quinta-feira, janeiro 21

Procura-se um pênis

No dia que eu saí de férias a colega que teve filhos e queria trabalhar meio período veio ao departamento, numa reunião com a gerente dela e do RH, foi informada que não poderia mais ficar no departamento. Ela colocou as condições dela ir para outro departamento, e empresa disse que ía procurar uma vaga.

Ela veio aqui pro "open office" onde ficamos e ao ver a nova funcionária já ocupando o lugar dela, desabou no choro, a coitada da menina nova saiu dali pra dar um tempo  pra ela, ela sentou-se no lugar antigo e chorou ainda mais, os colegas ao redor todos com cara de bunda, os colegas mais íntimos confortando, uma cena e tanto. Eu assisti tudo de boca aberta porque foi a primeira vez em 7 anos que eu vi uma demonstração emocional pública de um holandês. Cena de novela. Goede Tijd, slechte tijd.

Hoje estamos todos aqui de manhãzinha e chega ela: bom, tenho legalmente que voltar ao trabalho hoje, não me disseram pra onde ir, qual é o meu novo emprego, aqui estou. E foi pra antiga mesa e sentou lá. Todo mundo ficou tenso, procura a gerente, ela não chegou, liga pro RH, paniek paniek ( holandês quando se estressa é cheio de falar paniek ). Uns colegas "fazendo sala", outros como eu só esperando a nova funcionária e dona da mesa chegar, eu já me lembrando do Ratinho ou da Marcia Goldsmidt.

A gerente do RH veio buscá-la e foram pra salinha, arrumaram uma vaga beeeem mequetrefe pra ela, ela começa segunda que vem, hoje e amanhã fica em casa. Mas antes de vir embora ela veio aqui, chorou de novo, yada yada yada, tem vaga aberta no departamento e não me deixaram ficar nem até preencherem a vaga, depois de tudo o que eu fiz, yada yada yada.

E como em toda história mal contada, uns acham que ela sacaneou a empresa, outros acham que a empresa sacaneou com ela e eu sou a única a não achar nem um nem outro, que ela devia mais é voltar ao trabalho por pelo menos 4 dias por semana e parar de drama.

E as contratações continuam, vagas abertas para os possuidores de um pênis.

5 comentários:

Camila disse...

Interessante o quanto o modo de encarar emprego é diferente por aí... Vc consegue imaginar alguma brasileira fazendo o mesmo? Nao, nem eu.
Se o combinado era a mulher ficar um dia por semana em casa e ela resolveu mudar as regras, que se contente com a vaga mequetrefe que a empresa arrumou. Nao tá satisfeita, vai pra casa e fica os 7 dias por semana lá, de vez. E que deixe a vaga, mequetrefe ou nao, pra quem realmente quer/precisa trabalhar.

Wilma disse...

Entendi que ela se afastou por conta própria e não por direito de licença, logo ela coreu o risco da empresa repor sua falta, ora, e ela aceitar as novas condições, e agradecer que ainda precisa dela...agora chorar, rsrs faz tempo q não vejo umna cena dessa.

Eliana disse...

Maior dramalhão mexicano, hein?!?! Vexame total. Devia ter pensado antes...empresa não quer nem saber e agora ela, holandesa absoluta, chorando as pitangas reclamando a falta de reconhecimento?!?! Faz me rir! E eles que acham os tais...ohhh fiquei boba de saber deste acontecimento!

Mary disse...

E olha q achava os holandeses certinhos, hein. Tem malandro pra todo lado! bjo

Marcia-Rotterdam disse...

Que mico...agora sim ela queimou o filme pra sempre.