eu banquei a festa sozinha, mas ele podia muito bem ter ajudado a distribuir uns convites, a olhar uns fotógrafos que tinham studio perto do apartamento dele, mas necas, ele não mexeu uma palha. Minha mãe, coitada, fez mil coisas pra me ajudar, mesmo estando ainda super abalada com a separação. E o golpe final: ele nunca me deu um presente de casamento, um cartão, nada! Não me lembro nem se me felicitou no dia ( vou ver o DVD ).

Nesses 7 anos eu mandei cartões de aniversário, como não recebi nenhum de volta, parei. Comprei presentes de Natal e sempre levei presente da Holanda, nunca recebi nada, nenhum cartão, e também parei. Mas ainda nos falamos, até por telefone às vezes ( quando ligo pro meur irmão e ele está lá ), nos vemos quando eu vou pro Brasil…

Essa semana minha mãe me falou que meu pai não parece estar muito bem da saúde, o que nós já tínhamos percebidos, ele parece estar definhando. Minha mãe e cunhada acham que sabem qual é o problema, mas ele não fala nada. Eis que na semana passada ele chamou meu irmão e disse que quer passar todas as aplicações financeiras pro nome do meu irmão, para que "se caso acontecer alguma coisa", o dinheiro não fique preso em trâmites burocráticos.

Eu acho isso tudo ultra suspeito, meu pai tem apenas 65 anos, e não é normal uma pessoa saudável passar todos seus bens pro nome do filho.

E daí eu fico pensando: se algo acontecer, pego um avião e vou pra lá? Da família dele, eu só gosto da minha prima Sola ( a mãe dela, o afilhado, marido ), ninguém mais que eu consiga me lembrar. É uma gente metida, estranha, com quem eu prefiro não me misturar. Dar apoio pro meu irmão, assinar qualquer papelada que eu tenha que assinar. Mas só de pensar na correria de fazer uma mala correndo, de comprar uma passagem carésima, de largar o escritório de sopetão… Sei lá colegas, sei lá.

Tô sendo fria e calculista?

11 comentários:

Bia disse...

Adriana, é uma situação delicada por conta de tudo que aconteceu entre vcs. Da forma como ele agiu e até vem agindo pelo oq vc escreveu.
Eu penso que por pior que tenham sindo as coisas, ele ainda é seu pai, e talvez vc agora não pense assim, mas se for o caso del partir desse mundo e vc não tiver a chance de se despedir dele, vc se sinta bem triste depois. O que ele fez não vai importar quando ele tiver "indo embora", mas - pra vc - oq vc fez vai importar.
Não estou aqui para dizer oq vc deve fazer ou deixar de fazer, é só uma opinião no final, vc é q vai saber oq acha certo fazer.
Espero que se ele estiver ruim de saúde, que consiga melhorar.

bjs

Holandesa disse...

A questão é: Se vc não for, vc não vai se arrepender depois?

Eu acho que se vc responder essa pergunta, vc sabe a resposta para a sua outra pergunta...

Fernanda disse...

É difícil dar palpite assim ... até pq acredito que pouquíssimas pessoas que venham aqui te conheçam de verdade.
Mas acho que essa é uma decisão que vc deve tomar sozinha.
Eu sou fria com isso de família … consigo me distanciar quando acho melhor para mim e não sofro, mas é você quem tem que saber se consegueria passar os próximos anos bem sabendo que não foi para o Brasil se despedir do seu pai.
Vc saberia viver bem se não fosse visitá-lo no hospital, por exemplo?!
Pensa desse jeito e vê o que é melhor para você.
Ui … será que eu sou fria e calculista pq acho que vc tem que fazer o melhor para si mesma??!!!
Sorry …

Eliana disse...

A maioria dos "conselhos"já dados estão de acordo com o que eu também penso. Pelo visto, a relação com seu pai é a típica política da boa vizinhança.Seus sentimentos hj são apenas resultados do que vcs enfrentaram, não tem nada de fria e calculista mas realista. Caso algo aconteça, faça-o pela sua mãe e por seu irmão que talvez precisem de você por lá...quem já foi, foi e pronto. Mas já pensou se acontece um destes milagres e seu pai se arrepende e te pede perdão...acho que seria um alívio para todos.

Camila disse...

Dri, passei algumas vezes por aqui sem saber exatamente o que escrever... Mas acho natural vc pensar e repensar a relacao com o seu pai, o transtorno de uma viagem às pressas, tudo isso.
É muito difícil prever como se vai reagir numa situacao extrema dessas.
Nessa última visita ao Brasil fui ver minha avó, já num clima de despedida, pq ela está fraca, magrinha, apática. Só de lembrar fico com os olhos cheios de lágrimas e um tremendo nó na garganta. Sinceramente, preferia nao tê-la visto assim.
Concordo com várias coisas que foram ditas aqui, mas ninguém melhor do que vc pra saber / decidir o que deve ser feito.
Espero que esse dia demore muito e que as coisas estejam melhores quando ele chegar.

Cris disse...

Gostei do post... conversei nessas últimas férias com meu pai e expliquei que, se acontecer algo com alguém próximo ou com ele mesmo, dependendo das circunstâncias eu irei ou não. E olha que meu relacionamento com ele é de grude total.
Assim como a Eliana mencionou, a minha presença seria até mais importante num momento desses para os familiares que, assim como eu, estariam sofrendo muito.
Para mim, esse negócio de última despedida é algo meio sem nexo pelo menos para mim que (?assim como vc?) tenho inlfuência do espiritismo... a única despedida que haveria ali seria a do corpo físico.
Pode ser que se acontecer algo eu mude totalmente de idéia e largue tudo para trás pegando o primeiro vôo, mas por enquanto o meu pensamento é este e todos os meus mais próximos já estão avisados.
Acho que neste caso, e ainda mais por ser uma pessoa super família, eu poderia "ser considerada" então totalmente fria e calculista :S Mas essa não é a impressão que eu tenho de mim mesma :)

Daniela Santos-Hansen disse...

Oi Dri.. acho que vc não está sendo fria e calculista não. Esse tipo de situação é bem chata mesmo, mesmo qdo a gente está numa boa com o ente querido, fica bem pior qdo não estamos.

Eu tenho meus problemas com meu pai e sempre carreguei um peso enorme por causa disso, e o problema nem é diretamente comigo, mas me afeta pq a briga dele com minha mãe parece nunca ter fim.

Qdo ele caiu de cama e ficou mto mal eu passei por cima de mta coisa, fui fazer o meu papel de filha e fui visitá-lo. Isso mudou nossa situação, aliviou meu coração sabe e estamos melhores hj.. ainda mais depois que minha irmã gêmea faleceu.

Então, apesar dos pesares... se for possível vá ao Brasil se precisarem de vc, faça a sua parte e siga sua vida depois. Concordo com a Holandesa sobre vc se arrepender depois.

Estou torcendo para tudo ficar bem e ele se recuperar. Grande beijo

Mariah disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mariah disse...

Adriana,...se for va enquanto ele esta vivo, caso contrario a sua ida valera somente pra sua mae e irmao.
Nao deixe de dizer ou fazer algo que o seu coracao pede...o tempo passa e a oportunidade tambem.
...q tudo termine bem.

Ana Paula Waaijenberg disse...

Dica pratica: Tenta ver o q eles conseguem resolver se vc enviar uma procuracao emitida pelo consulado em Rotterdam.

vickie disse...

Fria e calculista? Nao te conheco mas me parece que nao eh nem uma coisa nem outra. Poe advogado na historia pra defender seus direitos (e de sua mae). O que o seu irmao acha disso tudo? Caladinho e conivente com o pai? mmmmm...